terça-feira, 12 de novembro de 2013

Veneno de Áspide

O que nos envenena? Quantas substâncias nós ingerimos atualmente, que provocam envenenamento lento no nosso organismo? Temos muitas informações de nutricionistas e outras autoridades no assunto que nos alertam sobre a alimentação moderna, industrializada, cujos componentes para a sua conservação são extremamente prejudiciais à nossa saúde. Os refrigerantes, as baboseiras que a criançada adora, e os adultos também, porque são gostosas mesmo, vão aos poucos nos trazendo danos e nos levando a uma série de doenças, chamadas modernas, que são tão antigas como o homem, mas que agora se manifestam em verdadeiras epidemias. Deve ser algum recurso que a natureza está usando, o mundo está super lotado! Carece de ser esvaziado, pelo menos em uma parte, e o mais fraco sempre é o que padece...
Ele, o mundo, mudou. A pressa, a correria do dia a dia, o tempo escasso para o preparo de uma refeição saudável, e as urgências substituíram o importante. Tudo o que compramos pronto é mais rápido e nem damos importância ao fato que pode não ser tão bom quanto aparenta. A vida não para e não podemos deixar de acompanhar o ritmo do mundo.
Nem sei o nome de tantas substâncias nocivas. Penso que nem somos informados de quantas existem e nem o alcance do prejuízo que causam. Nem resolveria muito saber.
Somos modernos, coisa mais antiga é perder tempo com esses detalhes. A grande maioria das mulheres detesta cozinhar, e ficar em casa cuidando do bem estar da família é coisa da vovó. A mídia colabora, e nem sempre o marido dá uma “mãozinha” para amenizar o problema. Muitas precisam verdadeiramente ajudar, outras sustentam sozinhas suas famílias, não tem escolha. Então, o mais fácil acaba sendo a solução. Viva
A salsicha, a batata frita, o suco industrializado, o refrigerante. Que saudades de um bom prato de arroz e feijão!

Tais venenos prejudicam o corpo. Existem outros que corroem a alma. Aqueles provocam doenças físicas, esses, piores, prejudicam a alma e o corpo, porque veneno é veneno sempre. O seu efeito é devastador. Alastra-se como erva daninha e, como tal, contamina o
que encontra pela frente. Se não for arrancado logo, toma conta do terreno e destrói o solo, não deixa nutrientes suficientes para que coisas saudáveis sejam cultivadas. Nesse processo todo, envenena primeiro quem o plantou.
Quem o cultiva se apega a ele, e se o trata com tanto cuidado, é porque gosta, ou está tão acostumado que fica todo impregnado, e nem sempre deseja se separar do que também lhe serve de alimento. Quem o alimenta, também é alimentado por ele. É o combustível da vida. Veneno cultiva o ódio, a inveja, a maldade deliberada, ou é a soma de todos esses males que aumenta a quantidade de veneno? A indiferença é tão danosa para a saúde quanto os demais. Aquele que vira as costas e diz que não dá mais importância ao veneno,

é tão prejudicado quanto o que chora por ele, senão mais. Esse não experimenta o antídoto. Bato sempre nessa tecla: veneno não se descarta facilmente. Como o alimento industrializado, que não conseguimos afastar da vida moderna, o veneno da alma pode ser disfarçado por outros nomes, mas quando enraíza e se estabelece na vida de quem o acolhe e alimenta, se torna quase que indestrutível. E que poder ele tem! Contamina tudo o que toca e busca cada vez mais com quem possa ser compartilhado. Usa de artimanhas, manipula, disfarça sentimentos, e cúmplices não lhe faltam. Como se realiza quando consegue atingir seus objetivos!

Sonia Benetton

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