Dizer, que existia algo antes do Universo existir é tentar
colocar o tempo, atrás do início do próprio tempo como se conhece, e, isso não
faz sentido, porque já foi dito que o tempo só passou a existir com o Universo.
Contudo, pode-se considerar que o que “existia” antes do
Universo existir era algo que já era, ou que é, e que sempre foi, e que sempre
será, sem precisar existir, ou seja, o Universo procedeu de algo que é eterno.
Mas para que algo eterno gerasse algo que é temporal hoje,
foi necessário que a eternidade sofresse algum tipo de ruptura para originar o
que é temporal. Essa ruptura se deu na forma de uma transição do eterno para o
temporal, ou seja, na forma de uma morte de algo no eterno para nascer o
temporal. Da mesma forma, para que o eterno possa existir, o temporal tem que
morrer. Logo, concluímos que a morte é um conceito ligado a transição entre os
esses dois estados, eterno e temporal, temporal e eterno.
Portanto, para que o Universo que é temporal viesse a existir,
algo no eterno teve que morrer. Essa morte desvinculou o eterno do temporal e o
temporal do eterno. Ou seja, a possibilidade do temporal existir nasceu da
morte de alguma parte no eterno, porque o eterno continuou eterno apesar do
temporal ter passado a existir. Portanto, enquanto o eterno existia em si
mesmo, não possibilitava o temporal existir, até que algo proveniente no eterno
pudesse morrer para a eternidade, para nascer para o temporal. Isto significa
que para o temporal existir, algo no eterno teve de ser sacrificado e o
temporal procedeu do eterno e passou a existir no eterno.
Portanto, o temporal foi gerado do eterno. Nesse contexto,
lembramo-nos que no livro do Apocalipse está escrito que: “O Cordeiro foi
morto antes da fundação do mundo (ou Universo)”.
E, que o mundo (ou Universo) foi criado em Deus, por Deus, e
para Deus.
Sendo o Cordeiro, o Filho de Deus manifesto, Este foi imolado
antes da fundação do mundo, para que o mundo fosse possível existir na
aceitação de coexistência com o que é Eterno (Deus).
Sendo o Cordeiro imolado, o Seu sacrifício resultou na
possibilidade de existência do mundo (ou Universo). Logo, a criação do Universo
procedeu de Deus, e por Deus, por meio do Seu Cordeiro. A temporalidade do
Universo deu origem à possibilidade do corruptível, ou seja, no momento em que
a eternidade rompeu com a temporalidade e a temporalidade rompeu com a
eternidade, a temporalidade ou o Universo pareceu existir sem causa anterior,
ou seja, pareceu ter surgido espontaneamente, porque a eternidade não é
mensurável pela temporalidade.
A criação já nasce no ambiente da redenção! Deus não levou sustos na história,
pois o sacrifício já havia sido feito antes da queda! O sacrifício de Cristo
foi o detonador da História. A História não começa com a criação de todas as
coisas, e sim com o sacrifício do Criador. O Cosmos surge a partir da Cruz.
Imagine um livro em forma de um rolo de pergaminho. Ele não
tem páginas, como os livros de hoje. Trata-se de uma grande tira de pergaminho,
enrolada pelas duas pontas. Quando seus selos são rompidos, ele começa a
desenrolar-se por igual. O lado esquerdo pode representar as coisas passadas, e
o lado direito as futuras. A Cruz entra no meio, e faz com que o rolo se abra
para os dois lados. Tudo acontece na Cruz, com a morte do Cordeiro. A História
começa na Cruz, mas já surge contendo um passado e um futuro. No Kairós, a
Cruz é o ponto inicial. Mas no Cronos, a Cruz ocorre na plenitude dos tempos.
Deus cria o mundo a partir da Cruz. Mas o cria, já com um passado e um
futuro. Ainda que os cientistas tenham razão em dizer que o Universo tem 14,3
bilhões de anos, aos olhos de Deus, esse Universo veio à existência a partir da
Cruz, como que instantaneamente.
Ali o rolo se abriu, para esquerda e para direita. Nada
existia antes da Cruz, pelo menos, não da perspectiva divina.
Há quem defenda a hipótese de que Deus possa ter criado as
coisas com aparência de certa idade. Mas tudo não passaria de “aparência”.
Portanto, a Terra “aparenta” ter 4,3 bilhões anos, mas seria, de fato, muito
mais jovem (aproximadamente 6 mil anos).
Os que defendem tal hipótese, argumentam que Adão fora criado
já adulto. Quem quer que o encontrasse, lhe conferiria certa idade, ainda
que ele houvesse sido criado “um dia antes”. Pode parecer um argumento
plausível, pelo menos do ponto de vista teológico. Entretanto, não me parece
ser este o modus operandi de Deus.
Por que Jesus não surgiu no mundo já em idade adulta? Por que
Ele teve que ser gerado no ventre de uma mulher, e experimentado cada etapa do
desenvolvimento humano? Se esse fosse o modus operandi de Deus, haveríamos de
esperar que o mesmo se sucedesse com o advento de Jesus. Em vez de acreditar
que Deus criou um Universo aparentemente velho, prefiro acreditar que Deus
criou um Universo já com uma História pregressa, e um futuro glorioso. Não
creio que Deus faria alguma coisa com a intenção de criar uma ilusão de ótica.
Portanto, concluímos que a Cruz é o início de tudo.
Nada existia antes dela! Sem que o Cordeiro fosse morte antes da fundação do
mundo, não haveria nada que cobrisse a nudez do primeiro casal. Nossa culpa
foi expiada mesmo antes que houvéssemos pecado.
O que eles entendiam é que o evento da crucificação de Jesus
de Nazaré já era a realidade cósmica sobre a qual todo o Universo se
sustenta. Antes de Deus dizer: Haja Luz, Ele disse: Haja Cruz. Eis duas
passagens enigmáticas das Escrituras Sagradas!
Como entender que o Cordeiro, que é Cristo, foi morto antes
da fundação do mundo? Afinal, Sua morte foi um fato histórico ou
meta-histórico? Teria havido Cruz, antes mesmo que houvesse luz? A nossa
redenção aconteceu desde, ou melhor, antes da fundação do mundo.
Desta forma, concluímos que a criação procedeu da redenção.
E para tornar a criação eterna será preciso a morte da temporalidade. Da mesma
forma que para tornar algo temporal foi preciso que algo no eterno morresse. A
morte de algo no eterno pode significar a vida da temporalidade, assim como a
ressurreição do que está morto pode significar a morte da sua temporalidade. Ou
seja, a morte do Cordeiro Eterno deu origem ao Universo temporal antes da fundação
do mesmo. Da mesma forma que a ressurreição do cordeiro-homem representou a
morte da temporalidade do Universo.
Logo, concluímos que, quando o Cordeiro morreu antes da
fundação do mundo, Ele deu lugar ao surgimento do Universo.
Esvaziando-se Ele da sua eternidade e deixando o ser
Homem-Eterno, para se tornar o homem-mortal encarnado em Jesus, o Cristo.
O cordeiro-homem sendo feito pecado por nossa causa, levou
sobre Si todas as enfermidades-pecado do Universo. Desta forma Deus reconciliou
consigo mesmo, por meio de Jesus, o Cristo, todas as coisas criadas.
Mas para que tudo receba o efeito dessa reconciliação, é
necessário que o caminho do Cordeiro seja trilhado de volta, onde o
cordeiro-homem foi morto para dá lugar à ressurreição do que é mortal. Logo,
quando Jesus, o Cristo, morreu na cruz, Ele estava matando o pecado. E
quando Ele ressuscitou, estava matando a temporalidade e tornando eterna a Sua
criação, feita nEle, por Ele e para Ele.
Desta forma, entendemos que a morte é vida e a vida é morte.
Logo, para se receber a reconciliação de Deus é necessário receber por fé a
morte do Cordeiro imolado, como Deus-Eterno e Criador de todas as coisas e
receber por fé também a morte do cordeiro-homem como morte do pecado e como
ressurreição para a vida eterna.
Somente aqueles que não aceitarem esse processo de
morte-e-vida e vida-e morte é que de fato, pelo seu livre arbítrio, morrerão
eternamente para Deus, porque recusaram o único caminho propiciatório para a
Vida-Eterna e reconciliada com Deus.
Agora, uma vez manifesto o Mistério de Deus (O Cristo),
oculto desde os Tempos Eternos, Deus pode ser conhecido por nós como o Único
Criador e Redentor da sua criação, não havendo outro deus ou outro redentor, a
não ser Jesus, o Cristo-Eterno.
Desta forma, Deus nos elegeu Nele, eterna manifestação do Seu
Ser, o qual é Senhor e Criador de todas as coisas, Redentor e Rei de Justiça
Eterna, cujo Amor Eterno permitiu a nossa existência temporal e eterna com Ele,
em Amor, para estarmos para sempre com Ele, desde que seja essa a nossa escolha
em Graça.
Deus a tudo criou sob o signo do Cordeiro e de Sua Cruz. A
criação acontece no ambiente da graça, da redenção, do perdão.
O Cordeiro Eterno foi imolado antes que houvesse Universo! O
Cordeiro não foi imolado por razão existente. Ele foi imolado para, do nada,
haver existência! A criação surgiu a partir do sacrifício do cordeiro.
Antes de existir Moisés e a lei, antes de existir Israel,
antes de existir Adão e Eva, antes de existir os anjos, antes de existir o
diabo, antes de existir seja o que for. Deus morre a fim de criar a vida. Assim
sendo, é antes da fundação do mundo que nascem todos os mundos e todas as
formas de existência, as quais são criadas pela Vida de Deus, e com liberdade
de evoluir, crescer, se adaptar, procriar, ser eliminado...E isto por bilhões
de anos, conforme nossas medições precárias de tempo.
O que se vê no Jesus histórico, que morre numa cruz, nada
mais é da manifestação histórica no nosso tempo, no nosso mundo de algo que aconteceu
na eternidade quando não havia ninguém. É por isso que Deus abriu o
precedente da queda. Se existe possibilidade de alguém errar e o relacionamento
com Deus é escolha, liberdade de escolha, só poderia ser provido a liberdade de
escolha, se essa escolha sendo feita de uma maneira equivocada pudesse de
alguma forma restabelecido um caminho: crucificação, sacrifício, cruz de
Cristo, cordeiro imolado antes da fundação do mundo. Aquilo que aconteceu na
história, aconteceu na eternidade. Num tempo específico resolve por seu plano
de redenção em ação, ou seja, na plenitude dos tempos revela Cristo, revelação
metafísica de Deus que é Cristo em Jesus, a expressão exata da divindade!
Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo,
não imputando aos homens as suas transgressões.
O Calvário é a consumação histórica do que já tinha sido
feito. “Está consumado!” O Calvário é o lugar onde o mundo testemunhou a graça
de Deus sobre todo o homem.
É aqui no planeta terra aonde a escolha da morte foi
realizada por esses seres desprezivelmente divinos que somos nós, que Deus
resolveu historificar a morte do cordeiro antes da criação de todas as coisas,
incluindo o espaço-tempo. Porque o cordeiro foi morto antes de haver
qualquer dimensão. Foi para poder haver dimensão, foi para poder
salvar do nada. Ele deu a vida para tirar do nada.
O primeiro ato de redenção é esse. É salvar o que não é e
será do nada para ser. Do nada para a vida.
Porque o nada é mais do que a morte, porque um dia de novo a
morte será dissolvida do nada. A redenção é anterior à criação. A redenção
produz a criação.
O cordeiro foi morto antes da fundação do mundo, antes da
criação de qualquer dimensão para que tudo fosse criado e no espaço-tempo, na
plenitude dos tempos, na plenitude do espaço-tempo, na gravidez da história. O
homem se jacta do que não é e fica sempre achando que a plenitude das coisas
acontece conosco, quando na realidade a plenitude da história foi a gravidez
dela em Cristo. Foi quando a história ficou grávida de Deus, aí foi a
plenitude dos tempos.
Nada mais significativo do que você imaginar que uma
categoria universal foi invadida, penetrada, habitada, residida pelo criador de
todas as coisas num mistério impossível, porque Ele não cabe em tudo que Ele
criou e coube relacionalmente com a criatura humana. Só porque a eternidade
habita o coração do homem, só porque o homem que ocupa tempo-espaço é uma
síntese de finito-infinito, ele é um portal de eternidade.
O sacrifício do Supremo, humilhação suprema é na dimensão
mais fugaz que Deus faz, para se tornar servo de tudo e de todos e dar a sua
vida pela criação. Ele se encarna na mais desgraçadamente ínfima das dimensões,
do espaço-tempo, da mortalidade escolhida pelos seres ambíguos que carregam
eternidade e morte em si mesmos. Aí vem Ele e se encarna para fazer toda a Sua
vontade, para deixar perplexos os principados e potestades, sendo rico se fez
pobre por amor de nós para que pela Sua pobreza nos tornássemos ricos, Nele.
O evangelho não se reduz à crucificação. A crucificação é uma
ceia histórica do Cordeiro.
A crucificação é um movimento litúrgico do cordeiro na
história, porque o cordeiro de Deus, o verdadeiro cordeiro, derramou seu sangue
antes que houvesse sangue, mostrando que a linguagem do sangue é só uma
linguagem humana, não é uma linguagem da representação original. A linguagem do
sangue é só uma linguagem simbólica da vida.
O cordeiro é um outro arquétipo humano (linguagem, forma e
expressões). Quando se diz que o cordeiro derramou, deu a sua vida antes da
fundação do mundo por todas as coisas, não é porque antes de Deus criar a luz
Ele criou o sangue.
Quando se fala de sangue está se falando de vida, quando se
está falando de vida está se falando de algo que nenhum de nós tem linguagem
para descrever.
Quando se diz que antes de haver crucificação, há 2.000 anos,
comparado com os 14,3 bilhões do universo, se diz que antes de haver história,
antes de haver tudo, o cordeiro é um arquétipo humano para designar o
indesignável, deu a sua vida, se entregou para criar todas as coisas.
Não é possível gerar vida sem dar a vida. Não se transfere
vida, sem dar. Nós somos salvos pela doação da vida de Deus!
Graça é favor imerecido, é dádiva de Deus, é amor de Deus, é
suplemento de Deus, é perdão de Deus, tudo isso; a cruz é apenas a simbolização.
Nós fomos perdoados antes de haver mundo, sem uma única gota
de sangue ter sido ainda derramada na história que só veio acontecer no tempo
que aconteceu, há 2.000 anos, mas o perdão já estava garantido antes de se
criar uma célula de sangue, antes de haver mundo, antes de haver ar, antes de
haver qualquer coisa.
Jesus, o Cordeiro da Cruz, como sendo também o Cordeiro
Imolado antes de qualquer coisa ter sido criada. Eles creram que o destino dos
que amam ao Cordeiro é compartilhar da glória Dele antes de haver mundo. Mas a
glória, toda glória, mesmo na eternidade, sempre é precedida pelo padecimento.
Importou que o Cristo antes padecesse, e só depois entrasse em Sua glória,
tanto na História, como também antes de haver Tempo e História, quando o
Cordeiro se entregou em sacrifício antes de qualquer criatura ter sido criada.
A morte de Jesus não foi um acidente, foi o cumprimento da
agenda de Deus. Estava decretada mesmo antes da fundação do mundo (Ap 13.8).
O Calvário não foi a providência de Deus para a queda. Antes,
a queda deu-se como parte do projeto de Deus para o Calvário. Ou seja, Deus não
projetou o Calvário por causa da queda; Deus projetou a queda por causa do
Calvário. Não foi a queda que deu origem ao Calvário. Foi o Calvário que deu
origem à queda. No plano de Deus, Cristo foi crucificado antes da fundação do
mundo e portanto, antes da queda de Adão e Eva. Assim, o Calvário não foi em
função da queda; pelo contrário, a queda foi em função do Calvário. Por isso
podemos dizer que o Calvário é o motor da história.
Jesus é o Cordeiro santo de Deus, o Cordeiro que tira o
pecado do mundo. Ele veio ao mundo para morrer e morrer pelos nossos pecados. Sua
morte não foi um acidente, mas uma agenda.
Embora Sua morte no Calvário tenha sido há 2.000 anos, nos
decretos de Deus, esse fato já havia sido determinado antes da fundação do
mundo. Nossa salvação foi uma iniciativa divina, cuja origem recua aos tempos
eternos. Quando Deus planejou nossa salvação não havia ainda nem céu nem
terra. As estrelas ainda não brilhavam no firmamento, nem o sol dava a sua
claridade.
Antes mesmo do princípio, no recôndito da eternidade, Deus já
havia colocado o seu coração em nós e determinado que Jesus, o Cordeiro eterno,
seria morto em nosso lugar, em nosso favor.
A cruz de Cristo não foi um sinal de derrota, mas de triunfo.
Jesus não morreu como um mártir, mas como Redentor. Ele não foi à cruz como uma
vítima indefesa nas mãos de seus algozes; Ele morreu voluntariamente.
Ele se entregou por você e por mim, e isso, desde a
eternidade. Ele glorificou o Pai em Sua morte e conquistou para nós eterna
redenção. A nossa salvação não foi uma decisão de última hora. Foi planejada
na eternidade, executada na história e será consumada no último dia. Você
já recebeu essa tão grande salvação?
Ele tira o pecado mundo, vivemos em paz, seguro, pois, Jesus
é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele tira o pecado o tempo
todo. Não andamos em pecado; andamos sem pecado; andamos sob a graça; andamos
sob a cruz; justificados; desassombrados. Um poder extraordinário, que a
ciência não dá, nem a astronomia, nem a genética, nem a psicologia, nem a
matemática, nem o dinheiro, nada, nada! Quando cremos e tomamos posse - Caio
Fábio - (https://youtu.be/Np8J55s9oYU).
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