sábado, 18 de junho de 2022

Não Somos Deste Mundo

Restituição significa receber de volta tudo que se perdeu, desfrutar novamente das bênçãos perdidas. Normalmente, temos saudades daquilo que um dia experimentamos em nossa vida, e não das coisas que não vivemos ou não tivemos experiência. Por exemplo: não tenho saudades da minha viagem a Austrália porque nunca estive lá. No entanto, isso não se aplica ao Senhor, pois nunca o vimos face a face, mas queremos sempre conhecê-lo mais e mais intimamente. Há um cântico que diz: “Um vislumbre da tua glória”, isso é, queremos conhecer mais de Deus, nos deleitar Nele, viver cada vez mais intensamente a vontade dEle.

No Salmo 51 temos uma oração de Davi que diz assim: “Senhor, restitui-me a alegria da salvação”. Ele não pediu a restituição da salvação, mas da alegria da salvação. Um filho nunca deixará de ser filho, mas ele pode perder a comunhão com o pai. A alegria da salvação é essa conexão, é o prazer; a alegria está em se deleitar em Deus. Muitos buscam a restituição de coisas materiais. Isso não é pecado, mas o maior patrimônio que temos é a alegria da salvação, a certeza de que temos o nome escrito no Livro da Vida, que fazemos parte do corpo de Cristo. 

E, para vivermos plenamente a alegria da salvação, é preciso que tenhamos uma identidade formada em Cristo Jesus. Se perdermos nossa carteira de identidade, quem a encontrar poderá obter muitas informações a nosso respeito, onde nascemos, o nome do nosso país, nosso nome, quem são nossos pais. No mundo espiritual, algo que não podemos perder é exatamente a nossa identidade. 

A Palavra de Deus diz que somos separados (Jo 17.9). Precisamos vivenciar esse aspecto na nossa identidade, os cristãos não são deste mundo. E o “mundo” a que me refiro não se trata do planeta Terra, mas o sistema das trevas no qual foi envolvida a sociedade.

Em João, capítulo 15, Jesus nos fala intensamente de toda a Sua vontade, de todo o propósito que Ele tem para nós, para que não sejamos de forma alguma contaminados, mas possamos absorver cada Palavra de Deus. A fé cristã não é simplesmente um conjunto de doutrinas, ainda que tenhamos práticas doutrinárias, a fé que nos sustenta baseia-se no relacionamento com Ele. Muitas vezes, as pessoas têm a doutrina certa, mas o relacionamento está errado. Jesus disse: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6.46). A nossa fé também se traduz na prática do relacionamento que temos com Deus (João 15.1-27).

Jo. 15,18-19: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia”. Precisamos viver essa realidade a cada dia. No “mundo”, nesse sistema, existe um padrão, e se a pessoa não está dentro desse padrão, ela sofre as consequências. Se você não tem o status ou os recursos necessários, ou seja, dinheiro, certamente será punido. E se ficar acima do padrão também sofrerá retaliação, será perseguido. 

Os cristãos não são pessoas que têm prazer em sofrer, mas quando guardam no coração que não pertencem a este mundo, estão dentro do sistema, mas o sistema não está dentro deles. O sistema do mundo ensina que o valor está naquilo que se possui. Mas ser cristão significa ter valores completamente diferentes. Jesus disse: “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim”. Ele é o nosso exemplo.

Essa realidade precisa estar clara em nosso coração, a nossa identidade em Cristo Jesus. Estamos nesse sistema, mas não pertencemos a ele. “Somos peregrinos e forasteiros nesta Terra” (1Pe 2.11). O peregrino não está firmado num lugar específico, o coração está no alvo a ser alcançado; para os cristãos, o alvo é Cristo (Pr. Márcio Valadão).

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