Cosmovisão Cristã


Quando nos tornamos cristãos, não devemos mais nos conformar com o modo de agir e pensar de antes. Nós nos tornamos novas criaturas, e devemos deixar os antigos costumes. O inimigo inverte os valores de tudo o que Deus nos ensina. No mundo, há uma grande contrariedade com tudo o que é ensinado pelo Senhor a nós.
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A Teoria do “Big Bang” e a Bíblia

O relato bíblico não é uma descrição científica ou uma narração de fatos ligados à criação divina. A teoria de um universo criado e em expansão foi formulada pela primeira vez por um sacerdote católico, como demonstração do fato de que a ciência e a fé são complementares, ainda que autônomas. Quem, no século XXI, ainda lembra que Georges Lemaître, sacerdote e astrofísico belga, foi o inventor da famosa teoria do Big Bang? Hoje, ele já é desconhecido e esquecido, a não ser na Bélgica. No entanto, foi ele quem elaborou um modelo do universo em expansão (1927), formulando a primeira teoria cosmológica segundo a qual o universo primitivo e denso entrou em expansão imediatamente depois de uma explosão.

 Em 1922, redige uma memória que se apresenta como uma síntese pessoal da relatividade estreita e geral, intitulada “A física de Einstein”. Estudando, de fato, as equações do pai da teoria da relatividade, observou que o Universo que surgia não podia ser estático, mas dinâmico; do contrário, toda a massa teria acabado por colapsar sobre si mesma.

Em 1927, durante o período da sua cátedra em Lovaina, publica seu artigo mais importante, que impressionou muito Albert Einstein, ainda que nos primeiros anos rejeitará a teoria do Pe. Lemaître.

 O sacerdote jesuíta chegou a sustentar que, na origem, o universo deveria estar concentrado em um “átomo primordial”, extremamente quente e terrivelmente condensado, que imediatamente explodiu e começou a expandir-se, criando galáxias e depois estrelas. A teoria de Lemaître foi logo chamada, ironicamente, de teoria do “Big Bang”, em 1950, pelo astrônomo britânico Fred Hoyle, que estava a favor do modelo estacionário, segundo o qual o Universo é sempre idêntico a si mesmo. Atualmente, a comunidade científica concorda em considerar que o Big Bang aconteceu há aproximadamente 13.700 milhões de anos.

 Albert Einstein ficou tão fascinado por esta exposição, que se atreveu inclusive a dizer que “quem não for capaz, diante da imensidão e o esplendor do universo, de experimentar no mais profundo da sua alma um sentimento de admiração por um Ser Superior, autor de tudo isso, não é digno de ser chamado de ser humano”.

A partir do momento em que o Pe. Lemaître divulgou suas teorias, em 1927, alguns astrofísicos, guiados por Fred Hoyle, começaram a criticar esta teoria e a acusar o sacerdote católico de “concordismo”, isto é, de pretender misturar a aproximação científica com o fim de sustentar os ensinamentos da Bíblia.

 Em 1965, a descoberta da radiação fóssil confirmou a gigantesca explosão inicial do Big Bang. A partir daquele momento e após um longo debate, que durou até 1980, a maior parte dos cientistas começou a adotar a teoria de Lemaître.

Em sua teoria, o Pe. Georges Lemaître havia imaginado que a gigantesca explosão inicial do Big Bang devia ter deixado um resíduo de energia, como uma espécie de radiação fóssil. O mundo científico prestou pouca atenção a esta ideia, voltando, no entanto, a concentrar-se na controvérsia em curso. Mais tarde, no entanto, um americano de origem russa, George Gamow, desenvolveu a teoria do Pe. Lemaître e calculou a que deveria ser a radiação fóssil correspondente. Seu cálculo se baseava na radiação térmica emitida por um corpo negro, na temperatura de 5 Kelvin (na gama das micro-ondas).

Com grande surpresa geral, em 1965, Arno Penzias e Robert Wilson, pesquisadores da Bell Telephone Company e encarregados de manipular os primeiros radiotelescópios, descobriram por acaso a radiação fóssil.

Esta radiação fóssil tem a temperatura de 2,7 Kelvin e provém de todas as partes do universo.

Foi Odon Godart quem comunicou ao Pe. Lemaître, alguns dias antes da sua morte, a notícia da descoberta da radiação fóssil, que ele teria elegantemente rebatizado de “o fulgor desaparecido desde que os mundos foram criados”.

 Lemaître havia sido levado ao hospital duas semanas antes, com leucemia. O autor da teoria do Big Bang disse simplesmente: “Agora estou contente, pelo menos temos a prova disso!”. Esta prova valeu um Prêmio Nobel a Robert Wilson e Arno Penzias. Além disso, em 1929, o astrofísico americano Edwin Powell Hubble havia descoberto que o cosmos não é estático e eternamente igual, mas, ao contrário, as galáxias se afastam umas das outras em uma velocidade crescente. Mas a oposição à teoria do Big Bang continuou entre 1950 e 1980, sobretudo porque havia sido descoberta e sustentada por um sacerdote.

A tempestade se aplacou somente a partir de 1980 e, atualmente, a maior parte dos cientistas reconhece esta teoria como válida. A Bíblia não é um tratado científico, mas, apesar disso, a narrativa que ela oferece sobre a origem do universo não está em contradição com as mais recentes descobertas científicas.

Em 1958, falando da teoria do Big Bang, o Pe. Lemaître explicou que o papel da ciência e o da Bíblia na explicação da origem do universo são diferentes:

“Pessoalmente, considero que a hipótese fica totalmente fora de toda questão metafísica ou religiosa. Esta permite ao materialista também negar qualquer ser transcendente. Para o crente, esta (…) está de acordo também com os versículos de Isaías, quando falam do ‘Deus escondido’, escondido também no começo da criação”.

É preciso dizer que a teoria do Big Bang foi acolhida imediatamente com grande entusiasmo dentro da Igreja, tanto que, no discurso pronunciado em 22 de novembro de 1951 diante da Pontifícia Academia das Ciências, o Papa Pio XII declarou:

“Parece verdadeiramente que a ciência atual, remontando a milhões de séculos, conseguiu tornar-se testemunha desse primordial Fiat lux pelo qual do nada surgiu, com a matéria, um mar de luz e de radiações, enquanto as partículas dos elementos químicos se dividiram e milhões de galáxias se reuniram”. É verdade também, no entanto, que Lemaître procurou distinguir, desde o começo, o método científico do teológico e evitar que o conceito científico ligado ao início físico e natural do universo se confundisse com o conceito teológico de “criação”. Por outro lado, já a reconstrução do passado biológico da terra segundo Charles R. Darwin (1809-1882) e os estudos do alemão Hermann Gunkel (1862-1932), entre os séculos XIX e XX, convenceram muitos teólogos de que a verdade do relato bíblico não deveria sempre ser buscada na simples transposição dos fatos narrados sobre o campo da realidade histórica. Decisivo, para a compreensão dos textos bíblicos, foi também a aplicação de um princípio enunciado, entre outros, por Baruch Spinoza (1632-1677), no incompleto “Tratado Teológico-Político”, com base no qual todo exame sobre as Sagradas Escrituras deveria ser realizado em relação com os contextos históricos nos quais estas haviam surgido.

Em particular, a identificação de diversos gêneros literários dentro da Bíblia constituiu um passo adiante muito importante, que contribuiu para melhorar o diálogo com o mundo leigo dos cientistas. Da criação divina se fala nos primeiros dois capítulos do Gênesis, livro que, para os judeus, é o primeiro da Torá, a coleção desses livros da Lei de Moisés que os cristãos chamam de Pentateuco. Os profetas Jeremias e Amós o citam e, por exemplo, em Jr 10, 6-16, lê-se que YHWH é o Rei (v. 6) que controla todos os processos na ordem do mundo e que “formou tudo”.

A conclusão dos especialistas sobre a composição do primeiro capítulo do Gênesis é que se trata de um texto elaborado no período em que Israel viveu a trágica experiência do exílio na Babilônia (587 a.C.) por obra do chamado autor (ou grupo) sacerdotal, com toda probabilidade pertencente ao círculo dos sacerdotes judeus deportados à Babilônia por Nabucodonosor.

Portanto, não somente a sistematização das partes, mas o próprio desenvolvimento dos conceitos teológicos – entre eles, a ideia da criação – são fruto de elaborações ou reordenações sucessivas.

 Sobre esta questão interveio Leão XIII, com a Providentissimus Deus, de 1893, recordando que os católicos não estão obrigados a acreditar que a atividade criadora de Deus tenha ocorrido no arco temporal de 6 dias de 24 horas cada um, dado que os autores divinamente inspirados das Sagradas Escrituras, quando tratam ou simplesmente se aproximam de argumentos próprios da ciência experimental, nem sempre usam escrupulosamente a propriedade da linguagem científica.

De fato, observava Leão XIII em sua carta encíclica, “É preciso considerar, em primeiro lugar, que os escritores sagrados, ou melhor, o Espírito Santo, que falava por meio deles, não quiseram ensinar estas coisas aos homens (a íntima natureza ou constituição das coisas que se veem), já que em nada lhes serviriam para a sua salvação; e assim, mais que tentar, em sentido próprio, a exploração da natureza, descrevem e tratam às vezes das mesmas coisas, ou em sentido figurado, ou segundo a maneira de falar naquela época, que ainda hoje vigora para muitas coisas na vida cotidiana, até entre os homens mais cultos”.

Em 1909, o magistério da Igreja voltou autorizadamente sobre o tema em questão com o documento “Resposta da Pontifícia Comissão Bíblica sobre o caráter histórico dos primeiros três capítulos do Gênesis”, querido pelo Papa São Pio X, no qual se afirma explicitamente que os 6 dias do Gênesis podem ser interpretados como um lapso qualquer de tempo.

 Em 1965, no número 11 da constituição dogmática sobre a Revelação Divina, Dei Verbum, o Concílio Vaticano II esclareceu, mais uma vez, que tudo o que os autores inspirados afirmam deve ser considerado como afirmado pelo Espírito Santo; por conseguinte:

“Os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus, para nossa salvação, quis que fosse consignada nas sagradas Letras”.

Portanto, são verdades reveladas para a nossa salvação, e são tais sob este perfil, e não necessariamente sempre o perfil literal.

O próprio livro do Gênesis exclui uma interpretação extremamente literal do relato bíblico, quando, no capítulo 2, propõe um segundo resumo relativo aos primeiros tempos da criação, que, de alguma maneira, inverte a ordem das coisas criadas:

Dessa vez, o homem aparece como primeira obra da criação, depois do céu e da terra, e sem dúvida antes de todo tipo de vegetação. A propósito disso, Santo Agostinho (De Doctrina Christiana, III, 18, 26) explicou que os dois relatos da criação, como qualquer outro versículo da Sagrada Escritura, são ambos verdadeiros e que o ensinamento contido neles, muito além da incongruência do sentido literal, não pode consistir em querer desvelar-nos o ritmo espaço-temporal preciso do sopro criador de Deus.

Também e sobretudo na questão da origem da vida, portanto, a ciência e a fé não estão, de fato, em conflito, mas podem fecundar-se mutuamente, por meio da mediação da filosofia, permanecendo, no entanto, suas respectivas autonomias e os diversos âmbitos de pesquisa, como explicava João Paulo II em uma carta enviada em 1987 ao então diretor da Specola vaticana, Pe. George V. Coyne, SJ.

Nela, o Papa faz votos de que os teólogos aprofundem cada vez mais no diálogo com a ciência contemporânea e nas teorias comumente aceitas: “Tal conhecimento os defenderia da tentação de fazer, com fins apologéticos, um uso pouco crítico e apressado das novas teorias cosmológicas como a do Big Bang”.

Portanto, a concepção de um universo em constante expansão reflete a imagem de um Deus que se torna próximo do homem e caminha ao seu lado durante a história, porque, como escreveu Bento XVI em sua “Carta aos seminaristas”, de 18 de outubro de 2010, “Para nós, Deus não é uma hipótese remota, não é um desconhecido que se retirou depois do ‘Big-Bang’. Deus mostrou-Se em Jesus Cristo”.

O modelo cosmológico segundo o qual a criação do universo teria tido origem com o Big Bang não contradiz a visão da fé e os ensinamentos da Igreja. Disso é prova o fato de que foi precisamente um sacerdote católico, Pe. Georges Lemaître, o primeiro a propor esta teoria da expansão universal a partir de um estado primordial quente e denso.

A teoria do Big Bang é, contudo, uma teoria física e não uma doutrina.

Big Bang: Quando os astrônomos descobrem o que a Bíblia revela!

A maioria dos tratados científicos sobre cosmologia dão crédito à Arno Penzias e Robert Wilson, sobre a descoberta de que o Universo surgiu de uma grande explosão conhecida como Big Bang.

Embora seja verdade de que eles foram os primeiros a descobrir a radiação deixada pelo evento da criação do Universo (1965), eles não foram os primeiros a reconhecer que o Universo sofreu uma expansão, partindo de um estado quente e compacto. Em 1946, George Gamow calculou que o Universo está em expansão. Em 1929, Edwin Hubble estabeleceu a velocidade das galáxias, como resultado de uma grande explosão. Quase na mesma época, Abbé Georges Lemaître, um padre jesuíta foi o primeiro a promover o Big Bang como o evento descrito na Bíblia: Haja Luz!  
A primeira evidência científica para um Big Bang vem de 1916, quando Einstein observou que suas equações apontavam para um universo em expansão. Mesmo assim, ele se recusou a aceitar o princípio implícito e preferiu com o senso comum na época de que o Universo era eterno. Todos estes cientistas estavam ultrapassados quase 2500 anos, pelos escritores bíblicos. Profetas e apóstolos, que não entendiam de astronomia, repetidamente escreveram sobre os fundamentos do Big Bang, ao afirmarem sobre uma criação, de um tempo finito e um universo passando por uma expansão.
Em Isaías 42:5 diz:

“Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus e os estendeu…” Ou seja, Deus criou o Universo e o estendeu… expandiu!

O Hebraico traduz a expressão “criou” de Isaías 42:5 como “barah”, que tem como sentido “trazer a existência algo novo, que partiu do nada” Esta mesma palavra ”barah” é citada sete vezes no A.T. (Gênesis 1:1; 2:3; 2:4; Salmo 148:5, Isaías 40:26; 42:5; 45:18).       
Hebreus 11:3 reforça isto quando diz: “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.” Ou seja, aquilo que é visto é detectado, foi feito daquilo que não é visto. Moléculas.    
A Bíblia afirma que Deus é o agente pré-existente responsável pela criação do Universo. Deus antecede ao Universo e participou ativamente de sua criação. Em Colossenses 1, assim como em Provérbios 8:22-31, João 17:24; Efésios 1:4, 2 Timóteo 1:9; Tito 1:2 e 1 Pedro 1:20, são textos que nos afirmam sobre isto. Diversos versículos relatam a palavra “esticado” ao se referir aos Céus. Jó 9:8; Salmo 104:2, Isaías 40:22; 42:5; 44:24; 45:12; 48:13; 51:13, Jeremias 10:12 e 51:15.    

É impressionante que estes onze versos usam formas verbais diferentes para descrever o alongamento dos céus.  Jó 9:08, Sl. 104:2, Is. 40:22; 42:5; 44:24; 51:13, e Zc. 12:1 empregam a forma de particípio ativo do verbo Qal Natah.

Esta forma literalmente significa “curso continuo, alongamento” (os céus). Quatro versos, Isaías 45:12; 48:13 e Jeremias 10:12; 51:15 use o tempo perfeito Qal.
Assim, segundo a Bíblia, o alongamento dos céus é tanto “acabado” como “permanente”, conforme Is. 40:22 (“E ele o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e o desenrola como tenda para nela habitar.”) aonde encontramos os dois verbos usados de formas diferentes. A palavra “Estende” é o verbo Natah no particípio ativa Qal. Na parte final, a palavra “desenrola” é mathah na forma de waw é um Qal Imperfeito, que traduzido literalmente daria “espalhou para fora”.
Além de declarar notoriamente a circunferência terrestre, Isaías diz que Deus estendeu os céus e constantemente exerce seu poder desenrolando o Universo.

O primeiro no ato completo e o segundo no tempo contínuo. Qual princípio da cosmologia é parecido com a declaração bíblica? Resposta: Big Bang! Pois apenas o Big Bang defende que toda a criação física foi criada instantaneamente e que terminou, permitindo uma expansão contínua do Universo.    

Finalizando, a Bíblia além de defender o Big Bang, afirma que as leis da termodinâmica, gravidade e eletromagnetismo agiram durante toda a criação.


As Cosmovisões Dominantes no Mundo

No início dos anos 1990s, o Dr. James Dobson e Gary Bauer procuraram identificar aquilo que viam acontecer com os jovens cristãos. A conclusão deles foi que:

"Nada menos que uma grande guerra civil de valores está ocorrendo hoje na América do Norte. Dois lados com cosmovisões tremendamente diferentes e incompatíveis estão travados em um conflito amargo que permeia cada nível da sociedade."

A guerra, conforme Dobson e Bauer a descreveram, é uma luta "pelos corações e mentes das pessoas; é uma guerra de ideias."

De um lado está a cosmovisão cristã, a base da civilização ocidental. Do outro lado estão cinco cosmovisões: o Islamismo, o Humanismo Secular, o Marxismo, o Humanismo Cósmico e o Pós-Modernismo. Embora essas cinco cosmovisões não concordem em cada detalhe, elas unanimemente concordam em um ponto: sua oposição ao cristianismo bíblico.
Como em qualquer guerra, existem baixas e as ideias anticristãs estão fazendo suas vítimas. Pesquisas recentes indicam que até 59% dos universitários que se declaram cristãos "nascidos de novo" mudam de categoria por volta do último ano de seus cursos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo instituto de pesquisas de George Barna, nove de cada dez adultos que se declaram "cristãos" não têm uma cosmovisão bíblica. Para efetivamente se envolverem nessa batalha ideológica, os cristãos precisam ter uma compreensão dos tempos e "Saber aquilo que precisam fazer" (1 Crônicas 12:32).

O Que É uma Cosmovisão?

Todos baseiam suas decisões e ações em uma cosmovisão. Podemos não ser capazes de articular nossa cosmovisão e ela também pode ser inconsistente, porém todos nós temos uma cosmovisão. Portanto, a pergunta é: o que é uma cosmovisão?

Uma cosmovisão é uma "estrutura interpretativa", uma espécie de par de lentes por meio das quais vemos todas as coisas. A cosmovisão se refere a qualquer conjunto de ideias, crenças ou valores que forneçam uma estrutura ou mapa para ajudar você a compreender Deus, o mundo, e seu relacionamento com Deus e com o mundo. Especificamente, uma cosmovisão contém uma determinada perspectiva relacionada com pelo menos cada uma das seguintes dez disciplinas: Teologia, Filosofia, Ética, Biologia, Psicologia, Sociologia, Direito, Política, Economia e História.

Este capítulo resume as seis cosmovisões que atualmente exercem mais influência no mundo. Existem outras cosmovisões, mas elas são menos importantes em termos de influência. Por exemplo, o Confucionismo, o Budismo, o Taoísmo, o Hinduísmo e o Xintoísmo podem influenciar profundamente alguns países orientais, mas dificilmente afetam todo o mundo. As principais ideias e sistemas de crenças que controlam o mundo e, especialmente o Ocidente, estão contidos nas seguintes seis cosmovisões:

A Cosmovisão Cristã

Muitas pessoas, incluindo muitos cristãos, não percebem que a Bíblia trata todas as dez disciplinas de uma cosmovisão. O Cristianismo é a incorporação da afirmação de Jesus Cristo de que Ele é "o caminho, a verdade e a vida" (João 14:6). Quando dizemos: "Este é o caminho cristão", queremos dizer que este é o modo como Cristo nos faria tratar a vida e o mundo.

Não é uma questão de pouca importância pensar e agir como Cristo nos instruiu.
Os EUA são descritos como um país cristão. Entretanto, os EUA — juntos com toda a civilização do mundo ocidental — se afastaram de sua herança intelectual, cultural e religiosa. Cerca de trinta anos atrás, o filósofo cristão Francis Schaeffer observou a tendência do país em direção ao secularismo como uma falha dos cristãos "em verem que tudo isto [a ruptura cultural e social] ocorreu devido a uma mudança na cosmovisão, isto é, por meio de uma transformação fundamental no modo geral como as pessoas pensam e veem o mundo e a vida como um todo."

O estudo das cosmovisões em geral e da cosmovisão cristã, em particular, é um chamado ao despertamento para todos. Uma nação que esteja procurando promover os direitos humanos (incluindo o direito de nascer), a liberdade e o bem comum precisa aderir à única cosmovisão que pode explicar nossa existência e dignidade. Afirmamos que a dignidade humana advém do fato de termos sido criados à imagem de Deus, uma perspectiva singularmente bíblica. O abandono dessa perspectiva traz sérias consequências; basta observar o crescimento no número de abortos, nas práticas homossexuais, na eutanásia, no casamento entre pessoas do mesmo sexo, a pesquisa com células-tronco embrionárias e a tendência em direção à clonagem humana.

A Cosmovisão Islâmica

O número de muçulmanos é estimado em 1,3 bilhões de seguidores. Nos anos recentes, a cosmovisão islâmica cresceu exponencialmente em número, poder e influência e, portanto, merece ser incluída neste capítulo. Um artigo publicado teve o seguinte título: "O Futuro Pertence ao Islã", o que fornece um incentivo adicional para que compreendamos suas crenças e objetivos.

Escrevendo em The Sword of the Prophet (A Espada do Profeta), o comentarista e consultor em política internacional Serge Trifkovic explicou que "o Islã não é uma 'mera' religião; é todo um modo de vida e um sistema social, político e jurídico que envolve tudo e que gera uma cosmovisão peculiar para si mesmo".

O Cristianismo e o Islã têm alguns ensinos em comum, incluindo a crença em um Deus pessoal, a criação do universo material, anjos, imortalidade da alma, céu, inferno e julgamento dos pecados. Da mesma forma, os muçulmanos aceitam Jesus como um profeta (um entre muitos), Seu nascimento virginal, Sua ascensão física, Sua segunda vinda, Seus milagres e Seu papel como Messias.

As grandes diferenças entre o Cristianismo e o Islã são: a rejeição do Islã do Deus bíblico triúno e da morte vicária de Jesus pelos pecados do mundo. Os muçulmanos também rejeitam a ressurreição física de Jesus dos mortos e Sua reivindicação de ser o Filho de Deus.

Outra grande diferença entre o fundador do Cristianismo e o fundador do Islã é que a Bíblia descreve Jesus como alguém que teve uma vida imaculada, enquanto que as tradições do Islã retratam Maomé com muitas falhas e imperfeições.

"A prática e constante encorajamento de Maomé para o derramamento de sangue", escreve Trifkovic, "são singulares na história das religiões. Assassinatos, pilhagens, estupros e mais assassinatos estão no Alcorão e nas tradições."

Além disso, a vida de Maomé "parece ter impressionado seus seguidores com uma crença profunda no valor do derramamento de sangue como um modo de abrir as portas do Paraíso". Assim, desde o ano 622 até o presente, a história do Islã tem sido de violência, submissão e guerra contra os infiéis (qualquer um que não seja muçulmano).

Para muitos muçulmanos, um dos legados mais importantes é ver o mundo como um conflito entre a Terra da Paz (Dar al-Islam) e a Terra da Guerra (Dar al-Harb). Por outro lado, existem muitos muçulmanos, particularmente aqueles que vivem em países ocidentais democráticos, que não creem nas passagens violentas do Alcorão sobre matar os infiéis e que a história violenta do Islã deva ser aplicada literalmente hoje. Todavia, em ambos os casos, o Islã é uma cosmovisão contra a qual os cristãos precisam contender.

A Cosmovisão Humanista Secular

O Humanismo Secular (também chamado de Humanismo Laico, ou Humanismo Secularizado) refere-se principalmente às ideias e crenças delineadas nos Manifestos Humanistas de 1933, 1973 e 2000. O Humanismo Secular é a cosmovisão dominante na maioria de faculdades e universidades em todos os países ocidentais. Ele também fez avanços em muitas escolas e universidades cristãs, especialmente nas áreas de Biologia, Sociologia, Direito, Ciência Política e História.

Os humanistas seculares reconhecem a sala de aula como uma poderosa incubadora para doutrinar os alunos em sua cosmovisão.

Operando sob a palavra da moda "liberalismo", uma agenda Humanista Secular controla o currículo nas escolas do sistema público de ensino dos EUA graças à Associação Nacional da Educação, à Academia Nacional de Ciências e diversas fundações, incluindo a Fundação Ford.

Os cristãos que estão considerando uma educação de nível superior precisam estar bem instruídos a respeito da cosmovisão Humanista Secular, ou correm o risco de perderem sua própria perspectiva cristã quase que automaticamente. Em seu livro Walking Away From the Faith, a autora e professora de seminário Ruth Tucker deixa claro que os estudantes cristãos estão se afastando da fé por causa do ensino Humanista Secular.

As ideias do Humanismo ganharam influência proeminente em toda a sociedade moderna. B. F. Skinner, Abraham Maslow, Carl Rogers, and Erich Fromm, todos os quais receberam o título "Humanista do Ano" afetaram poderosamente a disciplina da Psicologia. Cientistas como o falecido astrônomo Carl Sagan, outro "Humanista do Ano", pregaram seu humanismo com grande publicidade na televisão e em livros adotados no currículo escolar.
Mais recentemente, o combativo ateísta e biólogo da Universidade de Oxford Richard Dawkins recebeu muita atenção com seus livros sobre a evolução e, é claro, com seu livro de grande sucesso de vendas “Deus, um Delírio”, publicado em 2006. Claramente, os humanistas estão dispostos a apoiarem sua cosmovisão — frequentemente com mais fervor e dedicação que os cristãos fazem por sua fé. Por estas e por outras razões, precisamos prestar muita atenção à cosmovisão do Humanismo Secular.

A Cosmovisão Marxista

O Marxismo é uma cosmovisão militantemente ateísta e materialista. Ele desenvolveu uma perspectiva com relação a cada uma das dez disciplinas, normalmente em grande detalhe. Baseado nos escritos de Karl Marx (fim dos anos 1800s), o Marxismo assumiu novas aparências nos anos recentes, incluindo a degradação da cultura como uma forma de atividade revolucionária. O mais recente Manifesto Comunista, intitulado Empire (Império) foi publicado no ano 2000 pela editora da Universidade de Harvard. A presença de Marx continua a ser sentida em todo o mundo.

O Marxismo predomina em muitos campos universitários. Recrutados nos anos 1950s e 1960s como alunos de faculdade, muitos "radicais" marxistas receberam diplomas de pós-graduação e hoje integram o corpo docente de muitas universidades.

"Com algumas poucas e notáveis exceções", diz o ex-professor da Universidade Yale, Roger Kimball, "nossas universidades e as faculdades de artes liberais instalaram todo o menu radical no centro de seus currículos de Ciências Humanas tanto no nível de graduação como de pós-graduação." O U.S. News and World Report publicou uma extensa matéria em 2003 intitulada "Where Marxism Lives Today" (Onde o Marxismo Vive Hoje), que diz o seguinte: "O Marxismo está tão entrincheirado em cursos que vão de Literatura a Antropologia... que hoje os estudantes estão virtualmente imersos nas ideias de Marx."

O "menu radical" mencionado por Kimball inclui uma grande porção de determinismo econômico. De acordo com Karl Marx, o problema fundamental com o capitalismo é que ele gera a exploração. Portanto, o capitalismo precisa ser substituído por um sistema econômico mais humano, um sistema que elimine o livre mercado (a propriedade privada e a troca livre e pacífica de bens e serviços) e o substitua por uma economia controlada pelo governo.

As ideias econômicas de Marx e a definição de políticas públicas caminham de mãos dadas.
O comunismo no estilo de Marx controla um grande número de países em todo o mundo e, disfarçada com o nome de "Social Democracia", uma filosofia política de inspiração marxista que engolfou os países da Europa Ocidental. Além disso, nos anos recentes, muitos países sul-americanos se voltaram para o marxismo e muitos acreditam que a atual administração do presidente Obama e o atual Congresso dos EUA estão levando rapidamente o país para o mesmo caminho socialista.

Ademais, alguns grupos cristãos tentaram combinar sua forma de cristianismo com as ideias de Marx sobre a igualdade social. Devido à prevalência e à natureza subversiva do Marxismo, os cristãos precisam se acautelar dos objetivos dos professores, políticos e teólogos de pensamento marxista.

A Cosmovisão Humanista Cósmica

A cosmovisão Humanista Cósmica consiste de dois movimentos espirituais inter-relacionados. Um é conhecido como Movimento de Nova Era e o outro é o neopaganismo, que inclui práticas ocultistas, xamanismo indígena e Wicca.

O Movimento de Nova Era mistura antigas religiões orientais (especialmente o Hinduísmo e o Zen-Budismo) com um toque de outras tradições religiosas; adiciona uma dose de jargão científico e traz o bolo recém-saído do forno para a sociedade consumir.

"A Nova Era", explica a pesquisadora cristã Johanna Michaelsen, "é a religião eclética máxima do eu: tudo o que você decidir que é certo para você é correto, desde que você não fique com a mentalidade estreita e exclusivista sobre aquilo."

Entretanto, a suposição que a verdade reside dentro de cada indivíduo torna-se a pedra fundamental para a cosmovisão. Dar a alguém o poder de discernir toda a verdade é uma faceta da teologia e essa teologia tem ramificações que muitos membros do movimento de Nova Era também descobriram. Marilyn Ferguson, autora de A Conspiração Aquariana (um livro considerado como "o clássico divisor de águas da Nova Era"), diz que o movimento introduz "uma nova mente — o aparecimento de uma cosmovisão surpreendente"

Essa cosmovisão foi resumida da seguinte forma por Jonathan Adolph: "Em seu sentido mais amplo, o pensamento de Nova Era pode ser caracterizado como uma forma de utopismo, o desejo de criar uma sociedade melhor, uma 'Nova Era' em que a humanidade viva em harmonia consigo mesma, com a natureza e com o cosmos."

Embora os aderentes da Nova Era não façam sérias distinções entre as religiões, considerando que todas são no fim a mesma coisa, John P. Newport explica que:

"Geralmente, os neopagãos acreditam que estão praticando uma antiga religião popular, seja como uma forma sobrevivente ou restaurada. Assim, estando focados nas religiões pagãs do passado, eles não estão particularmente interessados em uma Nova Era do futuro."

Por meio de livros de grande sucesso de vendas, de programas na televisão e de filmes no cinema, a cosmovisão Humanista Cósmica está ganhando convertidos no Ocidente e em todo o mundo.

Malachi Martin lista dezenas de organizações que são de Nova Era ou simpatizantes da visão Humanista Cósmica. Claramente, o Humanismo Cósmico, um transplante do Oriente, é uma presença crescente em todo o hemisfério ocidental.

A Cosmovisão Pós-Moderna
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Forçados a encararem a desumanidade, a destruição e todos os horrores produzidos pelo Terceiro Reich e pelos Gulags soviéticos durante a primeira metade do século 20, grupos substanciais de humanistas iluministas e neomarxistas abandonaram suas cosmovisões para criarem uma cosmovisão que eles acreditavam seria mais apropriada para a realidade, resultando na virada para o Pós-Moderno.

Por volta de 1980, professores pós-modernos estavam entrando significativamente nos Departamentos de Ciências Humanas e Ciências Sociais das universidades de todo o mundo.

O filósofo cristão J. P. Moreland observa que o Pós-Modernismo se refere a uma abordagem filosófica principalmente na área da Epistemologia, ou aquilo que conta como conhecimento ou verdade. Falando em termos bem amplos, Moreland diz: "O Pós-Modernismo representa uma forma de relativismo cultural sobre coisas como a verdade, a realidade, a razão, os valores, o significado linguístico, o 'eu' e outras noções."

Embora existam diversas formas de Pós-Modernismo, três valores são unificadores:

(1) um comprometimento com o relativismo;
(2) uma oposição às meta-narrativas, ou explicações totalizadoras da realidade que são verdadeiras para todas as pessoas em todas as culturas;
(3) a ideia de realidades culturalmente criadas. Cada um desses comprometimentos tem o propósito de negar que exista uma cosmovisão ou um sistema de crenças que possa ser considerado como Verdade absoluta.

O instrumento metodológico mais eficaz do Pós-Modernismo, que é usado extensivamente nos Departamentos de Letras modernos, é conhecido como Desconstrução, que significa:

 (1) que as palavras não representam a realidade e 
(2) que os conceitos expressos em sentenças em qualquer idioma são arbitrários.

Alguns pós-modernistas chegam ao ponto de desconstruírem a própria humanidade. Assim, junto com a morte de Deus, da verdade e da razão, a humanidade também é obliterada. Paul Kugler observa a inversão irônica: "Hoje, é o sujeito que declarou que Deus estava morto cem anos atrás que agora está tendo sua própria existência colocada em questão."

Para complicar as coisas ainda mais, precisamos reconhecer que existe também uma variedade chamada de "Pós-Modernismo Cristão" [25]. Tal é a essência do Pós-Modernismo dominante — uma cosmovisão que afirma que não existem cosmovisões. Essa cosmovisão "anticosmovisão" certamente requer a atenção dos cristãos atentos.

Não podemos negligenciar essas cinco cosmovisões anticristãs. A base para muito daquilo que é ensinado nas salas de aula nas escolas públicas hoje vem do pensamento secularizado, marxista, humanista cósmico e pós-moderno e recebe diversos rótulos:

Progressismo, Multiculturalismo, Politicamente Correto, Desconstrucionismo, e Educação para a Autoestima. Ou, como é frequentemente o caso, os rótulos são deixados de lado e os cursos são ministrados a partir de suposições anticristãs sem que os estudantes sejam informados qual cosmovisão está sendo expressa. A neutralidade na educação é um mito.

O primeiro capítulo do livro de Daniel explica como ele e seus companheiros se prepararam para sobreviverem e florescerem no meio de um choque entre civilizações em seu tempo. Acreditamos que os jovens cristãos equipados com um conhecimento abrangente e uma compreensão da cosmovisão cristã e de suas rivais possam se tornar "Daniéis" que não ficarão nas laterais, mas que entrarão em campo para participarem na grande colisão de cosmovisões no século XXI.

A sociedade florescerá somente à luz da verdade e quando a ênfase retornar para uma perspectiva cristã. Essa mudança drástica em ênfase pode ser produzida por meio da liderança de milhares de estudantes cristãos bem-informados e confiantes que pensem de modo amplo e profundo a partir de uma bem-afiada cosmovisão bíblica e se levantem como líderes na educação, nos negócios, na ciência e no governo.

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