quinta-feira, 9 de março de 2017

A Grande Pescaria

“Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago de Genezaré; e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores haviam descido deles, e estavam lavando as redes. Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca. Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes. Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam. Acenaram então aos companheiros que estavam no outro barco, para virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique. Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto se apoderara dele e de todos os que com ele estavam, bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. E, levando eles os barcos para a terra, deixaram tudo e o seguiram. (Lucas 5:1-11)

1 - SEJA FIEL ÀQUILO QUE LHE CONFIADO FAZER

“Os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes”. (v.2) Quantas vezes em suas vidas, aqueles pescadores já tinham realizado esta tarefa? Dezenas, centenas, milhares? Lavar as redes não era uma tarefa muito agradável. Depois de um dia intenso de trabalho, eles poderiam pensar: “Amanhã nós vamos utilizá-la novamente, para que lavá-la hoje? Estamos cansados, com vontade de descansar, deixa essa rede do jeito que está”.
E tem mais uma coisa, as redes não estavam sujas de restos de peixe, mas de outro tipo de sujeira, afinal, eles trabalharam a noite inteira e não apanharam absolutamente nada. Quando você tem sucesso naquilo que faz, ainda vale a pena fazer as tarefas rotineiras, agora, quando você não é bem sucedido, o fardo fica ainda maior. Varrer a loja, colocar os cadeados, apagar as luzes... Fazer estas e outras tarefas quando você não vendeu nada naquele dia é dose! Lavar a louça, passar pano no chão, limpar as janelas, passar o aspirador... quando ninguém reconhece o trabalho doméstico não é nada fácil! Dar a aula que você preparou com todo cuidado, pesquisa, atenção... quando na turma de 40 aparecem apenas 7 alunos, não é muito encorajador.
Aqueles homens tinham pescado a noite inteira, nada de peixe, e ainda tinham que lavar as redes. Contudo, eles foram fiéis a sua rotina de trabalho, e sabe o que foi que aconteceu? Aquelas redes limpas foram o instrumento de Deus para a realização do milagre. Foram elas que (v.6) se romperam devido a quantidade de peixes que eles apanharam.
Sabe o que este texto nos ensina? Seja fiel a sua rotina de trabalho, por mais enfadonha que ela seja, um dia você será recompensado. A Bíblia em vários momentos nos ensina e nos exorta a sermos fiéis àquilo que é nossa responsabilidade fazer. “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças” (Ec. 9:10). Você pode não perceber isto, mas segundo as Escrituras, o nosso trabalho, por menor que seja, está ajudando o nosso Senhor a colocar ordem no caos que se tornou este universo. Nós somos mordomos do Senhor neste mundo caótico.
Era uma tarefa rotineira, chata, enfadonha... mas era preciso se feita! Eles lavaram as redes que serviram como instrumento para o milagre de Jesus.
Tem gente que pensa assim: “No dia em que eu tiver um emprego decente, eu vou trabalhar com vontade”. No Reino de Deus não existe esta de emprego decente. Todos os serviços são dignos!
Certo homem trabalhava abrindo valas de esgoto em São Paulo. Todo dia quando terminava o serviço ele ficava uns 5 minutos olhando para o buraco. Os companheiros corriam para se arrumar e ele ficava lá olhando para a vala que ele abriu. Até que um amigo percebeu e lhe perguntou o que era aquilo. E ele respondeu: “Todo dia quando termino, eu digo a Jesus: “Senhor, pode existir uma vala igual a minha, melhor impossível. Que buraco bem feito este que eu e o Senhor abrimos no dia de hoje”.
No reino de Deus não existem tarefas pequenas e sem valor. Se você é o arquiteto de um prédio gigante ou se você varre a rua onde está este prédio, diante de Deus vocês possuem o mesmo valor. Se você é um megaempresário, ou se você é o porteiro da empresa deste megaempresário, diante de Deus vocês possuem o mesmo valor. John Newton certa vez afirmou que “se dois anjos fossem enviados do céu para executar uma ordem divina, um para dirigir um império e outro para varrer uma rua do mesmo império, nenhum deles sentiria qualquer inclinação para trocar de serviço”.
Lembre-se que Jesus se vestiu como um escravo e fez o serviço de um deles ao lavar os pés dos discípulos. Quem espera ter um “emprego decente” para trabalhar de verdade, na verdade não sabe o que é trabalhar. Diz o texto que Jesus pregou em cima de um barquinho, no meio do mar! Ele não esperou ter um templo com púlpito de acrílico ou de mármore, ar condicionado... Se não podemos fazer tudo o que desejamos, façamos tudo o que podemos! O que foi que Jesus disse ao homem que recebera dois talentos? “Muito bem servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor”.
            Existe um pensamento que diz o seguinte: “Enfrenta o sol e as sombras cairão atrás de ti”. Era uma tarefa rotineira, chata, enfadonha... mas era preciso se feita! Eles lavaram as redes que serviram como instrumento para o milagre de Jesus.
Grandes coisas acontecem quando estamos sendo fiéis a nossa rotina de trabalho. Não podemos menosprezar o dia a dia de nossas vidas. A Bíblia tem vários exemplos de privilégios especiais concedidos a pessoas que trabalhavam. Moisés estava cuidando de ovelha, quando Deus lhe apareceu na sarça ardente. Gideão malhava o trigo, quando um anjo lhe trouxe uma mensagem celestial. Eliseu arava o campo, quando Elias o chamou para tornar-se profeta em seu lugar. Os apóstolos lavavam as suas redes quando elas foram solicitadas para um grande milagre.
2 – Acima da lógica e da coerência humana, está a Palavra de Deus.

“Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado a noite toda, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes”.  (v.5)

Eles tinham pescado a noite inteira e nada! Eles jogaram as redes para todos os lados, e nada! Eles eram pescadores profissionais e sabiam muito bem que, aquele dia, o mar não estava para peixe. Nem um filhotinho, nem um bagre para dar o trabalho de retirá-lo da rede... eles não apanharam nada!
Sabe uma coisa que deixa pescadores irritados? Perguntar o que eles pescaram no dia em que eles nada apanharam. É a mesma coisa que entrevistar jogador derrotado na final de campeonato, que entrevistar político derrotado no final da apuração, que conversar com petroleiro quando o vôo que o traria para casa foi adiado por causa do mau tempo, que conversar com a cozinheira que deixou o prato principal passar do ponto e estragou o jantar. Ficamos irritados quando não conseguimos realizar aquilo que nos dispomos a fazer. Ainda mais quando somos profissionais no assunto. E para piorar a situação, aparece alguém que não é do ramo, que não estudou o que nós estudamos e nos diz o que nós devemos fazer, e oferece conselhos naquilo que somos muito mais gabaritados do que ele. Aí não tem jeito, o sangue ferve mesmo!
Pedro havia pescado a noite inteira... e nada de peixe! Os braços estavam doendo, os olhos ardiam, o pescoço estava dolorido. Tudo o que ele queria era ir para casa descansar. Nesse momento, aparece Jesus e pergunta: “apanharam alguma coisa?” Depois da pergunta ele, diz: “Jogue a rede do lado direito do barco”.
É possível, conquanto não esteja relatado no texto, que Pedro tenha pensado ou quem sabe dito a um amigo: “Se ele deseja usar o barco como púlpito tudo bem, mas como barco de pesca? Esta é a minha área e eu sei que hoje o mar não está prá peixe. Por que ele não fica com a pregação dele e me deixa com a minha pescaria? Posso não saber muitas coisas, mas pescar eu sei!” Contudo, olha o que disse o nosso irmão Pedro: “Mestre, havendo trabalhado a noite toda, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes”.
Que atitude fantástica! Pedro que é tão criticado por suas reações destemperadas e impensadas, aqui ele serve de exemplo. Ele diz: “Senhor, todas as nossas tentativas demonstram que será em vão, mas o Senhor mandou, vamos lá. Toda a nossa experiência no assunto nos mostra que não tem como, no entanto, o Senhor ordenou, então vamos obedecer. Nunca, em todos estes anos de pescaria, ao passar a noite toda pescando e nada apanhando, conseguimos apanhar alguma coisa ao amanhecer, mas “sob a tua palavra lançarei as redes”.
E o que aconteceu naquele instante, era uma cena que Pedro veria repetir-se muitas vezes nos próximos anos nos cemitérios com os mortos, nas encostas de montanhas com os famintos, nas tempestades com os amedrontados, à beira das estradas com os enfermos. Sempre que um arrogante dizia: “Não tem jeito”, Jesus dizia: “Do meu jeito”. Naquele dia, Pedro aprendeu o que Jesus disse ao Jovem Rico: “O que é impossível aos homens, é possível a Deus”.
Sabe o que Pedro aprendeu: Não discuta com a Palavra de Deus! Ela sempre teve e sempre terá a autoridade final em todo assunto que ela se dispôs a revelar. Quando os homens tentam fazer do seu jeito, não tem jeito, mas quando seguem a Palavra de Deus, aquilo que parece ser impossível acontece. Nunca duvide da Palavra de Deus! Mesmo que seja difícil, mesmo que seja improvável, mesmo que seja impossível! Se for Palavra de Deus, vai se realizar!

3 – A falta de fé nos leva a um sofrimento desnecessário.

“Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador”. (v.8)

Quando Jesus iniciou o seu ministério, Ele convocou 12 discípulos, dentre eles estava Pedro. Ao convidar Pedro para andar com Ele, Jesus foi muito claro numa ordem: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”. (Mc.1:17) Em outras palavras, Jesus estava dizendo: “Larga tudo e vem comigo”. Como assim? Pedro tinha uma indústria de pesca! Ele possuía sócios! E além dele, Jesus chamou os sócios, ou seja, a indústria deixaria de existir. Pedro não poderia se dar ao luxo de deixar as coisas por conta dos sócios.
Como assim? Pedro tem família, a sogra mora com ele! Explicar essas coisas prá sogra é complicado. “Como assim Jesus? Como assim largar tudo?”
Este texto de Lucas revela que Pedro fez que foi, mas na verdade não foi. Ele continuou pescando. Uma hora ele estava com Jesus, outra hora ele estava pescando. Até que num belo dia Jesus apareceu bem cedinho no mar onde eles trabalhavam e perguntou: “A pesca foi boa? Apanharam alguma coisa?”. E o Pedro responde: “Não apanhamos absolutamente nada! A noite toda e nada!”. Jesus então lhe diz: “Joga a rede do lado direito do barco”.
Aqui vai um detalhe que ainda não foi mencionado: Eles estavam perto da praia, não estavam mais em alto mar. Pedro então diz o que analisamos a pouco: “Sob tua palavra vamos jogar”. Quando ele puxa as redes, elas estão repletas de peixe! E o que foi que Pedro disse a Jesus? “O Senhor não quer ser o meu sócio?” Não foi isso que Pedro disse a Jesus. Pedro disse: “Afasta-te de mim Senhor, porque eu sou pecador”.
Por que foi que Pedro pronunciou estas palavras? Porque ele entendeu a mensagem de Jesus. Que mensagem era esta?
O mar da Galiléia era famoso pela sua abundância de peixes. Pessoas de diversos lugares vinham a este mar pescar por lazer. Como pode pescadores profissionais passarem a noite toda pescando e não apanharem nada? Onde está o milagre? Não ter peixe onde deveria ter, em alto mar; e ter peixe onde não deveria ter, na beira do mar.
Com este milagre Jesus estava deixando muito claro para Pedro o seguinte: “Você acha que eu não vou sustentar você? Quando eu te chamei para abandonar tudo, eu estava garantindo que lhe daria sustento. Mas você não confiou em mim, não é? Você continuou pescando. Pedro, deixe eu lhe dizer uma coisa: Você é um dos melhores pescadores que existe por aqui. O seu barco, as suas redes, os seus empregados, as suas técnicas, o seu GPS... você tem tudo do melhor, você investiu pesado na sua companhia de pesca. Mas Pedro, preste atenção: quem manda nos peixes sou eu! Se eu não te abençoar, você pode ter o melhor equipamento, os melhores profissionais, que ainda assim, você vai pescar a noite toda e não vai pegar nada! Se eu retirar os peixes, pode vender o barco, negociar as redes e dispensar os empregados. Tudo que você sabe, sem a minha bênção não serve de nada. Pedro, eu controlo os peixes! Você não está me seguindo com medo de não ter sustento? Quem você acha que sempre te sustentou até aqui?”
Foi isso que Pedro percebeu quando disse: “Afasta-te de mim que sou pecador”. Ou seja: “Eu não percebi diante de Quem eu estava”.
A maior fonte dos nossos sofrimentos é a descrença nas promessas divinas. A falta de fé nos leva a um sofrimento desnecessário. Esta é uma lição que todos nós precisamos aprender e estar constantemente relembrando: Confiar que é Deus, e somente Ele, quem nos sustenta.
Quem sustenta a sua vida não é o bom emprego público que você possui, não são os seus negócios que melhoram a cada dia e a cada mês, não são os exercícios, a alimentação saudável, os cuidados com o corpo, não são os seus pais, os seus amigos, os seus conchavos, os seus contatos, os seus contratos... É Deus! Unicamente o Senhor! “Eu controlo os peixes! Eu sou soberano sobre todas as coisas! Eu sou o Senhor Deus Todo-Poderoso que faço todas as coisas do jeito que me agrada fazer! Se eu não te abençoar, você pode ter o melhor equipamento, os melhores profissionais, que ainda assim, você vai pescar a noite toda e não vai pegar nada! Se eu retirar os peixes, pode vender o barco, negociar as redes e dispensar os empregados. Tudo que você sabe, sem a minha bênção não serve de nada!”
            Portanto, lembre-se destes três princípios: Seja fiel àquilo que lhe foi confiado fazer. Acima da lógica e da coerência humana, está a Palavra de Deus. A falta de fé nos leva a um sofrimento desnecessário.  

Pr. David Marcos 
http://www.batistareformada.com.br/mensagens_em_texto/84-a-grande-pescaria

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