terça-feira, 12 de outubro de 2021

A Bem-aventurada Virgem Maria

A propósito de ter ouvido afirmações de que nós não interpretamos as Escrituras Sagradas corretamente e de que não respeitamos Maria, faço a profissão de fé, e, ao mesmo tempo, uma defesa daquela Bem-aventurada Maria, mãe de nosso Senhor Jesus Cristo.

Não pretendo discorrer neste artigo sobre a soberania de Deus na concepção e encarnação de Cristo, mas pretendo extrair algumas considerações sobre essa figura santa e amada por Deus e, que deve ser respeitada por todos aqueles que se proclamam cristãos, a saber: Maria de Nazaré, a mãe do salvador.

Não é verdade que não respeitamos a mãe de Jesus, pelo contrário:

É verdade que nós cremos em Maria;

É verdade que nós a respeitamos;

Cremos que ela foi virgem e santa;

Cremos que foi mãe exemplar e extremosa;

Cremos que foi esposa fiel e digna de todo respeito;

Cremos que foi salva e que sua alma está no céu, como seu filho Jesus e seus discípulos;

Cremos que foi mesmo bem-aventurada entre as mulheres e escolhida para ser a mãe de nosso Senhor;

Cremos que ela foi amada por seu Filho e por Deus, nosso Pai;

Cremos que ela foi um vaso de bênção e um instrumento nas mãos do Espírito Santo, para que o Verbo Divino se encarnasse;

Cremos que ela, mulher de oração, recebeu o batismo do Espírito Santo, juntamente com os apóstolos e discípulos, no dia de Pentecostes;

Cremos que ela amava a Palavra de Deus e lia o santo livro com meditação profunda;

Cremos no seu exemplo vivo de fé e submissão à vontade de Deus;

Cremos que devemos seguir também seu exemplo de santidade e pureza de coração.

Cremos que Maria está salva com Deus, com os anjos, com os apóstolos e com todos os que, à semelhança dela, morreram em Cristo.

Cremos que para chegarmos onde ela está, e alcançarmos a salvação que ela alcançou, precisamos aceitar Jesus como único salvador de nossa vida, experimentar o novo nascimento, converter dos maus caminhos com arrependimento e fé, pedir perdão de nossos pecados, confiando no seu sangue como único meio de purificação.

Cremos que todos os que obedecerem ao imperativo, o único mandamento de Maria, serão salvos. Encontramos esse mandamento no evangelho de Jo. 2,5: “Fazei tudo o que Ele (Jesus), vos mandar” Para fazermos o que Jesus nos manda, precisamos conhecer a Bíblia, os evangelhos.

Cremos, ainda, que aqueles que examinam a Bíblia e creem nos evangelhos, são os que, de fato, respeitam e honram a Maria, obedecendo seu mandamento de fazer o que Jesus manda. Foi nosso Senhor Jesus Cristo que nos ordenou crer no evangelho, e devemos obedecê-lo (Mc. 1,15).

Examinemos a Bíblia, único livro capaz de levar-nos à verdade e à experiência pessoal de salvação com Aquele que declarou: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt. 28,18).

Maria é um dos personagens mais fascinantes do Novo Testamento. Cultuada e adorada por uns a ponto de ter sido alçada na qualidade de deusa ou semideusa, ou simplesmente ignorada por outros que não meditam na importantíssima missão que a “virgem de Nazaré” cumpriu exemplarmente.

Assim como João Batista, Pedro, Tiago, João Evangelista, Paulo, etc., Maria ocupa um lugar proeminente na teologia neotestamentária; no entanto, em nenhuma hipótese, por mais bem intencionada que seja, podemos descentralizar a história da Redenção da figura de Jesus, porque é Ele que é o Cristo. É o Seu sangue que é a Nova Aliança, derramado em favor de muitos. É o Seu sacrifício na cruz que aplaca a ira de Deus. É a Sua missão que eficaz e eficientemente conduz o homem a Deus. Na história da Redenção Jesus é o protagonista inigualável. Todos os outros (incluindo Maria), foram coadjuvantes (leia-se: cooperadores) desse roteiro divino.

Uma das mais absurdas ideias que geralmente se tem dos protestantes é que não gostam de Maria ou que até nutrem pesados e negativos sentimentos por ela. Todavia isso se dá pelo julgamento precipitado e precoce que costumeiramente fazem por não conhecer o que é diferente de nós, por ignorarmos grupos que diferem do nosso modo de pensar e compreender o mundo.

Protestante que sou, estudante das Escrituras Sagradas, obra na qual tenho dedicado minha vida, historiador, pesquisador da história eclesiástica, posso afirmar que nenhum sentimento há por Maria que não seja o respeito, a admiração e o amor na ortodoxia e na ortopraxia protestante. O verdadeiro protestante, o evangélico, respeita a Maria e a tem em grande conceito na galeria dos heróis da fé.

Porém, a respeitamos pelo que ela é, e isso está mais do que explícito na Palavra de Deus. Maria não é deusa, nem semideusa, nem corredentora, nem intercessora, etc. Ela é, sim uma agraciada e santa serva de Deus que se colocou submissa para que a obra do Senhor se efetivasse no mundo, nos dando assim, notáveis exemplos de fé, coragem, humildade e serviço.

Por isso a respeitamos?

Respeitamos Maria por sua fé. Uma fé que reside no Deus que prometera através das profecias ministradas pelos seus santos profetas, que o próprio Altíssimo faria morada no homem. Fé no Deus de Israel, único Deus, que não podia, não pode, nem poderá jamais ser representado por qualquer imagem de escultura ou coisa semelhante. Fé no Deus que torna possível o que é impossível para resgatar os seus escolhidos. Que possamos ter a fé que Maria praticou no Deus que a salvou. Não um arroubo histérico a ponto de sair pulando e gritando “aleluias” e “glórias” e em meio a bravatas, orgulhosamente declarar, “Deus falou comigo!” “Deus falou comigo!”.

Que possamos ter a coragem de Maria. Coragem verdadeiramente cristã, pois o quadro à sua frente era trágico e sombrio. Uma jovem virgem desposada de um respeitável cidadão achava-se grávida antes do casamento. O que lhe esperava era a execração social e o apedrejamento. Mas, mesmo em face de tamanho desafio, aquela jovem colocou-se nas mãos de Deus confiando inteiramente Naquele que a comissionava: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua vontade” (Lucas 1.38). Coragem essa que faria corar qualquer apologeta de hoje, moldados numa teologia meramente circunstancial.

Respeitamos Maria por sua humildade. Muitas vezes quando alguém fala alguma coisa acerca da Maria geralmente o seu comentário não ultrapassa o parto de Jesus. No entanto, o exemplo de humildade da jovem de Nazaré perpassa toda a sua vida.

Além de reconhecer Deus como seu salvador pessoal, Maria nunca se apropria de qualquer posição que de alguma forma viesse a suplantar o Filho ou qualquer dos apóstolos. E quando, mesmo sem ter ainda uma dimensão exata do que lhe acontecera, era despertada por Cristo, e humildemente guardava no coração aquelas verdades. Maria tinha plena consciência de que Ele era o Salvador, o Cristo e, assim, como João Batista, sabia que importava que ele (Jesus) crescesse e todos os demais diminuíssem. Que possamos ter a humildade de Maria.

Respeitamos Maria pelo seu serviço. Mais do que qualquer outra pessoa, Maria foi uma serva, na expressão máxima da palavra.

Entregou-se inteiramente à sua missão sendo uma mãe exemplar no cuidado, no carinho e no amor por seu filho. E quando o ministério público de Cristo se manifestou, lá estava ela, não ordenando, não querendo fazer do filho um mero milagreiro, mas preparando as ferramentas e servindo ao Mestre. O seu serviço deixa-nos um mandamento eterno para todos os povos, principalmente os cristãos. Em Canaã, não opera o milagre, crê no Filho e apontando para Jesus, exorta: “Fazei tudo que Ele vos disser” (João 2.5). Que possamos servir a Jesus como Maria.

Oh! Maria santa! Maria mãe de Jesus que o povo evangélico respeita e procura seguir o seu exemplo de fé operosa, de coragem testemunhal, de humildade verdadeira e de serviço constante, revelando o mais profundo dom de Deus: o amor!

Maria de Nazaré, não a das imagens e estátuas, não a Maria das rezas e mantras, não a Maria da adoração ritualista e pagã. Mas, a serva do Deus Altíssimo cujo ensino ecoa não apenas em nossos ouvidos, mas em nossos corações e consciência que Cristo Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida e que, portanto, é a Ele que devemos seguir, assim como ela seguiu.

Respeitamos Maria, João, Pedro, Tiago, Paulo… Símbolos e exemplos da fé evangélica que de uma vez por todas foi dada aos santos.

N’Ele, em quem reside toda a plenitude de Deus.

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