quarta-feira, 26 de junho de 2013

Ter prazer de estar na presença de Deus: Oração



É necessário lidar com os pensamentos, com o coração e com a alma para orar de verdade, para orar como orou Abraão, como Elias, como Davi e muitos outros oraram. Deus disse a Abraão: “anda na minha presença e sê perfeito”. Soren Kierkegaard fala que orar é ouvir Deus. A oração não transforma Deus, mas transforma aquele que não apenas ouve falar de Deus, mas conversa com Deus.
Alguém disse: “A oração não se mostra verdadeira quando Deus escuta o que se lhe pede. Ela é verdadeira, quando quem ora continua orando, até que seja ele mesmo a escutar o que Deus quer. Quem ora de verdade, nada mais faz senão escutar.”
Muitos estudiosos da oração definem a oração com uma palavra apenas: recolhimento. É entregar a vida por inteiro para ouvir a voz divina no descanso perfeito da alma e do ser. Não é preciso apressar, não é preciso falar muito, mas sim como amigos íntimos apenas estarem juntos, lado a lado um do outro. Jesus disse que enviaria o Consolador, o Parákleto, ou seja, aquele que está ao lado do discípulo, andando lado a lado.  
Conhece-se o conceito que uma pessoa tem de Deus, quando se observa as suas orações e os seus cânticos. Pois é impossível ter um conceito correto de Deus revelado nas Escrituras e orar, cantar e adorar de maneira errada. O comportamento e o entendimento que alguém tem do Divino refletirá na maneira como faz as orações.   Quanto mais se conhece as Escrituras e o Deus que se revelou na Pessoa de Jesus Cristo, mais se conhecerá os atributos divinos. Jesus ao ensinar o “Pai Nosso” aos seus discípulos Ele o fez de maneira bem natural. Jesus não usou palavras coloquiais, mas sim, Ele usou palavras comuns do dia-a-dia que uma criança diria ao seu pai, ou que um amigo diria para outro amigo.
Mesmo que a soberania de Deus seja o tema central de toda a bíblia, isso não impede de modo algum que Deus deseja relacionar-se com o homem num nível de Criador e criatura feito a Sua imagem e semelhança. A soberania de Deus sempre foi o tema de Paulo, Agostinho, dos reformadores: Lutero, Calvino, Zuwinglio; e dos puritanos bem como é o tema central da bíblia. Todavia, todos os acima citados colocaram a oração como o ponto alto e de suma importância no relacionamento que o homem tem com Deus, andar na presença do Pai.
Jesus no Getsemani deixa vazar seu coração como homem e se coloca diante do Pai apresentando a sua vontade, se submetendo aos propósitos divinos, à vontade soberana de Deus, todavia mesmo na angústia pela qual passava e a luta interior que se travava Ele mantinha a intimidade e a amizade com o Pai. Não se exasperou, não duvidou do amor que o Pai nutria por Ele e vice-versa.
A oração sacerdotal, onde Jesus revela toda a sua missão de salvar os eleitos para Deus, deixando claro que Ele veio para um povo específico, e que Ele não somente tornou possível a salvação deste povo, mas que cumpriu o propósito eterno de Deus salvando todos os que o Pai daria a Ele. O verso 4 e 5  de João 17 diz: “Eu te glorifiquei na terra consumando a obra que me confiaste para fazer, e agora glorifica-me  ó Pai contigo mesmo com a glória que tive junto de Ti, antes que houvesse mundo”.  Jesus, mesmo nos últimos dias de vida aqui na terra, tinha prazer de estar na presença do Pai, ainda que fosse para se despedir de maneira doída e angustiada.
A igreja primitiva estava constantemente em oração. Eles começaram com oração e continuaram com oração. O livro de Atos é cheio de orações que os apóstolos faziam. Vida e ministério na presença do Pai celestial. Logo no início do livro podemos contemplar todo o grupo orando desta maneira: “Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer. Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra”.
Paulo sempre orava para que o Espírito Santo abrisse os olhos espirituais dos irmãos, dando-lhes sabedoria para compreenderem a vontade de Deus. Várias passagens das cartas Paulinas demonstram claramente que a visão que Paulo possuía da soberania de Deus e do mistério que lhe fora revelado, determinava suas orações e a sua comunhão com Deus. Vivia e andava na presença de Deus, chegando a recomendar que os tessalonicenses orassem sem cessar.
Os filhos de Corá cantavam dizendo: “quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo.” Sl.84: 1 e2. Isso é ter prazer de estar e viver na presença do Senhor. Tanto o coração, as emoções como a carne, ou seja, o próprio corpo se alegrava em ir à Casa do Senhor, estar em comunhão com Deus, viver na presença do Senhor.
Hoje há dificuldade de estar na presença do Senhor em oração. Pensa-se que pelo muito falar, sabe-se orar.  As orações são pagãs, mera repetição onde não há vida verdadeira e compromissada com Deus. No nome de Jesus – crença de boca pra fora – julga, odeia e condena as pessoas que não pensam iguais; as ovelhas que não estão no mesmo redil e ainda por cima reclamam e se amarguram  por  Deus não ouvir suas orações imprecatórias.
Orar é habitar na Casa do Pai, é louvar perpetuamente, é ter o coração sereno com caminhos aplanados ainda que se tenha que passar pelo vale árido das circunstâncias, ainda que se passe pela dor da perda, pela enxurrada de águas barrentas e tumultuosas. Orar é  fazer  dessas experiências um manancial  de vida e de paz na presença de Cristo, o Senhor e salvador amado.

Orai sem cessar!!! Orai uns pelos outros!!!

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