quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Aliança de Sangue

 
Deus projetou criar na terra alguém que fosse uma expressão de si mesmo. Ele disse: “Façamos o homem conforme a nossa imagem e semelhança” (Gn 1:26). Deus então coloca esse homem na terra para expressar a sua autoridade e refletir a sua natureza e sua glória.

Este homem, porém, comete alta traição contra Deus e vende-se à escravidão do pecado, tornando-se escravo de Satanás.

Mas Deus, por causa do seu grande amor, não desiste do homem e declara o seu plano ao inimigo: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gn 3.15

“Tu fizeste uma aliança com o homem, usando a mulher e, pelo engano, entraste na Terra. Pois eu te digo: eu usarei a mulher e colocarei dentro dela a minha semente. Eu trarei à Terra um outro filho. Este filho será gerado da minha semente, não da semente do homem, porquanto a semente do homem foi corrompida; mas eu colocarei a minha semente dentro da mulher e esta semente virá, será um homem, porque eu dei a Terra aos filhos dos homens, esta semente vai destruir o seu poder” (Gn. 3:15).

Dois mil anos se passam sobre a Terra, e Deus começa a pôr em operação o seu plano. É um plano que virá através de uma aliança de sangue.
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O primeiro sangue derramado na Bíblia foi no próprio jardim do Éden. Foi Deus mesmo quem imolou o primeiro cordeiro, e fez cair o seu sangue sobre a terra. Por quê? Existia uma aliança entre Deus e Adão. Como o homem quebrou a aliança ele deveria morrer, mas o cordeiro morreu no seu lugar.

Muitas pessoas pensam que aliança é o mesmo que um contrato. Num contrato existem cláusulas de rescisão, mas uma aliança não pode ser quebrada. A pena para aquele que quebra a aliança é a morte.

Adão, porém, não morreu, mas Deus matou o cordeiro no seu lugar e com a sua pele fez roupas para o homem e sua mulher. A marca daquele sangue no Éden percorre toda a Bíblia até ao Apocalipse; onde, por vinte e oito vezes Jesus Cristo é chamado, o cordeiro de Deus. A vida está no sangue. Onde há derramamento de sangue, significa que houve derramamento de vida.

A aliança de sangue que existia entre os povos antigos, nasceu no coração de Deus. O que é uma aliança de sangue? Uma Aliança de sangue é um contrato entre duas pessoas, tão sagrado que jamais poderá ser quebrado, sob pena de morte. Por esse contrato, todas as coisas se tornam em comum: o que é meu se torna seu; o que é seu se torna meu. Meus bens são seus, seus bens são meus; minhas dívidas são suas, suas dívidas são minhas. Eu não preciso lhe pedir coisa alguma, posso chegar e pegar, são minhas.

Várias eram as cerimônias que os judeus, os hebreus, seguiam, quando faziam uma aliança com uma pessoa. A primeira delas era a troca da túnica. A túnica simboliza a vida e quando eu tiro a túnica e lhe dou, isso significa que estou lhe dando a minha vida.

Outra forma era a troca do cinto, que servia para ajustar a arma e fala de segurança, e, quando trocavam o cinto, estavam dizendo: dou-lhe a minha defesa e a minha proteção. Quem luta contra você, luta contra mim.

Uma terceira cerimônia era o sacrifício do cordeiro. O animal era morto e cortado em metades, então uma metade era colocada de frente a outra; e os dois parceiros de aliança caminhavam por entre as partes, formando a figura de um oito, que representa o infinito. O símbolo é este: eu morri e você também morreu; e agora começamos uma nova vida como parceiros de aliança; e esta aliança é eterna.

Outra cerimônia era o corte da mão ou do pulso. As duas pessoas misturavam o sangue declarando que a vida de ambos agora estava misturada. Depois eles partiam o pão e bebiam do cálice. Ao comerem juntos estavam dizendo: a minha vida está entrando na sua e a sua vida está entrando na minha; somos irmãos de sangue, irmãos de aliança.

Por fim eles trocavam os nomes. Eu recebo o seu nome e você passa a usar o meu, significando que eu tenho direito a tudo quanto o seu nome tem direito. Então, os termos da aliança eram escritos, e em todos eles existiam duas partes: as bênçãos da aliança e as maldições da aliança.

Quando Deus veio ao encontro do homem, ele não veio pelo engano, veio pela aliança de sangue. A palavra aliança em hebraico é “berite”, que significa cortar com derramamento de sangue e caminhar por entre as partes. Deus tinha um plano de trazer a sua semente à terra.

O Salmo 115:16 diz que “Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens.” Isso significa que somente o homem tem direito legal de agir na terra. Isso significa que sendo a terra dos homens, um homem teria de ser o instrumento da redenção. Mas este homem não poderia ser filho de Adão, porque a semente de Adão estava contaminada pelo pecado, e cada semente produz de acordo com a sua espécie. Mas tinha de ser homem. E é aqui que está a sabedoria de Deus, que não viola a sua palavra, de entrar legalmente no planeta Terra, pela porta.

Em João 10:1, Jesus fala de duas portas. Ele diz que o ladrão não entra pela porta: “O que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador”. Jesus está falando de Satanás nesse versículo. O aprisco é a Terra, as ovelhas são os filhos dos homens e a porta de entrada na terra é o nascimento físico.

Satanás não nasceu aqui. Ele não é filho do homem; entrou por outra porta, tomou emprestado o corpo da serpente.

O Senhor, porém, diz no verso 3: “O Pastor, esse entra pela porta e o porteiro lhe abre a porta”. O porteiro é o Espírito Santo de Deus. Jesus entrou na terra pela porta.

A partir de Gênesis 12, Deus chama Abraão com a intenção de fazer uma aliança com ele. Por meio dessa aliança Deus vai abrir uma avenida legal de entrada, pela porta, no planeta Terra.

Deus tem em vista a sua semente. E, a partir de agora, tudo o quanto Deus fizer na terra, terá em vista a sua semente, o Cristo. A nova aliança procede da aliança abraâmica. Em Gênesis 12, Deus chama a Abraão e lhe diz: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.

Ao chamar Abrão, Deus não tem em vista a descendência física de Abrão, mas Ele tem em vista a sua própria semente, que viria através da descendência de Abrão. É isto que Paulo afirma em Gálatas 3. “Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa. Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente.

Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo (Gl. 3:15-16).

Quando Deus olha para Abrão, ele está vendo a sua semente, que será homem e que esmagará a cabeça da serpente. Deus então faz uma aliança com Abrão e segue todos os rituais mencionados anteriormente. Primeiro Deus chega para Abrão, e ao invés de dar-lhe a túnica, diz: “eu sou o teu escudo, quem luta contra ti, luta contra mim” (Gn 15:1).

Depois Deus manda que Abraão sacrifique os animais. Ele manda que pegue três animais da terra e duas aves; a aliança é com o Pai, com o Filho e com o Espírito. Abraão parte os animais ao meio e coloca as metades, uma defronte a outra (Gn. 15:9,10 e 17). Abraão espera que Deus comece a vir para caminhar por entre as partes. Enquanto espera aves de rapina começam a vir para comer as carnes. Esse é o símbolo de Satanás, que quer destruir a aliança, antes mesmo que ela aconteça.
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Mas, Deus diz: “Abrão, você vai dormir, porque esta aliança não tem nada a ver contigo. Enquanto Abrão dorme, Deus estabelece uma aliança. Quando Abrão acorda ele vê que há duas pessoas caminhando por entre as partes; mas o que ele vê? Um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo. O fogareiro fumegante é Deus-Pai, é assim que Ele se apresenta no Sinai, e a tocha é Jesus.
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Jesus toma o lugar de Abrão, para fazer uma aliança com Deus. Por que Deus não poderia caminhar por entre as partes, com Abrão? Porque, numa aliança, tudo que é seu se torna meu; Abrão era pecador, e Deus não pode se misturar com o pecado. Mas o Senhor Jesus toma o lugar do homem e é assim que a aliança se torna entre Deus e o homem, mas, ao mesmo tempo, entre Deus e Deus.

Deus também muda o nome de Abrão como sinal da aliança. Ele retira parte do seu próprio nome e acrescenta no nome de Abrão. No hebraico, o nome de Deus tem quatro consoantes – YHWH, é o impronunciável. Dentre estas quatro letras do nome de Deus, o “H” que corresponde ao “H” do nosso alfabeto, aparece duas vezes. É exatamente aquela letra aspirada “Ah”. E agora no meio de Abrão, Deus coloca o “Ah”. E Abrão passa a ser Abrahão. Tudo isso foi feito para que a bênção de Abrahão chegasse até aos gentios e recebêssemos o “Ah”, pela fé. Esse “Ah” é o sopro de Deus, o Espírito de Deus, a vida de Deus.

Esse é o plano! Deus também acrescenta ao seu nome o nome de Abraão. Deus passa a assinar “Deus de Abraão”, esse é o seu sobrenome e significa que tudo o que é de Abraão é meu; e Abrahão significa: Tudo o que é de Deus é meu.

Essa é a aliança de sangue! Deus nada negará a Abraão, mas será que Abraão nada negará a Deus? Está claro que Abraão terá tudo de Deus na Terra, mas perante o tribunal eterno, perante as cortes celestiais, perante Satanás, seus príncipes, poderiam surgir uma dúvida para questionar a validade da aliança: será que Deus teria tudo de Abraão? Se Deus não pudesse ter tudo de Abraão, a aliança não seria válida.

É aí que vem a tremenda prova da aliança, do capítulo 22 de Gênesis. Deus deu a Abraão um filho. Que filho foi esse? Um filho gerado da promessa Quando Sara tinha oitenta e nove anos, e Abraão noventa e nove, o útero de Sara estava morto, envelhecido, mas o Anjo do Senhor libera a Palavra e diz: “dentro de um ano, tu darás à luz um filho” (Gn 18:70). E a Palavra, que é vida, penetra no útero morto de Sara, e o filho da promessa vem: Isaque. Ele é único. Ele é amado.

Lembre-se que tudo o que Deus faz tem em vista sua própria semente. Jesus viria da semente da mulher, semente de Deus, não de Abraão, porque a semente de Abraão está corrompida.

De acordo com as regras da aliança, Deus diz: “Abraão, dá-me teu filho. Teu único filho, a quem amas, em sacrifício”. Ele não hesita, porque é homem de aliança. Os céus estão em suspense, os anjos de Deus aguardam; é a ratificação da aliança. Terá Deus do homem tudo o que quiser, como o homem tem tudo de Deus? Abraão não hesita. Ele mesmo toma o seu filho, seu único filho e por três dias eles vão em direção ao monte do sacrifício (Gn 22:1-4).
E durante aqueles três dias a sentença de morte está sobre a cabeça de Isaque. Cada vez que Abraão olha para ele, Abraão o vê no altar imolado. O Autor aos Hebreus diz que, quando Abraão foi posto à prova, não hesitou em dar o seu único filho, porque sabia que Deus era poderoso até para ressuscitar Isaque dentre os mortos, embora Abraão não tivesse um único testemunho da história de um morto ressuscitado. Diz a escritura que “Abraão creu em Deus e isso lhe foi imputado como justiça” (Rm 4:3). Abraão levanta a mão, está pronto para imolar Isaque.

Mas algo acontece antes desse momento cruciante; é a pergunta de Isaque: “Pai, onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22:7). Não tenho dúvidas de que a Trindade nos céus se inclinou. Os anjos, os querubins estavam todos voltados para o que estava acontecendo. Passará Abraão na prova? E quando Isaque diz “onde está o cordeiro?” “Onde está o cordeiro?” Abraão levanta seus olhos para o céu. Como profeta, como parceiro de aliança, ele pode dizer agora o que quer de Deus. E Abraão então profetiza: “Deus proverá para si mesmo o cordeiro, meu filho” (Gn 22:8). Soou a voz da Terra até o trono de Deus. O homem da aliança profetiza: “meu filho, chegará o momento em que Deus proverá o seu próprio cordeiro. O Filho de Deus será o seu cordeiro.

Quando Abraão levanta a mão para imolar o cordeiro, brada a voz do Senhor, do céu dizendo: “Abraão, não faças nada ao menino, porque agora sei que temes a Deus” (Gn 22:12).

No reino do Espírito, diante do tribunal eterno, perante as hostes celestiais está comprovado: Deus terá tudo o que quiser de Abraão. Deus tem tudo do homem, a aliança está selada. O homem terá tudo de Deus, mas Deus também terá tudo do homem. Os propósitos de Satanás serão frustrados.

Está provado diante dos tribunais eternos que haverá na terra homens que darão tudo a Deus. Creio que cada um de nós hoje deve se sentir feliz.

Adão estava no Éden, com a glória de Deus, e obedeceu a Satanás, nós nascemos da maldade, mas quando a voz do Todo-Poderoso chegou aos nossos ouvidos, nós, nascidos da escravidão do pecado, dissemos não a Satanás, renunciamos ao mundo, e corremos para o Senhor Jesus. “Porquanto ouviste a minha voz e não me negaste teu filho, Abraão, teu único filho, porquanto, o que significa? Abraão, isto que acabas de fazer me coloca numa posição; eu posso fazer agora o que te vou dizer: vou te abençoar, multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar. Deus tem em vista o Cristo. Ele está vendo o Cristo sendo gerado através da descendência de Abraão. E nele, todas as famílias da Terra serão abençoadas, porquanto ouviste a minha voz”.

Está selada a aliança; está estabelecida no céu e na terra. Agora, Deus vai agir até o cumprimento dessa aliança. Deus nada faz na Terra antes que seja falado pela boca de um homem; e o profeta declara:

“Este será o sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel, que significa Deus conosco (Is 7:14)”. “O governo, e o principado estarão sobre os seus ombros. Ele vai reinar sobre a terra. Um filho nos nasceu. Um menino se nos deu (Is 9:6).

Sim! Um homem há de vir. A vinda do filho prometido. Na plenitude dos tempos o anjo de Deus vem até à cidade de Nazaré, onde se encontra uma filha de Abraão. Lembra da aliança? “Tudo o que é de Abraão é de Deus”. Ele traz a semente. “Salve agraciada, o Senhor é contigo. Não temas, darás à luz um filho, seu nome será: Yeshuah Ramashia – o Messias de Israel, o Redentor, o cordeiro, o filho da promessa, que será oferecido pelo Pai, segundo profetizou Abraão. O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Lc 2:10,11.

 Anjos proclamam do céu. Magos do oriente correm até Jerusalém. O inferno se agita, pois por quatrocentos anos, nenhum profeta tinha se levantado. Os magos dizem: “nós vimos a sua estrela no oriente e viemos para adorá-lo”.

Satanás entra em Herodes para matar a semente de Deus. Mas ele não entendeu o mistério da encarnação. Ele não podia matar Jesus. Por quê? O salário do pecado é a morte, e Jesus foi concebido sem pecado. Jesus jamais pecou. A morte não tinha poder sobre ele. Ele morreria, quando decidisse que ia morrer (Jo. 10:17-18).

Quando Jesus se levanta das águas os céus se abrem e, “este é o meu Filho amado, em quem tenho prazer. É ele o meu Filho” (Mt 3:17).

E João vai à frente e grita: “É ele o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29,36). É ele! Eu vi o Espírito Santo descendo sobre ele!

O Senhor veio para ser o nosso cordeiro pascal. E para a Páscoa cada cordeiro tinha de ser inspecionado por quatro dias completos, antes de ser imolado. Três dias completos, no quarto dia era imolado. Jesus é o cordeiro de Deus que nasceu para morrer. E no mesmo dia, quando os cordeiros entravam pelo portão das ovelhas em Jerusalém, Jesus entrou também pelo portão dourado, para ser inspecionado. E assim como os cordeiros eram vendidos para o sacrifício, o cordeiro de Deus também foi vendido para a nossa redenção.

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