quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

O Concílio de Nicéia e a Condenação dos Livros Apócrifos


O Concílio de Nicéia


Em 325 d.C, é realizado o Concílio de Nicéia, atual cidade de Iznik, província de Anatólia (nome que se costuma dar à antiga Ásia Menor), na Turquia asiática. A Turquia é um país euroasiático, constituído por uma pequena parte europeia, a Trácia, e uma grande parte asiática, a Anatólia.
 
Este foi o primeiro Concílio Ecumênico da Igreja, convocado pelo Imperador Flavius Valerius Constantinus (285 - 337 d.C), filho de Constâncio I. Quando seu pai morreu em 306, Constantino passou a exercer autoridade suprema na Bretanha, Gália (atual França) e Espanha. Aos poucos, foi assumindo o controle de todo o Império Romano. 

Desde Lúcio Domício Aureliano (270 - 275 d.C), os Imperadores tinham abandonado a unidade religiosa, com a renúncia de Aureliano a seus "direitos divinos", em 274. Porém, Constantino, estadista sagaz que era, inverteu a política vigente, passando, da perseguição aos cristãos, à promoção do Cristianismo, vislumbrando a oportunidade de relançar, através da Igreja, a unidade religiosa do seu Império. Contudo, durante todo o seu regime, não abriu mão de sua condição de sumo-sacerdote do culto pagão ao "Sol Invictus". Tinha um conhecimento rudimentar da doutrina cristã e suas intervenções em matéria religiosa visavam, a princípio, fortalecer a monarquia do seu governo. 
 
Na verdade, Constantino observara a coragem e determinação dos mártires cristãos durante as perseguições promovidas por Diocleciano, em 303. Sabia que, embora ainda fossem minoritários (10% da população do império), os cristãos se concentravam nos grandes centros urbanos, principalmente em território inimigo. Foi uma jogada de mestre, do ponto de vista estratégico, fazer do Cristianismo a Religião Oficial do Império: Tomando os cristãos sob sua proteção, estabelecia a divisão no campo adversário. Em 325, já como soberano único, convocou mais de 300 bispos ao Concílio de Nicéia. Constantino visava dotar a Igreja de uma doutrina padrão, pois as divisões, dentro da nova religião que nascia, ameaçavam sua autoridade e domínio. Era necessário, portanto, um Concílio para dar nova estrutura aos seus poderes. 
 
E o momento decisivo sobre a doutrina da Trindade ocorreu nesse Concílio. Trezentos Bispos se reúnem para decidir se Cristo era um ser criado (doutrina de Arius) ou não criado, e sim, igual e eterno como Deus, Seu Pai (doutrina de Atanásio). A igreja acabou rejeitando a ideia ariana de que Jesus era a primeira e mais nobre criatura de Deus, e afirmou que Ele era da mesma "substância" ou "essência" (isto é, a mesma entidade existente) do Pai.
Assim, segundo a conclusão desse Concílio, há somente um Deus, não dois; à distância entre Pai e Filho está dentro da unidade divina, e o Filho é Deus no mesmo sentido em que o Pai o é.
 
Dizendo que o Filho e o Pai são "de uma substância", e que o Filho é "gerado" ("único gerado, ou unigênito", João 1. 14,18; 3. 16,18, mas "não feito", o Credo Niceno, estabelece a Divindade do homem da Galileia, embora essa conclusão não tenha sido unânime. Os Bispos que discordaram, foram simplesmente perseguidos e exilados. 
 
Com a subida da Igreja ao poder, discussões doutrinárias passaram a ser tratada como questões de Estado. E na controvérsia ariana, colocava-se um obstáculo grande à realização da ideia de Constantino de um Império universal que deveria ser alcançado com a uniformidade da adoração divina. 
 
O Concílio foi aberto formalmente a 20 de maio, na estrutura central do palácio imperial, ocupando-se com discussões preparatórias na questão ariana, em que Arius, com alguns seguidores, em especial Eusébio, de Nicomédia; Teógnis, de Nice, e Maris, de Chalcedon, parecem ter sido os principais líderes. Como era costume, os bispos orientais estavam em maioria. Na primeira linha de influência hierárquica estavam três arcebispos: Alexandre, de Alexandria; Eustáquio, de Antioquia e Macário, de Jerusalém, bem como Eusébio, de Nicomédia e Eusébio, de Cesaréia. Entre os bispos encontravam-se Stratofilus, bispo de Pitiunt (Bichvinta, reino de Egrisi). O ocidente enviou não mais de cinco representantes na proporção relativa das províncias: Marcus, da Calábria (Itália); Cecilian, de Cartago (África); Hosius, de Córdova (Espanha); Nicasius, de Dijon (França) e Domnus, de Stridon (Província do Danúbio). Apenas 318 bispos compareceram, o que equivalia a apenas uns 18% de todos os bispos do Império.

Dos 318, poucos eram da parte ocidental do domínio de Constantino, tornando a votação, no mínimo, tendenciosa. Assim, tendo os bispos orientais como maioria e a seu favor, Constantino aprovaria com facilidade, tudo aquilo que fosse do seu interesse. As sessões regulares, no entanto, começaram somente com a chegada do Imperador.

Após Constantino ter explicitamente ordenado o curso das negociações, ele confiou o controle dos procedimentos a uma comissão designada por ele mesmo, consistindo provavelmente nos participantes mais proeminentes desse corpo.
 
O Imperador manipulou, pressionou e ameaçou os partícipes do Concílio para garantir que votariam no que ele acreditava, e não em algum consenso a que os bispos chegassem. Dois dos bispos que votaram a favor de Arius foram exilados e os escritos de Arius foram destruídos. Constantino decretou que qualquer um que fosse apanhado com documentos arianistas estaria sujeito à pena de morte. 

Mas a decisão da Assembleia não foi unânime, e a influência do imperador era claramente evidente quando diversos bispos do Egito foram expulsos devido à sua oposição ao credo. Na realidade, as decisões de Nicéia foram fruto de uma minoria. Foram mal entendidas e até rejeitadas por muitos que não eram partidários de Ário. Posteriormente, 90 bispos elaboraram outro credo (O "Credo da Dedicação") em 341, para substituir o de Nicéia. (...) E em 357, um Concílio em Smirna adotou um credo autenticamente ariano. 

Portanto, as orientações de Constantino nessa etapa foram decisivas para que o Concílio promulgasse o credo de Nicéia, ou a Divindade de Cristo, em 19 de junho de 325. E com isso, veio a consequente instituição da Santíssima Trindade e a mais discutida, ainda, a instituição do Espírito Santo, o que redundou em interpolações e cortes de textos sagrados, para se adaptar a Bíblia às decisões do conturbado Concílio e outros, como o de Constantinopla, em 38l, cujo objetivo foi confirmar as decisões daquele. 

A concepção da Trindade, tão obscura, tão incompreensível, oferecia grande vantagem às pretensões da Igreja. Permitia-lhe fazer de Jesus Cristo um Deus. Conferia a Jesus, que ela chama seu fundador, um prestígio, uma autoridade, cujo esplendor recaia sobre a própria Igreja católica e assegurava o seu poder, exatamente como foi planejado por Constantino. Essa estratégia revela o segredo da adoção trinitária pelo concílio de Nicéia. 
 
Os teólogos justificaram essa doutrina estranha da divinização de Jesus, colocando no Credo a seguinte expressão sobre Jesus Cristo: “Gerado, não criado”. Mas, se foi gerado, Cristo não existia antes de ser gerado pelo Pai. Logo, Ele não é Deus, pois Deus é eterno! Espelhando bem os novos tempos, o Credo de Nicéia não fez qualquer referência aos ensinamentos de Jesus. Faltou nele um "Creio em seus ensinamentos", talvez porque já não interessassem tanto a uma religião agora sócia do poder Imperial Romano. 
 
Mesmo com a adoção do Credo de Nicéia, os problemas continuaram e, em poucos anos, a facção arianista começou a recuperar o controle. Tornaram-se tão poderosos que Constantino os reabilitou e denunciou o grupo de Atanásio. Arius e os bispos que o apoiavam voltaram do exílio. Agora, Atanásio é que foi banido. Quando Constantino morreu (depois de ser batizado por um bispo arianista), seu filho restaurou a filosofia arianista e seus bispos e condenou o grupo de Atanásio. 
 
Nos anos seguintes, a disputa política continuou, até que os arianistas abusaram de seu poder e foram derrubados. A controvérsia político/religiosa causou violência e morte generalizadas. Em 381 d.C, o imperador Teodósio (um trinitarista) convocou um concílio em Constantinopla. Apenas bispos trinitários foram convidados a participar. Cento e cinquenta bispos compareceram e votaram uma alteração no Credo de Nicéia para incluir o Espírito Santo como parte da divindade.

A doutrina da Trindade era agora oficial para a Igreja e também para o Estado. Com a exclusiva participação dos citados bispos, a Trindade foi imposta a todos como "mais uma verdade teológica da igreja". E os bispos, que não apoiaram essa tese, foram expulsos da Igreja e excomungados. 
 
Por volta do século IX, o credo já estava estabelecido na Espanha, França e Alemanha. Tinha levado séculos desde o tempo de Cristo para que a doutrina da Trindade "pegasse". A política do governo e da Igreja foram as razões que levaram a Trindade a existir e se tornar a doutrina oficial da Igreja.
 
Como se pode observar, a doutrina trinitária resultou da mistura de fraude, política, um imperador pagão e facções em guerra que causaram mortes e derramamento de sangue. 
 
As Igrejas Cristãs hoje em dia dizem que Constantino foi o primeiro Imperador Cristão, mas seu "cristianismo" tinha motivação apenas política. É altamente duvidoso que ele realmente aceitasse a Doutrina Cristã. Ele mandou matar um de seus filhos, além de um sobrinho, seu cunhado e possivelmente uma de suas esposas. Ele manteve seu título de alto sacerdote de uma religião pagã até o fim da vida e só foi batizado em seu leito de morte. 
 
Em 313 d.C., com o grande avanço da "Religião do Carpinteiro", o Imperador Constantino Magno enfrentava problemas com o povo romano e necessitava de uma nova Religião para controlar as massas. Aproveitando-se da grande difusão do Cristianismo, apoderou-se dessa Religião e modificou-a, conforme seus interesses.
 
Alguns anos depois, em 325 d.C, no Concílio de Nicéia, é fundada, oficialmente, a Igreja Católica... 
 
Há que se ressaltar que, "Igreja" na época de Jesus, não era a "Igreja" que entendemos hoje, pois se lermos os Evangelhos duma ponta à outra veremos que a palavra «Igreja», no sentido que hoje lhe damos, nem sequer neles é mencionada exceto por aproximação e apenas três vezes em dois versículos no Evangelho de Mateus (Mt 16, 18 e Mt 18, 17), pois a palavra grega original, usada por Mateus, ekklêsia, significa simplesmente «assembleia de convocados», neste caso a comunidade dos seguidores da doutrina de Jesus, ou a sua reunião num local, geralmente em casas particulares onde se liam as cartas e as mensagens dos apóstolos. Sabemo-lo pelo testemunho de outros textos do Novo Testamento, já que os Evangelhos a esse respeito são omissos.
 
Veja-se, por exemplo, a epístola aos Romanos (16, 5) onde Paulo cita o agrupamento (ekklêsia) que se reunia na residência dum casal de tecelões, Áquila e Priscila, ou a epístola a Filémon (1, 2) onde o mesmo Paulo saúda a ekklêsia que se reunia em casa do dito Filémon; num dos casos, como lemos na epístola de Tiago (2, 2), essa congregação cristã é designada por «sinagoga». Nada disto tem a ver, portanto, com a imponente Igreja católica enquanto instituição formal estruturada e oficializada, sobretudo a partir do Concílio de Nícéia, presidido pelo Imperador Constantino, mais de 300 anos após a morte de Cristo. 
 
Onde termina a Igreja Primitiva dos Atos dos Apóstolos e começa o Catolicismo Romano? Quando Roma tornou-se o famoso império mundial, assimilou no seu sistema os deuses e as religiões dos vários países pagãos que dominava.

 Com certeza, a Babilônia era a fonte do paganismo desses países, o que nos leva a constatar que a religião primitiva da Roma pagã não era outra senão o culto babilônico. No decorrer dos anos, os líderes da época começaram a atribuir a si mesmos, o poder de "senhores do povo" de Deus, no lugar da Mensagem deixada por Cristo.

Na época da Igreja Primitiva, os verdadeiros Cristãos eram jogados aos leões. Bastava se recusar a seguir os falsos ensinamentos e o castigo vinha a galope. O paganismo babilônico imperava à custa de vidas humanas. 
 
No ano 323 d.C, o Imperador Constantino professou conversão ao Cristianismo. As ordens imperiais foram espalhadas por todo o império: As perseguições deveriam cessar! Nesta época, a Igreja começou a receber grandes honrarias e poderes mundanos. Ao invés de ser separada do mundo, ela passou a ser parte ativa do sistema político que governava. Daí em diante, as misturas do paganismo com o Cristianismo foram crescendo, principalmente em Roma, dando origem ao Catolicismo Romano.
 
O Concílio de Nicéia, na Ásia Menor, presidido por Constantino era composto pelos Bispos que eram nomeados pelo Imperador e por outros que eram nomeados por Líderes Religiosos das diversas comunidades. Tal Concílio consagrou oficialmente a designação "Católica" aplicada à Igreja organizada por Constantino: "Creio na igreja una, santa, católica e apostólica". Poderíamos até mesmo dizer que Constantino foi seu primeiro Papa. Como se vê claramente, a Igreja Católica não foi fundada por Pedro e está longe de ser a Igreja primitiva dos Apóstolos ... 
 
Por influência dos imperadores Constantino e Teodósio, o Cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano e entrou no desvio. Institucionalizou-se; surgiu o profissionalismo religioso; práticas exteriores do paganismo foram assimiladas; criaram-se ritos e rezas, ofícios e oficiantes. Toda uma estrutura teológica foi montada para atender às pretensões absolutistas da casta sacerdotal dominante, que se impunha aos fiéis com a draconiana afirmação: "Fora da Igreja não há salvação". 

Além disso, Constantino queria um Império unido e forte, sem dissenções. Para manter o seu domínio sobre os homens e estabelecer a ditadura religiosa, as autoridades eclesiásticas romanas deviam manter a ignorância sobre as filosofias e Escrituras. A mesma Bíblia devia ser diferente. Devia exaltar Deus e os patriarcas, mas, também, um Deus forte, para se opor ao próprio Jeová dos Hebreus, ao Buda, aos poderosos deuses do Olímpo. Era necessário trazer a Divindade Arcaica Oriental, misturada às fábulas com as antigas histórias de Moisés, Elias, Isaías, etc., onde colocaram Jesus, não mais como Messias ou Cristo, mas, maliciosamente, colocaram Jesus parafraseado de divindade no lugar de Jezeu Cristna, a segunda pessoa da trindade arcaica do Hinduísmo.
 
Nesse quadro de ambições e privilégios, não havia lugar para uma doutrina que exalta a responsabilidade individual e ensina que o nosso futuro está condicionado ao empenho da renovação interior e não à simples adesão e submissão incondicional aos dogmas de uma Igreja, os quais, para uma perfeita assimilação, era necessário admitir a quintessência da teologia: "Credo quia absurdum", ou seja, "Acredito mesmo que seja absurdo", criada por Tertuliano (155-220), apologista Cristão. 
 
Disso tudo deveria nascer uma religião forte como servia ao império romano. Vieram ainda a ser criados os simbolismos da Sagrada Família e de todos os Santos, mas as verdades do real cânone do Novo Testamento e parte das Sagradas Escrituras deviam ser suprimidas ou ocultadas, inclusive as obras de Sócrates e outras Filosofias contrárias aos interesses da Igreja que nascia. Esta lógica foi adotada pelas forças clericais mancomunadas com a política romana, que precisava desta religião, forte o bastante, para impor-se aos povos conquistados e reprimidos por Roma, para assegurar-se nas regiões invadidas, onde dominava as terras, mas não o espírito dos povos ocupados. Em troca, o Cristianismo ganhava a Universalidade, pois queria se tornar "A Religião Imperial Católica Apostólica Romana", a Toda Poderosa, que vinha a ser sustentada pela força, ao mesmo tempo que simulava a graça divina, recomendando o arrependimento e perdão, mas que na prática, derrotava seus inimigos a golpes de espada. 
 
Então não era da tolerância pregada pelo Cristianismo que Constantino precisava, mas de uma religião autoritária, rígida, sem evasivas, de longo alcance, com raízes profundas no passado e uma promessa inflexível no futuro, estabelecida mediante poderes, leis e costumes terrenos. 
 
Para isso, Constantino devia adaptar a Religião do Carpinteiro, dando-lhes origens divinas e assim impressionaria mais o povo o qual sabendo que Jesus era reconhecido como o próprio Deus na nova religião que nascia, haveria facilidade de impor a sua estrutura hierárquica, seu regime monárquico imperial, e assim os seus poderes ganhariam amplos limites, quase inatingíveis. 
 
Quando Constantino morreu, em 337, foi batizado e enterrado na consideração de que ele se tornara um décimo terceiro Apóstolo, e na iconografia eclesiástica veio a ser representado recebendo a coroa das mãos de Deus. 
 
OS LIVROS RETIRADOS DAS SANTAS ESCRITURAS
 
Os quatro evangelhos canônicos, que se acredita terem sido inspirados pelo Espírito Santo, não eram aceitos como tais no início da Igreja. O bispo de Lyon, Irineu, explica os pitorescos critérios utilizados na escolha dos quatro evangelhos (reparem na fragilidade dos argumentos...): "O evangelho é a coluna da Igreja, a Igreja está espalhada por todo o mundo, o mundo tem quatro regiões, e convém, portanto, que haja também quatro evangelhos. O evangelho é o sopro do vento divino da vida para os homens, e, pois, como há quatro ventos cardiais, daí a necessidade de quatro evangelhos. (...) O Verbo criador do Universo reina e brilha sobre os querubins, os querubins têm quatro formas, eis porque o Verbo nos obsequiou com quatro evangelhos”. 
 
As versões sobre como se deu a separação entre os evangelhos canônicos e apócrifos, durante o Concílio de Nicéia no ano 325 d.C, são também singulares. Uma das versões diz que estando os bispos em oração, os evangelhos inspirados foram depositar-se no altar por si só!!! ... Uma outra versão informa que todos os evangelhos foram colocados por sobre o altar, e os apócrifos caíram no chão... Uma terceira versão afirma que o Espírito Santo entrou no recinto do Concílio em forma de pomba, através de uma vidraça (sem quebrá-la), e foi pousando no ombro direito de cada bispo, cochichando nos ouvidos deles os evangelhos inspirados... 
 
A Bíblia como um todo, aliás, não apresentou sempre a forma como é hoje conhecida. Vários textos, chamados hoje de "apócrifos", figuravam anteriormente na Bíblia, em contraposição aos canônicos reconhecidos pela Igreja. 
 
Segundo o Dicionário Aurélio, o termo Apócrifos significa: "Entre os católicos, apócrifos eram os Escritos de assuntos sagrados que não foram incluídos pela Igreja no Cânon das Escrituras autênticas e divinamente inspiradas". Note que o próprio Dicionário Aurélio registra a expressão: "divinamente inspiradas". Por que será? 
 
Maria Helena de Oliveira Tricca, compiladora da obra Apócrifos, Os Proscritos da Bíblia, diz: "Muitos dos chamados textos apócrifos já fizeram parte da Bíblia, mas ao longo dos sucessivos concílios acabaram sendo eliminados. Houve os que depois viriam a ser beneficiado por uma reconsideração e tornariam a partilhar a Bíblia. Exemplos: O Livro da Sabedoria, atribuído a Salomão, o Eclesiástico ou Sirac, as Odes de Salomão, o Tobit ou Livro de Tobias, o Livro dos Macabeus e outros mais. A maioria ficou definitivamente fora, como o famoso Livro de Enoch, o Livro da Ascensão de Isaías e os Livros III e IV dos Macabeus."
 
Perguntamos: Quais foram os motivos para excluir esses Livros das Santas Escrituras definitivamente? Será que os "santos padres" daquela época se achavam superiores aos Apóstolos e mártires que vivenciaram de perto os acontecimentos relacionados a Cristo e ao judaísmo? De que poder esses mesmos "santos padres" se revestiam a ponto de afirmarem que alguns Textos Evangélicos não representavam os ensinamentos e a Palavra de Deus? 
 
Existem mais de 60 evangelhos apócrifos, como os de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos Hebreus, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta, etc. Foi um bispo quem escolheu, no século IV, os 27 textos do atual Novo Testamento.
 
Em relação ao Antigo Testamento, o problema só foi definitivamente resolvido no ano de 1546, durante o Concílio de Trento. Depois de muita controvérsia, acalorados debates e até luta física entre os participantes, o Concílio decretou que os livros 1 e 2 de Esdras e a Oração de Manassés sairiam da Bíblia. Em compensação, alguns textos apócrifos foram incorporados aos livros canônicos, como o livro de Judite (acrescido em Ester), os livros do Dragão e do Cântico dos Três Santos Filhos (acrescidos em Daniel) e o livro de Baruque (contendo a Epístola de Jeremias). 
 
Os católicos não foram unânimes quanto a inspiração divina nesses livros. No Concílio de Trento houve luta corporal quando este assunto foi tratado.
Lorraine Boetner (in Catolicismo Romano) cita o seguinte: "O papa Gregório, o grande, declarou que I Macabeus, um livro apócrifo, não é canônico. O cardeal Ximenes, em sua Bíblia poliglota, exatamente antes do Concílio de Trento, exclui os apócrifos e sua obra foi aprovada pelo papa Leão X.
 
Será que estes papas se enganaram? Se eles estavam certos, a decisão do Concílio de Trento estava errada. Se eles estavam errados, onde fica a infalibilidade do papa como mestre da doutrina?
 
 No início do cristianismo, os evangelhos eram em número de 315, sendo posteriormente reduzidos para 4, no Concílio de Nicéia.Tal número, indica perfeitamente as várias formas de interpretação local das crenças religiosas da orla mediterrânea, acerca da ideia messiânica lançada pelos sacerdotes judeus. Sem dúvida, este fato deve ter levado Irineu a escrever o seguinte: "Há apenas 4 Evangelhos, nem mais um, nem menos um, e que só pessoas de espírito leviano, os ignorantes e os insolentes é que andam falseando a verdade". Disse isso, mesmo diante dos acontecimentos acima relatados e que eram de conhecimento geral. 
 
Havia então, os Evangelhos dos Naziazenos, dos Judeus, dos Egípcios, dos Ebionistas, o de Pedro, o de Barnabé, entre outros, 03 dos quais foram queimados, restando apenas os 4 “sorteados” e oficializados no Concílio de Nicéia. 
 
Celso, erudito romano, contemporâneo de Irineu, entre os anos 170 e 180 d.C, disse: "Certos fiéis modificaram o primeiro texto dos Evangelhos, três, quatro e mais vezes, para poder assim subtraí-los às refutações". Foi necessária uma cuidadosa triagem de todos eles, visando retirar as divergências mais acentuadas, sendo adotada a de Hesíquies, de Alexandria; e de Pânfilo, de Cesaréía e a de Luciano, de Antióquia.
Mesmo assim, só na de Luciano existem 3.500 passagens redigidas diferentemente. Disso resulta que, mesmo para os Padres da Igreja, os Evangelhos não são fonte segura e original. 
 
Os Evangelhos que trazem a palavra "segundo", que em grego é "cata", não vieram diretamente dos pretensos evangelistas. 
 
 A discutível origem dos Evangelhos, explica porque os documentos mais antigos não fazem referência à vida terrena de Jesus. Não é razoável supor que uma "palavra divina" possa ser alterada assim tão fácil e impunemente por mãos humanas. Que fique na dependência de ser julgada boa ou má por juízes e dignitários eclesiásticos. 
 
"Qual a importância dos apócrifos?", existem alguns livros escritos antes ou pouco depois de Cristo que tinham como intenção figurar como Escritura Sagrada.
 
Mas, pelo Magistério da Igreja e assistência do Espírito Santo, esses livros espúrios foram definitivamente afastados, restando apenas o cânon bíblico que guardamos até hoje. Por esse motivo, muitos desapareceram, outros sobreviveram em uma ou outra comunidade antiga, ou, ainda, em traduções, fragmentos ou citações.

A seguir, apresentamos uma lista exaustiva de livros apócrifos do Antigo e do Novo Testamento que, embora longa, provavelmente não esgota todos os livros escritos ou existentes, porém, bem demonstra a quantidade de livros escritos com a intenção de "completar" a Bíblia.      Incluímos também, ao final, os manuscritos encontrados em Qumran, nas grutas do Mar Morto, que foram escritos ou preservados por uma comunidade que vivia nesse deserto separada dos grupos religiosos da Palestina do tempo de Jesus (Saduceus, Fariseus, Samaritanos, etc.).

Esse grupo, denominado Essênio, como podemos ver, considerava o Antigo Testamento        como         Escritura   Sagrada (inclusive      os deuterocanônicos), mas tinha como característica própria seguir ainda outros "livros sagrados". Portanto, temos como apócrifos as seguintes obras:

 

ANTIGO TESTAMENTO

 

1.        Apocalipse de Adão

2.        Apocalipse de Baruc

3.        Apocalipse de Moisés

4.        Apocalipse de Sidrac

5.        As Três Estelas de Seth

6.        Ascensão de Isaías

7.        Assunção de Moisés

8.        Caverna dos Tesouros

9.        Epístola de Aristéas

10.   Livro dos Jubileus

11.   Martírio de Isaías

12.   Oráculos Sibilinos

13.   Prece de Manassés

14.   Primeiro Livro de Adão e Eva

15.   Primeiro Livro de Enoque

16.   Primeiro Livro de Esdras

17.   Quarto Livro dos Macabeus

18.   Revelação de Esdras

19.   Salmo 151

20.   Salmos de Salomão (ou Odes de Salomão)

21.   Segundo Livro de Adão e Eva

22.   Segundo Livro de Enoque (ou Livro dos Segredos de Enoque)

23.   Segundo Livro de Esdras (ou Quarto Livro de Esdras)

24.   Segundo Tratado do Grande Seth

25.   Terceiro Livro dos Macabeus

26.   Testamento de Abraão

27.   Testamento dos Doze Patriarcas

28.   Vida de Adão e Eva

 

NOVO TESTAMENTO

 

1.        A Hipostase dos Arcontes

2.        (Ágrafos Extra-Evangelhos)

3.        (Ágrafos de Origens Diversas)

4.        Apocalipse da Virgem

5.        Apocalipse de João o Teólogo

6.        Apocalipse de Paulo

7.        Apocalipse de Pedro

8.        Apocalipse de Tomé

9.        Atos de André

10.   Atos de André e Mateus

11.   Atos de Barnabé

12.   Atos de Filipe

13.   Atos de João

14.   Atos de João o Teólogo

15.   Atos de Paulo

16.   Atos de Paulo e Tecla

17.   Atos de Pedro

18.   Atos de Pedro e André

19.   Atos de Pedro e Paulo

20.   Atos de Pedro e os Doze Apóstolos

21.   Atos de Tadeu

22.   Atos de Tomé

23.   Consumação de Tomé

24.   Correspondência entre Paulo e Sêneca

25.   Declaração de José de Arimatéia

26.   Descida de Cristo ao Inferno 27. Discurso de Domingo

28.   Ditos de Jesus ao rei Abgaro

29.   Ensinamentos de Silvano

30.   Ensinamentos do Apóstolo Tadeu

31.   Ensinamentos dos Apóstolos

32.   Epístola aos Laodicenses

33.   Epístola de Herodes a Pôncio Pilatos

34.   Epístola de Jesus ao rei Abgaro (2 versões)

35.   Epístola de Pedro a Filipe

36.   Epístola de Pôncio Pilatos a Herodes

37.   Epístola de Pôncio Pilatos ao Imperador

38.   Epístola de Tibério a Pôncio Pilatos

39.   Epístola do rei Abgaro a Jesus

40.   Epístola dos Apóstolos

41.   Eugnostos, o Bem-Aventurado

42.   Evangelho Apócrifo de João

43.   Evangelho Apócrifo de Tiago

44.   Evangelho Árabe de Infância

45.   Evangelho Armênio de Infância (fragmentos)

46.   Evangelho da Verdade

47.   Evangelho de Bartolomeu

48.   Evangelho de Filipe

49.   Evangelho de Marcião

50.   Evangelho de Maria Madalena (ou Evangelho de Maria de Betânia)

51.   Evangelho de Matias (ou Tradições de Matias)

52.   Evangelho de Nicodemos (ou Atos de Pilatos)

53.   Evangelho de Pedro

54.   Evangelho de Tome o Dídimo

55.   Evangelho do Pseudo-Mateus

56.   Evangelho do Pseudo-Tomé

57.   Evangelho dos Ebionitas (ou Evangelho dos Doze Apóstolos)

58.   Evangelho dos Egípcios

59.   Evangelho dos Hebreus

60.   Evangelho Secreto de Marcos

61.   Exegese sobre a Alma

62.   Exposições Valentinianas

63.   (Fragmentos Evangélicos Conservados em Papiros)

64.   (Fragmentos Evangélicos de Textos Coptas)

65.   História de José o Carpinteiro

66.   Infância do Salvador

67.   Julgamento de Pôncio Pilatos

68.   Livro de João o Teólogo sobre a Assunção da Virgem Maria

69.   Martírio de André

70.   Martírio de Bartolomeu

71.   Martírio de Mateus

72.   Morte de Pôncio Pilatos

73.   Natividade de Maria

74.   O Pensamento de Norea

75.   O Testemunho da Verdade

76.   O Trovão, Mente Perfeita

77.   Passagem da Bem-Aventurada Virgem Maria

78.   "Pistris Sophia" (fragmentos)

79.   Prece de Ação de Graças

80.   Prece do Apóstolo Paulo

81.   Primeiro Apocalipse de Tiago

82.   Proto-Evangelho de Tiago

83.   Retrato de Jesus

84.   Retrato do Salvador

85.   Revelação de Estevão

86.   Revelação de Paulo

87.   Revelação de Pedro

88.   Sabedoria de Jesus Cristo

89.   Segundo Apocalipse de Tiago

90.   Sentença de Pôncio Pilatos contra Jesus

91.   Sobre a Origem do Mundo

92.   Testemunho sobre o Oitavo e o Nono

93.   Tratado sobre a Ressurreição

94.   Vingança do Salvador

95.   Visão de Paulo

 

ESCRITOS DE QUMRAN

 

1.        A Nova Jerusalém (5Q15)

2.        A Sedutora (4Q184)

3.        Antologia Messiânica (4Q175)

4.        Bênção de Jacó (4QPBl)

5.        Bênçãos (1QSb)

6.        Cânticos do Sábio (4Q510-4Q511)

7.        Cânticos para o Holocausto do Sábado (4Q400-4Q407/11Q5-11Q6)

8.        Comentários sobre a Lei (4Q159/4Q513-4Q514)

9.        Comentários sobre Habacuc (1QpHab)

10.   Comentários sobre Isaías (4Q161-4Q164)

11.   Comentários sobre Miquéias (1Q14)

12.   Comentários sobre Naum (4Q169)

13.   Comentários sobre Oséias (4Q166-4Q167)

14.   Comentários sobre Salmos (4Q171/4Q173)

15.   Consolações (4Q176)

16.   Eras da Criação (4Q180)

17.   Escritos do Pseudo-Daniel (4QpsDan/4Q246)

18.   Exortação para Busca da Sabedoria (4Q185)

19.   Gênese Apócrifo (1QapGen)

20.   Hinos de Ação de Graças (1QH)

21.   Horóscopos (4Q186/4QMessAr)

22.   Lamentações (4Q179/4Q501)

23.          Maldições de Satanás e seus Partidários (4Q286-4Q287/4Q2804Q282)

24.   Melquisedec, o Príncipe Celeste (11QMelq)

25.   O Triunfo da Retidão (1Q27)

26.   Oração Litúrgica (1Q34/1Q34bis)

27.   Orações Diárias (4Q503)

28.   Orações para as Festividades (4Q507-4Q509)

29.   Os Iníquos e os Santos (4Q181)

30.   Os Últimos Dias (4Q174)

31.   Palavras das Luzes Celestes (4Q504)

32.   Palavras de Moisés (1Q22)

33.   Pergaminho de Cobre (3Q15)

34.   Pergaminho do Templo (11QT)

35.   Prece de Nabonidus (4QprNab)

36.   Preceito da Guerra (1QM/4QM)

37.   Preceito de Damasco (CD)

38.   Preceito do Messianismo (1QSa)

39.   Regra da Comunidade (1QS)

40.   Rito de Purificação (4Q512)

41.   Salmos Apócrifos (11QPsa)

42.   Samuel Apócrifo (4Q160)

43.   Testamento de Amran (4QAm)

 

OUTROS ESCRITOS

 

1.   História do Sábio Ahicar

2.   Livro do Pseudo-Filon


Fonte: 


Wikipédia  

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