“Lembrai-vos das coisas passadas desde a antigüidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antigüidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade”(Is 46:9,10)
INTRODUÇÃO
A intervenção de Deus na história da humanidade é bastante notória. Infelizmente há muitos que não enxergam essa realidade. Os chamados “deístas”, ou seja, aquelas pessoas que aceitam a existência de Deus(ou de um “deus”), não acreditam que haja intervenção divina no processo histórico da humanidade. Eles afirmam que Deus é simplesmente como um relojoeiro que, depois de criar seu mecanismo, deu “cordas e o abandonou à mercê do destino”. Todavia as evidências mostram que eles estão equivocados, pois Deus se preocupa, sim, com o processo histórico da humanidade. Em todas as dispensações Deus interveio na história da humanidade; a Bíblia está repleto de fatos. Ele não intervém somente há história geral(João 3:16,17), envolvendo toda a humanidade, como também na individual(Sl 8:3,4; João 9:1-41) de cada pessoa trazendo consolo, esperança e paz(Tt 2:11-14).
I – A INTERVENÇÃO DIVINA NA CRIAÇÃO
O conjunto de tudo quanto existe, incluindo-se a Terra, os astros e as galáxias, evidencia um Criador. A Criação de Deus não é uma doutrina de "Era uma vez ...", nem um acontecimento isolado num passado distante. A Criação é algo que Deus continua fazendo. Deus, cuja natureza é criativa, continua criando. Deus nunca parou de criar! No Evangelho de João 5: 17 Jesus afirmou: “Meu Pai trabalha até agora e eu também". A Criação não é nenhuma exposição em um museu de teologia, mas sim uma Obra permanente de Deus. Precisamos entender os três tempos da Criação: Passado, Presente e Futuro. Criação no Passado nos fala do momento em que Deus criou todas as coisas. No presente, fala dEle sustentando todas as coisas pelo seu poder (Deus não abandonou o Universo, mas controla todos os eventos). Já criação no futuro nos demonstra o ato final de Deus descrito em Apocalipse 21:1: "...Um Novo Céu e uma Nova Terra".
1. A criação da terra – “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro”(Is 45:18).
As Escrituras mostram que o mundo foi criado pelo poder da Palavra de Deus. Deus falou e tudo se fez (Sl.33:9). Com exceção da narrativa a respeito da criação do ser humano, vemos que tudo se fez pela simples fala do Senhor (Gn.1:3,6,9,11,14,20,24). A Bíblia, então, mostra a “causa geradora” da criação, ou seja, a Palavra de Deus, sem o que nada do que foi feito, se fez (Jo.1:3 ). Não há, porém, qualquer informação a respeito de “como” as coisas foram feitas, ou seja, quais os processos, quais os instrumentos, quais as reações químicas que geraram cada uma das coisas criadas por Deus.
A Bíblia Sagrada, revelação de Deus ao homem, já no limiar do livro do Gênesis afirma de modo categórico: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn.1:1). Esta afirmação não deixa qualquer margem à dúvida: o Universo surgiu por um ato criativo de Deus, ou seja, Deus, que é eterno, ou seja, não tem princípio nem fim, decidiu criar todas as coisas e do nada tudo fez.
A simples afirmação de que Deus criou os céus e a terra é um dos conceitos mais desafiadores que confrontam a mente moderna. A vasta galáxia em que vivemos gira a uma incrível velocidade de 788.410 quilômetros por hora. Porém, mesmo a esta alucinante velocidade, nossa galáxia ainda necessita de 200 milhões de anos para concluir uma única rotação. Além disse, existe mais de um bilhão de outras galáxias como a nossa no universo. Alguns cientistas afirmam que o número de estrelas na criação é igual a todos os grãos de areia de todas as praias do mundo. Ainda assim, este complexo mar de estrelas em movimento funciona com notável ordem e eficiência. Dizer que o Universo “surgiu” ou “evoluiu” requer mais fé do que acreditar que Deus está por trás dessas estatísticas surpreendentes. Deus criou um Universo maravilhoso.
A mente humana é incapaz de compreender o ato criacionista do Todo Poderosos. O próprio Deus mostra como é altamente insuficiente o conhecimento do homem para que, pela razão, pudesse chegar a pormenores e a dados relativos com a criação, na seqüência de perguntas sem resposta que faz a Jó (Jó 38-42). Neste diálogo entre Deus e Jó, vemos como é precária e pequena a estrutura cognitiva[ato ou ação de conhecer; aquisição de conhecimento; conjunto de estruturas e atividades psicológicas cuja função é a do conhecimento] do homem frente ao conhecimento e sabedoria do Criador. As primeiras questões levantadas pelo Senhor dizem respeito, precisamente, à criação, mostrando ao Seu servo que, apesar de todo o seu conhecimento e de sua intimidade com o Senhor (cfr. Jó 1:1,8; 2:3), era ele completamente incapaz de entender e compreender o que se fez na criação (Jó 38:4-21).
Do Gênesis a Apocalipse a Bíblia reafirma que Deus, de fato, criou o Universo (Ap 4.11 – “ Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade existiram e foram criadas”);(Ap 10.6 – “ e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora”; (Ap 14.7 - “ dizendo com grande voz: Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”).
2) A criação do homem - “E criou Deus o homem”(Gn 1:27) – Esta é uma solene declaração que deveria encher de júbilo todo homem! E pensar que muitos preferem achar que são parentes próximos de macaco!! A Bíblia diz que “criou Deus”. Isto designa um ato acabado, concluído. A Bíblia não diz que Deus começou a criar; ela diz: ”criou”. Deus não precisa de um modelo experimental básico para depois aperfeiçoar até chegar ao modelo ideal, conforme costuma fazer os homens. Deus é o Ser perfeito e Todo - Poderoso. O que ele faz, faz com perfeição, sem necessitar de tempo. Segundo a Bíblia o próprio Deus aprovou sua obra tal como havia criado – “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era tudo muito bom...”(Gn 1:31). O homem estava incluído nesta declaração de Deus, e, portanto, considerado “muito bom”. Estava aprovado pelo Criador. Não havia necessidade de qualquer melhoramento. Mais tarde Salomão diria: “Vede, isto tão somente achei: que Deus fez o homem reto...”(Ec 7:29).
O homem que Deus criou não foi um ser mal acabado, meio homem e meio macaco, aprendendo a andar sobre as duas patas traseiras, saindo de uma caverna, ou descendo de uma árvore. O homem que Deus criou recebeu de Deus o “selo” da aprovação, com a declaração de “muito bom”. O homem que Deus criou não foi o resultado da evolução ocorrida durante milhões, bilhões de anos para percorrer todos os estágios entre uma célula vivificada no interior da matéria até chegar ao estágio atual em que se encontra. Esta confusão toda é resultado das mentes doentias dos cientistas loucos, dos filósofos desvairados, aqueles mesmos acerca dos quais a Bíblia diz: “Disseram os néscios no seu coração: não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem”(Salmo 14:1).
Foi Deus quem produziu o ser humano com seu complexo aparelho psíquico consciente e perfeito, capaz de pensar e agir por vontade própria, que o reveste de responsabilidade moral por seus feitos e de característica singular, acima de todos os seres da criação(Gn 1:28-31).
Algumas características que nos coloca como obra prima da criação. Uma vez que Deus escolheu nos criar, somos preciosos aos seus olhos. Somos mais importantes do que os animais.
a) A imagem de Deus no Homem. O homem foi criado à semelhança de Deus, foi feito como Deus em caráter e personalidade. E em todas as Escrituras o ideal e alvo exposto diante do homem é o de ser semelhante a Deus. E ser como Deus significa ser como Cristo, que é a imagem do Deus invisível.
b) Parentesco com Deus. O homem, na verdade, tem um corpo feito do pó da terra, mas Deus soprou nas narinas o sopro da vida (Gen. 2:7); dessa maneira dotou-o de uma natureza capaz de conhecer, amar e servir a Deus. Por causa dessa imagem divina todos os homens são, por criação, filhos de Deus. Mas, desde que essa imagem foi manchada pelo pecado, os homens devem ser recriados ou nascidos de novo (Ef. 4:24) para que sejam em realidade filhos de Deus.
c) Caráter moral. O reconhecimento do bem e do mal pertence somente ao homem. A um animal pode-se ensinar a não fazer certas coisas, mas é porque essas coisas são contrárias à vontade do dono e não porque o animal saiba que estas coisas são sempre corretas e outras sempre erradas.
d) Razão. O animal é meramente uma criatura da natureza; o homem é senhor da natureza. Ele é capaz de refletir sobre si próprio e arrazoar a respeito das causas das coisas.
e) Capacidade para a imortalidade. A existência da árvore da vida no Jardim do Éden indica que o homem nunca teria morrido se não tivesse desobedecido a Deus. Cristo veio ao mundo para colocar o Alimento da Vida ao nosso alcance, para que não pereçamos, mas vivamos para sempre.
f) Domínio sobre a terra. O homem foi designado para ser a imagem de Deus com respeito à soberania; e como ninguém pode ser monarca sem súditos e sem reino, Deus deu-lhes tanto um "império" como um "povo". Em virtude dos poderes implícitos em ser o homem formado à imagem de Deus, todos os seres viventes sobre a terra estavam entregues na sua mão. Ele devia ser o representante visível de Deus em relação às criaturas que o rodeavam. Veja o que está escrito em Gn 1: 28 – “ Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra”. “Dominai sobre” é uma ordem para que seja exercida absoluta autoridade e controle sobre alguma coisa. Deus tem a palavra final sobre a terra e exerce o seu poder com amor e cuidado. Quando Deus delegou um pouco de sua autoridade à raça humana, esperava que esta assumisse a responsabilidade sobre o meio ambiente e as outras criaturas que compartilham o planeta. Não podemos ser negligentes ou devastadores ao cumprir esta função. Deus foi muito cuidadoso ao criar o mundo.
3. A origem da vida. A vida é um milagre produzido diretamente por Deus. Ele criou o tempo, o mundo físico, os vegetais, os animais e o homem à sua imagem, conforme a sua semelhança (Gn 1.26, 27). A Bíblia sustenta esta verdade: "Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas" (Ap 4.11).
Embora o mundo moderno esteja experimentando extraordinários avanços na área tecnológica, há ainda questões básicas que todo ser humano quer entender e que até mesmo os computadores não conseguem resolver. A principal pergunta é: “Qual é a origem da vida?”. Os adeptos da teoria da evolução estão, em nome da ciência, impondo suas respostas de todas as formas possíveis e censurando qualquer explicação que não respeite as idéias de Darwin. Eles têm fé de que eles possuem a única resposta. Mas a nossa fé é baseada não só no que a natureza e a ciência mostram, mas principalmente no que a Palavra de Deus diz: “No princípio Deus criou o céu e a terra” (Gn 1.1). “É pela fé que entendemos que o Universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi feito daquilo que não se vê” (Hb 11.3).
Escolhendo acreditar em Deus, passamos a entender que há um Autor para tudo o que se vê no mundo natural. Compreendemos que o homem não está aqui por acaso, mas tem um destino eterno e uma alma eterna. Enquanto não é possível provar a teoria da evolução, é possível comprovar que há uma mente superior por trás de tudo o que se vê no mundo criado.
II – A INTERVENÇÃO DIVINA NA QUEDA
A salvação é algo que tem sua origem em Deus. O homem, jamais, poderia, por si só, alcançar meios para restaurar a sua comunhão original com o seu Criador. Deus, pelo Seu grande amor, providenciou um plano para trazer o homem de volta ao convívio com Ele.
1. A Primeira intervenção – A primeira intervenção divina na queda foi a proibição de o homem ter acesso à árvore da vida por causa do pecado (Gn.3:22), acompanhado da expulsão do Éden (Gn.3:23). Com estas medidas, Deus impediu que o homem, a exemplo dos anjos pecadores, vivesse numa dimensão eterna, condenado à inevitável e sempiterna separação de Deus, possibilitando ao homem que, mediante o novo nascimento enquanto estivesse na dimensão terrena, pudesse desfrutar de uma eternidade com o Senhor.
2. A Segunda intervenção - Deus, na Sua infinita misericórdia, ao contemplar o primeiro casal caído, mesmo depois de sentenciá-lo à morte, como já havia anteriormente prescrito, não deixou que a permissividade humana persistisse. Em lugar dos aventais de folhas de figueira, totalmente inadequados para conferir o pudor pretendido pelo homem, matou um animal e fez túnicas de peles para vesti-los (Gn.3:21). Neste gesto, o Senhor mostrava, nitidamente, que, para cumprir a Sua promessa de redenção do homem, haveria de derramar sangue inocente, para pagar a justiça divina.
A partir de então, o Senhor iniciou a execução de seu plano que alcançou o seu ápice quando da própria encarnação do Deus Filho, momento que as Escrituras denominam de “a plenitude dos tempos” (Gl.4:4); instante em que Deus cumpre a sua promessa de providenciar, da semente da mulher, o único e suficiente Salvador, Jesus, o seu próprio Filho (Mt.1:21; Lc.2:11; Jo.3:16,17; At.4:12). Eis a razão pela qual a Bíblia, mais de uma vez, diz que Deus é o Deus da nossa salvação (I Cr.16:35; Sl.24:5; 51:14), bem como que a salvação dEle provém (Sl.3:8; 37:39; 62:1).
III – A INTERVENÇÃO DIVINA NA REDENÇÃO
A palavra grega relativa à redenção se refere a um preço para comprar um escravo; para libertá-lo era necessário um resgate. Passou a significar o perdão dos pecados; ficar livre do poder da escravidão do pecado. A idéia principal de redenção é tornar livre uma pessoa ou algo (uma propriedade que passou a outro dono).
1. Na redenção de Israel. No Egito, o povo de Israel, aparentemente, pertencia a Faraó; era escravo do povo do Egito. Isso aconteceu durante um período de quatrocentos anos. Deus tinha falado a Abrão que Israel seria escravo – “Então disse o Senhor a Abrão: Sabe com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos”(Gn 15:13; At 7:6). Mas Deus disse ao patriarca que o redimira da escravidão e o colocaria numa posição de destaque( Gn 15:14; At 7:7). No tempo oportuno Deus assim o fez. O povo de Israel fora redimido; foi liberto da escravidão (Dt. 7.8). Mais tarde, também, Israel foi remido da opressão da Babilônia (Is. 48.20).
2. Na redenção do ser humano. A Bíblia diz em João 8:34: “Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado”. O texto é claro: o que comete pecado é escravo. E para haver redenção é necessário o pagamento do resgate. O resgate foi efetuado com um bom preço, ou seja, o sacrifício de Cristo - Um sacrifício expiatório (Hb. 2.17); um sacrifício vicário, ou seja, Ele tomou o nosso lugar: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pe. 2.24).
Uma pálida ilustração podemos encontrar na vida de um médico escocês que após sua morte, encontraram-se em seus livros várias contas nas quais ele escrevera com tinta vermelha: “Perdoado, pobre demais para pagar”. No entanto, a mulher do médico resolveu ir à justiça para cobrar as dívidas. O juiz a interrogou: — Foi seu marido que escreveu estas palavras em vermelho? - Foi, disse ela. Disse-lhe então o juiz: — Não há tribunal na terra que possa efetuar a cobrança, quando o próprio credor escreveu: Perdoado(Natanael Barros de ALMEIDA- Adaptado- Tesouro de Ilustrações –Vol.I).
As Escrituras mostram o elevado preço da nossa redenção - “Nenhum deles de modo algum pode remir a seu irmão, nem por ele dar um resgate a Deus, (pois a redenção da sua vida é caríssima, de sorte que os seus recursos não dariam;)”(Sl 49:7,8). Para nos remir, Jesus pagou um alto preço: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo, o qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós”( 1 Pe 1:18-20). A Bíblia declara que não poderíamos ser redimidos sem o sacrifício de Cristo(Hb. 9.22; Lv. 17.11).
A quem foi pago esse resgate? Certamente não foi a Satanás, como pensam alguns teólogos. Nada devemos a Satanás. O resgate (o preço ou a dívida) foi apresentado única e exclusivamente ao Deus justo, pois é a Ele que havemos ofendido com nossos pecados e delitos. Mas como não podíamos pagar semelhante resgate, Jesus apresentou-se para quitá-lo em nosso lugar. Ele pagou o preço que o caráter de Deus requeria. Podemos afirmar com segurança que Ele cancelou a nossa dívida – “E havendo riscado a cédula de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-a do meio de nós, cravando-a na cruz”(Cl 2:14). Glória a Deus, a nossa dívida foi paga com expressivo preço! A dívida foi paga à Pessoa certa (que adiantaria a dívida ser paga a quem não devemos nada?).
IV – A INTERVENÇÃO DIVINA E O PLANO SALVÍFICO
1. O que é a Salvação. A salvação é um dom da graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado humano. Diz a Palavra de Deus: ”Pela Graça sois salvos, mediante a fé”(Ef 2:8). Para entender corretamente o processo da salvação, precisamos entender essas duas palavras: Fé e Graça. A fé em Jesus Cristo é a única condição prévia que Deus requer do homem para a salvação. A fé não é somente uma confissão a respeito de Cristo, mas também uma ação dinâmica, que brota do coração do crente que quer seguir a Cristo como Senhor e Salvador (cf. Mt 4.19; 16.24; Lc 9.23-25; Jo 10.4, 27; 12.26; Ap 14.4). A fé, em si mesma, não salva - Quem salva é Jesus. A fé, em si mesma, não cura - Quem cura é Jesus. A fé é o meio, é o mover do homem, é como uma mão que se estende para tomar posse da bênção. Se essa mão não se estender a bênção não é entregue, automaticamente.
Ilustração: Costuma-se ilustrar esta verdade Bíblica com a seguinte história sobre o anel do Rei – O anel do Rei, como se sabe, representa a sua própria autoridade, sendo que, ao lado da coroa, é uma das mais valiosas jóias de um Rei.
Certo Rei numa reunião com seus Ministros, tirando seu anel do dedo, dirigiu-se a um de seus Ministros oferecendo-lhe, como presente, o anel. O Ministro entre incrédulo e perplexo, recusou o presente do Rei, julgando ser uma simples brincadeira. O Rei não podia estar falando sério, ao oferecer-lhe seu anel, como presente. Com todo respeito, e delicadamente, recusou a oferta. Diante da recusa, o Rei estendeu sua mão oferecendo seu anel a outro de seus Ministros. Também este recusou, tal como fizera o primeiro. Consta que o Rei ofereceu seu anel a todos os Ministros presentes. Porém, ninguém acreditou que o Rei estivesse falando sério. Todos recusaram e não tiveram a coragem de estender a mão para apanhar o anel. Aquilo não podia ser verdade, foi o que todos pensaram! O Rei não podia estar falando sério! Nisto entrou na sala de reunião um serviçal, semelhante aos nossos contínuos, hoje. Um homem simples, capaz de acreditar no impossível. O Rei então o chamou e repetiu o que havia feito com seus Ministros. Estendeu-lhe a mão, oferecendo-lhe seu anel como presente. O servente, na sua simplicidade, acreditou na oferta do Rei, estendeu sua mão, apanhou o anel, colocou-o no seu dedo, agradeceu o Rei e pediu permissão para se retirar, porém, muito feliz pelo presente recebido do Rei. Os Ministros, agora, perplexos, descobriram que o Rei, em todo o tempo, estava falando sério quando ofereceu a cada um o seu Anel. Todos, pela incredulidade, pela falta de fé para estender a mão e tomar posse daquela preciosa jóia, haviam perdido a bênção. Agora era tarde demais! O anel do Rei já estava no dedo daquele servente que creu, estendeu a mão... e pegou.
O Rei providenciou a Graça e, por ela, quer que “todos os homens se salvem”(I Tm 2:4). Mas, a Salvação não é automática, tem que ser recebida pela fé – “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé...”(Ef 2:8-9). O exercitar a fé para tomar posse da bênção, é uma decisão do homem.
2. O Plano da Salvação. O plano é simples, pois Deus afastou todas as dificuldades. Ele fez tudo em lugar do pecador. A parte que toca a este é apenas aceitar a salvação consumada. É como está escrito na parábola das bodas: "Tudo já está preparado; vinde às bodas" (Mt 22.4).
A Palavra de Deus afirma que todos pecaram e destituídos ficaram da glória de Deus (Rm 3.23). Deus, porém, na sua misericórdia não quer que ninguém pereça (2 Pe 3.9; l Tm 2.4), e proveu salvação para todos que quiserem. Jesus morreu em lugar do pecador, levando sobre si o pecado do mundo (Is 53.6b; l Pe 2.24; 2 Co 5.21). Quem quiser pode agora ser salvo mediante o Senhor Jesus Cristo (Jo 3.16; At 10.43; Ap 22.17; Lc 2.10,11; 19.10; Mt 1.21; Rm 10.13). O castigo do pecado, que era a morte (Ez 18.4), o Senhor Jesus levou em seu corpo no Calvário.
3. Figuras que o Antigo Testamento apresenta a respeito da intervenção divina no Plano Salvífico. No Antigo Testamento é evidente a mensagem de que o perdão dos pecados se dava pela morte de alguém no lugar do pecador, que sem o derramamento de sangue não haveria como se dar o perdão dos pecados.
a) No Éden, matou-se um animal para vestir o primeiro casal. O primeiro casal estava nu e, agora, em virtude do pecado estava envergonhado de estar nu. Por isso, haviam cosido aventais com folhas de figueiras (Gn.3:7), algo evidentemente inadequado para vestimenta. Após a sentença em virtude do pecado, o Senhor tomou a iniciativa de vesti-los com túnicas de peles (Gn.3:21), tendo, para tanto, matado um animal. Vemos, então, neste gesto, mais um anúncio da morte de Jesus: matou-se um animal para vestir o primeiro casal. Deus teve de providenciar a morte de alguém para retirar a vergonha do homem, motivada pelo pecado.
b) O sacrifico de Abel(Gn 4:4). O sacrifício que Abel ofertou é considerado o primeiro registrado na Bíblia de que Deus se agradou. Entendem muitos estudiosos que o fato de Abel ter sacrificado animais, efetuando derramamento de sangue, como reconhecimento de que era indigno de se apresentar diante de Deus, que merecia, pois, a morte e, tal qual Deus fizera com o animal que fornecera a túnica a seus pais, era necessário matar alguém em substituição para se chegar à presença do Senhor, foi o motivo pelo qual Deus se agradou da oferta de Abel, que, por este reconhecimento, foi considerado justo pelo próprio Jesus (Mt.23:35).
c) Noé ao sair da Arca, ofereceu sacrifício a Deus(Gn.8:20,21). Esta atitude de Noé, qual a de Abel, é mais uma demonstração que os justos da Terra entendiam sua indignidade diante de Deus e que, para adorarem ao Senhor, deveriam, antes de tudo, reconhecer sua culpa e o merecimento da morte, oferecendo um substituto para tanto, antes de se relacionarem com Deus. Era a idéia de que a morte de um inocente se fazia necessária para o restabelecimento da comunhão entre Deus e o homem que já se fazia presente.
c) Abraão, pela fé, viu a redenção da humanidade pelo cordeiro substituto(Gn 22:12,13). Este homem de Deus, ao longo de sua vida ofereceu continuamente sacrifico a Deus, como reconhecimento de sua culpa e o merecimento de morte. Além disso, um episódio de extrema relevância em sua vida lhe permitiu ver, por antecipação, o significado da redenção na pessoa de Jesus Cristo. Quando foi oferecer seu filho Isaque, seguindo a determinação divina, foi o rapaz poupado e substituído por um carneiro (Gn.22:12,13). Nesta oportunidade, como nos dá conta o Senhor Jesus, Abraão se alegrou por ter visto, por antecipação, a redenção da humanidade pelo cordeiro substituto (Jo.8:56).
d) A instituição da Páscoa. A Páscoa era a figura mais proeminente da morte de Jesus, tendo servido de seu prenúncio desde então até o dia mesmo da prisão do Senhor, que se deu no dia anterior à mesma (Lc.22:15).
A palavra “Páscoa” significa “passagem”, pois se lembrava que os primogênitos de Israel foram poupados porque, ao ver o sangue do cordeiro na verga da porta, o anjo da morte “passou” sobre a casa dos israelitas, sem retirar a vida do primogênito que ali se encontrava (Ex.12:12,13).
4. Aspectos do processo da Salvação. Salvação ao contrário do que muitos pensam, não é um ato único, um instante isolado, mas envolve todo um processo, ou seja, uma seqüência de atos, com origem em Deus, mas também com participação humana, para que se tenha a sua consumação. Tanto a salvação é um processo, que o próprio Jesus nos ensina que é preciso “perseverar até o fim” para que seja salvo (Mt.24:13), isto é, é preciso uma continuidade, uma constância até o instante final da nossa permanência nesta dimensão terrena, onde fomos postos pelo Senhor, por sua misericórdia, para termos a chance e oportunidade de sermos salvos.
O apóstolo Paulo mostra-nos claramente que a salvação é um processo, e que a seqüência de atos deste processo da salvação está bem delineada pelo Apóstolo em Rm 8:30 ,ou seja, a salvação não é um fato pontual, uma ocorrência precisa num determinado instante, mas que, começando pelo arrependimento dos pecados, passando pela conversão, regeneração, justificação, santificação, deve caminhar até a glorificação, glorificação esta, aliás, que é desejada inclusive pelo restante da criação divina (Rm.8:22).
A salvação é, para Paulo, não só uma mudança presente da realidade, mas também uma esperança (Rm.8:24,25) e, nesta esperança, recebemos a necessária e indispensável ajuda do próprio Deus, através da Pessoa do Espírito Santo, visto que, nesta caminhada, não nos tornamos infalíveis, mas mantemos as nossas fraquezas, pois enquanto não vier a glorificação, embora salvos, ainda não nos livramos do corpo do pecado, da “velha natureza”, que conviverá conosco até que saiamos desta vida (Rm.8:26,27).
O apóstolo, portanto, faz questão de mostrar que o fato de sermos filhos de Deus, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, traz-nos a esperança de alcançarmos a glorificação, mas esta glorificação é, ainda, uma esperança, algo que não se realizou ainda e que, inclusive, pode não se realizar, a menos que nos mantenhamos debaixo da intercessão e da ajuda divinas.
V – A INTERVENÇÃO DIVINA NOS ÚLTIMOS DIAS
A Segunda vinda de Cristo a este mundo é mais uma intervenção divina na história da humanidade. É considerada a mais importante para a Igreja, é a razão da sua própria fé. Ela é lembrada no Novo Testamento por 318 vezes. É "a bem-aventurada esperança" de que trata Tito 2.13. Esse tão aguardado evento significará, para a Igreja, o ápice de sua peregrinação neste mundo (Mt 16.18). Ela representa o último estágio do processo da Salvação, que é a glorificação. Paulo, na sua última epístola, mostra que era esta a sua esperança, tanto que diz que esperava a coroa que estava reservada não só a ele, mas a todos quantos amassem a vinda do Senhor (II Tm.4:8), a nos indicar, portanto, que o motivo do bom combate, da guarda da fé e da carreira até o fim era o amor à vinda de Jesus. A segunda Vinda de Jesus acontecerá em duas fases ou em dois momentos.
1. A intervenção de Cristo na primeira fase da sua segunda vinda. Na Primeira Fase de sua segunda Vinda o Senhor Jesus virá buscar a sua Igreja. Biblicamente, chamamos este acontecimento de Arrebatamento da Igreja. O Arrebatamento sempre foi, e continua sendo a grande esperança da Igreja.
A Igreja não espera a vitória do bem sobre o mal, não espera que a Terra seja transformada num Paraíso, não espera prosperidade e nem riquezas nesta Terra, não espera que Jesus venha para implantar aqui o seu governo. A Igreja espera que o Senhor Jesus venha para tirá-la desta terra e deste mundo e levá-la para sua glória, ou para o céu. É, exatamente isto que acontecerá no Dia do Arrebatamento: Jesus virá buscar a sua Igreja.
Nessa fase o Senhor Jesus não virá até aqui, na Terra. O Espírito Santo que está na terra desde o dia de Pentecostes(Atos 2:1-4) é quem levará a Igreja ao encontro do Senhor Jesus, nos ares, conforme ensinou Paulo: “Dizemos-vos, pois, isto pela palavra do Senhor que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com a voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos, arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”(I Tess 4:15-17).
2. A intervenção de divina na segunda fase da segunda vinda de Cristo. Na Segunda fase da sua Segunda Vinda, ocorrerá o Dia da Revelação do Senhor Jesus. Nesta fase, Jesus virá de uma forma especial, para os Judeus, ou para a Nação de Israel, e, também, como afirmou Judas: “...para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade que cometeram e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele”(Judas 14:15). Portanto, O Dia da Revelação do Senhor será um dia de bênçãos para Israel, porém, será um dia de acerto de contas com todas as nações da terra.
Nesta fase, Jesus descerá até a Terra. Descerá no mesmo lugar onde ele subiu, depois de sua Ressurreição, ou seja, no Monte das Oliveiras(Atos 1:12), conforme falou o Profeta Zacarias: “E naquele dia estarão os seus pés sobre o Monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o Monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade para o sul”(Zc 14:4). Será nesse tempo que acontecerá o julgamento das Nações no vale de Jeosafá, conforme afirmou o Profeta Joel(Jl 3:1-2,14,15). Também o Senhor Jesus, no seu sermão escatológico falou desse Julgamento das Nações, ligando-o ao Dia da Revelação do Senhor(Mt 25:31-45). Este julgamento irá definir sobre as Nações que poderão entrar no Milênio.
3. A intervenção divina para derrotar as forças do Anticristo e estabelecer o Reino de Deus sobre a Terra (O Milênio) –Ap 20:1-4 e Dn 2:44. Durante os sete anos em que a Igreja estiver no céu, vivendo o glorioso “Dia de Cristo”, Israel e o Mundo estarão aqui na Terra, padecendo no Grande e Terrível “Dia do Senhor”. A Terra estará entregue ao domínio de Satanás e governado por “seu ungido”, o Anticristo. Conforme a Profecia de Daniel sobre a última das sete semanas - Daniel 9:27 – o governo do Anticristo será dividido em duas etapas iguais, de três anos e meio cada. Na primeira etapa haverá, em toda a Terra, uma falsa paz, e, na segunda etapa haverá a Grande Tribulação, que terá alcance mundial, porém, a Nação e o Território de Israel serão o alvo principal de Satanás e do Anticristo. Assim, será, que, no final da Grande Tribulação, com o propósito de acabar, de vez, com o povo de Deus, o Anticristo arregimentará, dentre todas as Nações, o maior exército de todos os tempos, em número de soldados, e em capacidade bélica. O próprio Anticristo será o seu comandante. Com este gigantesco e poderosíssimo exército no Território de Israel, com Jerusalém totalmente cercada, poderia considerar o fim para o Povo de Deus. Não haverá qualquer possibilidade de salvação. Porém, quando o Anticristo for desferir o “golpe de misericórdia”, “então verão vir o Filho do Homem numa nuvem com poder e grande glória”(Lc 21:28). Será o Dia da Revelação do Senhor, e Jesus virá para salvar e libertar Israel. João descreve este evento em Ap 19:11-21. Travar-se-á a Grande Batalha do Armagedom, no qual o Exército do Anticristo será totalmente dizimado; o Anticristo e o Falso Profeta serão “... lançados vivos no ardente lago de fogo e enxofre”(Ap 19:20). Satanás será preso por mil anos; as nações, vivas, serão julgadas; Israel reconhecerá e receberá o Senhor Jesus como Messias, e depois, será implantado o Milênio – O Reino do Messias.
CONCLUSÃO
O Deus da Bíblia é o Deus vivo que intervém na história da humanidade. Ele está no controle de tudo. Ele está no controle dos incontáveis momentos da nossa vida. Está no controle do alicerce, da fundação da nossa existência. Se o sofrimento vier, se a provação chegar, se a cura não acontecer, se um acidente nos tirar aquilo que nós temos de mais precioso na vida, saibamos que no projeto do Reino, além do horizonte, além da nossa visão, além da nossa limitada realidade do momento, o nome do nosso Deus será glorificado. E glorificar o nome de Deus deve ser a prioridade da Igreja. Aguardemos a maior intervenção da historia da humanidade: a Segunda Vinda de Cristo. “Ora vem Senhor Jesus”.
Ensinador Cristão
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