sábado, 13 de novembro de 2021

A Glória Divina e a Dignidade do Homem

Deus, ao criar o primeiro homem, já sabia exatamente para qual finalidade o estava criando.

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Genesis 1,26 -28).

E este propósito fica totalmente claro quando, após criá-lo, soprou nas suas narinas o fôlego da vida… o Seu Espírito Santo. Deus fez o homem para Sua própria glória.

Foram criados à imagem e semelhança de Deus. Uma vez que Deus Se veste de luz como de um vestido (Salmos 104, 1-2), eles, feitos à imagem de Deus, também se vestiram de luz. Estavam vestidos da Glória de Deus.

Não havia sobre o corpo deles nenhum aparato externo (roupa) que os impedisse de contemplar mutuamente sua nudez. Estavam nus, e não se envergonhavam. Ambos se vestiam com uma roupa resplandecente, por isso não viam a nudez um do outro.

No Jardim do Éden, estavam vestidos com vestes sublimes, com brilho celestial. Vestes espirituais feitas de linho finíssimo, resplandecente e puro, que os cristãos também receberão na glória eterna. Ambos possuíam vestes resplandecentes:

“E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.” (Apoc. 19,8).

“Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade. Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!” (Salmos 8).

Que adoração maravilhosa. Contemplando os céus, Deus é exaltado como magnífico em toda a Terra. Tanto a Terra quanto o vasto universo são obras de Suas mãos. Quão exaltado é o Senhor, criador e providente de Sua criação. A vastidão de nossa galáxia, a Via Látea, contém entre 100 e 400 bilhões de estrelas, e é apenas uma entre incontáveis galáxias existentes. O que somos nós, comparados a essa imensidão?

Como nos sentimos pequenos diante do grandioso universo criado por Deus. Exaltado está o Senhor, acima de todas as nações, e a Sua glória, acima dos céus. Quem é semelhante ao Senhor Deus, que habita nas alturas. Que se curva para ver o que está nos céus e na terra!

A olho nu, o salmista podia contemplar pelo menos 4 mil estrelas, e sentir-se pequeno diante dessa maravilha. Jó também teve essa sensação em uma experiência bem diferente:

“Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas sobre ele o teu coração, e cada manhã o visites, e cada momento o proves? Até quando me não deixarás, nem me largarás, até que engula a minha saliva? Se pequei, que te farei? Ó Guarda dos homens? Porque fizeste de mim um alvo para ti, para que a mim mesmo me seja pesado? E porque me não perdoas a minha iniquidade? Pois agora me deitarei no pó, e de madrugada me buscarás, e não estarei lá” Jó 7,17-21

"Grande é a sua glória pela tua salvação; glória e majestade puseste sobre ele. Pois o abençoaste para sempre; tu o enches de gozo com a tua face." Salmos 21,5,6

“Assim diz o Senhor: Vós sois deuses e filhos do Altíssimo. ... Eu disse: Vós sois deuses, e todos vós sois filhos do Altíssimo.” (Salmos 82,6).

O fim principal do homem é glorificar a Deus. É privilégio e seu dever, estimar a Deus acima de todas as coisas, estar completamente satisfeito Nele e viver diante Dele com reverência, gratidão, obediência e adoração.

Tinham revestimentos de luz, nem mesmo adquiridos pelos mais altos anjos celestiais, por isso está escrito:

“Pois tu fizeste dele, mas pouco menor que os anjos, e coroaste de glória e de honra” (Salmo 8,6).

O corpo celestial com o qual cuidavam do Jardim do Éden, era revestido de glória. O corpo foi criado para ser cheio do Espírito Santo de Deus. Este é o propósito principal da existência humana.

Deus nos fez um pouco menor que os anjos, mas nos fez acima dos animais; somos a coroa de sua criação, porque fomos criados à Sua imagem e semelhança, isto é, temos capacidade cognitiva, somos racionais, temos capacidades, sentimentos, vontade.

No homem é revelado a pequenez humana, mas revela também sua dignidade. Nossa dignidade está em o Senhor nos escolher para si mesmo, em querer ser glorificado em nós.

O homem era assim em seu estado original antes da queda, e nunca estará completo até que volte ao que era e ao propósito para o qual foi feito.

Contudo, o homem cedeu à tentação e desobedeceu à ordem divina; pecou e foi destituído da glória de Deus. O homem não foi capaz de glorificar a Deus como deveria, e perdeu seu privilégio exclusivo de carregar ou refletir a glória de Deus

“Porque todos pecaram, e destituídos estão da Glória de Deus.” (Rm 3,23). Não podemos fazer nada bom pois todos pecamos e fomos destituídos da glória de Deus.

Como resultado de suas quedas, perderam a veste resplandecente, o brilho, o resplendor de Deus em suas vidas.

Adão e Eva, criados à imagem e semelhança de Deus, estavam vestidos de glória e não se envergonhavam. Esta veste de glória se desvaneceu imediatamente ao pecarem.

A veste resplandecente se desvaneceu imediatamente e os olhos de ambos se abriram para o mal do mundo, que não tinham conhecido até então.

O pecado retirou a glória de Deus, o brilho celestial que antes os haviam revestidos, e que fazia com que não percebessem a sua nudez. “Viram que estavam nus” (Gn 3,7).

Eles costuraram folhas de figueira, fizeram cintas para si e cobriram-se com as imagens ilusórias, a partir de “folhas da árvore”.

Deus fez para o homem e sua esposa revestimentos de pele, e os vestiu. Assim, depois de pecarem, tinham apenas revestimentos de pele, bom para o corpo, mas não para a alma. Consequentemente, geraram filhos e filhas destituídos desse resplendor.

É notável que desde o começo do mundo, o homem tem vontade de destituir Deus do Seu Trono e tomar o seu lugar, assim como satanás fez, dizendo:

“Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14,14).

O homem criado para manifestar a glória divina, falhou em Adão, sendo necessário vir o segundo Adão, Jesus, para que nele houvesse a maior revelação da glória divina.

“Fizeste-o, por um pouco, menor que os anjos, de glória e de honra o coroaste” Heb 2,7.

Foi na cruz, que Jesus foi "coroado de glória”. É na cruz que foi revelada a excelência da Glória de Deus.

Na Cruz, podemos ver Deus Se revelando em assombroso amor pelo pecador e em justiça ao punir o pecado em Seu próprio Filho!

A glória de Deus (kãbhôdh ou doxa), significa dignidade, honra, vitória, proteção, reputação, esplendor, a manifestação do poder de Deus, onde é preciso e descreve a revelação do caráter e da presença de Deus na pessoa e na obra de Jesus.

No dicionário de língua Portuguesa, ‘glória’ tem os seguintes significados: celebridade, renome, reputação, honra, orgulho, magnificência, brilho, esplendor, prestígio, alegria, satisfação, grande mérito, superioridade, dignidade.

No dicionário de Inglês, outras definições podem ser acrescentadas: exaltação, louvor ou honra, que é concedido por consentimento geral; algo que traz ou é digno de louvor (especialmente na frase ‘coroa de glória’); uma expressão de ação de graças, adoração ou culto: ‘Glória a Deus!’; pompa; esplendor; beleza radiante; resplandecência do pôr-do-sol; a beleza e a felicidade do céu (no sentido espiritual); um estado de extrema felicidade e prosperidade.

A palavra bíblica para glória de Deus é kãbhôdh (hebr.; pronuncia-se ‘kavôd’) ou doxa (Septuaginta, a versão grega do AT) = peso ou dignidade, e que pode ser entendida como a manifestação do poder de Deus onde é preciso, honra, vitória, proteção, abundância, riqueza, reputação É o equivalente judaico do Espírito Santo.

Kãbhôdh descreve a revelação do caráter e da presença de Deus na pessoa e na obra de Jesus. Ele é o resplendor da glória divina; “Ele [Jesus], é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser [Deus], Hb 1,3-4. sustentando todas as coisas pela palavra do Seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles”.

Na Bíblia, a glória de Deus está muitas vezes associada a brilho ou esplendor. Em Lc 2,9, os pastores viram a glória de Deus no nascimento de Jesus; em Mt 17, 5 – no momento da transfiguração, quando a bíblia descreve a presença de uma nuvem luminosa envolvendo os discípulos. tanto no AT como no NT (Ez 1, 28, está relacionada com nuvem ou fumaça, vento tempestuoso e fogo.

Na maioria das vezes, é quase impossível separar a expressão ‘Glória de Deus’ ou ‘Glória do Senhor’ da presença desses fenômenos físicos, em especial da nuvem.

Assim, ‘Glória de Deus’ ou ‘Glória do Senhor’ simboliza a revelação do poder, da pessoa, da natureza e da presença de Deus para a humanidade, às vezes acompanhada de fenômenos físicos; portanto, o Espírito Santo está implícito nesta manifestação.

Em Êx 19, 9; 16, 18; Êx 20, 18, a bíblia descreve a presença de Deus como uma nuvem escura, acompanhada de trovões, relâmpagos e fogo:

“Disse o Senhor a Moisés: Eis que virei a ti numa nuvem escura, para que o povo ouça quando eu falar contigo e para que também creiam sempre em ti. Porque Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao Senhor... Ao amanhecer do terceiro dia, houve trovões, e relâmpagos, e uma espessa nuvem sobre o monte, e mui forte clangor de trombeta, de maneira que todo o povo que estava no arraial se estremeceu... Todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo; a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente... Todo o povo presenciou os trovões, e os relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante; e o povo, observando, se estremeceu e ficou de longe”.

A conhecida palavra Shekiná, traduzida como ‘resplendor, presença de Deus habitando entre o Seu povo’, não aparece no AT nem no NT. Ela deriva do verbo Shãkhan (שכן = habitar, fazer morada), o qual aparece em versículos:

“Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porque a nuvem permanecia sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo”. Êx 40, 35.

A glória de Deus está muitas vezes associada a brilho ou esplendor.

“Por cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça, havia algo semelhante a um trono, como uma safira; sobre esta espécie de trono, estava sentada uma figura semelhante a um homem. Vi-a como um metal brilhante, como fogo, ao redor dela, desde os lombos e daí para cima; e desde os seus lombos e daí para baixo, vi-a como fogo e um resplendor ao redor dela. Como o aspecto do arco que aparece na nuvem em dia de chuva, assim era o resplendor em redor. Esta era a aparência da glória do Senhor; vendo isto, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava”. Ez 1, 26-28

Na Bíblia, o termo ‘glória de Deus’ geralmente se refere ao esplendor visível ou à beleza moral da perfeição multiforme de Deus. É uma tentativa de expressar com palavras o que não pode ser contido por palavras – como Deus é em sua magnificência e excelência revelada”. De forma bem simples, a glória de Deus refere-se à majestade e brilho que acompanham a revelação da palavra e do poder de Deus. Em outras palavras, a glória de Deus refere-se à suprema beleza do Deus trino.

Estando nós ainda mortos em nossos pecados, Deus nos deu vida através de Seu Filho, Jesus, e fez abundar em nós não mais a morte pelo pecado, mas sim a vida por Cristo, afim de que pelo Seu sacrifício fossemos feitos novamente à imagem da Sua Glória (1 Cor. 11,7), assim como era no início em Seu jardim. Fomos pelo pecado destituídos de Sua Glória, entretanto Ele nos restituiu pelo Seu próprio sacrifício, pelo sacrifício daquele que era Deus (Jo1,1).

O homem era tal no desígnio original de sua criação, na posição que lhe fora dada e no domínio concedido a ele. O objetivo é mostrar a honra conferida ao homem, ou mostrar como Deus o considerou e o honrou; e o pensamento é que, em sua criação original, embora tão insignificante em comparação com os vastos mundos sobre os quais Deus preside, lhe dera uma posição, mas pouco inferior à dos anjos.

Deus o coroou de glória e honra – dotou-o de faculdades e capacidades nobres. Aquele que deu ao homem o seu ser, o distinguiu das criaturas inferiores e o qualificou para o domínio sobre elas, tornando-o mais sábio do que os animais da terra e as aves do céu, Jó 35, 1.

A razão do homem é sua coroa de glória, e ele deve tomar cuidado para não profanar essa coroa pervertendo o uso dela, nem a perder, agindo de forma contrária aos seus ditames.

A humanidade é adornada com glória e honra. Para ser coroado, é tomado, metaforicamente, como se o salmista tivesse dito, estar vestido e adornado com marcas de honra, que não está longe do esplendor da majestade divina.

Quem é o homem, comparado com a grandeza e majestade de Deus? É nada, pelos nossos olhos, apenas vermes rastejantes.

Deus, no entanto, não nos vê dessa maneira. Somos Suas criaturas privilegiadas, pois fomos feitos à imagem e semelhança Dele e, nos deu coroa de glória e honra, para termos domínio diante das outras obras das suas mãos.

Essa concessão apenas por sermos suas criaturas, imaginemos o que nos concederá por nos adotar como seus filhos!

É a imagem de Deus que distingue o homem do restante da criação. Essa perfeição pode ser definida em termos de conhecimento humano, consciência, moral, perfeição moral antes da queda e imortalidade. Mesmo no homem caído há resquícios da imagem de Deus. Esta lhe é restaurada quando há o encontro com Jesus.

Deus coroou o homem com coroa de glória e de honra. Ao serem destituídos da Glória de Deus, perderam todo esse privilégio. O homem com sua mulher, perderam a coroa de glória e ganharam a morte.

“Caiu a Coroa de nossa cabeça” (Lm. 5,7,16; Rm 3,23).

Coroa está para majestade, assim como, coroado está para reinado. Deus criou o Homem um pouco menor que os anjos, com coroa de Glória e Honra (Salmos 8,5). Mas, na ‘queda de Adão e Eva, pecamos e ficamos destituídos de Glória Divina (1Cor 15,22; Rm 3,23; 6:23; Lm 5,7,16).

Deus providenciou, na Cruz, o Sangue expiatório, para restituição da coroa de Glória e Honra a toda Pessoa que, com arrependimento, confissão e fé, crer no Cristo e abrir seu espírito para que Deus entre, regenere e faça ali ‘eterna morada’.

“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da minha Justificação está guardada e me será dada por Deus, no Dia Final (2Tim 4,7-8).

A alma do ser humano não ascende ao mundo vindouro a menos que primeiro seja digna de ser revestida com as vestes sublimes, espirituais, celestiais. No mundo vindouro, quando comparecer perante o Santo, será revestido do corpo celestial. Assim, a Escritura diz:

“Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo.” (Salmo 27,4).

Um dia, os salvos, religados a Deus pelo sangue de Jesus, serão restituídos à Sua glória! Seus corpos humilhados serão transformados como o Seu corpo glorioso.

A Glória de Jesus é aquela mesma que existia no primeiro homem, no Éden… é a Glória de Deus, o Espírito de Deus. Como pelo pecado o homem foi destituído da Glória divina, Jesus restituiu pelo Seu próprio sacrifício, pelo sacrifício daquele que era Deus (Jo1,1).

"Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da Vida!" (Apoc. 2,10).

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