Ele morreu, foi sepultado, entretanto, ao terceiro dia ressurgiu. Esse fluxo/trajeto estava nas Suas lições diárias, mas os homens não acreditavam. Após ressuscitar, anda pelos campos, pelas montanhas, pelos vales e aparece a discípulos Seus; Ele quer ensinar aos homens o mistério da sua Presença em toda à parte, onde alguém realize um culto, edifique um altar, ou algum coração aflito chame por Ele, conforme ensinou: “Estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”- Mt 28:20.
Esses quarenta dias são aprendizado necessário para que todos se habituem à idéia de que Ele “está”, ainda quando não apareça. No futuro, aparecerá de outra forma: - “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre” - Jo 14:16.
Nestes dias, Ele quer ensinar na lição viva, na realidade tangível, a interpretação da parábola das virgens prudentes e das virgens loucas. Fiquemos atentos. Ele virá, de um modo visível, quem sabe, daqui a pouco!
O viajante, que se encontra na estrada, pode ser Ele, como aconteceu no caminho de Emaús. O jardineiro, que surpreende alguém chorando à beira de uma tumba, pode ser Ele, como sucedeu a Madalena. O desconhecido, que anda em todas as praias, pode ser Ele, como se verificou junto às águas tranqüilas de Genezaré.
Há corações fechados? Ele pode bater, de um momento para outro.
O seu corpo é de carne, de ossos, de sangue, de nervos, de pele, de cabelo? É; e, no entanto, desaparece como uma neblina luminosa. Se assim é esse corpo, quem pode dizer que Ele não “está”?
Na hora em que o mal é perpetrado, poderá o pecador afirmar que Ele não o vê?
E quando o Bem se pratica às ocultas, tão às escondidas como um crime, a alma humana não sente que um olhar a contempla?
Os que choram, no isolamento de alguma grande mágoa, poderão acaso pensar que estão realmente sozinhos? Ou que apenas Deus, onisciente e onipresente, os vê? Não percebem que sobre eles de debruça um misterioso calor humano, a consolação infinita do amigo, que não faltará em todos os instantes?
Esse amigo é, simultaneamente, a presença divina e a presença humana; a face de Deus e o testemunho de Cristo.
Se acreditamos nestas verdades e obedecemos a sua Palavra, anunciando e vivendo o Evangelho plenamente, os mendigos não se sentirão tão miseráveis; os enfermos não se sentirão tão sozinhos, e as horas de dor e insônia se tornarão menos longas; os órfãos não se julgarão tão sem afeto; os encarcerados não experimentarão, de modo tão atroz, o silêncio do cárcere.
Todos sabemos agora que existe um companheiro – Aquele que está no nosso coração, nos fortalecendo, inspirando, mesmo sem aparecer.
Pelas estradas da Galiléia e da Judéia; pelas praias do mar e do lago, nas montanhas onde os pastores apascentam seus rebanhos; nas searas onde se colhem os frutos da plantação, todos sentem que Ele pode estar, que Ele pode vir, que Ele de repente pode dizer-lhes:
- A paz seja convosco!
Esse estado de espírito se acentua durante quarenta dias...
O ministério divino começou com quarenta dias de ausência, quando Ele orava e jejuava se preparando para servir; e termina com quarenta dias de Presença, ou aparições constantes, numa previsão da Sua Segunda Vinda.
Termina? Não; recomeça, para sempre.
E porque recomeça o ministério para todas as Nações, continua, de uma nova forma, essa presença, cuja imagem, adequada à compreensão dos homens, se exprime na viva vigilância das seis semanas em que os discípulos ignoravam sempre a maneira como Jesus se apresentaria.
Dias de sol, noites de estrelas, as paisagens desdobram-se; uns vão, outros vêm. Contemplam-se os ponteiros dos relógios, contam-se as horas, passam os minutos, e muitos se inquietam: onde estará? Como virá? E até quando será este sobressalto, esta vigília, este contínuo esperar e tornar a esperar?
No entanto, nunca, nem mesmo durante aqueles tempos em que os discípulos jornadearam com o Mestre, e com o Mestre repartiram o quotidiano pão, o teto amigo, a bilha de água, nunca Jesus fora mais presente do que naqueles dias estremecidos de sustos e de instantâneas alegrias!
Foram, para os discípulos, quarenta dias de experiências; para nós, os crentes de hoje, a soma atinge vinte séculos de certeza...
Sim, acreditamos e proclamamos: Ele foi, mas virá outra vez!
Pb. Osmar de Lima Carneiro
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