“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede
também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu
vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar”. (Jo. 14.1,2)
Muitos questionam sobre o lugar que será preparado por Deus
para nossa “morada no céu”. Dependendo da Bíblia, a tradução da palavra grega
“meonot” ou “moné” (transliterado para o português) admite outros significados
além de morada: habitação não temporária, alojamento, residência, casa, lar,
aposento, quarto e até mansão.
Quem esclarece esse termo é o hebraísta e escritor Getúlio
Cidade dizendo que o termo completo é “rabim meonot”, ou seja, muitas
habitações. “É a mesma palavra hebraica moderna para ‘creche’. Então, o sentido
de mansão existe apenas no grego, embora pareça mais limitado”, ele explicou.
Muitos deram preferência à palavra “mansão” por influência
da Bíblia King James, mas o hebraísta enfatiza que Jesus simplesmente comunicou
que “não falta lugar no céu para os que desejam permanecer Nele”
Essa é uma questão muito polêmica, afinal, para que servem
as nossas casas na terra? Para nos proteger do frio ou do calor, para
guardarmos nossos pertences, para termos segurança e também conforto.
Então, qual seria a utilidade de uma casa no céu? Já que não
haverá preocupação com temperatura e nem teremos um corpo físico. Não vamos
precisar mais guardar roupas e objetos, já que estaremos no mundo espiritual. E
nem vamos precisar trancar portas e acionar alarmes, já que no céu não haverá
ladrões.
Possivelmente, a morada a que Jesus se refere seja algo
totalmente diferente do que imaginamos. Veja o que Paulo explica em sua carta
aos coríntios quando fala da natureza física e da espiritual:
“Há corpos celestes e há também corpos terrestres; mas o
esplendor dos corpos celestes é um, e o dos corpos terrestres é outro. Um é o
esplendor do sol, outro o da lua, e outro o das estrelas; e as estrelas diferem
em esplendor umas das outras. Assim será com a ressurreição dos mortos. O corpo
que é semeado é perecível e ressuscita imperecível; é semeado em desonra e
ressuscita em glória; é semeado em fraqueza e ressuscita em poder; é semeado um
corpo natural e ressuscita um corpo espiritual. Se há corpo natural, há também
corpo espiritual.” (1 Cor. 15.40-44)
Segundo a Bíblia, o corpo que temos hoje foi feito do pó e
ao pó voltará, conforme Gênesis 3.19. Mas, veja o que Paulo ainda diz em sua
segunda carta aos coríntios:
“Sabemos que, se for destruída a temporária habitação
terrena em que vivemos, temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna no
céu, não construída por mãos humanas. Enquanto isso, gememos, desejando ser
revestidos da nossa habitação celestial, porque, estando vestidos, não seremos
encontrados nus. Pois, enquanto estamos nesta casa, gememos e nos angustiamos,
porque não queremos ser despidos, mas revestidos da nossa habitação celestial,
para que aquilo que é mortal seja absorvido pela vida. Foi Deus que nos
preparou para esse propósito, dando-nos o Espírito como garantia do que está
por vir. Portanto, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto estamos no
corpo, estamos longe do Senhor. Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos.
Temos, pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o
Senhor”. (2 Cor. 5.1-8)
Segundo Paulo, a “habitação terrena” que pode ser destruída,
é o nosso corpo físico. Os comentários da Bíblia de Estudo NVI explicam que a
habitação eterna provida por Deus é retratada como algo que o cristão veste — uma
roupagem de um corpo que foi despido pela morte, mas vestido pela vida.
E por fim, veja como a Bíblia em Linguagem Contemporânea — A
Mensagem — usa o termo “tenda” para também descrever essa habitação:
“Por exemplo, sabemos que quando o nosso corpo se desfizer,
como uma tenda desmontada, será substituído por um corpo de ressurreição no céu
— feito por Deus, não por mãos humanas — e nunca mais teremos de montar nossas
‘tendas’ outra vez. O desejo de mudar às vezes é tanto que choramos de
frustração. Em comparação com o que está por vir, a vida aqui se parece com a
estada numa cabana caindo aos pedaços! Já estamos cansados disso! O que temos é
apenas um vislumbre da verdadeira realidade, nosso verdadeiro lar, nosso corpo
ressuscitado!
O Espírito de Deus nos dá uma pitada desse sublime,
dando-nos um gostinho do que está por vir. Ele põe um pouco do céu em nosso
coração para que nunca desejemos menos que o céu. É por isso que vivemos
alegres. Vocês não ficarão vendo as coisas de cabeça baixa!
As circunstâncias desfavoráveis não irão os abater. Ao
contrário, elas apenas nos fazem lembrar do glorioso futuro que nos aguarda
mais adiante. É por isso que confiamos naquele que nos mantém caminhando, mesmo
que não o vejamos. Acham que alguns buracos na estrada ou algumas pedras no
caminho irão nos parar? Quando chegar a hora, estaremos prontos para trocar o
exílio pelo nosso verdadeiro lar”. (2 Cor. 5.1-8). Cris Beloni
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