quarta-feira, 29 de junho de 2022

Antares, a Estrela Vermelha

Conhecida desde tempos imemoriais, Antares fez parte da mitologia de muitas civilizações. Mal sabiam eles que aquele pequeno ponto avermelhado do céu era na verdade uma estrela 700 vezes maior e 10.000 mil vezes mais brilhante que o Sol que eles tanto adoravam. Isso mesmo, nosso sol em relação a Antares não passa de um pequeno grão de areia. Só para efeito de comparação, se Antares fosse posta no lugar do sol, engoliria todos os planetas rochosos, ou seja, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.

A estrela vermelha é uma super gigante de primeira magnitude e sua coloração avermelhada se deve ao fato dela ter uma superfície fria. Exatamente, a cor é uma medida efetiva da temperatura das estrelas. A cor de Antares indica que sua temperatura superficial é de aproximadamente 3.000 graus. A do Sol é de 5.800 graus, e as estrelas mais quentes tem temperaturas efetivas de 40.000 graus Celsius.

Com todos esses impressionantes números e imagens ai em cima você deve estar certo que Antares é de longe a maior estrela do Universo, certo? Errado!

Por mais magnífica que Antares pareça, existe estrelas ainda maiores, na realidade, existem três:

KW Sagitarii (a 9.800 anos-luz), V354 Cephei (a 9.000 anos-luz) e KY Cygni (a 5.200 anos-luz) são super gigantes vermelhas e têm todas cerca de 1.500 vezes o tamanho do Sol, ou cerca de sete Unidades Astronômicas (UA). Se qualquer uma das três fosse colocada no lugar do Sol, não só engolfaria a Terra, mas seu corpo monstruoso seria capaz de se estender até algum ponto entre as órbitas de Júpiter e Saturno.

Unidade Astronômica: Abrevia-se UA (ou AU em inglês). Comprimento equivalente a distância média da Terra ao Sol, ou 149.597,900 Km (cerca de 150 milhões de Km).

A distância de estrelas (a não ser para as mais próximas) em geral são determinadas com muita incerteza. A distância de 520 anos-luz para Antares foi estipulada em 1997 através de medidas de paralaxe obtidas pelo satélite Hipparcos e é o melhor valor disponível na astronomia. Valores mais antigos são bem mais imprecisos.

Deve se ter em mente que mesmo o valor do satélite Hipparcos tem uma incerteza de cerca de 20%, não existem valores exatos, sem margem de erro, para distâncias estrelares desta ordem.

O ano luz é a distância percorrida pela luz no espaço vazio em um ano. Considerando que a velocidade da luz no vácuo é da ordem de 299.792,6 km/s e que em um ano existem 365 dias, basta multiplicar estas duas grandezas para verificar que um ano-luz corresponde a cerca de 9,46 trilhões de quilômetros.

Antares faz parte de um sistema binário. Isso significa que ela divide sua região com uma outra estrela. Sua companheira é muito mais fraca, invisível a olho nu, e de cor branco-azulada.

Pouco se conhece sobre ela, no entanto sabe-se que é uma estrela anã do tipo espectral B3, e que sua massa é ao redor de 8 vezes a do Sol.

Como tudo, as estrelas nascem, crescem e morrem. E para o azar de Antares, ela já está em suas últimas. Isso não significa que ela pode apagar a qualquer momento, pode ter certeza que seus tataranetos ainda vão poder observá-la no céu. Mas o fato é que Antares já está ai há muito tempo, provavelmente cerca de 7 bilhões de anos. Como sabemos disso? Porque Antares já atingiu seu estágio de Super Nova, o estágio final de qualquer estrela, quando seu núcleo fica tão denso que começa se contrair, aumentando ainda mais a temperatura e provocando a expansão em suas camadas exteriores.

Hoje Antares está em seu esplendor, mas daqui alguns milhares de anos ela começará a se contrair e à diminuir gradativamente, perdendo cada vez mais seu brilho, até chegar ao ponto em que não mais imitira luz, e em vez disso, começara a devorar todo que esteja em seu caminho. Esse colapso gravitacional é conhecido como “Buraco Negro”.

As estrelas com maior massa, o caso de Antares, em seu último suspiro, atingem um grau de contração no núcleo que fazem a aceleração na gravidade se tornar infinita. Nesta situação, a velocidade de escape se torna igual á da luz, fazendo com que nada consiga escapar no seu campo gravitacional, nem mesmo a luz.

Os Buracos Negros são um mistério para a ciência e, de acordo com a Teoria da Relatividade, são uma curvatura no espaço-tempo causada pela presença de massa muito concentrada.

De todas as 88 constelações Escorpião é uma das que mais se destaca. Notável por sua extensão, forma e riqueza em objetos interessantes à observação, Scorpius (nome latino) sempre surpreendeu aqueles que se dedicaram à astronomia nos últimos milhares de anos.

O padrão é inconfundível: o animal medonho disposto no céu, “caminhando” lentamente pela noite, parece superar a condição de mera constelação (a palavra “constelação” etimologicamente significa “estado do céu”) sugerindo uma entidade real locomovendo-se furtivamente entre as estrelas, com suas pinças e ferrão prontos para atingir alguma vítima.

A constelação de Escorpião foi identificada como tal tanto pelos gregos quanto pelos egípcios e persas. A origem egípcia remete às secas que devastavam a região do Nilo, já que nessa época o Sol passava por essa constelação. Já a mitologia grega tem outra explicação para a constelação. O escorpião foi o animal enviado por Ártemis (deusa da caça de acordo com a mitologia, embora ela também seja associada ao parto e à Lua. Artémis pode ser considerada a versão feminina de Apolo, seu irmão gêmeo) para matar Órion. Diz à lenda que Ártemis, fria e vingativa, sentia-se prejudicada nas suas atividades de caça pelo gigante caçador Órion. Uma variante do mito afirma que o escorpião nunca chegou a matar Órion – de fato, se observarmos o céu nessa época do ano veremos que a constelação de Órion se põe enquanto que as estrelas de Escorpião nascem no outro lado da abóbada celeste.

Antares é a estrela Alfa do Escorpião, isto é, é a mais brilhante desta constelação. Por isso é a estrela principal deste agrupamento e parece que procura representar o coração daquele animal, dada a sua posição na figura, e também por possuir uma cor avermelhada. Seu nome veio dos gregos antigos que achavam que ela era rival de Ares (Anti – Ares), deus da guerra. Ares nada mais é que o planeta Marte, que visto da terra parece uma estrela, e que junto com Antares são os dois objetos mais avermelhados do céu noturno. Daí o motivo da rivalidade.

Antares também era considerada uma das “guardiãs” do céu segundo os persas. Marte na mitologia romana, junto a Regulus, Aldebaran e Fomalhault forma o quarteto de estrelas reais dos antigos. Desde tempos imemoriais, o planeta vermelho é o regente do signo de escorpião. (Pedro Sirna).

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