No Jardim do Éden a Vida era abundante. Dele, saia um rio para regar o jardim. Entre as flores, relvas e árvores frutíferas, o rio fluía com suas águas purificadoras, vivificantes, restauradoras, sinal da presença do Espírito de Deus. Era a presença provedora de Deus. Suas provisões não se esgotavam.
O rio translúcido da água da vida, claro como cristal, fluía do centro do trono de Deus e do Cordeiro, e o Sumo Pastor guiava nossos primeiros pais às fontes dessas águas vivas. Eram torrentes de águas purificadoras que nasciam e saiam do templo de Deus, da morada de Deus.
Um dia, essa corrente de águas vivas, esse fio de prata, se rompeu. Despedaçou-se o copo de ouro, o cântaro se quebrou junto à fonte e, portanto, não podia mais conter água, isto é, a vida; a roda se desfez junto ao poço, de modo que a água já não podia mais ser puxada. Interrompeu-se a corrente das águas.
Então, o homem, criação de Deus, formado à Sua imagem e semelhança, voltou ao pó, de onde veio, e o seu espírito voltou para Deus, que o deu. Era a morte, rompendo o fio de prata que o conectava ao seu Criador!
Passaram-se milhares de anos e houve a redenção. Doravante, do seu interior volta a fluir os rios de água viva. Quem crer em Jesus, o Filho de Deus, quem o recebe e o aceita como Senhor e Salvador, torna-se Templo do Espírito Santo, que se faz dentro dele, uma fonte de águas, enchendo-o de amor, graça e verdade.
Jesus é a fonte de água viva, e a água que Ele dá, se torna em nós, uma fonte de águas a jorrar para a vida eterna. Verdadeiramente, esse rio de águas vivas que fluem do nosso interior, representa a vida que o Espírito Santo nos deu. São as correntes de águas vivas. A nossa vida está conectada, sustentada por essa corrente de águas, esse fio de prata.
Esse fio pode se romper a qualquer momento. Todos nós estamos presos por ele; e se o fio se romper e não estivermos nas mãos de Deus... pode ser tarde demais para nos arrependermos.
Daí, que o maior problema não é o fio se romper, as águas cessarem, porque mais cedo ou mais tarde todos teremos que enfrentar a morte; o problema é: quando esse fio se romper como nós estaremos? Para onde irá a nossa alma? Pense nisso!
Devemos entender que prazer e recreação rimam com responsabilidade. Devemos reconhecer a vida como um precioso presente que deve ser desfrutado sabiamente, e não desperdiçado de maneira frívola. Devemos lembrar de nosso criador todos os dias de nossa vida. E temê-lo!
“Antes que se rompa o fio de prata e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu” (Ecl. 12.1,6,7).
A expressão “a vida por um fio” se refere à fragilidade que a vida tem e a brevidade com que ela acontece. Sim, isso é verdade.
A Bíblia nos diz que todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade. Lembrando que vaidade, neste caso, significa algo efêmero e passageiro. A nossa existência é como um sopro, como uma neblina que aparece pela manhã e à tarde se dissipa. Somos como um breve pensamento. Além disso, somos cercados de situações e circunstâncias ameaçadoras que podem, em um piscar de olhos, paralisar o nosso coração, cortar a nossa respiração, fazer adoecer o nosso corpo e nos jogar em um leito de hospital.
Muitos de nós, nem sabem, tem sua vida suspensa como um delicado fio de prata, que, ao se romper, causa a falência do coração, o copo de ouro. Mesmo diante da fonte, mesmo com celeiros cheios, não tem meios de usufruir dele, e a roda junto ao poço, a engrenagem da vida também se despedaça e o pó volta ao pó.
A vida está por um fio e ela pode ser ceifada por uma bala perdida, por um ataque terrorista, por uma tragédia natural ou provocada pela negligência humana. A vida pode ser rompida por uma picada de um mosquito, por um vírus, por um acidente de carro, por um atropelamento na esquina ou por um mal súbito sem explicação. Como diz o filósofo Ralph Emerson, um rato é um milagre suficiente para tontear septilhões de infiéis.
A vida pode ser cortada na velhice, na mocidade, na infância ou no ventre materno. Não há previsão segura e não há uma garantia sequer. A vida por um fio não escolhe idade e nem classe social. Somos todos nós alvos de seu possível rompimento a qualquer hora e em qualquer lugar.
Na verdade, todos nós precisamos de Deus e da segurança que Ele oferece. Não se trata de escapismo ou de uma fuga da realidade. Quem confia em Deus não se aliena e nem se deixa abraçar pela inconsequência.
Quem confia verdadeiramente no Senhor entende que as mazelas da vida precisam ser combatidas, que o nível de segurança precisa ser aumentado, que os riscos precisam ser diminuídos e que as responsabilidades precisam ser assumidas.
Quem confia em Deus sabe também que, apesar de todo o cuidado, a vida pode se romper a qualquer hora e, por confiar assim, ele não se desespera. Deus é aquele que nos segura pela Sua mão direita, nos guia pelo Seu conselho e por fim nos recebe na glória.
Ainda que a vida esteja por um fio, a mão de Deus não está. Ainda que o mundo seja ameaçador, o Senhor pode nos acolher.
Ainda que os perigos à nossa volta sejam assustadores e falem de fragilidade, o nosso Deus, em Cristo Jesus, nos oferece alívio, segurança e proteção. Digo isso porque é muito mais desolador viver sem paz no coração do que viver sem nenhuma ameaça externa, seja ela de que espécie for, mas viver a vida por um fio sem esperança e sem fé. É triste sentir que o “fio” pode se romper na alma antes de se romper no corpo. Isso acontece quando o desespero toma conta, quando a ansiedade prevalece, quando o medo é ditador mandante. Por tudo isso e muito mais é melhor entregar a vida para Deus desde já e confiar em sua providência.
Talvez esta lembrança caiba principalmente para aqueles que vivem na flor da idade e acham que podem viver “como se não houvesse o amanhã”. Estes são aqueles que frequentemente não enxergam a vida por um fio.
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