quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Que o Pó Volte-se ao Ouro!

 

“Como se escureceu o ouro! Como se mudou o ouro puro e bom! Como estão espalhadas as pedras do santuário sobre cada rua! Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro ouro, como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro. Os seus nobres eram mais puros do que a neve, mais brancos do que o leite, mais vermelhos de corpo do que os rubis, e mais polidos do que a safira. Mas agora escureceu-se o seu aspecto mais do que o negrume; não são conhecidos nas ruas; a sua pele se lhes pegou aos ossos, secou-se, tornou-se como um pedaço de madeira (Lm. 5, 1,2,7,8).

O garimpeiro fica peneirando, até encontrar... Encontrar em meio a tanto cascalho e pedras comuns, uma pedra preciosa! Um diamante! Ele trabalha incansavelmente porque sabe que, mesmo se estiver cansado, quando encontra a preciosidade é tomado pela profunda alegria de finalmente tê-la, e isto compensa imensuravelmente todo trabalho empenhado. É intrigante observar que o trabalho atribui certas habilidades aos profissionais, neste caso, o garimpeiro conhece tão bem a pedra preciosa que consegue encontrá-la mesmo se estiver misturada a outras, envolvida pelo lodo do mar, mesmo se for um diamante bruto, porque ele vê além das aparências, vê não somente aquilo que a pedra é, mas também o que ela pode ser se for bem lapidada... E se empenha em fazê-lo.

Deus, o tempo todo trabalha incansavelmente para nos conquistar, se empenha ao máximo em nos encontrar nas vezes que dele nos escondemos. Por que faz tudo isso? Porque sabe o quanto somos valiosos para ele. O mais lindo é que o Senhor nos conhece tão bem a ponto de nos encontrar mesmo se estivermos envolvidos pelo "lodo" do mundo, pelo pecado e por tantas outras coisas que ofuscam o brilho e a beleza de Deus no ser humano. E quando nos deixamos ser encontrados por Ele, Seu coração se enche de profunda alegria por finalmente nos ter em Seu abraço. Tudo isso porque o Senhor vê além das aparências, vê não somente aquilo que nós somos, mas também o que podemos ser se formos bem lapidados... E esse próprio Deus se empenha em fazê-lo! São coisas inexplicáveis do tão grande amor de Deus por nós!

É triste pensar que existem muitas "pedras preciosas" pelo mundo sendo desvalorizadas, escondidas no "lodo", sendo tratadas como pobres pedras comuns, e sendo julgadas por um preço muito baixo, simplesmente por não se deixarem encontrar por aquele que pode lapidá-las como nenhum outro. Ou seja, existem muitas pessoas que se esqueceram do tão grande valor que tem aos olhos de Deus, e se esconderam em meio a tantas coisas que o mundo oferece.

O pecado nos desvaloriza, mas Jesus pagou um preço muito alto por nós: seu precioso sangue, jorrado na cruz do calvário, para nos devolver o valor e para que ninguém queira nos tratar como pedrinhas qualquer, pois o que na verdade somos é filhos amados e valiosos aos olhos de Deus Pai.

Jeremias descrevendo um povo, antes, valioso; agora, vulgar, ordinário, comum. Valiam ouro; passaram a mero barro. Se, nos elementos naturais não se verifica essa alquimia, a transformação de um elemento em outro, no prisma moral, espiritual, ocorre com frequência.

Normalmente usamos outra figura quando queremos denunciar uma transformação radical; sobretudo, no aspecto positivo; dizemos: fulano mudou da água para o vinho. No entanto, aquela fora uma mudança "para baixo"; do ouro para o barro. Embora os evolucionistas pleiteiem uma evolução contínua, estaríamos num processo que ignoramos onde vai chegar, a Bíblia apresenta a criação como obra acabada, em estágio de decrepitude. O homem como caído da posição original, "Imagem e Semelhança" de Deus, descendo célere a ladeira da degeneração.

Quando Deus mostrou num sonho ao rei Nabucodonosor o esboço da saga humana desde então até o reinado de Cristo, figurou com uma estátua que, começou com cabeça de ouro; desceu para prata, bronze, ferro e por fim, barro.

Da criação diz:

"A Terra pranteia, murcha; o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da Terra. A Terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra" (Is. 24,4-6).

Diz mais:

"Sabemos que toda a criação geme; está juntamente com dores de parto até agora. Não só ela, mas, nós que temos as primícias do Espírito também gememos em nós mesmos, esperando a adoção; a saber, a redenção do nosso corpo" (Rm. 8,22-23).

Longe de combinar com um cenário evolutivo, o que vemos denuncia a degeneração; a causa não é nenhum super asteroide ou cometa colidindo com o planeta e ameaçando a vida; antes, os efeitos colaterais do pecado: "A Terra está contaminada por causa dos seus moradores."

Mas, o que faz alguém “áureo” aos olhos divinos, precioso, como ouro?

A primeira decepção que causamos ao Pai foi duvidar de Sua Palavra; isso soou como se o chamássemos de indigno de confiança, mentiroso. O contraponto que Ele deseja a essa blasfêmia é a confiança irrestrita, fé.

Pedro aquilata-a: "...vossa fé, muito mais preciosa que o ouro..." (I Pd. 1,7).

Se, em nossa estrutura ainda somos o velho barro, mediante a fé, nos abrimos a Deus para que assopre outra vez o Seu Espírito, apagando as manchas pretéritas no sangue de Cristo e dando nova vida.

Esse dom excelso é que nos faz valiosos ante Ele; dá-nos porque nos ama; depois, nos aprecia como valiosos pelo que Ele mesmo fez valer.

"Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz foi quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, não, nossa." (II Cor 4,6- 7).

Se o "tesouro" é o Espírito, e o corpo mero vaso de barro, necessária se faz a conclusão que, degenerar alguém do ouro para o barro equivale a deixar de andar em espírito e passar a seguir os anseios da carne. Essa é a tendência do homem natural depois da queda:

"Porque a inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito vida e paz" (Rm. 8,6).

Então, quando o Salvador nos desafia a ajuntar tesouros no céu, outra coisa não significa, senão, que andemos em Espírito.

"De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus" (Rm. 8,12-14).

Por isso, a humanidade emprega todos os meios, lícitos e ilícitos para progredir na aquisição de posses, enquanto, sequer se dá conta da grave indigência no que tange aos valores eternos; escava fundo por barro; despreza o ouro oferecido em Cristo. Vasos podem ser moldados pela mão humana; porém, como Deus não habita em templos feitos por nós, ou deixamos que Ele nos edifique segundo Sua Palavra, ou, o labor será inútil:

"Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam..." (Sl. 127,1).

Se, os coevos de Jeremias, em sua apostasia migraram do ouro para o barro, somos desafiados ao caminho inverso na conversão:

"Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que enriqueças; roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e unjas teus olhos com colírio, para que vejas" (Ap. 3,18).

Se deixe encontrar, e ser lapidado por Deus, o garimpeiro por excelência, pois, para Ele, você sempre teve, e sempre terá um valor.

Sobre de onde viemos, e para onde iremos, a Bíblia diz claramente que o mundo atual, o atual cosmos hostil a Deus, é passageiro:

“Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia” (Ap. 21.1).

Ou seja, haverá novos céus e nova terra. Os elementos se fundirão pelo fogo. Surgirá então um novo e maravilhoso mundo que terá dimensões bem diferentes do que nossa realidade conhecida e imaginável. Sua glória será tão imensa que é comparada com uma cidade que possui portas de pérolas e as mais belas pedras preciosas. Palavras humanas conseguem apenas fazer uma alusão a essa glória.

Sobre a Nova Jerusalém:

“A construção do seu muro era de jaspe, e a cidade de ouro puro, semelhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda a pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda; O quinto, sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista” (Ap. 21,18).

Descrições semelhantes podem ser encontradas na literatura doutrinária do bramanismo, do budismo e do islamismo. O céu é sempre uma região de pedras preciosas. Qual a razão para isso? Os que raciocinam baseados em todas as atividades humanas, dentro de um quadro de referência social e econômica, hão de encontrar respostas deste gênero: as gemas são raríssimas na Terra. Poucos as possuem. Esse tesouro no céu, contém, sem dúvida, grandes verdades.

Poucas coisas do mundo material nos convidam tanto a ascender à esfera superior dos princípios e das ideias, até mesmo a sonhar de olhos abertos, como as estrelas...

Quantas vezes, afastados do corre-corre diário, numa noite com o céu límpido e longe das luzes da cidade, não nos encantamos contemplando o firmamento celeste repleto de estrelas que cintilam misteriosamente?

E quantas vezes não tivemos vontade de apalpá-las, saber do que são feitas, por que reluzem de maneira tão atraente? A ciência define as estrelas como corpos celestes produtores e emissores de energia, com luz própria. A física nos elucida que são compostas de plasma e que, por causa de sua pressão interna, produzem energia por fusão nuclear. Aceitamos a explicação, mas ela não nos contenta. Será que aqueles pontinhos tão fascinantes, que parecem criados para os nossos olhos contemplá-los e nossos dedos tocá-los, se reduzem a uma confusa massa de gás incandescente?

Desde tempos imemoriais, os astrônomos estudaram as estrelas, as agruparam em constelações e lhes deram nome; por elas se guiavam viageiros, navegantes e povos em suas locomoções.

O homem sempre as contemplou, analisou e sonhou com elas…, mas nunca conseguiu transpor as distâncias incomensuráveis que delas nos separam.

Contudo, podemos dizer que Deus não criou estrelas apenas na abóbada celeste, mas também na Terra.

Deu-lhes formas, tamanhos, cores e brilhos os mais variados, e não as pôs a distâncias incalculáveis, mas, pelo contrário, ao alcance da mão, onde podem ser admiradas bem de perto.

Falamos das pedras preciosas…

Ao longo da História, os povos utilizaram diamantes, safiras ou ametistas para prestar homenagem aos seus soberanos. Ao incrustá-las em um cetro, ou em uma coroa, visavam simbolizar a autoridade do governante e manifestar sua riqueza e poder.

O homem tem consumido tempo, energias e dinheiro, em enorme escala, para encontrar, explorar e lapidar essas pedras brilhantes. O homem encontra uma profusão do que o profeta Ezequiel chama de pedras de fogo. Essas coisas têm luz própria, exibem um colorido preternatural e possuem um valor também extraterreno. Os objetos materiais que mais se assemelham a essas fontes de iluminação das visões são as pedras preciosas. Adquirir uma dessas pedras é possuir algo cuja preciosidade está assegurada pelo fato de elas já existirem no céu. Daí essa paixão, de outro modo inexplicável, que o homem possui pelas gemas. As palavras de Sócrates, no Fédon, assumem um valor novo. Existe, diz-nos ele, um mundo ideal, acima e além do mundo material.

Nessa outra terra as cores são muito mais puras e esplendorosas do que cá embaixo [...]. As próprias montanhas, as pedras mesmas, possuem maior brilho e matizes mais belos, por sua nitidez e intensidade.

As pedras preciosas deste nosso mundo, nossas apreciadíssimas cornalinas, nossos jaspes, esmeraldas, e todas as demais, não passam de minúsculos fragmentos dessas pedras das alturas. No céu, não há pedra que não seja preciosa nem exceda em beleza quaisquer de nossas gemas.

As pedras preciosas guardam uma débil semelhança com as luminosas maravilhas entrevistas pelo do profeta. O panorama desse mundo, diz Platão, é uma visão para espectadores bem-aventurados; pois ver as coisas tais como elas são em si mesmas é uma bênção suprema e inexprimível.

O conhecido pastor, Charles Haddon Spurgeon, falou acertadamente sobre a glória celestial:

“As ruas de ouro pouco nos impressionarão e os sons das harpas dos anjos pouco nos alegrarão em comparação ao Rei no meio do trono. É ele quem atrairá para si os nossos olhares e pensamentos, que despertará nosso amor e levará nossos sentimentos santificados ao nível máximo de infindável adoração. Nós veremos Jesus!”

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