Restituição significa receber de volta tudo que se perdeu, desfrutar novamente das bênçãos perdidas. Normalmente, temos saudades daquilo que um dia experimentamos em nossa vida, e não das coisas que não vivemos ou não tivemos experiência. Por exemplo: não tenho saudades da minha viagem a Austrália porque nunca estive lá. No entanto, isso não se aplica ao Senhor, pois nunca o vimos face a face, mas queremos sempre conhecê-lo mais e mais intimamente. Há um cântico que diz: “Um vislumbre da tua glória”, isso é, queremos conhecer mais de Deus, nos deleitar Nele, viver cada vez mais intensamente a vontade dEle.
No Salmo 51 temos uma oração de Davi que diz assim: “Senhor, restitui-me a alegria da salvação”. Ele não pediu a restituição da salvação, mas da alegria da salvação. Um filho nunca deixará de ser filho, mas ele pode perder a comunhão com o pai. A alegria da salvação é essa conexão, é o prazer; a alegria está em se deleitar em Deus. Muitos buscam a restituição de coisas materiais. Isso não é pecado, mas o maior patrimônio que temos é a alegria da salvação, a certeza de que temos o nome escrito no Livro da Vida, que fazemos parte do corpo de Cristo.
E, para vivermos plenamente a alegria da salvação, é preciso que tenhamos uma identidade formada em Cristo Jesus. Se perdermos nossa carteira de identidade, quem a encontrar poderá obter muitas informações a nosso respeito, onde nascemos, o nome do nosso país, nosso nome, quem são nossos pais. No mundo espiritual, algo que não podemos perder é exatamente a nossa identidade.
A Palavra de Deus diz que somos separados (Jo 17.9). Precisamos vivenciar esse aspecto na nossa identidade, os cristãos não são deste mundo. E o “mundo” a que me refiro não se trata do planeta Terra, mas o sistema das trevas no qual foi envolvida a sociedade.
Em João, capítulo 15, Jesus nos fala intensamente de toda a Sua vontade, de todo o propósito que Ele tem para nós, para que não sejamos de forma alguma contaminados, mas possamos absorver cada Palavra de Deus. A fé cristã não é simplesmente um conjunto de doutrinas, ainda que tenhamos práticas doutrinárias, a fé que nos sustenta baseia-se no relacionamento com Ele. Muitas vezes, as pessoas têm a doutrina certa, mas o relacionamento está errado. Jesus disse: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6.46). A nossa fé também se traduz na prática do relacionamento que temos com Deus (João 15.1-27).
Jo. 15,18-19: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia”. Precisamos viver essa realidade a cada dia. No “mundo”, nesse sistema, existe um padrão, e se a pessoa não está dentro desse padrão, ela sofre as consequências. Se você não tem o status ou os recursos necessários, ou seja, dinheiro, certamente será punido. E se ficar acima do padrão também sofrerá retaliação, será perseguido.
Os cristãos não são pessoas que têm prazer em sofrer, mas quando guardam no coração que não pertencem a este mundo, estão dentro do sistema, mas o sistema não está dentro deles. O sistema do mundo ensina que o valor está naquilo que se possui. Mas ser cristão significa ter valores completamente diferentes. Jesus disse: “Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro odiou a mim”. Ele é o nosso exemplo.
Essa realidade precisa estar clara em nosso coração, a nossa identidade em Cristo Jesus. Estamos nesse sistema, mas não pertencemos a ele. “Somos peregrinos e forasteiros nesta Terra” (1Pe 2.11). O peregrino não está firmado num lugar específico, o coração está no alvo a ser alcançado; para os cristãos, o alvo é Cristo (Pr. Márcio Valadão).
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