Há uma dor que não tem nome. Um
vazio que não se explica por perdas terrenas. Uma inquietação que persiste
mesmo quando tudo parece estar bem. É como se a alma, em silêncio, clamasse por
algo que não está aqui. Essa dor não é fraqueza — é saudade. Saudade do eterno.
Desde que o Éden foi fechado, o
homem passou a viver com essa ausência. Não apenas da árvore da vida, mas da
presença plena de Deus. E mesmo que o mundo ofereça distrações, conquistas,
prazeres e promessas, nada preenche o espaço deixado pela comunhão perdida.
“Ele fez tudo apropriado ao
seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade.” —
Eclesiastes 3:11
Esse anseio é o selo do Criador
em nós. É a lembrança espiritual de que fomos feitos para mais. Para além do
tempo, para além da matéria, para além da dor. A saudade do eterno é o que nos
move a buscar, a orar, a esperar. É o que nos faz olhar para o céu e sentir que
há algo — ou Alguém — que nos chama de volta.
Ela se manifesta em momentos
inesperados:
- Na beleza de um pôr do sol que nos faz chorar sem saber por quê.
- Na música que toca fundo, como se viesse de outro mundo.
- Na oração silenciosa que nasce sem palavras, mas com lágrimas.
- No desejo de justiça, de paz, de amor verdadeiro — coisas que este mundo não consegue sustentar por completo.
Essa saudade é espiritual. É o
Espírito Santo nos lembrando que não pertencemos a este mundo. Que somos
peregrinos. Que há um lar. Que há um Pai. Que o Céu não nos esqueceu.
“Pois sabemos que, enquanto
estamos no corpo, estamos ausentes do Senhor.” — 2 Coríntios 5:6
Mas essa ausência não é abandono.
É missão. Deus nos colocou aqui para que, mesmo tateando, o buscássemos.
E cada vez que sentimos essa
saudade, estamos mais perto d’Ele. Porque só sente falta quem já conheceu. E só
deseja voltar quem já pertenceu.
Oração do exilado
“Senhor, há em mim uma saudade
que não se cala. Um desejo que não se sacia. Um vazio que só Tua presença pode
preencher. Que essa saudade me leve a Ti. Que ela me lembre que sou Teu. Que,
mesmo em meio ao exílio, eu caminhe com esperança, sabendo que o Céu não me
esqueceu. Amém.”
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