segunda-feira, 2 de maio de 2016

Triste Fim de um Bom Comêço

Qualquer semelhança entre Jeroboão e muitos de nós hoje não será mera coincidência. Há aqueles que, por motivos egoístas, materialistas e políticos, acabam se desviando do caminho inicial e experimentam a corrupção e a dureza de coração. São pessoas que não têm uma história com final feliz. Até mesmo na vida espiritual esse cruel quadro pode ser observado.

Jeroboão foi colocado pelo próprio Deus como rei de Israel. O Senhor prometeu abençoar-lhe, mas ele tornou-se um mau exemplo para todo o reino e pagou um preço muito alto por ter se afastado de Deus.


1. O AMBIENTE HISTORICO

Com a morte de Salomão, surgiu a revolta do povo contra os pesados impostos que haviam sido lançados para a manutenção da luxuosa corte real. O povo fez um pedido no sentido de se fazer uma redução nos impostos; porém, Roboão, filho e sucessor de Salomão, recusou-se terminantemente ceder a esse pedido. Com isso, dez tribos se revoltaram e es­tabeleceram um novo reino, aclamando como seu rei, Jeroboão, filho de Nebate. Como afirma H.Fernhout, “Jeroboão foi sensível às reclamações de seus conterrâneos e canalizou a frustração deles como suporte para sua tentativa de tomar o trono.”

A esta divisão de poder deu-se o nome de “reino de Israel”, ou “reino das dez tribos”. A primeira capital foi Siquém e depois Samaria.

Jeroboão, a fim de impedir que seu povo fosse a Jerusalém, no reino do sul, para prestar culto a Deus, fez estabelecer no seu reino o culto idólatra com altares em Betei, no extremo sul, e em Dã, no extremo norte (I Rs 12.25-33). Jeroboão levou o povo à adoração de um ídolo, que simbolizava Deus sob a forma de bezerro.

Ele reinou 22 anos em Israel (I Rs 14.20).

A Bíblia fala de Jeroboão II, filho de Jeoás, rei de Israel, que o sucedeu no trono (II Rs 14.23-29). No entanto, o presente estudo discorre sobre Jeroboão, filho de Nebate.

Observando a trajetória deste rei de Israel, podemos destacar as seguintes lições:


2. AS BÊNÇÃOS DA PROSPERIDADE

A proclamação de Jeroboão como rei das dez tribos foi profetizada por Aías, profeta de Deus, conforme a narrativa de I Reis 11.26-40. Ao anunciar a Jeroboão que este seria rei em Israel, Aias declarou que a fidelidade do rei aDeus seria a garantia de bênçãos sobre Israel. Assim diz o Senhor: “Se ouvires tudo o que eu te ordenar, e andares nos meus caminhos, e fizeres o que é reto perante mim, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como fez Davi meu servo, eu serei contigo, e te edificarei uma casa estável, como edifiquei a Davi, e te darei Israel” (v.38). Antes mesmo de se tornar rei, Jeroboão já estava recebendo de Deus as mesmas promessas feitas a Davi e Salomão, com referência ao êxito real. O Senhor assegurou a bênção de sua companhia e a estabilidade do reino.

A fidelidade de Deus no cumprimento de todas as Suas promessas precisa ser o referencial para todo cristão, estimulando-o a manifestar fidelidade a Deus em todas as áreas de sua vida. A fidelidade se manifesta através da obediência a todos os mandamentos de Deus.

Muitos manifestam fidelidade apenas naquilo que lhes convém e com o que eles con­cordam. São cristãos que usam a sua consciência e não a Palavra de Deuscomo regra de fé e conduta, ou seja, são guiados pela consciência e não pela revelação bíblica. Há aqueles que dizem: “A minha consciência não me acusa, logo, eu estou certo e não tenho com que me preocupar”. É oportuno recordar as palavras do apóstolo Tiago, que disse: “Pois, qual­quer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2.10).

Sobre as bênçãos da fidelidade, as Escrituras Sagradas ensinam: “O homem fiel será cumulado de bênçãos…”(Pv 28.20). Os que são chamados por Deus para o Seu Reino têm diante de si o desafio da fidelidade, pois, “…o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel” (I Co 4.2).

A maior bênção para aquele que é fiel ao Senhor está descrita em Mateus 25.21: “…Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei: entra no gozo do teu Senhor”.

Embora Deus abençoe maravilhosamente aqueles que lhe são fiéis, vale a pena lembrar que ser abençoado não significa ficar livre de dificuldades. É oportuno lembrar o exemplo do íntegro, reto, temente e fiel Jó, entre tantos outros exemplos do passado e do presente, que poderiam ser mencionados.


3. AS RESPONSABILIDADES DOS QUE LIDERAM

Por motivos políticos e de vaidade pessoal, o rei Jeroboão desviou-se do Senhor. Ele, cuja proclamação como rei foi algo dos planos de Deus, agora deixa Deuscompletamente fora de seus planos. Com medo de que o povo fosse a Jerusalém para adorar ao Senhor e com isso voltasse para o reino de Judá, decidiu estabelecer no seu reino o culto idólatra, convidando o povo para adorar diante dos bezerros de ouro (I Rs 12.26-33). O culto idólatra permaneceu até à queda do reino.

Jeroboão designou homens sem qualquer qualificação para serem sacerdotes. A quem desejasse ele dava a investidura para se tornar sacerdote dos lugares altos. Não eram homens da linhagem de Levi, conforme Deus havia determinado (I Rs 12.31; 13.33-34). As­sim, Jeroboão conduziu o povo ao pecado.

Por culpa de Jeroboão, todo o Israel caiu em pecado. Ele, que começou defenden­do os direitos e as causas justas do povo, tornou-se responsável pelos erros religiosos de todos os moradores de Israel.

Aqueles que lideram, presidem, ensinam etc., precisam vigiar a sua conduta e observar os seus caminhos, pois, muitos são os que seguem o seu exemplo e os tomam como referencial para suas vidas. Assim, é preciso tomar todo cuidado para não levar outros ao erro. O escritor de Eclesiastes afirma que o erro dos que governam é um grande mal presente na terra (Ec 10.5).

Um exemplo notável de alguém que estava plenamente convicto de suas responsabili­dades pode ser encontrado no apóstolo Paulo. Ele afirmou: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (I Co 11.1). Quantos de nós podemos fazer tal afirmação?

O apóstolo Pedro adverte quanto ao risco de se cair da firmeza devido à influência errônea dos insubordinados (II Pe 3.17). Judas, o escritor da epístola, declarou que muitos se precipitaram no erro de Balaão (Jd 11).


4. O PREÇO DA INFIDELIDADE

O triste caminho de Jeroboão, seguido por seus sucessores, trouxe calamidade a ele e ao reino de Israel. A sua infidelidade custou-lhe a vida do filho Abias (I Rs 14.1-20). E curioso observar que Jeroboão era alguém bem intencionado, pois deu o nome de Abias ao seu filho, que quer dizer: “Deus é meu pai”. Só que as atitudes de Jeroboão revelam que ele rapida­mente esqueceu-se de Deus como Pai e viveu vida de rebeldia diante do Senhor.

A Bíblia Vida Nova, comentando o versículo 11 do capítulo 14, declara: “A maldição sobre a casa de Jeroboão foi completa, pois considerava-se uma calamidade moral, o não receber, na morte, os devidos funerais (Jr 16.6)”.

Se, por um lado, Deus abençoa àqueles que lhe são fiéis, por outro, Ele traz o castigo e a merecida punição pela desobediência. Foi o que aconteceu com o reino de Israel que, induzido por Jeroboão, afastou-se do Senhor.

Muitos são aqueles que estão pagando um alto preço por sua infidelidade a Deus. Se as conseqüências não são imediatas ou se Não acontecem nesta vida, todos podem estar certos de que um dia a infidelidade será manifestada para vergonha e tristeza do infiel. Eles ouvi­rão de Jesus a sentença: “…servo mau e negligente…lançai-o para fora nas trevas. Ali have­rá choro e ranger de dentes” (Mt 25.29-30).  Pr Josias Moura

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