domingo, 2 de fevereiro de 2020

Carros de Ferro



Pela sua rebeldia contra o Senhor, Israel estava sob opressão de Jabim, rei de Hazor, território de Canaã. Sísera era o comandante do exército de Jabim e tinha a sua disposição novecentos carros de ferro, o que dava aos cananeus grande mobilidade e superioridade bélica. Isto facilitava a dominação.

Débora, salvadora do povo, é a única mulher no grupo dos juízes. Era uma mulher casada, embora não se fale do seu marido (casada com Lapidote. Jz. 4:4); também era profetisa. Parece que neste período os homens tiveram um papel apagado, já que nem mesmo Baraque, comandante do exército de Israel, recebe méritos pela vitória. Ele se nega a subir à batalha se Débora não for com os dez mil homens. Aliás, dez mil homens na frente do exército de Sísera era um número bem insignificante. Além do mais, os cananeus tinham os temidos carros de ferro.

Jael, mulher de Heber, queneu, era uma mulher nômade, acostumada a montar e desmontar sua tenda, já que isto era tarefa das mulheres, portanto, tinha um bom manejo ao bater uma marreta numa estaca (Jz. 5:26).

Nos dias de batalha choveu muito. Baal, deus dos cananeus, era conhecido como o deus das tempestades. Mas o Deus de Israel também tem este título (Sl. 18:9-15). Providencialmente a tempestade favoreceu a Israel, já que os carros de ferro não andavam bem na lama. Além do mais. O ribeiro de Quisom encheu, reduzindo o espaço para as manobras dos carros. A enchente os arrastou (Jz. 5:2-12). Como não havia como fugir nos carros, muitos desertavam a pé, como foi o caso de Sísera.

Quando empreende fuga, Sísera encontra a tenda de Jael; contente por encontrar abrigo, após uma refeição, exausto, adormece. Sísera não sabia, mas a mulher que o abrigara pertencia a uma tribo que mantinha laços fortes com os israelitas, e, portanto, estava na tenda de um inimigo. A eficiência com que Jael crava a estaca na têmpora do homem vem de longos anos de experiência. Ela não precisou fazer muito esforço.

Podemos afirmar, como Débora, que Deus lutou por Israel (Jz.5:13). Comecemos falando do pequeno número de soldados israelitas. Fora a inferioridade numérica, havia a inferioridade bélica; os cananeus tinham os carros de ferro que tanto medo causavam a Israel. Israel não tinha como vencer a batalha confiando apenas nos seus combatentes. 

A tempestade não foi, então, uma coincidência, mas uma providência. Não era tempo de chuvas, por isso Sísera mobiliza as carruagens para a área ao longo do ribeiro de Quisom, onde sobrava espaço para alinhá-las. Deus mandou a chuva. As rodas dos equipamentos atolavam na lama das planícies. Isto impossibilitava aos cananeus de tirar vantagem de seu maior trunfo. Na lama, carro de ferro é problema, não solução. A lentidão dos veículos era tal que se dava preferência a fugir a pé.

O ribeiro de Quisom enche com o temporal e muitos cananeus a bordo dos carros têm sua sepultura debaixo das águas, à semelhança do exército de Faraó. De fato, o Senhor faz seu caminho na tempestade.

O líder do exército de Jabim encontra a morte pelas mãos de uma mulher e não de um guerreiro. Jael não armou coincidentemente sua tenda naquele caminho (Jz.5:24-26).

Débora reconhece a intervenção de Deus. Por isso convoca a que se louve ao Senhor. À semelhança do povo de Israel, às vezes tememos os “carros de ferro” do inimigo. Carro de ferro, neste sentido, pode representar algo aparentemente invencível, que nos desestimule até mesmo a tentar lutar. Baraque atendeu ao desafio de Débora com certa reserva. Talvez pensado nos carros de ferro. Porém Deus é quem peleja pelos que tem fé. Logo os milhares de ferro que possam nos cercar não serão suficientes para impressionar o nosso Deus. O Senhor tem sempre um meio de enlamear o plano do inimigo. Devemos confiar no Deus que trava as rodas dos carros de ferro.

Outra lição que podemos tirar da história citada é a importância dos instrumentos anônimos de Deus. Pessoas que talvez passem despercebidas do olhar de quem cultua grandes nomes. Jael era apenas uma mulher no meio de tantas outras, de tantas tribos nômades de sua época. Foi considerada “bendita sobre todas as mulheres” por Débora. Deus entregou o inimigo de seu povo nas mãos de alguém que não era uma heroína. Confiemos em Deus que nos dá livramentos e respeitemos as pessoas, Ele poderá usar qualquer uma delas pra nos ajudar. (Izaias Maia).

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