domingo, 25 de setembro de 2016

A Igreja da Cocheira


“E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lc 2,7).

Em uma noite estrelada, 24 de setembro de 2016, em uma terra ao pé da montanha, vi-me um pouco assustado, ansioso sem saber como chegar ao meu destino. Era muita escuridão, muito silêncio e muita expectação. De repente, mais que de repente, vi a primeira luz. Era de uma pequena Igreja, onde as pessoas estavam começando a se reunir para a adoração a Deus. Elas eram pessoas simples, do campo, preparadas para o culto. Dirigi-me a elas em busca de informações, não perguntando mais nada, limitando junto com minha esposa e sua amiga, participar daquele culto. Houve coral, leitura da Bíblia, pregador. A surpresa, a emoção e as lágrimas foram mais fortes e me permitiram, ao final, pensar na semelhança com a noite de Jesus em Belém. 

Nosso Senhor veio ao mundo numa manjedoura entre um boi e um burro, para nos ensinar a amar a pobreza e não a riqueza. Para nos ensinar que Ele nos amou tanto que quis sofrer pobreza e morte por nós. Veio a nós numa cocheira, entre um boi e um burro porque fora escrito pelo profeta Isaías: "Conhecerá o boi o seu dono e o burro conhecerá o presépio de seu Senhor” (Is. I, 3). Jesus nasceu numa cocheira de animais porque nela os animais deixam no chão suas imundícies e comem no coxo. Entre um boi e um burro. Símbolo da Igreja.

Jesus nasceu mesmo num lugar humilde, provavelmente numa cocheira, e seu primeiro berço foi uma manjedoura. Por que? Porque não havia lugar para Ele em nenhuma estalagem (Lucas 2:6). Na maioria dos corações das pessoas hoje ainda está escrito "NÃO HÁ VAGA" para Jesus. E no seu? 

Jesus nasceu numa cocheira e foi reverenciado por gente vinda de lugares distantes. O nascimento de Jesus nos corações humanos é um dos grandes e mais belos momentos de nossa história. A manjedoura é um exemplo de simplicidade e humildade. É uma lição para nós humanos, cegos num mundo materialista e de acúmulo. A riqueza reside no coração, não nos palácios.

As cocheiras para os cavalos, têm todas elas, mesmo quando limpas, muita serragem, restos de estrume, algumas moscas e cheiro de urina dos animais. O coxo onde os cavalos comem (coxo=manjedoura) é uma caixa úmida, com restos de ração e também limbo da boca dos animais, por mais que sempre lavem e escovem.

Vemos “presépios” decorativos de natal, todos iluminados, coloridos, com pedras e cristais ornamentais e outros fru-frus, quando na verdade, esta palavra “presépio”, ou “estrebaria”, ou “cavalariça”, ou “curral”, não se refere a outra coisa senão uma cocheira!

Uma cocheira de 2000 anos atrás, numa das regiões mais pobres do mundo, localizada às vizinhanças de um deserto. Uma gestante, sentindo dores de parto, foi instalada numa dessas cocheiras e ali deu à luz a um bebê, que sem nenhuma outra possibilidade, foi embalado em alguns poucos panos limpos e deitado no coxo para que a mãe pudesse descansar por alguns instantes. 

Imagino o cheiro de líquido amniótico misturado ao cheiro de urina dos cavalos… É uma condição inferior ao que se pode chamar de sub-humano…

Mas aquele frágil bebezinho que ali repousava numa dessas cocheiras imundas, com tamanho olor, moscas, calor, serragem, poeira e desconforto, era simplesmente Deus.

Esta Igreja, pobre e humilde, não brilha com sua própria luz, mas com a luz de Cristo! Uma Igreja pobre, que não tem outras riquezas. Sua grande virtude deve ser não brilhar como luz própria, mas brilhar com a luz que vem de seu Esposo.

“Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2 Cor 8,9). 

Pobre, pequeno, nascido em uma cocheira, não representava nenhuma barreira para a aproximação. Ninguém teria receio de chegar a um estábulo. Ele estaria facilmente ao alcance tanto de pobres como de ricos. Identifica-se com a sorte humana na sua condição mais baixa, a morte de cruz. Desceu até nós a fim de restaurar o que o primeiro homem perdera no Paraíso pelo pecado e a rejeição de Deus. É dessa forma que o Homem das Dores Se identifica com o sofrimento humano e reergue a humanidade até a condição de filhos de Deus.
O Pastor Helder Alencar, da cidade de Gonçalves MG. Bairro Lambari, deixou sua vida palaciana, para assistir aos irmãos junto a uma cocheira, com a fundação da Igreja Evangélica Apostólica Coluna de Fogo.

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