Logo aquilo que é, em si mesmo, mais precioso e alcançável pela criação é o fim supremo de Deus na criação. Tudo que é, em si mesmo, mais precioso e o era originalmente, antes da criação do mundo, e tudo que é alcançável por meio da criação, sendo também, de algum modo, superior em valor a todas as outras coisas, isso deve ser digno de ser o fim supremo de Deus na criação; deve, igualmente, ser digno de ser seu fim transcendente.
A retidão moral de Deus consiste em ELE ESTIMAR o que é mais precioso, ou seja, ELE PRÓPRIO.Se o próprio Deus é, em qualquer sentido, devidamente passível de ser o seu fim na criação do mundo, é razoável supor que ele considera a reverência a si mesmo como o fim último e transcendente de suas obras, pois ele é digno em si mesmo de ser esse fim, uma vez que é infinitamente o maior e melhor de todos os seres. Todo o restante, no tocante a dignidade, importância e excelência, não é absolutamente nada em comparação a ele. E, portanto, se Deus demonstra a sua reverência pelas coisas segundo a sua natureza e suas proporções, deve ter a maior reverência possível por si mesmo. Seria contrário à perfeição de sua natureza, à sua sabedoria, à sua santidade e retidão perfeita, segundo as quais ele é inclinado a fazer tudo o que é mais correto, supor algo diferente.Uma parte considerável da retidão moral de Deus, pela qual ele é inclinado a tudo o que é correto, adequado e amável (isto é, agradável, admirável) em si mesmo, consiste em ele ter a mais elevada deferência por aquilo que é, em si mesmo, superior e melhor. A retidão de Deus deve constituir uma devida reverência por aquilo que é objeto de respeito moral, ou seja, pelos seres inteligentes capazes de atos e relacionamentos morais. E, portanto, deve consistir, acima de tudo, em reverenciar apropriadamente o Ser ao qual essa reverência é devida, pois Deus é infinitamente mais digno de ser reverenciado. A dignidade de outros não é nada em comparação com a dignidade dele; a ele pertence toda reverência possível. A ele pertence toda a reverência de que qualquer ser Inteligente é capaz. A ele pertence Todo o coração. Logo, se a retidão moral do coração consiste em reverenciar sinceramente aquilo que é devido, ou que assim o requer por força de seu merecimento e propriedade, esse merecimento requer que se preste deferência infinitamente maior a Deus, e a negação dessa deferência pode ser considerada uma conduta infinitamente imprópria. Segue-se, portanto, que a retidão moral da disposição, inclinação ou afeição de Deus consiste SOBRETUDO numa deferência POR SI MESMO infinitamente superior à sua deferência por todos os outros seres; em outras palavras, é nisso que consiste a sua santidade.
Jonathan Edwards
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