Na vastidão do tempo e do espaço, onde a criação repousa em
ciclos de dia e noite, há um Ser cuja vigília nunca se interrompe. Enquanto os
homens cedem ao cansaço e suas reservas se fecham em busca de descanso, Ele
permanece desperto. Seus olhos jamais se fecham, porque Ele não tem pálpebras.
Os mortais piscam, cochilam, dormem. Seus olhos se fatigam,
precisam de sombras para se renovar. Mas Deus não conhece fadiga. Ele não
precisa de proteção contra a luz, pois Ele mesmo é a Luz. Seu olhar nunca se
apaga, nunca se interrompe, nunca se distrai.
Os vigias das cidades podem cambalear no seu posto, os reis
podem repousar nas suas câmaras, e até as estrelas se escondem sob o véu da
noite. Mas Aquele que criou todas as coisas não tosqueneja, nem dorme. Nenhuma
ameaça passa despercebida, nenhum sussurro se perde em Seu silêncio.
Seus olhos percorrem a terra sem pestanejar. Ele vê o medo
dos corações, o anseio das almas, o clamor dos aflitos. Ele vigia os passos do
justo e do injustiçado, do forte e do fraco, do rei e do servo. Não há trevas
espessas o suficiente para ocultar alguém de Sua visão, nem distância grande o
suficiente para afastar alguém de Seu olhar.
Se Deus tivesse cochilado, ainda que por um breve instante,
Seu olhar poderia se desviar. Mas Ele não pisca, não dorme, não se cansa. Seus
olhos eternos contemplam todas as eras, desde o princípio até o fim.
E assim, enquanto o mundo está em movimento, Ele vela.
Enquanto os sonhos transitam entre esperança e temor, Ele mantém firmes aqueles
que Ele sustenta. Porque Ele é o Guardião sem sono, o Vigia sem descanso, o
Deus que não tem pálpebras. (Pr. Maurício)
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