Hinários são coletâneas de hinos, normalmente na forma de livro, para uso durante o canto congregacional nos cultos e em outros eventos de uma comunidade religiosa. O reformador Martinho Lutero foi o responsável por popularizar o uso dos hinários durante os cultos na Alemanha, pois considerava a participação da congregação na adoração através dos hinos uma “ferramenta útil para transmissão dos ensinamentos”.
Os hinários refletem a doutrina e a identidade de uma denominação cristã.
Os primeiros hinários brasileiros em português surgiram no final do séc. XIX (não considerados aqui os hinários católicos). O primeiro hinário foi o Salmos e Hinos, organizado em 1861 pelo casal Dr. Robert Reid Kalley e Sarah Poulton Kalley, fundadores da Igreja Evangélica Fluminense. Em 1876, Richard Holden compilou e lançou a primeira edição do hinário Hinos e Cânticos; o segundo hinário evangélico brasileiro. De iniciativa de Salomão Luiz Ginsburg, em 1891 foi publicada a primeira versão do Cantor Cristão, terceiro dos hinários evangélicos brasileiros e primeiro hinário oficial das Igrejas Batistas do Brasil.
Outros hinários foram lançados na primeira metade do século seguinte, dos quais destacam-se três: a Harpa Cristã, o Hinos de Louvores e Súplicas a Deus e o Hinário Evangélico.
A Harpa Cristã é o hinário oficial da igreja Assembleia de Deus, que possui, no Brasil, cerca de 22,5 milhões de fiéis. A igreja é considerada a maior denominação pentecostal do mundo.
A Harpa Cristã foi criada para reunir as composições do cântico congregacional e possibilitar o louvor a Deus nas atividades da igreja, como no batismo, nos cultos públicos e até em casamentos e em funerais.
O objetivo da reunião de hinos é fortalecer a comunidade e evocar a adoração a Deus por meio do louvor. A Harpa Cristã é dividida por temática e os louvores são direcionados para tipos de assuntos diferentes.
Logo que surgiu, a Assembleia de Deus utilizava o hinário Salmos e Hinos, que também era usado por outras igrejas evangélicas.
Em virtude das características únicas da denominação, os pioneiros colocaram em pauta a demanda pela criação de um hinário que englobasse as doutrinas pentecostais.
Da necessidade citada acima, nasceu o Cantor Pentecostal, em 1921. Ele foi impresso pela tipografia Guajarina, com a supervisão editorial de Almeida Sobrinho, o primeiro editor pentecostal, que também editou jornais da denominação, como “A Voz da Verdade”. A publicação reunia 44 hinos e 10 corinhos. O pequeno hinário foi distribuído pela Assembleia de Deus do Pará.
Em 1922, um ano após a criação do Cantor Pentecostal, a primeira Harpa Cristã foi lançada em Recife, sob orientação editorial do Pastor Adriano Nobre. O hinário teve tiragem de mil exemplares e foi compartilhada para todo o Brasil pelo missionário sueco, Samuel Nyström. Sua colaboração foi de extrema importância para que a reunião de hinos fosse concretizada. Nyström era sueco e não dominava a língua portuguesa com perfeição. Mas isso não foi impedimento para que ele traduzisse diversas letras da hinódia original da Escandinávia.
A segunda edição do hinário possuía 300 canções. Em 1932, esse número saltou para 400 hinos.
O Pastor Paulo Leivas Macalão contribui de forma parecida e possibilitou que os poemas traduzidos fossem adaptados às respectivas músicas.
A CGADB - Convenção Geral Das Assembleias de Deus - se reuniu em São Paulo, no ano de 1932, e nomeou uma comissão para editar e publicar a primeira versão da Harpa Cristã com música. Faziam parte dessa comissão:
Emílio Conde — integrante do Coral da Assembleia de Deus, organista e acordeonista; Samuel Nyström, missionário sueco e pastor da denominação e tradutor de hinos; Paulo Neivas Macalão, autor e adaptador de diversos hinos da Harpa Cristã; José Tenório de Lima; Nils Kastiberg, missionário sueco, evangelista e pastor, John Sorhein; e dr. Carlos Brito. Outros hinos foram sendo adicionados à Harpa Cristã com o passar do tempo, até que o hinário alcançasse 524 letras.
A maior parte dos hinos havia sido revisada até o ano de 1981. Eles foram adaptados para que sua execução se tornasse mais simples para o cântico congregacional.
Após a apresentação de uma proposta organizada pelo Pastor Adilson Soares da Fonseca, o conselho administrativo da Assembleia de Deus, em 1979, nomeou uma comissão para rever músicas e letras da Harpa Cristã. A comissão reuniu diversos pastores da denominação.
A Harpa Cristã atualizada só foi lançada em 1992. A nova versão foi aceita em muitas igrejas, porém, a maioria preferiu manter o hinário tradicional em seus cultos e liturgias.
As demandas da Assembleia de Deus fizeram com que a denominação empreendesse a ampliação da Harpa Cristã. Mais 116 hinos foram adicionados ao hinário com o objetivo de abranger todos os cerimoniais e eventos da igreja.
O lançamento da Harpa Cristã ampliada, em 1999, com 640 hinos, foi um marco para a hinódia pentecostal da Assembleia de Deus.
Outras igrejas evangélicas adotaram a Harpa Cristã, muitas delas neopentecostais. Essas denominações encontram nas letras e melodias do hinário o acalento espiritual necessário para adorar a Deus.
Independente de qual doutrina é seguida, o papel da Harpa Cristã é levar o Evangelho de Cristo para que as pessoas o conheçam, e a música é um excelente meio condutor para que isso aconteça.
Fontes de Pesquisa:
Manual da Harpa Cristã, edições CPAD, 1ª edição, 1999;
Hinologia Cristã – Cantos da Fé Cristã;
Wikipedia – a Enciclopédia Livre;
CGADB – Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil;
CPAD – Casa Publicadora das Assembleias de Deus;
https://www.letras.mus.br/blog/historia-harpa-crista/;
http://www.hinologia.org/hinarios-brasileiros-joaquim-junior/;
Imagens: Internet
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