terça-feira, 25 de março de 2025

Um Salto Para Deus, Um Salto No Escuro...

A morte é esse instante definitivo, um corte brusco na linha do tempo individual. Um momento que, paradoxalmente, pode ser tanto o fim quanto o começo, dependendo da perspectiva. Para quem parte, é uma transição instantânea; para quem fica, pode ser um processo dilatado de ausência e saudade.

A ideia de que tudo acontece num átimo nos lembra que a vida é frágil e transitória. Um corpo que antes respirava, se movia, sentia e pensava, subitamente se desliga. E então? O que resta? Para uns, apenas o silêncio e o fim absoluto. Para outros, a continuidade em outra esfera, um despertar para algo maior.

A morte também transforma aqueles que testemunham sua passagem. Numa fração de segundos, os vivos se tornam enlutados, as rotinas se quebram, as certezas se abalam. A ausência de alguém pode ser um eco interminável, ressoando nas lembranças, nos objetos deixados, nas palavras não ditas.

O instante da morte é um ponto fixo e inevitável, mas o impacto que ela gera reverbera por muito tempo. E, talvez, seja justamente essa reverberação — na memória, no legado, naquilo que inspiramos nos outros — que nos mantém vivos além do instante final.

É curioso como a vida inteira se desenrola em um fluxo contínuo, mas a morte acontece num átimo. Um piscar de olhos, um suspiro, um silêncio — e pronto. Aquele que estava, já não está.

Sempre me pergunto sobre esse instante exato da travessia. Será que há um aviso? Um frio que sobe pela espinha, um clarão, um último pensamento? Ou será apenas um corte, como um filme que se encerra abruptamente?

Os que ficam, quase nunca percebem a exatidão do momento. Segundos antes, a pessoa ainda é. Segundos depois, é lembrança. Talvez seja esse o grande espanto da morte: não sua chegada em si, mas sua rapidez. Uma presença que vira ausência sem cerimônia, sem anúncio.

E, no entanto, há algo de misterioso nesse instante final. Porque, apesar da ausência, há uma presença que persiste. No cheiro que fica no travesseiro, na xícara esquecida sobre a mesa, no rastro de passos que o tempo demora a apagar.

Talvez, para quem parte, seja apenas uma passagem, como quem atravessa uma porta. Mas para quem fica, a porta se fecha devagar, com um ranger longo e demorado.

E é nesse ranger da porta que mora o luto. Ele não chega de súbito, como a morte, mas se instala aos poucos, preenchendo os espaços vazios que a presença ocupava. É na cadeira que ninguém mais puxa, no número de telefone que os dedos hesitam em apagar, na roupa que ainda guarda um cheiro familiar.

Os dias seguem, mas o instante da travessia fica suspenso no ar, como se o tempo, em algum lugar, ainda estivesse preso naquele último olhar, naquele último toque, naquele último respiro. A gente aprende a conviver com isso, mas nunca exatamente supera. Porque a morte é esse paradoxo: acontece num segundo, mas dura uma eternidade dentro de nós.

E o que dizer de quem partiu? Será que, do outro lado, há mesmo um despertar? Será que o instante da travessia é como acordar de um sonho, ou como mergulhar no desconhecido sem nunca emergir? Mistério. Só sabemos que, para nós, resta o eco, o silêncio cheio de palavras não ditas, o vazio que, de algum jeito, continua cheio de significados.

Talvez seja por isso que falamos tanto da morte — para tentar preencher essa lacuna, para dar forma ao que não compreendemos. Mas, no fim, talvez seja como aquela porta que vai ao fechar: não importa o quanto tentamos segurá-la aberta, em algum momento ela se fecha por completo. O que resta, então, é o que aprendemos a carregar do outro lado dela.

Como cristão, cremos que a morte não é um fim, mas uma passagem. O instante da travessia, por mais misterioso que seja, não leva ao nada, mas a um reencontro. “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (João 14:2), e essa promessa ilumina o desconhecido.

Se a vida é um sopro, a eternidade é o verdadeiro despertar.
O corpo descansa, mas a alma desperta para uma nova realidade, mais plena, mais verdadeira. A travessia pode parecer um mergulho, mas não no vazio — é um salto para os braços de Deus.

Para quem parte, talvez seja como abrir os olhos e ver, finalmente, com clareza. Como se tudo o que aqui era sombra e a incerteza se tornasse luz. Para quem fica, resta o silêncio, mas um silêncio cheio de esperança, pois a ausência não é definitiva.

Cristo venceu a morte, e é nessa vitória que o coração encontra consolo. O eco da saudade ainda ressoa, mas junto dele, ressoa também a certeza da ressurreição. A porta da travessia se fecha aqui, mas do outro lado, uma nova se abre — e ali, não há mais dor, nem lágrimas, apenas o eterno abraço do Pai.

E se do outro lado há esse despertar, então a morte não é um adeus, mas um "até logo". A dor da separação é real, a saudade aperta, mas não é uma despedida definitiva. É apenas uma pausa, uma espera. Quem parte, parte primeiro, mas não para sempre.

No instante da travessia, talvez o coração se aquiete ao ouvir a voz d'Aquele que disse: “Vinde a mim, todos os que estão cansados ​​e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). E o intervalo chega, o peso da carne se desfaz, e o espírito, enfim, descansa.

Para nós que ficamos, a ausência se preenche de lembranças e orações. Não falamos mais com os olhos, mas com a alma. Não ouvimos mais a voz, mas sentimos a presença na fé. E, com o tempo, aprendemos que o amor não se encerra com a morte, pois “o amor nunca perece” (1 Coríntios 13:8).

Então seguimos, carregando no peito a certeza de que, quando a nossa hora chegar, a travessia não será um salto no escuro, mas um caminho já iluminado. Haverá um reencontro, e as lágrimas derramadas aqui serão enxugadas lá. Porque se há uma promessa que nos sustenta, é esta: “Eu sou a ressuscitar e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (João 11:25).

O velho José sentiu o corpo ceder. Não havia dor, apenas um cansaço profundo, como se a vida se recolhesse dentro dele, preparando-se para partir.
O quarto estava na penumbra, e o mundo ao redor começava a se afastar, como uma maré que recua lentamente.

Ele fechou os olhos e percebeu que algo mudava. Primeiro, foi o silêncio. Não o silêncio comum, mas um silêncio absoluto, como se todas as coisas tivessem prendido a respiração. O peso do corpo desaparecia um pouco, e então veio a leveza — uma sensação de desprendimento, como se estivesse se desfazendo das amarras do tempo.

Por um instante, tudo ficou suspenso. O relógio na parede parou de fazer sentido, e a linha que separava o antes e o depois simplesmente desapareceu. Foi então que a luz surgiu. Não era ofuscante, nem agressivo, mas acolhedora, como um abraço que se sente antes mesmo de ser dado. José não viu um túnel, nem sombras, nem dúvidas. Apenas a certeza de que estava indo para casa.

As memórias não se apagaram, mas se reorganizaram, como peças encaixando-se num mosaico perfeito. Ele viu os dias da infância, as tardes em que correu descalço pelo quintal, o cheiro do pão recém-saído do forno da mãe. Lembrou-se das mãos calejadas pelo trabalho, das noites de oração, das lágrimas e dos sorrisos. Tudo fazia sentido agora, tudo se encaixava.

A dor do mundo ficou para trás, junto com os medos e as preocupações. A carne, frágil e limitada, não o segurava mais. O tempo já não pesava sobre ele. E então veio a paz — uma paz diferente de qualquer outra que já sentisse, uma paz que preenchia tudo.

O velho José entendeu, enfim, que havia chegado. O véu que antes o separava da eternidade se rasgara, e do outro lado, a luz o esperava. Sem pressa, sem medo, ele atravessou. E então, tudo começou de novo.

O que veio depois foi como um amanhecer sem pressa. Não havia mais peso, nem sombras, apenas uma plenitude que José nunca experimentou antes. Ele não caminhava, mas avançava, guiado por algo que não via, mas conhecia. Não havia chão sob seus pés, mas também não havia queda. O tempo já não media os instantes, e a eternidade não parecia distante — era agora.

As lembranças terrenas não se apagaram, mas estavam livres das dores que as acompanhavam. Ele se lembrou das despedidas, mas agora sem tristeza, pois compreendia que nada realmente se perderia. O amor que compartilhara, as orações que fizera, os abraços que dera — tudo isso o acompanhava, mais real do que nunca.

Diante dele, um horizonte se abriu. Mas não era um horizonte como os da terra, onde o céu encontra o mar ou as montanhas abraçam as nuvens. Era um espaço sem fim, um lugar onde a luz não tinha fonte, porque ela simplesmente era. Uma luz viva, que não apenas iluminava, mas envolvia, preenchia e aquecia.

José sentiu um reconhecimento profundo, como se sempre tivesse tido pertencido naquele lugar, como se sua alma, em cada oração feita em vida, já teve sussurrado esse nome, mesmo sem conhecê-lo. Não era uma chegada; era um retorno.

E então, o silêncio se rompeu. Mas não com palavras, porque todas as palavras eram desnecessárias. Era uma saudação feita de presença, um acolhimento que falava direto ao espírito. O amor era palpável, fluía como um rio que nunca seca, e José entendeu: este era o lar prometido, a morada preparada antes do tempo.

Na terra, um corpo repousava, os olhos fechados, as mãos serenas sobre o peito. As lágrimas dos que ficaram caíam, as preces subiam, mas a alma já não pertencia àquele lugar. A travessia se completara. O velho José, agora novo, seguia adiante. E então, sem medo, sem dor, sem saudade, ele viveu.

A eternidade se desenrolava diante dele como um horizonte sem fim, mas não havia pressa. O tempo não o empurrava mais, nem o fazia olhar para trás. Ele apenas era, presente em cada instante, sem necessidade de medir ou contar.

E então José descobriu que não estava sozinho. Não porque viu rostos familiares ou ouviu vozes conhecidas, mas porque sentiu. O amor que permeava tudo era também comunhão. Era como se cada alma que já fazia essa travessia estivesse ali, não em forma de corpo, mas em essência — vibrando, existindo, compartilhando da mesma alegria serena.

A lembrança de sua vida na terra não se desfez, mas adquiriu uma clareza nova. Ele viu momentos antes perdidos no tempo: os dias comuns, os gestos simples, os sacrifícios silenciosos — tudo que parecia pequeno agora brilhava como se tivesse sido tecido com fios de luz. O bem que fez, as palavras de esperança que um dia ofertou a alguém, os sorrisos que deu mesmo nos dias difíceis — nada fora esquecido. Cada ato de amor permanecia, como se tivesse sido guardado em um livro secreto, agora aberto diante dele.

José compreendeu, então, que cada passo de sua jornada o havia levado para esse momento. Cada oração sussurrada no silêncio, cada lágrima derramada em fé, cada prova superada com confiança no Alto — tudo isso tinha sido um caminho. E agora, diante da vastidão infinita da eternidade, percebeu que a travessia não era um fim, mas um começo.

A luz à sua frente se intensificou, não como um clarão que ofusca, mas como um abraço que acolhe. Ele não precisa perguntar para onde ia. Ele já sabia. E então, sem hesitar, entregou-se por completo.

E pela primeira vez, desde o dia em que nasceu, José sentiu o que era viver plenamente.

A alegria veio como um vento suave, como a primeira brisa da manhã depois de uma noite longa e cansativa. José não sentia mais o peso dos anos, nem as dores que antes lhe marcavam os dias. O corpo, que já não era carne, era agora pura leveza, sem limites, sem cansaço. Movia-se sem esforço, sem firmeza, como se tivesse sido libertado de uma armadura invisível que o prendia à terra.

Lembrou-se do tempo em que os joelhos doíam ao subir escadas, das noites mal dormidas por causa do peso da idade, da respiração que antes era curta e sofrida. Agora, tudo parecia tão distante, tão pequeno diante da grandeza do que experimentava. Não havia mais limitações. Não havia mais peso. Ele era livre.

A alegria crescia dentro dele, mas não era uma explosão eufórica. Era algo profundo, sereno, como se cada parte de seu ser estivesse em harmonia com algo muito maior. A existência não era mais uma luta, mas um fluxo suave, uma dança sem esforço na vastidão da eternidade.

Seus braços já não precisavam se erguer para alcançar, pois tudo estava ao seu redor. Seus olhos já não precisavam se apertar para enxergar, pois tudo era claro. Ele experimentou a plenitude do ser, como se, pela primeira vez, estivesse realmente inteiro.

E então José sorriu. Um sorriso verdadeiro, sem marcas de preocupação, sem sombras do passado. Apenas o puro contentamento de existir na luz, de ser parte de algo eterno e perfeito.

Ele viu que a dor, a limitação, o sofrimento — tudo isso tinha sido apenas parte da jornada. Mas agora, tudo isso ficou escondido para trás. Só restava a paz. Só restava a leveza.

E José, enfim, voou.

José nunca imaginou que voar seria assim. Não como um pássaro que luta contra o vento, nem como um homem que sonha tocar o céu, mas como alguém que, enfim, encontrou seu verdadeiro estado. Era um voo sem esforço, sem medo, sem destino traçado, porque agora o próprio céu era seu lar.

Ele se lembrou das vezes em que olhou para o alto, em suas longas tardes de reflexão, desejando compreender o mistério do infinito. Quantas vezes suspirou, sentindo-se pequeno diante da vastidão do firmamento? Quantas vezes desejou superar as barreiras do corpo, romper as correntes do tempo, libertar-se do peso da matéria? Agora, tudo isso ficava para trás.

Ele se move como a brisa, como um raio de luz atravessando um campo aberto. Não havia direção fixa, nem limites a serem quebrados. A liberdade não era um movimento, mas um estado. E ele, que por tanto tempo caminhou com os pés presos à terra, agora flutuava na eternidade, como quem retorna ao seu verdadeiro lar.

Lá embaixo, no mundo que um dia chamou de casa, a vida seguia. Lágrimas eram derramadas, vozes murmuravam preces, velas eram acesas. Mas José já não sentia saudade, pois entendia que tudo era passageiro. Ele sabia que um dia, todos aqueles que amavam fariam a mesma travessia e sentiriam a mesma leveza.

Agora, ele não apenas existia — ele era. Ele era parte da luz, parte da paz, parte do eterno. O voo, tão esperado, tão desejado, tão sonhado, enfim se tornara real.

E José, sem precisar olhar para trás, apenas seguiu.

Para alguns, morrer é um salto no escuro — um mistério insondável, um mergulho sem fundo, um voo sem garantia de pouso. Para outros, é um salto para os braços de Deus — um retorno ao lar, um despertar para a verdadeira vida, um reencontro com o Criador que sempre esteve ali, esperando, chamando, amando.

A morte parece um fim, mas é apenas o instante da travessia, a última fronteira entre o tempo e a eternidade. Para quem vive com fé, não há medo, apenas entrega. Como alguém que se lança ao mar, confiando que as ondas o sustentarão, ou como uma criança que pula nos braços do pai, sem hesitação, porque sabe que será acolhida.

Mas e para quem teme? Para quem vê a morte como um salto no desconhecido, um abismo sem respostas? O medo da escuridão só existe porque não enxergamos o que há do outro lado. Mas se a vida foi construída sobre amor, sobre esperança, sobre fé, então a morte não pode ser um fim trágico. Ela é apenas a porta que se abre para um novo começo, o instante em que tudo se alinha, tudo se explica, tudo se cumpre.

A morte morre quando a alma desperta para a eternidade.

Morrer é dar um salto. Para alguns, um salto no escuro, sem certezas, sem garantias. Para outros, um salto para os braços de Deus, como um filho que corre confiante para o abraço do Pai.

O instante da travessia é um mistério que nenhum olhar humano pode capturar. A vida, que se sustentou por anos a fio em um corpo frágil, desfaz-se em um átimo. O coração para, os pulmões se aquietam, e então? O que acontece? O que vem depois? Para quem fica, resta o silêncio da ausência, o vazio da despedida. Mas para quem parte?

Se a morte fosse apenas o fim, por que nossa alma anseia tanto pelo infinito? Se fôssemos feitos apenas para a matéria, por que o espírito insiste em olhar para além?
Talvez porque dentro de nós, bem no fundo, saibamos que a vida não pode ser só isso. Que há algo mais. Que a última batida do coração não é o ponto final, mas apenas a vírgula antes de um novo começo.

Morrer para quem crê não é cair no vazio. É finalmente voar. É libertar-se das amarras do tempo e da dor. É um salto, sim, mas um salto para dentro da eternidade.

E para aqueles que entregam a vida nas mãos de Deus, não há escuridão nesse salto. Há luz. Há paz. Há um lar esperando.

quinta-feira, 20 de março de 2025

Meu Ano-Luz

Às vezes, paro para pensar: quantos passos, quais escolhas, quantos momentos da minha vida poderiam ser comparados a um ano-luz? Parece estranho, não é? Mas se refletirmos bem, minha jornada, essa que percorro desde o instante em que nasci, parece, sim, seguir um caminho tão grandioso quanto a luz que atravessa o universo por um ano inteiro. Não, eu não sou uma estrela, e tampouco sou capaz de viajar pelo cosmos com a velocidade de 300 mil quilômetros por segundo. Mas, no meu próprio e pequeno universo, sou parte dessa imensa jornada cósmica.
 
É pensar fascinante que, a cada segundo, eu me movo no espaço e no tempo. A Terra gira em torno do Sol a mais de 107.000 km/h, e, junto com ela, eu também sigo. Tudo parece tão sonoro, tão vivo. E quando olho para o céu noturno, com as estrelas reluzindo como pontinhos distantes e misteriosos, percebo que, embora esteja aqui, em Campos do Jordão, meu olhar alcança o passado, a luz que passa anos para chegar até mim. Mas e eu? Onde está minha luz? Qual é a distância que percorri até agora?
 
Aos 66 anos, tenho mais de seis décadas de experiências e momentos gravados no meu ser. Quando penso em tudo o que vivi, posso ver como os meus passos foram infinitamente menores, mas não menos importantes, do que a jornada da luz. Sim, eu sou um viajante cósmico, mas com um ritmo mais calmo, mais terrestre, mais humano. No entanto, a minha caminhada não deixa de ser significativa. À minha maneira, percorro o meu próprio ano-luz, ainda que em uma velocidade mais lenta, mais atenta, mais presente.
 
No espaço, um ano-luz é uma distância colossal. Mas, ao olhar para trás, eu percebo que o meu ano-luz não se mede apenas em milhas ou em tempo, mas nas experiências que colecionei, nas memórias que ainda guardo, nas pessoas que encontrei e nas histórias que vivi. Minha viagem não precisa ser rápida para ser importante. Cada passo que dei, cada história que escrevi, cada palavra que falei, me trouxe até onde estou agora. E, de alguma forma, todas essas experiências, esses pequenos momentos de luz, atravessam o espaço e o tempo, assim como a luz das estrelas, com a diferença de que elas são minhas.
 
E o que são 66 anos, se comparado ao que já viajei e vivi? Quantos planetas passei, quantas luas observei, quantos campos de estrelas cruzei enquanto olhava o horizonte da minha cidade? Enquanto estive aqui, em Campos do Jordão, caminhava pela vida, vi o sol se pôr e se levantar mil vezes, como se o universo estivesse me dizendo, com seus próprios ritmos, que tudo está em movimento, que tudo, no fim, é uma viagem. Eu viajei até o meu eu mais profundo. Viajei sem tempo. Viajei no céu e no interior da Terra.
 
E, quando penso nas estrelas que observamos, com seus bilhões de anos-luz de distância, percebo algo mágico. Nós, humanos, temos essa capacidade única de refletir sobre o vasto espaço, sobre a distância que o tempo coloca entre nós e as estrelas, e ainda assim, em nossa pequenez, somos parte dessa imensidão. A luz das estrelas é um reflexo do que somos: viajantes temporais e espaciais, ainda que nossas distâncias sejam medidas de outra forma.
 
No fundo, meu ano-luz é uma jornada silenciosa e profunda, não marcada pela velocidade, mas pela intensidade do que vejo e do que sinto. Eu sou um viajante, e a luz que carrego em mim é a que ilumina minha estrada, sem pressa de chegar, mas com a certeza de que o caminho, esse sim, é eterno.
 
E assim sigo, como parte do cosmos, transportando-me através do tempo e espaço, com a mesma beleza e mistério que as estrelas guardam, sabendo que o meu ano-luz é meu, único e intransferível, refletido em cada passo que dou, em cada memória que guardo, e em cada história que continua a escrever.
 
Quem diria que, na pequena parte da minha caminhada, eu já teria percorrido tanto? Um ano-luz, ou talvez mais, se a medida for pela beleza e o significado do que vivi.

quarta-feira, 12 de março de 2025

Viajante da Luz!

No dia 17 de novembro de 1958, minha casa ficou na Terra, como a de todo o mundo. Em um canto acolhedor desse planeta, Campos do Jordão, nasci. E, quando nasci, o planeta já estava em movimento. Desde aquele primeiro dia da minha vida, fiz uma viagem enorme, sem sair do lugar. A Terra girava suavemente, como sempre faz, a cerca de 1.670 quilômetros por hora no equador. E, havia mais. Bem mais, pois a Terra não é um lugar parado. Não sentimos, mas estamos viajando o tempo todo.
 
Naquele instante, minha casa estava no topo de um planeta que orbitava o Sol a 107 mil quilômetros por hora. O Sol, e nós com ele, com seus planetas a reboque, navegava em torno do centro da Galáxia Via Láctea, a velocidade de 828 mil milhas por hora, em direção à Constelação de Hércules, que por sua vez, segue sua jornada através do universo, rumando em direção ao aglomerado de Virgem e além, a 2,1 milhões de quilômetros por hora.
 
Eu nasci para a vida, mas também para a viagem. Em meus 66 anos de existência, sem dar um passo fora de casa, já fiz mais do que poderia imaginar. A Terra percorre uma órbita de cerca de 940 milhões de quilômetros por ano. Uma volta ao redor do Sol todo ano. Cada volta é uma viagem de quase 1 bilhão de quilômetros. Eu já dei 66 voltas completas desde que nasci. Se somar tudo, já andei com a Terra mais de 66 bilhões de quilômetros na volta do Sol, desde 1958, percorrendo 48 bilhões de quilômetros na espiral da Via Láctea.
 
A cada segundo que passa, avanço 1 no tempo, algo que nem a luz pode adiantar ou atrasar para mim. Mas se fosse luz, teria viajado 20 bilhões de quilômetros por segundo. Em 66 anos, seriam 623 trilhões de milhas, ou cerca de 66 anos-luz. Sou um viajante do tempo e do espaço.
 
Desde que nasci, o lugar nunca mais foi o mesmo. Nem eu. A casa onde morei deslizou comigo pelo espaço. Enquanto fazia café, lia um livro, caminhava ou dormia, estava atravessando o cosmos.
 
Se alguém me perguntar: "Onde você esteve nos últimos 66 anos?", eu posso responder: — "Estive viajando 62 bilhões de milhas ao redor do Sol, 48 bilhões de milhas na Via Láctea.”
 
E ainda assim, em toda essa imensidão, eu me encontro aqui... na Terra. Em casa. Não há agora.
 
O Sol, junto com a Terra e todos nós, também viaja. Ele dá uma volta gigante ao redor do centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Essa viagem é tão grande que leva 225 milhões de anos para dar uma volta inteira. Eu só vivi 66 anos, mas nesse tempo já viajei um bom pedaço dessa estrada cósmica: quase 50 bilhões de quilômetros. A Via Láctea se move pelo universo como um barco num oceano. E eu vou junto.
 
Se eu fosse um raio de luz, teria viajado 66 anos-luz desde o dia em que nasci. Mas como sou um ser humano, meu corpo é voluntário de outro jeito: no tempo.
 
Eu sou um viajante do tempo e do espaço. Meu corpo caminha junto com a Terra, com o Sol e com a galáxia. Mesmo que eu fique parado na porta da minha casa, o universo me leva para uma viagem de bilhões e bilhões de quilômetros. Meu corpo está viajando milhares de quilômetros por hora, cruzando o espaço no planeta Terra, levado pelo Sol e pela galáxia. E se olhar para o céu, posso imaginar: "Esses planetas me acompanharam desde o primeiro respiro". Hoje tenho 66 anos de tempo vívido, mas também tenho bilhões de quilômetros de viagem feitos. E ainda tenho muito caminho pela frente.
 
O céu do dia 17 de novembro de 1958 foi único, assim como eu. E esse céu contínua me guiando, ano após ano. Naquele dia, naquele instante, às 22h, o planeta Terra estava a cerca de 150 milhões de milhas do Sol, navegando a 107 mil milhas por hora ao longo de sua órbita. Embarquei nessa jornada sem entender — e desde então nunca parei de viajar.
 
Desde esse dia, viajei com o Sol algo em torno de 486 bilhões de quilômetros. Dá para dizer que estou num foguete intergaláctico sem nem sair da cadeira! Sou um viajante cósmico. A Lua já me acompanhou em mais de 800 ciclos completos. E não preciso sair da minha casa para isso. A cada respiração, eu me movo. A cada dia, minha viagem continua.
 
Sou feito de poeira de estrelas que explodiram bilhões de anos antes de meu nascimento. E essa mesma matéria caminha comigo, num corpo humano, que é um templo, uma nave, um universo inteiro.

Desde o instante em que nasci, fui parte de uma dança cósmica, movendo-me sem descanso através do vasto teatro do universo. Cada passo que dei, cada dia que vivi, foi um movimento calculado em meio às estrelas, um pedaço de mim viajando pelo espaço infinito.
 
O meu corpo físico, junto com a Terra, já percorreu 62 bilhões de quilômetros ao redor do Sol, enquanto vivi esses anos todos.

Mesmo ficando sentado em minha casa, nunca parei de viajar. Todo ano, dou uma volta completa no Sol, junto com a Terra, correndo nessa pista gigante chamada órbita. Fui guiado pessoalmente por Deus, e pela luz do Sol. Já estive perto do astro que nos dá vida, que nos aquece e nos ilumina. Fui seu viajante, sua sombra, sua companhia silenciosa, movendo-me sempre em sua órbita, acompanhando sua jornada pelo cosmos.
 
É como estar em um carrossel gigante que leva 1 ano para dar a volta. Estou sentado lá desde bebê. A cada ano, ele completa uma volta ao redor de um centro (o Sol). E em cada volta percorro 940 milhões de quilômetros. Depois de 66 voltas, mais de 60 bilhões de quilômetros percorridos!
 
A Terra é como um vagão de trem super-rápido. Mas é um trem sem trilho, correndo em volta do Sol! Ele anda a uma velocidade de 107.000 km por hora! Em 1 ano, esse trem (a Terra) faz 1 volta inteira ao redor do Sol. Cada volta percorre aproximadamente 940 milhões de quilômetros. E eu, sem perceber, fui junto em cada volta. Já vivi 66 anos completos.
 
Isso significa que já dei 66 voltas ao redor do Sol. Cada volta: 940 milhões de km. 66 voltas: 940 milhões x 66 = 62 bilhões de quilômetros! Já viajei mais de 62 bilhões de milhas só nessa jornada em torno do Sol, desde o dia em que nasci.
 
A Terra gira em torno de si mesma. Cada volta completa leva 24 horas (é o dia). Já deu cerca de 24 mil voltas junto com a Terra nesse tempo todo! Cada volta tem 40 mil km (o tamanho da linha do equador). Isso dá mais de 960 milhões de km girando com a Terra em torno dela mesma. A Terra e o Sol também estão viajando em alta velocidade em torno do centro da Via Láctea, a nossa galáxia. Nós estamos a bordo dessa nave gigante!
 
Desde o meu nascimento, já percorri quase 1 bilhão de quilômetros só viajando com o Sol em volta da galáxia! Não sou só um habitante da Terra. Sou um viajante cósmico, cruzando o universo todos os dias, mesmo sem sair de casa!
 
Passei por planetas, passei por luas que, assim como a Terra, giraram ao redor do grande Sol. Fui como um cometa, cruzando o espaço, tocando suavemente a superfície de mundos distantes, e observando de longe as constelações que pontilham o céu com seus mistérios.
 
Eu estive no coração de uma galáxia, a Via Láctea, e, com ela, viajei sem pressa, mas sem pausa, levando comigo um pedaço de cada estrela, de cada planeta, de cada caminho que tracei. Minha viagem não é de um único instante; é uma história contada ao longo de 66 anos de vida. Pequenos grãos de poeira cósmica que se juntaram para formar um ser humano, um viajante que não sabe o quanto percorreu, mas que sente o eco de cada movimento.
 
E, ainda que eu seja apenas uma partícula em um universo imenso, é fascinante pensar que eu já estive perto do Sol, vi os planetas em sua dança silenciosamente e passei pelas luas que, à noite, brilham no céu, quase como amigos invisíveis.
 
Desde o momento em que nasci, em 17 de novembro de 1958, embarquei em uma jornada que eu nem sabia que estava começando. Não era uma viagem qualquer; era uma viagem cósmica, um caminho que me levaria ao longo do tempo e do espaço, e que me faria percorrer mais quilômetros do que eu jamais imaginei.
 
A Terra me leva cada dia. A Terra, minha casa, está sempre se movendo. Ela gira em torno de si mesma, fazendo um ciclo completo a cada 24 horas. Cada vez que ela dá uma volta, eu também dou, sem pensar. Durante todos esses 66 anos de vida, eu já fiz mais de 24 mil voltas ao redor do nosso planeta, cada uma delas percorrendo cerca de 40 mil quilômetros, a distância do equador. Isso significa que, só girando com a Terra, já percorri 960 milhões de quilômetros!
 
Uma grande viagem ao redor do Sol. Mas a minha jornada não é só essa. A Terra não fica parada no espaço. Ela viaja em torno do Sol, numa órbita que leva 1 ano para ser completada.

Isso é algo que eu e todos os seres humanos fazemos sem perceber: a cada ano, estamos viajando pela vasta imensidão do espaço. Eu, em minha casa, no meu trabalho, nas minhas caminhadas e conversas, estou constantemente viajando a uma velocidade de mais de 107.000 km por hora.
 
E o que talvez seja ainda mais impressionante: a Terra e o Sol não estão parados no espaço. Eles viajam juntos em uma jornada gigantesca pelo coração da nossa galáxia, a Via Láctea. Embora eu não perceba diretamente, estou a bordo dessa viagem.
 
Eu sou um viajante cósmico. Embora minha vida cotidiana possa parecer simples, quando olho para ela de uma perspectiva cósmica, percebo que sou um verdadeiro viajante cósmico. Sem sair do lugar, estou constantemente em movimento, atravessando o espaço com a Terra, com o Sol, com a galáxia, sem nem perceber. Cada passo, cada respiração, cada dia, é parte dessa viagem incrível.
 
Ao saber isso, percebo que minha vida, assim como a de todos nós, é uma grande jornada cósmica, cheia de distâncias imensuráveis, mas que, no fundo, estamos todos viajando juntos. Não importa onde estamos, todos estamos viajando pelo universo. Eu sou um viajante, o universo, meu caminho. Sou, sem saber, um viajante da luz, seguindo o brilho dos astros, indo de um lado ao outro da galáxia, em uma jornada sem fim, sem fim…
 
Desde o instante em que nasci, fiz parte de uma dança cósmica, movendo-me sem descanso através do vasto teatro do universo. Cada passo que dei, cada dia que vivi, foi um movimento calculado em meio às estrelas, um pedaço de mim, viajando pelo espaço infinito.
 
Já estive perto do astro que nos dá vida, que nos aquece e nos ilumina. Fui seu viajante, sua sombra, sua companhia silenciosa, movendo-me sempre em sua órbita, acompanhando sua jornada pelo cosmos. Passei por planetas, passei por luas que, assim como a Terra, giraram ao redor do grande Sol. Fui como um cometa, cruzando o espaço, tocando suavemente a superfície de mundos distantes, e observando de longe as constelações que pontilham o céu com seus mistérios. Eu estive no coração de uma galáxia, a Via Láctea, e, com ela, viajei sem pressa, mas sem pausa, levando comigo um pedaço de cada estrela, de cada planeta, de cada caminho que tracei.

Minha viagem não é de um único instante; é uma história contada ao longo de 66 anos de vida. Pequenos grãos de poeira cósmica que se juntaram para formar um ser humano, um viajante que não sabe o quanto percorreu, mas que sente o eco de cada movimento.
 
1 ano-luz é igual a 9,46 trilhões de quilômetros. Vamos fazer a conversão: 62.000.000.000 quilômetros e 9.460.000.000.000 km por ano-luz = 0, 0065 anos-luz. Tenho, portanto, 0,0065 anos-luz de idade, ou seja, cerca de 6 milésimos de ano-luz. Em termos cósmicos, a minha idade é comparada às vastas distâncias que existem no universo. Mas, não me engano: essa pequena fração de ano-luz ainda é uma jornada impressionante!
 
E, ainda que eu seja apenas uma partícula em um universo imenso, é fascinante pensar que eu já estive perto do Sol, vi os planetas em sua dança silenciosamente e passei pelas luas que, à noite, brilham no céu, quase como amigos invisíveis. Eu sou, sem saber, um viajante da luz, seguindo o brilho dos astros, indo de um lado ao outro da galáxia, em uma jornada sem fim, sem fim…
 
Eu sou importante, sou único! E ao considerar isso, estou tocando uma verdade profunda sobre minha existência: sou parte do universo, um viajante estelar, em cada respiração, em cada batida do coração. O espaço, as estrelas, o Sol, os planetas, todos estão ligados a mim, de uma forma que vai além do visível. Já percorri trilhões de quilômetros, e tudo isso sem sair do meu lugar, como se estivesse flutuando em harmonia com o cosmos.
 
Eu sou luz, sou tempo, sou espaço! Cada um de nós, em nossa jornada, está mais próximo do infinito do que imaginamos. Eu não estou apenas vivendo uma vida humana; estou vivendo o tempo do cosmos, e isso é algo muito grande. Meu ser é um reflexo do que é eterno. Com 66 anos, já me vi entre as estrelas e os planetas, mais velho que muitos mundos que apenas imagino.
 
Que felicidade, que honra, e que sabedoria trazer com minha experiência, meu olhar sobre o mundo e o universo. Isso é algo precioso! Ao olhar para o céu, posso ter a certeza de que já estive lá e que, de alguma forma, a luz das estrelas já esteve comigo. Sou essa luz que brilha de forma única no universo. Sou mais do que uma parte da Terra, sou uma parte do infinito!
 
O Salmo 8 realmente ressoa com essa sensação de maravilha e gratidão pela criação e pela nossa posição única no cosmos. Ele fala sobre o lugar especial que ocupamos no vasto universo, como seres humanos, e sobre como tudo o que Deus criou reflete Sua grandeza e amor por nós.
 
Salmo 8:3-4 (NVI): “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste, que é o homem, que dele te lembras? E o filho do homem, que as visitas?”
 
Quando contemplo os céus, a lua, as estrelas e o imenso cosmos que se estende diante de mim, fico maravilhado. O que sou eu, uma simples criatura humana, diante de tanta magnificência? Como é possível que, sendo tão pequeno diante da vastidão do universo, eu ainda seja importante, que Deus se lembre de mim, e que Ele tenha feito tudo isso por mim? Essas palavras falam sobre a imensidão do universo, a beleza das estrelas e dos céus, e, ao mesmo tempo, sobre a nossa importância diante de tudo isso. Deus, que criou tamanha vastidão, se importa com o ser humano, comigo, um viajante cósmico, que percorre o espaço e o tempo. Não importa quanto o universo seja grande, sou especial.
 
A própria ideia de que o homem foi feito à imagem de Deus e que Ele confia a nós Sua criação é um reflexo da dignidade que temos como seres humanos, em meio ao cosmos. Essa sensação de sermos importantes e amados, mesmo no vasto cenário do universo, é o que nos conecta a algo muito maior.
 
Eu sou mais do que uma partícula de poeira cósmica, sou luz, sou tempo, sou espaço. E, no entanto, tudo isso foi criado por Deus, que me deu a honra de ser parte de Sua criação, com um lugar único no meio desse cenário imenso. O Salmo me lembra que, embora a criação seja grandiosa e incompreensível para nós, a nossa importância não é medida pela nossa pequenez, mas pelo fato de sermos amados, queridos e vistos por Deus.
 
Minha jornada, como a de todos nós, é repleta de mistérios e beleza. Em cada passo que dei, em cada milha percorrida, em cada ano vívido, estive ao lado do Sol, ao lado da lua, dos planetas, da Via Láctea, e de um Deus que cuida de mim. E, como o salmista bem diz, embora o homem seja pequeno diante de tudo isso, Deus se lembra de nós e nos visita.
 
Eu sou um viajante estelar, e, ao mesmo tempo, sou um ser amado e guardado pelo Criador do universo. Minha viagem cósmica é também uma jornada espiritual, onde, à medida que percorro os céus, encontro-me com a grandeza de Deus, com a beleza do universo e com o significado profundo da minha existência.
 
Desde o instante em que nasci, fui parte de uma dança cósmica, movendo-me sem descanso através do vasto teatro do universo. Cada passo que dei, cada dia que vivi, foi um movimento calculado em meio às estrelas, um pedaço de mim viajando pelo espaço infinito.
 
Esses pensamentos me fazem registrar uma passagem que ecoa no meu coração, encontrada nas Escrituras Sagradas, no Salmo 8. Quando olho para o universo, para o vasto céu repleto de estrelas, e vejo a grandiosidade de tudo o que foi criado, surge a pergunta: "Que é o homem, que dele te lembra? E o filho do homem, que as visitas?" (Salmo 8:4).

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Imagem de Deus!

Cada instante deste dia carrega em si a presença divina, cada uma das 24 horas, com sua dança imperturbável, revela algo de Deus. Não é necessário olhar para longe para encontrá-Lo; Ele se faz presente em cada momento, em cada segundo que passamos, em cada suspiro que damos. Nos rostos de homens e mulheres, nos gestos simples e profundos que revelam a humanidade, vemos Deus refletido. Em cada olhar trocado, em cada sorriso compartilhado, nas dores e nas alegrias com as quais nos conectamos, vemos a essência divina pulsando.
 
E não só nos outros, mas também em nosso próprio reflexo. Ao nos olharmos no espelho, não somos apenas nós, mas vemos, reconhecemos, um fragmento de Deus. É como se, ao nos olharmos no espelho, pudéssemos perceber uma presença divina, de maneira sutil e silenciosa, refletida em nossa própria imagem. Cada um de nós, carregando a imagem e semelhança d'Ele, é um espelho que reflete Seu ser.
 
Entendemos que a busca por Deus não está em um lugar específico ou em um momento distante. Ele está em tudo, em todo lugar, em todos os momentos, e mais importante ainda, Ele está em nós, em cada ser humano e na totalidade da criação. Assim, cada momento vivido é uma oportunidade de tocá-Lo, de sentir Sua presença, de compreender que a busca pela Sua imagem não tem fim, pois Ele já está aqui, em tudo o que somos e fazemos.
 
Ao longo da história bíblica, algumas pessoas tiveram experiências diretas com a presença e a glória de Deus. Esses encontros são descritos de diferentes formas: alguns viram visões, outros ouviram Sua voz, e outros chegaram a presenciar Sua manifestação de maneira única. Vamos falar um pouco sobre essas experiências e o que elas significam.
 
Adão foi o primeiro ser humano a ter uma relação direta com Deus. No Éden, antes da queda, ele tinha uma comunhão sem barreiras com o Criador. Gênesis sugere que Deus "andava pelo jardim na viração do dia", indicando uma proximidade que foi perdida após o pecado. Como era essa interação? Não sabemos exatamente, mas o relato dá a entender que era uma convivência harmoniosa e direta, algo que ninguém mais teve da mesma forma depois da queda.
 
Abraão teve vários encontros com Deus. Em Gênesis 12, Deus fala com ele e o chama para sair de sua terra. Depois, em Gênesis 18, três visitantes chegam à sua tenda, e Abraão reconhece que um deles é o próprio Senhor. O impressionante aqui é que Deus assume uma forma visível e conversa com ele sobre o futuro de Sodoma e Gomorra. Abraão chega a "barganhar" com Deus, mostrando o quanto esse encontro foi próximo e pessoal.
 
Hagar, serva de Sara, também teve uma experiência marcante. Em Gênesis 16, fugindo pelo deserto, ela encontra um anjo do Senhor, que lhe promete que seu filho Ismael será uma grande nação. Emocionada, ela dá a Deus um nome que é único na Bíblia: "Tu és o Deus que me vê". Ela reconhece que, mesmo sendo uma serva desprezada, Deus se importava com ela e a enxergava.
 
Jacó teve um encontro misterioso em Gênesis 32, quando luta a noite toda com um ser que, no final, ele reconhece como Deus. Ele sai da luta mancando, mas com uma bênção e um novo nome: Israel. Ele mesmo diz: "Vi Deus face a face, e a minha vida foi poupada". Como isso foi possível, se ninguém pode ver Deus e viver? A explicação mais aceita é que ele viu uma manifestação de Deus em forma humana, algo que acontece algumas vezes na Bíblia.
 
Moisés teve experiências intensas com Deus. Ele viu a sarça ardente, conversou com Deus no Monte Sinai e recebeu os Dez Mandamentos. Em Êxodo 33, ele pede para ver a glória de Deus. Deus responde que ninguém pode ver Seu rosto e viver, mas permite que Moisés veja Suas costas enquanto Ele passa. Depois disso, o rosto de Moisés brilha tanto que ele precisa cobri-lo. A ideia aqui é que Moisés experimentou a presença divina de forma única e transformadora.

Em Êxodo 24, Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e setenta anciãos de Israel "viram o Deus de Israel". A descrição diz que debaixo de Seus pés havia algo como um pavimento de safira, puro como o céu. Esse encontro é uma exceção rara na Bíblia, em que um grupo inteiro vê Deus e sobrevive. Mas a ênfase está mais na visão da glória e majestade de Deus do que em uma aparência física detalhada.
 
Isaías 6 descreve uma visão impressionante do profeta. Ele vê o Senhor assentado no trono, com a roupa enchendo o templo e serafins proclamando "Santo, Santo, Santo". Isaías imediatamente sente o peso da santidade de Deus e percebe sua própria impureza. Um anjo toca seus lábios com uma brasa, purificando-o. Esse encontro muda Isaías para sempre e marca o início de sua missão profética.
 
Ezequiel tem uma das visões mais detalhadas e misteriosas da Bíblia (Ezequiel 1:26-28). Ele descreve algo como um trono feito de safira, e sobre ele, um ser que parecia um homem, envolto em fogo e um brilho indescritível. Essa visão representa a glória divina e aparece em um momento de crise para Israel, quando o povo estava no exílio. Deus estava mostrando que Sua presença não estava limitada ao templo de Jerusalém.
 
No Novo Testamento, João, o discípulo amado, tem uma visão incrível de Jesus glorificado em Apocalipse 1. Ele vê alguém "semelhante ao Filho do Homem", com olhos como chama de fogo, rosto brilhando como o sol e uma voz como muitas águas. Essa visão mostra Jesus em toda Sua glória, como o Senhor ressurreto e soberano sobre todas as coisas.
 
Por fim, temos a maior revelação de Deus: Jesus Cristo. Em João 1:18, é dito que "ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho unigênito, que está junto do Pai, o revelou". Jesus é a manifestação máxima de Deus. Quem O viu, viu o Pai (João 14:9). Nele, Deus se tornou acessível, tocável e compreensível para a humanidade.
 
A afirmação de Jesus “Quem me vê, vê o Pai” é um dos ensinamentos centrais registrados no Evangelho de João (14:9), e tem profunda relevância teológica e cristológica. Neste versículo, Jesus revela sua identidade divina e a união profunda com o Pai, que para os cristãos, representa Deus, o Criador do universo. Vamos examinar alguns aspectos importantes dessa frase e seu impacto na doutrina cristã.
 
A frase "Quem me vê, vê o Pai" ocorre no diálogo entre Jesus e seus discípulos, especialmente com Filipe, que pede a Jesus para mostrar-lhes o Pai.
Filipe, provavelmente com uma visão mais limitada do que significava a revelação divina, gostaria de ver o Pai de forma visível, como se fosse uma manifestação palpável. Jesus responde a Filipe que, ao olhar para Ele, já está vendo a revelação de Deus Pai, porque Ele e o Pai são um.
 
Essa declaração reflete a ideia de que, em Jesus, Deus se faz visível e acessível. No cristianismo, Jesus é considerado a encarnação de Deus — ou seja, Deus assumiu uma forma humana através de Jesus, o que torna possível ver e compreender Deus de uma maneira que antes não seria possível. A frase de Jesus reforça a unidade entre Ele e o Pai, e sua missão de revelar o caráter e a natureza de Deus ao mundo.
 
Essa afirmação, junto com outros ensinamentos de Jesus, é fundamental para a doutrina cristã da Trindade. A Trindade é o entendimento de que Deus é um em essência, mas se revela em três pessoas distintas: o Pai, o Filho (Jesus) e o Espírito Santo. A união de Jesus com o Pai, que Ele destaca aqui, está no centro dessa doutrina, pois sugere que, embora sejam distintas as pessoas da Trindade, elas compartilham a mesma essência divina.
 
Além disso, a frase aponta para a ideia de revelação progressiva. Deus, no Antigo Testamento, revelou-se de maneiras indiretas, muitas vezes por meio de mediadores, como Moisés e os profetas.

Com a vinda de Jesus, a revelação de Deus é plena e direta. Jesus não é apenas um mensageiro de Deus, mas Ele próprio é a revelação visível e pessoal de Deus.
 
“Quem me vê, vê o Pai” também tem implicações espirituais profundas para os cristãos. Primeiramente, a frase sugere que, ao olhar para a vida e ensinamentos de Jesus, o crente tem acesso ao conhecimento de Deus. O modo como Jesus viveu — Seu amor, Sua compaixão, Sua obediência ao Pai, Seu sacrifício na cruz — tudo isso revela a natureza de Deus. Assim, ao seguir o exemplo de Jesus, os cristãos são chamados a refletir a imagem do Pai em suas próprias vidas.
 
Em segundo lugar, essa revelação de Deus em Jesus significa que, para os cristãos, a pessoa de Jesus é a chave para entender a vontade de Deus. O cristão não precisa buscar Deus de formas místicas ou distantes, pois Jesus, como o Filho, é a manifestação de Deus entre nós.
 
Ao afirmar "quem me vê, vê o Pai", Jesus também destaca sua missão de ser o mediador entre Deus e a humanidade.

Ele não veio apenas para ensinar ou curar, mas para reconectar a humanidade com Deus de uma forma que nunca foi possível antes. Seu sacrifício na cruz é a culminação dessa missão, onde a revelação máxima de Deus se dá através do amor sacrificial de Jesus. O Evangelho de João, de fato, enfatiza a relação intrínseca entre o Pai e o Filho, como uma missão de trazer salvação e reconciliação ao mundo.
 
Para os cristãos, essa frase oferece um desafio e uma esperança. O desafio de viver de maneira que reflita a imagem de Deus revelada em Jesus, e a esperança de que, em Jesus, é possível conhecer e se aproximar de Deus de maneira profunda e pessoal.
 
Uma dimensão essencial do ensino cristão, particularmente presente em várias passagens dos Evangelhos e nos escritos de Paulo, é a ideia de que cada ser humano é imagem e semelhança de Deus, e que o bem feito ao próximo é, na verdade, uma expressão de amor a Deus. Essa perspectiva amplia a compreensão de "quem me vê, vê o Pai", indicando que, ao fazer o bem aos outros, estamos, de fato, operando a Cristo.
 
A ideia de que somos feitos à imagem de Deus é uma das afirmações centrais da teologia cristã. No livro de Gênesis (1:26-27), é dito que o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus.
 
Isso significa que, em nossa essência, refletimos características de Deus, como racionalidade, capacidade de amar, liberdade, e até mesmo a responsabilidade de cuidar da criação. Contudo, o ser humano também é visto como portador da dignidade divina, o que implica que qualquer ser humano, independentemente da sua posição social, cor, ou mentalidade, merece ser tratado com respeito e compaixão.
 
Essa compreensão ganha uma profundidade significativa quando se observa o ensinamento de Jesus de que devemos amar o próximo como a nós mesmos (Mateus 22:39). Ao amar e servir o próximo, especialmente os mais necessitados ou marginalizados, fazemos o bem a Jesus, pois, como Ele mesmo disse, o que causarmos aos "menores" (aqueles em necessidade ou lesões) é como se estivéssemos fazendo a Ele (Mateus 25:40).
 
Jesus ensina em Mateus 25:31-46 que, no final dos tempos, Ele separará as pessoas como um pastor separa as ovelhas dos bodes, com base em como trataram os necessitados — aqueles que estavam com fome, sede, estrangeiros, nus, doentes ou presos. Ele diz que, quando alguém ajuda essas pessoas, na verdade, está ajudando a Ele:
 
“Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um desses meus irmãos, a mim o fizestes.” (Mateus 25:40)
 
Esse ensino amplia a compreensão de que Jesus se identifica com os marginalizados e sofredores, e ao ajudar o próximo, estamos, em última análise, aplicado a Cristo. A ideia de que somos feitos à imagem de Deus também nos chama a consideração dessa mesma imagem no outro, a ver no outro a presença divina, e a tratá-lo com o respeito e o amor que merece.
 
De acordo com a tradição cristã, Jesus é a imagem perfeita de Deus. Paulo escreve em Colossenses 1:15 que “Ele (Jesus) é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação.” Isso implica que, em Jesus, a imagem de Deus foi plenamente revelada. A vida e os ensinamentos de Jesus oferecem o exemplo supremo de como devemos viver e tratar os outros. Portanto, quando fizermos o bem ao próximo, estamos seguindo o exemplo de Cristo, que veio ao mundo para servir, amar e sacrificar-se pelos outros.
 
Essa perspectiva implica que nossa missão, enquanto seguidores de Cristo, é um reflexo do caráter divino em nossas ações. A imagem de Deus, que está presente em cada ser humano, nos chama a agir com compaixão, empatia e generosidade.
 
Quando agimos de maneira a cuidar dos outros, especialmente os mais necessitados, estamos praticando o amor que Jesus ensinou. Esse amor transcende as fronteiras do egoísmo e nos coloca em um lugar de serviço ao próximo, como uma forma de estímulo e obediência a Deus.
 
Portanto, quando nos lembramos de que somos a imagem de Deus, também somos chamados a ver essa mesma imagem no outro. O bem que fazemos ao próximo é, em última instância, uma forma de reverência e serviço a Jesus, que se identifica com cada ser humano. Em outras palavras, ao amar e servir aos outros, não estamos apenas cumprindo uma ordem moral, mas também respondendo ao chamado de viver em união com a imagem de Deus presente em nós e nos outros.
 
Essa compreensão amplia a visão de "quem me vê, vê o Pai" para incluir nossa relação com o mundo e com as pessoas ao nosso redor, mostrando que, ao servir aos outros com amor, estamos refletindo a imagem de Deus e cumprindo a missão de Cristo na terra.
 
Essas manifestações de Deus ao longo da Bíblia mostram diferentes aspectos de Sua natureza. Às vezes Ele aparece de forma visível, outras vezes fala por meio de anjos ou visões. Mas sempre que Ele se revela, há um impacto profundo na vida daqueles que O encontram. Cada um desses personagens saiu transformado de sua experiência, reconhecendo a grandeza, a santidade e o amor de Deus.
 
A ideia de que a natureza reflete a imagem de Deus é profundamente enraizada em várias tradições teológicas, e é amplamente explorada em textos bíblicos, filosofia e espiritualidade. A natureza, como obra da criação divina, é vista como um reflexo da grandeza, ordem e beleza de Deus. Embora a imagem de Deus esteja, de forma especial, ligada ao ser humano, o cristianismo e muitas outras tradições veem a criação como um espelho do Criador, e cada elemento da natureza, em sua perfeição e complexidade, carrega um testemunho da existência e da natureza divina.
 
No livro de Gênesis, quando Deus criou o mundo, Ele viu que tudo o que fez era “bom” (Gênesis 1). A beleza e a harmonia da natureza, em sua diversidade, refletem a estabilidade, a sabedoria e o poder de Deus. Para muitos, a natureza é uma espécie de "livro aberto", no qual Deus se revela, convidando-nos a contemplar Sua grandeza. A criação, portanto, é vista como um reflexo do Criador, e através dela podemos perceber, em uma escala infinita, a perfeição, a ordem e a complexidade que Deus incorporou em sua obra.
 
O universo em sua complexidade e a delicada ordem das leis naturais também reflete a mente ordenada de Deus. A vastidão do cosmos, as maravilhas da física, a complexidade da biologia e os ciclos naturais (como o ciclo da água, as estações do ano, a relação entre predadores e presas, etc.) são manifestações da sabedoria divina que sustenta a criação. Deus, sendo criador e mantenedor da ordem universal, demonstra através dessa ordem um vislumbre de Sua inteligência e propósito. Essa ordem divina nas leis da natureza também pode ser vista como uma expressão da imagem de Deus, pois traz um reflexo da harmonia e da perfeição que Ele deseja para o mundo.
 
Deus, como Criador, é muitas vezes descrito como um ser criativo e belo. A beleza que vemos na natureza — nas montanhas, nas florestas, nas éguas, nos animais, nas flores e no céu — é uma expressão do próprio caráter de Deus. Essa beleza é uma forma de nos aproximarmos d'Ele e nos inspirarmos, pois a arte divina na criação revela a Sua própria beleza e infinitude. A diversidade das paisagens, a multiplicidade dos núcleos e a harmonia entre os seres vivos são sinais de uma criação que foi feita não apenas para ser útil, mas também para ser adorada e contemplada.
 
Na tradição cristã, Deus não é um Criador distante, mas um Criador que está presente e ativo na criação. Paulo, em Romanos 1:20, fala sobre como as qualidades invisíveis de Deus — Seu eterno poder e Sua natureza divina — podem ser vistas nas coisas criadas. A natureza, então, não é apenas um reflexo da imagem de Deus, mas também um meio pelo qual podemos nos conectar com Ele. Em muitas tradições cristãs, o mundo natural é considerado um lugar sagrado, onde Deus se manifesta e onde podemos experimentar Sua presença de maneira tangível.
 
Deus é frequentemente descrito como um ser que cuida e sustenta toda a criação. A vida, com todas as suas complexidades, ciclos e interconexões, reflete a natureza sustentadora de Deus. A maneira como a vida surge, cresce e se renova, através da reprodução, da simbiose e da adaptação, é uma expressão do cuidado divino com o mundo. Além disso, a responsabilidade que o ser humano tem para cuidar da criação — ou seja, a mordomia da terra — reflete a imagem de Deus como cuidador, que preserva a vida e a saúde do mundo.
 
Na mística cristã e em outras tradições espirituais, a natureza é vista como uma forma de nos conectarmos com Deus. Santos e místicos, como muitos São Francisco de Assis, acreditaram profundamente que a natureza era uma manifestação da presença divina e uma forma de estímulo. Francisco de Assis, por exemplo, conhecia as criaturas como se fossem seus irmãos e irmãs, confirmando o vínculo espiritual que todos compartilhavam com Deus.
 
Enquanto a natureza como um todo reflete a beleza, ordem e criatividade de Deus, os seres humanos, feitos à imagem de Deus (Gênesis 1:26-27), possuem um papel especial na criação. O ser humano tem uma capacidade única de refletir a imagem de Deus de maneiras que incluem racionalidade, moralidade e a capacidade de amar e cuidar do mundo. No entanto, também podemos dizer que a natureza, enquanto parte da criação, possui um vínculo íntimo com a humanidade. Ela é o ambiente no qual os humanos devem manifestar a imagem de Deus, cuidando dela e respeitando suas maravilhas. A interdependência entre seres humanos e a natureza é uma forma de refletir a relação de Deus com a criação, no sentido de que a humanidade tem o papel de ser cuidadora e protetora do mundo natural.
 
Portanto, a natureza reflete a imagem de Deus de várias maneiras: pela beleza, pela ordem, pela vida que nela habita e pela interconexão entre todas as formas de existência. Ao contemplarmos a criação, somos convidados a considerar o Criador em cada detalhe, em cada ser vivo e em cada característica natural. A natureza não é apenas um pano de fundo para a vida humana, mas um espelho que reflete a grandeza e a segurança de Deus, e ao nos relacionarmos com ela de maneira respeitosa e reverente, também estamos reconhecendo a presença divina em todas as coisas.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

El Roy, o Deus Que Tudo Vê, Que Não Fecha as Pálpebras!

No livro de Gênesis 16:13, encontramos um dos momentos mais marcantes da revelação de Deus no Antigo Testamento. Agar, serva de Sarai, está fugindo para o deserto após ser maltratada por sua senhora. Ali, sozinha e vulnerável, ela tem um encontro com o Anjo do Senhor, que a consola e lhe dá uma promessa de descendência para seu filho Ismael. Em resposta a essa manifestação divina, Agar proclama:
 
"E o nome do Senhor, que com ela falava, ela chamou El-Roi; pois disse: Não vi eu neste lugar Aquele que me vê?" (Gênesis 16:13)
 
Agar chama Deus por El-Roi, que significa "O Deus que me vê". Essa declaração revela a natureza do Senhor como Aquele que observa todas as coisas, que enxerga as dores e necessidades de Seus filhos, mesmo quando se encontram em desespero e solidão.
 
Ao reconhecer que Deus a vê, Agar sente-se segura e protegida. Da mesma forma, quando entendemos que Deus nunca fecha os olhos sobre nós, encontramos segurança e confiança em Seu amor. Ele não se distrai, não se ausenta, não deixa de perceber cada detalhe de nossa vida. Seu olhar não é um olhar distante e impessoal, mas sim um olhar cheio de graça, misericórdia e propósito.
 
Esse conceito se conecta diretamente com a ideia de que Deus nunca fecha as pálpebras. No Salmos 121:4, lemos:
 
"O Guarda de Israel não dorme, nem dorme."
 
Na vastidão do tempo e do espaço, onde a criação repousa em ciclos de dia e noite, há um Ser cuja vigília jamais cessa. Enquanto os homens cedem ao cansaço e suas reservas se fecham em busca de descanso, Ele permanece desperto. Seus olhos sempre estão abertos, porque Ele nunca fecha as pálpebras.
 
Essa passagem reforça que Deus não apenas vê, mas está constantemente atento. Diferente dos seres humanos, que precisam descansar, Ele não cessa Sua vigilância amorosa. Ele não ignora as dores do mundo, nem se esquece dos que sofrem. Deus não conhece fadiga ou descuido.
Seu olhar acompanha cada detalhe do universo e cada coração humano, sem nunca se distrair ou ser abordado, protegendo e guiando aqueles que depositam sua confiança Nele. Seus olhos percorrem a terra sem pestanejar. Ele vê o medo dos corações, o anseio das almas, o clamor dos aflitos. Ele vigia os passos do justo e do injustiçado, do forte e do fraco, do rei e do servo. Não há trevas espessas o suficiente para ocultar alguém de Sua visão, nem distância grande o suficiente para afastar alguém de Seu olhar.
 
 
El-Roi, o Deus que vê, é o mesmo Deus que nunca fecha as pálpebras. Ele observa cada um de nós com um olhar que não apenas enxerga, mas cuida, guia e sustenta. Isso nos convida a confiar nele, sabendo que jamais estaremos sozinhos. Aquele que nunca fecha as pálpebras, uma expressão que enfatiza Sua vigilância constante, cuidado ininterrupto e soberania absoluta sobre toda a criação.
 
Os mortais piscam, cochilam, dormem. Seus olhos se fatigam, precisam de sombras para se renovar. Mas Deus não conhece fadiga. Ele não precisa de proteção contra a luz, pois Ele mesmo é a Luz. Seu olhar nunca se apaga, nunca se interrompe, nunca se distrai.
 
Os vigias das cidades podem cambalear no seu posto, os reis podem repousar nas suas câmaras, e até as estrelas se escondem sob o véu da noite. Mas Aquele que criou todas as coisas não tosqueneja, nem dorme. Nenhuma ameaça passa despercebida, nenhum sussurro se perde em Seu silêncio.
 
Essa vigilância divina não é apenas uma observação distante, mas um olhar amoroso e providencial. Ele vê as dores, as lutas, os sonhos e os passos de cada pessoa. Como um pastor que não abandona seu rebanho, Ele está sempre presente, sustentando e conduzindo Seu povo.

Essa onisciência e onipresença de Deus também se manifesta em Jesus, que promete estar com Seus seguidores “todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20).
Aquele que nunca dorme nos convida a confiar, sabendo que Ele está sempre atento, guardando-nos com amor inabalável.
 
Se Deus cochilasse, ainda que por um breve instante, Seu olhar poderia se desviar. Mas Ele não pisca, não dorme, não se cansa. Seus olhos eternos contemplam todas as eras, desde o princípio até o fim.
 
Assim, enquanto o mundo está em movimento, Ele vela. Enquanto os sonhos transitam entre esperança e temor, Ele mantém firmes aqueles que Ele sustenta. Porque Ele é o Guardião sem sono, o Vigia sem descanso, o Deus que não fecha as pálpebras. (Pr. Maurício)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

A Criação dos Animais e os Antropoides

De acordo com a narrativa bíblica em Gênesis, os animais foram criados no sexto dia da criação, como parte do processo de formação do mundo que culminou com a criação do ser humano. Em termos de uma comparação com os períodos geológicos, a criação dos animais, conforme o relato do Gênesis, pode ser associada a épocas muito anteriores ao período Holoceno, já que a formação de várias formas de vida, incluindo os animais, remonta a períodos muito mais antigos da Terra.

Se tentarmos fazer uma comparação com os períodos geológicos, a criação dos animais na Bíblia, como descrito no sexto dia, provavelmente corresponderia aos períodos que ocorreram na Era Paleozoica, que começou cerca de 541 milhões de anos atrás e foi marcada pela explosão Cambriana, onde surgiram muitas formas de vida animal complexas.

O relato de Gênesis 1:24-25, que descreve a criação dos animais terrestres e dos animais marinhos, pode ser relacionado com os períodos da Era Mesozoica (que inclui a Era dos Dinossauros) e também à Era Cenozoica, quando se formaram muitas das espécies que conhecemos hoje, incluindo mamíferos e aves.

A diversificação de animais, incluindo mamíferos e outros tipos de fauna, ocorre ao longo das eras geológicas seguintes, até chegar ao período Cenozóico, em que os seres humanos finalmente surgem. Portanto, ao acompanhar as narrativas bíblicas com a ciência geológica, podemos entender que, de acordo com Gênesis, a criação dos animais é uma ação divina no início da criação da Terra, e os primeiros animais apareceram nos períodos mais antigos da história geológica, como parte de uma transição gradual até os dias atuais.

A Bíblia, no relato de Gênesis, fala da criação dos animais terrestres, especificando "cada um segundo a sua espécie".

Este princípio de especificidade e diversidade pode ser explorado de maneira a incluir os antropóides, que são criaturas complexas, mas ainda dentro da ordem animal, distintas da natureza humana. O sexto dia da criação de acordo com Gênesis é descrito da seguinte forma:

"E disse Deus: Produza a terra seres viventes segundo a sua espécie: gado, répteis e animais selvagens segundo as suas espécies. E assim foi. Fez Deus os animais selvagens segundo as suas espécies, o gado segundo a sua espécie, e todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom." (Gênesis 1:24-25)

Essa passagem não especifica o Homo sapiens diretamente, mas afirma a criação de cada criatura segundo a sua espécie, o que implica uma diversidade de seres que povoam a Terra. Isso pode ser interpretado de forma que a criação dos animais, inclusive os antropoides, ocorreu dentro desse princípio de diversidade.

Entre os animais criados estavam os mamíferos terrestres, os répteis e os anfíbios, além de um grupo peculiar que se destacaria entre as demais criaturas: os antropoides, que incluem os chipanzés, bonobos, orangotangos, gibões e também os gorilas, foram criados como parte da vasta biodiversidade do Reino Animal, os quais pertencem a uma categoria distinta dos humanos. Mesmo que geneticamente compartilhem semelhanças com os seres humanos, eles são criaturas criadas "segundo a sua espécie", e devem ser compreendidos em sua própria identidade dentro da criação divina.

1. Macacos

Os macacos podem ser considerados parte da diversidade de criaturas "segundo a sua espécie", como mencionados no relato de Gênesis.

Eles são animais que vivem em grupos sociais e têm uma grande capacidade de comunicação e interação, refletindo a inteligência dada por Deus à criação animal.

Suas capacidades sociais, comportamentais e até mesmo algumas habilidades cognitivas podem ser vistas como manifestações do design divino, um reflexo da grandiosidade de Deus na criação.

2. Chimpanzés

Os chimpanzés, em particular, estão entre os parentes mais próximos dos seres humanos. Mas, segundo o relato bíblico, sua criação foi única e específica, de acordo com a sua espécie. Sua inteligência, habilidades sociais complexas e comportamento cooperativo são vistas como traços extraordinários dentro do reino animal, destacando-se entre os mamíferos pela proximidade com os seres humanos em termos comportamentais e genéticos. Contudo, como criaturas criadas "segundo a sua espécie", os chimpanzés possuem um papel e identidade próprios dentro da criação de Deus.

3. Orangotangos

Os orangotangos também são parte dessa rica diversidade animal criada por Deus. Conhecidos por sua inteligência, comportamento introspectivo e habilidades motoras, são criaturas fascinantes que, como os chimpanzés, possuem comportamentos complexos. Embora a sua inteligência seja impressionante, o orangotango, como os outros animais da Terra, foi criado "segundo a sua espécie", mantendo uma linha separada e única em relação aos seres humanos. Isso reflete a ordem natural estabelecida por Deus na criação.

4. Bonobos

Os bonobos, como os chimpanzés, são muito próximos geneticamente aos seres humanos. Sua estrutura social matriarcal e suas interações complexas com os outros membros do grupo são notáveis, mas, como os outros antropoides, sua criação se dá conforme "a sua espécie". Eles são exemplos de como a criação de Deus revela diversidade e complexidade no reino animal, e ainda assim cada espécie possui suas características específicas, refletindo a beleza e a sabedoria do Criador.

5. Gibões

Os gibões, conhecidos por sua habilidade de se locomover rapidamente pelas árvores e por seu comportamento social, também fazem parte dessa rica tapeçaria da criação divina. Sua agilidade e inteligência são indicativas do papel importante que desempenham no equilíbrio ecológico e na interação com o meio ambiente. Criados "segundo a sua espécie", os gibões, assim como os outros antropoides, possuem qualidades únicas dentro do plano divino.

6. Gorilas

Os gorilas, os maiores primatas vivos, destacam-se por sua impressionante força e estrutura robusta, habitando as florestas tropicais da África.

Criados com características próprias e dentro da ordem natural determinada por Deus, esses animais, assim como todos os outros, foram gerados “segundo a sua espécie” (Gênesis 1:25), respeitando a singularidade de cada ser vivo.

O princípio de que Deus criou cada animal "segundo a sua espécie" implica uma grande diversidade de formas de vida, que se refletem nas diferentes espécies de animais, incluindo os antropoides.

Os antropoides compartilham certas semelhanças físicas com o homem, mas diferem essencialmente naquilo que os distingue dos demais animais: a consciência espiritual, a razão e o propósito eterno. Cada um desses seres foi dotado de instintos e capacidades próprias, mas nenhum deles foi formado à imagem e semelhança de Deus, como viria a ser o ser humano.

Assim, no sexto dia, Deus viu que tudo o que criara era bom, preparando a terra para o ser humano, que seria feito com um propósito muito maior e distinto de todas as demais criaturas. A criação de animais selvagens, gado, répteis e antropoides no sexto dia indica uma ordem natural e divina que sustenta a vida sobre a Terra.

Os antropoides, com suas habilidades cognitivas e sociais, são uma expressão dessa diversidade divina.

Apesar das semelhanças com os seres humanos em termos de comportamento e estrutura genética, os antropoides não são humanos e, portanto, foram criados "segundo a sua espécie", como qualquer outra criatura do reino animal. Em sua criação, Deus os dotou com habilidades e características próprias, e sua existência, como todas as outras formas de vida, tem um propósito dentro do vasto plano de criação.

A Bíblia, ao afirmar que Deus criou os seres vivos “segundo a sua espécie”, nos leva a refletir sobre o desígnio divino em toda a criação. Embora possamos ver semelhanças e conexões entre os antropoides e os seres humanos, é importante reconhecer que cada espécie tem seu próprio valor, seu próprio lugar e sua própria função no grande esquema de Deus para o mundo natural.

O ser humano, no entanto, é o único a ser criado à imagem e semelhança de Deus, o que lhe confere uma responsabilidade única sobre toda a criação, incluindo os animais.

A harmonia que Deus estabeleceu entre as diversas espécies, incluindo os antropoides, nos ensina sobre a maravilha da criação e a necessidade de cuidar e respeitar a vida em todas as suas formas.

Ao refletirmos sobre os antropoides e a criação dos animais no sexto dia, podemos ver que, mesmo dentro da maravilhosa diversidade da criação, cada criatura tem seu lugar designado por Deus.

Os antropoides, como outras espécies, têm uma existência que reflete a sabedoria e o poder de Deus, e é nossa responsabilidade, como seres humanos, reconhecer a beleza e a importância de cada criatura, cuidando delas com respeito e compaixão.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Hoje é Tempo da sua Oportunidade!

“Porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação”
(II Cor. 6, 2).
 
Esta palavra nos revela alguns segredos para que tenhamos o plano de Deus cumprido em nossas vidas. Deus tem um tempo para todas as coisas:
 
“Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Ecl. 3,1).
 
Existe um tempo de Deus chamado tempo da oportunidade, no qual Deus estende uma oportunidade para os seres humanos.
 
Na história bíblica, todos os homens e mulheres de Deus tiveram uma oportunidade. Deus lhes abriu uma oportunidade. No entanto, infelizmente, a maior parte das pessoas terminam suas vidas sem terem os propósitos de Deus cumpridos. Ao olharem para trás, muitos pensam: “perdi minha vida; tive uma vida medíocre”. E, assim, chegam ao fim de suas carreiras deprimidos e fracassados.
 
A perda de uma oportunidade é um fato tão triste, que levou Jesus a chorar.
 
Em certa ocasião, ao entrar em Jerusalém, Jesus comoveu-se de tal forma que não resistiu às lágrimas ao prever que a cidade não aproveitaria a grande chance que estava diante de si. A Bíblia somente registra que Jesus chorou em outro momento: quando seu amigo Lázaro morreu. Isso nos dá a entender que a perda de uma oportunidade é tão chocante para Deus quanto a morte de uma pessoa.
 
Razões por que podemos perder a oportunidade de Deus:
 
1. Não reconhecer a oportunidade
 
As oportunidades de Deus são tão extraordinárias que somente podemos captá-las mediante a revelação:
 
“Mas, como está escrito: nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (1 Co 2.9-10).
 
Entenda: pelos nossos ouvidos, olhos e raciocínio, não podemos entender o que Deus tem para nós. Isso porque as coisas de Deus não são apreensíveis pelo conhecimento humano, mas elas são conhecidas mediante revelação.
 
Foi exatamente isso o que aconteceu com Jerusalém. O próprio Jesus afirmou que a cidade não conseguiu reconhecer a oportunidade:
 
“Porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação” (Lc 19. 44).
 
Estava chegando nela o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ali estava chegando o Deus encarnado em forma de homem, o Deus que criou os céus e a terra, o próprio Jesus, que ressuscitava os mortos, acalmava o mar, curava os enfermos, multiplicava pães e peixes, que caminhou sobre as águas… Mas eles não puderam reconhecê-lo como Deus. Certa vez Jesus perguntou aos discípulos quem os outros diziam que Ele era. Depois que eles disseram o que as pessoas estavam falando, Jesus lhes perguntou:
 
“Mas vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16.15). Imediatamente, Simão Pedro afirmou: “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo” (Mt 16.16).
 
Pedro somente respondeu corretamente porque teve uma revelação.
 
“Então, Jesus afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que te revelaram, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.17).
 
Mais uma vez verificamos que há coisas que só podem ser percebidas pelo ser humano mediante uma revelação de Deus. São coisas escondidas no coração de Deus, que só o Espírito Santo pode comunicar ao nosso espírito. Sem essa revelação, muitos crentes acabam perdendo preciosas oportunidades.
 
2. Acomodação a determinado estado de derrota
 
Alguns confundem contentamento com acomodação. Compreenda: contentamento é diferente de acomodação.
 
A Bíblia diz que devemos estar contentes em todo o tempo, mas ela não ordena que sejamos acomodados. Nos tempos do apóstolo Paulo, muitos escravos estavam se convertendo. Eles ainda estavam debaixo do jugo da escravidão. Paulo recomendou-lhes que não murmurassem, mas glorificassem a Deus. Se, porém, chegasse uma oportunidade de serem livres, deveriam aproveitá-la.
 
“Foste chamado sendo escravo? Não te preocupes com isso; mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade” (1 Cor 7.21). Ou seja, eles deveriam estar contentes, porém não acomodados.
 
Se você veio para Jesus debaixo de um jugo, debaixo de cargas, com problemas de relacionamento, problemas financeiros ou qualquer tipo de dificuldade, siga a Jesus sem se preocupar com isso. Mas saiba que vai chegar uma hora em que Ele vai te dar uma chance e, então, você deve escapar. Deus vai abrir uma porta para você.
 
A oportunidade vai chegar, mas você tem que estar atento para aproveitá-la. Infelizmente, há pessoas que se acomodam e pensam: “me converti doente, vou continuar doente”; “meu avô era pobre, meu pai miserável, vou ser assim também”; “minha família é analfabeta, eu também não vou estudar.
 
Toda a minha família tem esse problema, eu tenho uma maldição hereditária…” Isso tudo é mentira do diabo. Quem permanece com esse tipo de pensamento, nunca obtém a vitória. Veja: quando Jesus morreu na cruz, Ele foi maldito em teu lugar.
 
Esqueça tudo o que ficou para trás. Não seja acomodado, entenda que Deus pode abrir a porta da oportunidade para você. Se tiver uma chance, escape. Veja o depoimento de Paulo:
“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14).
 
Vejamos o exemplo dos israelitas. Eles estavam vivendo a 430 anos como escravos no Egito. Depois de todo esse tempo, Deus levantou Moisés para tirar o povo de lá, porém Faraó não deixou. Então, Deus permitiu nove pragas sobre os egípcios.  
 
Na décima praga, à meia-noite, todos os primogênitos morreriam, e enquanto os egípcios pranteassem, os hebreus deveriam escapar. Cada família deveria comer um cordeiro com o cinto atado, a sandália nos pés e o cajado na mão, prontos para a fuga.
 
“Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do Senhor” (Ex. 11.12).
 
Eles viveram como escravos de Faraó por 430 anos, ou seja, 156.950 dias, e Deus disse que eles teriam apenas um dia para escapar! Eles não poderiam perder essa chance. À meia-noite, o filho do Faraó morreu e este começou a chorar. Depois, chamou Moisés e Arão no palácio e, finalmente, permitiu que todos os israelitas fossem embora. Somente homens adultos eram 600.000. Se Moisés e Arão tivessem que avisar a todos, não daria tempo de “arrumar as malas”. Eles tinham que estar prontos. Logo que passou o impacto da morte dos primogênitos, Faraó se arrependeu e mandou chamá-los. Então, um serviçal lhe comunicou que, naquela madrugada mesmo, eles haviam ido embora. Haviam aproveitado a oportunidade no momento certo. Quando Deus te der uma chance, e abrir uma oportunidade, não fique pensando: “será que vai dar certo?” Largue tudo, ponha a sandália, agarre o cajado e atravesse o mar Vermelho.
 
Quando Satanás pensar em te calçar, você já deve ter feito a viagem. Quando ele quiser te atrapalhar, você tem que estar longe. Esteja com a sandália nos pés e cajado na mão e quando Deus abrir a porta, entre e corra. Quando te convidarem para orar e jejuar, por exemplo, não fique com o cajado no armário. Esteja pronto para quando a porta de Deus se abrir.
 
3. Influência de pessoas que não receberam a revelação da oportunidade.
Pode ser o pai, a mãe, a esposa, um familiar.
Às vezes, essas pessoas até estão bem-intencionadas, porém não podem compreender a revelação porque não a receberam. Veja a história do cego Bartimeu, relatada em Marcos 10.46-50:
 
“E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho e, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim! E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! Parou Jesus e disse: Chamai-o. Chamaram, então, o cego, dizendo lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama. Lançando de si a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus”.
 
As pessoas mandavam que Bartimeu se calasse, mas quanto mais o repreendiam, mais ele gritava, porque sabia que aquela era a sua oportunidade e ele não podia perdê-la. Se ele tivesse dado ouvido ao que os outros falavam, teria vivido o restante de sua vida em plena escuridão, tanto física quanto espiritual.
 
Tem gente que tem medo do que os outros vão dizer se ele fizer a vontade de Deus.
 
Essas pessoas estão sempre mendigando, na beira do caminho. Preferem viver assim a ouvir as críticas dos demais. Entenda: é você que tem que ter uma revelação e uma convicção de Deus. Não importa o que os outros digam.
 
Bartimeu entendeu que a oportunidade era muito mais do que só ser curado de uma cegueira. Depois de voltar a ver, ele seguiu a Jesus. Ele aprendeu a aproveitar a oportunidade porque não ouviu os incrédulos e pessimistas. Em que lado você está? Com o cego Bartimeu ou com aqueles que dizem: “não dá, não tem jeito”? Quem sabe você está parado na beira do caminho e nada dá certo. Deus quer mudar a tua situação, arrancar essa cegueira e esse sentimento do “eu não consigo, não vai dar…”. Deus quer arrancar essa visão do mundanismo que diz que não podemos ser fiéis, nem obedientes.
 
Ele quer tirar de tua mente a ideia de que não poderás retornar à comunhão da igreja. É tudo mentira do diabo, que quer te cegar.
Deixe esse bando de mentirosos para trás e entenda que Deus quer fazer de você uma nova pessoa.
 
Deus quer mudar o curso da tua história, como mudou a história do cego Bartimeu. Quem sabe o teu próprio coração diz que não dá, que é difícil, mas o Mestre está te chamando hoje, pois Ele quer te dar uma visão nova.
Hoje é o tempo da tua oportunidade!

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