No dia 2 de novembro se celebra o dia de Finados. Qual a origem do dia de Finados?
Cemitério é simplesmente o lugar do repouso dos mortos. A palavra cemitério vem do latim caemeterium, que literalmente significa dormitório, como a palavra grega donde se origina. Dormitório! Lugar de descanso. Os corpos dos fiéis cristãos dormem, à espera da ressurreição.
Na linguagem cristã, o cemitério chama-se também campo santo. E há lugares onde o denominam também campo de Deus. Os povos pagãos tinham do cemitério uma ideia ou supersticiosa ou muito grosseira e materialista. Os romanos o denominavam putreolli – lugar onde se apodrece. Os pagãos modernos têm horror ao cemitério e pensam o mesmo em aboli-lo, substituindo-o pelos macabros fornos crematórios. Entretanto, é um lugar sagrado, uma lição perene para os vivos, é a recordação de nosso nada, de nossa miséria, mas também de nossa imortalidade e da ressurreição da carne. É um lugar sagrado. Tem este caráter sagrado, por mais que o laicismo tende reduzi-lo a um simples depósito de cadáveres destinados ao apodrecimento. Nosso corpo é sagrado, é o templo do Espírito Santo. Ainda depois de separado da alma, há de merecer todo respeito, porque um dia ressuscitará.
Segundo a Bíblia o que acontece com os seres humanos na hora da morte?
No livro de Hebreus 9.27 se lê que após a morte segue-se o juízo. E Jesus contou sobre a situação dos mortos em Lc 16.19-31. Nessa parte bíblica destaca-se quatro ensinos de Jesus:
a) que há consciência após a morte;
b) existe sofrimento e existe bem-estar;
c) não existe comunicação de mortos com os vivos;
d) a situação dos mortos não permite mudança. Cada qual ficará no lugar da sua escolha em vida. Os que morrem no Senhor gozarão de felicidade eterna (Ap 14.13) e os que escolheram viver fora do propósito de Deus, que escolheram o caminho largo (Mt 7.13-14) irão para o lugar de tormento consciente de onde jamais poderão sair.
O cemitério é uma escola, não há dúvida. Fala-nos da morte. Palavra profunda e tão singela! Sim, a morte é uma grande mestra. E onde ensina melhor? Onde está sua escola? No cemitério. Quantas lições não nos dá ela! Ó, se os vivos soubessem aproveitar as lições da Doutora Morte! Vamos ao cemitério com sentimentos cristãos e muito aprendemos lá. Prega a nobreza do corpo humano, cercando-o de respeito e veneração, mesmo quando ele se transforma num montão de ruínas, numa podridão, num punhado de cinzas. Respeita estas cinzas e as quer depositadas num lugar sagrado.
Uma voz parece se ouvir no cemitério como a do Senhor a Moisés: É sagrado o lugar onde estás, esta terra que pisas.
Lá dormem os cristãos. Como é triste verem-se, ainda hoje, túmulos donde baniram a cruz, substituída por uma coluna partida ou qualquer outro símbolo de dor e desespero. Como são belas as inscrições que nos deixam! Todas falam da imortalidade e do Céu. Às vezes uma só palavra dizia tudo: Viveu! Como é doloroso ver-se desrespeitado e profano o lugar dos mortos com tantas leviandades e até com o escândalo e o pecado. No cemitério conservamo-nos respeitosos como num templo. Meditemos ali. É lugar sagrado. O cemitério fala-nos que somos todos irmãos. Todos nivelados numa tumba! A diferença dos mausoléus e das sepulturas rasas não tira ao cemitério a ideia do nivelamento, do nada que somos, e da podridão de uma sepultura. Que lição para os orgulhosos! E como devemos nos amar em CRISTO, nós que seremos nivelados após a morte até a ressurreição da carne! Debaixo de uma sepultura, todos iguais! Ali não se acaba tudo. Ali começa tudo. É a porta da eternidade, o pórtico da outra vida. Então, pensamos na imortalidade de nossa alma. Olhar para um cemitério com a indiferença deste grosseiro materialismo que hoje aí impera, é muito triste e horrível porque desespera. Cada sepultura é uma porta do céu para o verdadeiro cristão. Uma sementeira onde descansa um corpo que depois de apodrecido como a semente na terra, surgirá ressuscitado para unir-se à alma na eternidade, quando vier a ressurreição da carne. Ressuscitarei um dia! Que doce esperança do cristão!
A alma voltará um dia para animar este corpo que foi seu companheiro na Terra e que ela o fez trabalhar no serviço de DEUS. Tomará de novo sua forma mortal, mas uma forma embelezada, enobrecida, elevada até o apogeu da glória. A alma santificada elevará este corpo a um grau de glória e o fará entrar no Céu e lhe comunicará os dons da imortalidade e da glória.
Tudo isto o cristão aprende e medita num cemitério quando o visita com fé. Quanto mais os cristãos tíbios e os pagãos modernos têm horror e fogem dos cemitérios, tanto mais nós, os que cremos na imortalidade de nossa alma e esperamos a ressurreição da carne, devemos visitar e amar o campo santo.
Visitemos os cemitérios. Serão nossos mestres. Podemos visitar os cemitérios. Não basta aquela visita, muitas vezes por vaidade e ostentação, no dia de Finados, umas coroas depositadas nos túmulos, umas lágrimas que logo se enxugam e as flores que logo se murcham. As flores provam amizade, não as reprovamos. São elas uma manifestação delicada de amor. As lágrimas não as condenamos. JESUS não chorou ante o sepulcro de Lázaro? O que foi fazer Maria Madalena no túmulo de Jesus? Ficaremos, todavia só em lágrimas de sentimentalismo? Enfim, visitemos os cemitérios como cristãos, como os que acreditam na ressurreição da carne. Aconselha-se a visita aos cemitérios para meditação. É um Campo Santo e um local que deve ser respeitado como tal. As almas não estão ali, mas seus restos mortais sim, de um corpo que serviu como templo de Deus e morada do Espírito Santo. Convém recolher-se um pouco ao passar diante de um campo santo, refletir um instante! Não sejamos indiferentes e frios como os que não têm fé e não esperam a ressurreição da carne.
Em hipótese alguma estou expressando sobre celebrar ou participar de culto aos mortos, antes pelo contrário, fomos e somos chamados a anunciar aos vivos a vida que somente podemos experimentar em Cristo Jesus. Ele ensinou que todos os mortos ressuscitarão. Só que haverá dois tipos de ressurreição: a primeira, a ressurreição da vida, que se dará por ocasião da segunda vinda de Cristo, no arrebatamento, e a ressurreição do Juízo Final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário