quinta-feira, 8 de agosto de 2013

O Complexo de Elias

À medida que vemos o mundo sucumbindo ao caos e as manchetes dos jornais continuamente publicando más notícias, é natural que os cristãos sintam-se desconsolados. As doutrinas fundamentais do cristianismo tornaram-se, em sua maioria, divergentes das ensinadas na Bíblia e uma fé no "bem-estar" materialista é o casulo confortável idealizado por muitos. Como um narcótico potente, a ignorância espiritual, acoplada com a enganação satânica, os está atraindo a uma falsa sensação de piedade e bem-estar pessoal. Assim, causa surpresa o fato de que aqueles que não sucumbiram a essa rebelião em massa contra a verdade sintam-se marginalizados e desprezados? Mas, louvado seja Deus, estar entre os relativos poucos, como o profeta Elias do Velho Testamento, é estar no lugar certo!

"Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem" [Mateus 7:13-14].

Portanto, para compreender melhor de que forma nadar contra a corrente não nos torna completamente isolados como parece às vezes, precisamos prestar atenção ao que Deus mostrou a Elias.

Por volta do ano 975 AC, Israel padeceu uma guerra civil e tornou-se uma nação dividida. As dez tribos do norte seguiram o rei Jeroboão e conservaram o nome Israel, enquanto que as outras duas tribos do sul fizeram de Roboão seu rei. Esse novo reino tornou-se conhecido como Judá e incluía a cidade de Jerusalém, onde o templo estava localizado. Essa divisão causou grande consternação aos homens piedosos dentro do povo do reino do norte! Deus devia ser adorado no templo e, independente das posições políticas na questão que envolveu a separação, eles sabiam que o afastamento era errado. Muitos, se não a maioria, simplesmente deslocaram-se para o reino de Judá a fim de continuarem a adorar no templo e essa migração resultou em indivíduos de todas as doze tribos serem representadas na população de Judá.

Por que isso é importante? A primeira razão é que isso, obviamente, isolou os grupos de verdadeiros escolhidos dentre o povo do reino do norte — contribuindo grandemente para a sua rápida inclinação à apostasia e à idolatria. A segunda é que isso refuta a nociva crença ocultista a respeito das "Dez tribos perdidas de Israel". Em outras palavras, eles erroneamente insistem que quando Babilônia levou cativo o reino do norte, aquelas tribos "sumiram da tela do radar histórico" e misteriosamente migraram para a Inglaterra e Estados Unidos séculos mais tarde. Também conhecido como "Israelismo Britânico", isso constitui a espinha dorsal do mormonismo, pois seu fundador, Joseph Smith, recebeu esse ridículo fragmento de conhecimento gnóstico durante seu aprendizado como maçom. A identidade das tribos nunca foi perdida porque todas as doze estavam representadas dentro da nação de Judá. Caso contrário, por que Tiago, o irmão do Senhor, endereçaria sua epístola às "doze tribos que andam dispersas"? (Tiago 1:1). Naturalmente, o povo foi disperso por todas as nações do mundo (a "Diáspora", ou dispersão), mas nenhuma das tribos jamais se perdeu!

Foi durante essa deplorável condição espiritual das tribos do norte que Deus levantou o profeta Elias. Sua difícil tarefa era advertir o perverso Acabe — que, nessa época, havia se tornado rei — a fim de que o povo se arrependesse ou seria julgado. E os triunfos, bem como as deficiências, do difícil ministério desse indivíduo intrépido continuam a ser uma fonte de inspiração para o povo de Deus.

No livro de 1 Reis, capítulo 17, versículo 1, o homem de Deus entra em cena com ímpeto! Ele vai ousadamente à presença do rei Acabe e faz um pronunciamento surpreendente:

"Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o SENHOR Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra"

O aviso de uma forte seca tinha a finalidade de chamar a atenção de Acabe, mas antes que o rei pudesse reagir furioso a essa intromissão indesejada, Deus instrui Elias a sair de cena e se esconder! Então, durante sua ausência, Deus milagrosamente providenciou o sustento, enviando-lhe alimento por intermédio dos corvos.

"Depois veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo: Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro. E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra" [1 Reis 17:2-7].

Logo que a água acabou, Deus enviou Seu profeta a uma viúva gentia na cidade de Sarepta, que ficava perto da região fenícia de Sidom! A condição espiritual de Israel era tão deplorável que nenhuma de suas viúvas foi escolhida para servir a Deus, auxiliando no sustento do profeta Elias. Esse acontecimento deixou os judeus furiosos quando o Senhor o mencionou para ilustrar a ignorância espiritual de Israel em Sua própria época:

"Em verdade vos digo que muitas viúvas existiam em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra houve grande fome; e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva." [Lucas 4:25-26].

Aquela mulher, em particular, fora "ordenada" por Deus para cuidar de Elias (1 Reis 17:9). E o surpreendente é que ela e seu filho único estavam, eles próprios, quase morrendo de fome! Para dizer a verdade, quando Elias chegou ali, ela estava apanhando alguns gravetos para acender o fogo e preparar o que ela considerava seria sua última refeição. Quando aquele forasteiro judeu pediu que ela lhe desse um pouco de água e comida, sua resposta continha provavelmente um tom meio sarcástico.

"Porém ela disse: Vive o SENHOR teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de farinha numa panela, e um pouco de azeite numa botija; e vês aqui apanhei dois cavacos, e vou prepará-lo para mim e para o meu filho, para que o comamos, e morramos." [1 Reis 17:12; ênfase adicionada].

Aha! Observe que ela disse "teu" Deus e não "meu" Deus. Dessa forma parece realmente óbvio que havia motivo em dobro para que Deus enviasse Elias até ela. Não só o profeta precisava da sua ajuda, mas ela estava espiritualmente morta e precisava desesperadamente da ajuda dele! Então, a primeira coisa que Elias fez foi desafiá-la a crer:

"E Elias lhe disse: Não temas; vai, faze conforme à tua palavra; porém faze dele primeiro para mim um bolo pequeno, e traze-mo aqui; depois farás para ti e para teu filho. Porque assim diz o SENHOR Deus de Israel: A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará até ao dia em que o SENHOR dê chuva sobre a terra. E ela foi e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa muitos dias." [1 Reis 17:13-15].

Humanamente falando, tal fé era impossível! (1) Ela era uma gentia e conhecia pouquíssimo sobre o Deus de Israel e (2) era um fato que os judeus desprezavam o povo dela. Porém, para piorar a situação, o homem pedia que ela lhe desse a maior parte do que restou do escasso mantimento que ela tinha para ele primeiro e, depois, preparasse o que sobrasse para ela e seu filho. Só pode ser provocação! Sob aquelas circunstâncias, quem se surpreenderia se ela o mandasse se arremessar do despenhadeiro mais próximo? Contudo, incrivelmente, ela atendeu ao pedido dele. Mas, o que poderia realmente levá-la a fazer isso, pois ela sabia que, se a promessa dele falhasse, tanto ela como seu filho morreriam mais cedo? A resposta está no versículo 9, que diz que Deus a havia "ordenado". A palavra hebraica "sawa" (#6680 na Concordância de Strong, traduzida como "ordenado" neste caso) também pode ser traduzida como "estabelecido". Encontramos esse mesmo significado em 2 Samuel 6:21, onde Davi diz à sua mulher Mical, filha do rei Saul, o seguinte:

"Disse, porém, Davi a Mical: Perante o SENHOR, que me escolheu preferindo-me a teu pai, e a toda a sua casa, mandando-me que fosse soberano sobre o povo do SENHOR, sobre Israel, perante o SENHOR tenho me alegrado." [ênfase adicionada].

Portanto, Deus preparou o coração daquela viúva para reagir dessa maneira. E a milagrosa abundância de farinha e azeite serviu para confirmar a ela que o Deus de Elias era verdadeiro. Em seguida, após seu filho morrer e Elias ressuscitá-lo, ela evidenciou a verdadeira fé:

"Então a mulher disse a Elias: Nisto conheço agora que tu és homem de Deus, e que a palavra do SENHOR na tua boca é verdade." [1 Reis 17:24].

Finalmente, em algum momento durante o terceiro ano da seca, Deus disse a Elias para apresentar-se ao rei Acabe, pois enviaria a chuva!

Então, a primeira coisa que Elias fez quando se encontrou com Acabe foi reprovar a sua perversidade e propor uma "disputa" para determinar quem era o Deus vivo e verdadeiro de Israel:

"E sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe: És tu o perturbador de Israel? Então disse ele: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do SENHOR, e seguistes a Baalim. Agora, pois, manda reunir-se a mim todo o Israel no monte Carmelo; como também os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel. Então Acabe convocou todos os filhos de Israel; e reuniu os profetas no monte Carmelo." [1 Reis 18:17-20].

Em seguida, ele voltou-se para o povo e repreendeu-o por causa da sua incredulidade:

"Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu." [1 Reis 18:21].

Então, todos os profetas pagãos, juntamente com o povo de Israel, reuniram-se no Monte Carmelo para ver o que Elias iria fazer. E ele lhes propôs que sacrificassem um bezerro e o colocassem sobre uma pilha de lenha seca em um altar — Em seguida, ele faria o mesmo. Posteriormente, cada "lado" iria orar e pedir que seu sacrifício fosse consumido pelo fogo para provar de quem era o verdadeiro Deus. E o versículo 24 relata que essa proposta agradou a todos, pois disseram "É boa esta palavra". Porém, tenho uma forte suspeita de que o desafio não foi nada agradável para os pretensos profetas de Baal, pois eles se depararam com uma situação do tipo "a hora da verdade"! E para mostrar que ele era um bom esportista, Elias teve a fineza de deixá-los começar.

O que aconteceu em seguida foi completamente cômico. Os profetas de Baal (e presumimos também os de Asera) oraram fervorosamente desde a manhã até ao meio-dia, dizendo "Ah! Baal, responde-nos". Mas nada acontecia. Após certo tempo, eles realmente se inquietaram e começaram a dar saltos, clamando a seus deuses, e se retalhando com facas até derramarem sangue — a todo o momento sendo afrontados por Elias! Isso continuou até bem depois do meio-dia até que Elias se dirigiu ao povo, que estava ali testemunhando o desafio, e pediu que se aproximassem dele.

Enquanto eles observavam, Elias reparou um antigo altar que fora usado em alguma ocasião no passado. Ele tomou doze pedras (representando as doze tribos originais de Israel) e as reposicionou para edificar o altar. Em seguida, cavou um largo sulco ao redor, pôs lenha em cima das pedras, e preparou o bezerro para o sacrifício. Depois, pediu a alguns dos presentes que enchessem quatro tambores com água e derramassem sobre o sacrifício (a seca já durava mais de dois anos e mesmo uma pequena quantidade de água era preciosa!). Outra vez, ele os instruiu a fazer a mesma coisa — Em seguida, pediu que fizessem pela terceira vez! Àquela altura, tudo no altar estava encharcado e o sulco ao redor também ficou cheio d'água. Por que Elias pediu para eles fazerem algo tão estranho? Simplesmente para eliminar qualquer tentativa de alguém usar algum pretexto para dizer que não foi Deus que consumiu o sacrifício (pois havia, literalmente, centenas de falsos profetas que tinham sido mal-sucedidos em seus esforços e estavam ansiosos por uma chance de dizer que ele usou algum tipo de embuste para incendiar a lenha).

Então Elias orou a Deus:
"Sucedeu que, no momento de ser oferecido o sacrifício da tarde, o profeta Elias se aproximou, e disse: Ó SENHOR Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme à tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo conheça que tu és o SENHOR Deus, e que tu fizeste voltar o seu coração." [1 Reis 18:36-37].

Deus respondeu imediatamente a oração sincera do profeta:
"Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rêgo. O que vendo todo o povo, caíram sobre os seus rostos, e disseram: Só o SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus! E Elias lhes disse: Lançai mão dos profetas de Baal, que nenhum deles escape. E lançaram mão deles; e Elias os fez descer ao ribeiro de Quisom, e ali os matou." [1 Reis 18:38-40].


Então Elias disse ao rei Acabe que se preparasse, pois a chuva já estava chegando! E enquanto Acabe seguia em seu carro de volta a Jezreel, com Elias correndo a pé perante ele, caiu uma "abundante chuva" (18:46). Que grande vitória para Deus e retribuição para Seu fiel profeta! Mas, espere, há uma surpresa aguardando Elias logo após a esquina, a fim de mantê-lo humilde.

Quando Acabe contou à rainha Jezabel tudo que havia sucedido, ela ficou transtornada pela ira. Como o Deus de Israel se atreve a zombar de seus profetas e condená-los à morte!

"Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles." [1 Reis 19:2].

Bem, Elias sabia que a perversa Jezabel falava sério, então, ele não "passou a vez" ou "pagou para ver", mas imediatamente dirigiu-se para os montes para escapar com vida! O mesmo homem que havia acabado de enfrentar e matar 850 falsos profetas estava agora fugindo de uma mulher irada. Porém, como dizem, "a prudência é a maior virtude da coragem".

Assim, pela segunda vez em um período de cerca de três anos, Elias encontra-se totalmente dependente de Deus para sobreviver. Porém, desta vez, em vez de caminhar por fé, o profeta fez o que muitos de nós estamos propensos a fazer diante de circunstâncias parecidas. Apreensivo e exausto fisicamente, ele se sentou debaixo de um zimbro (19:4) e pediu a Deus para tirar sua vida! Não mais importava o fato de que há apenas um dia ele tinha passado, literalmente, por uma "experiência espiritual no cume da montanha"! Ele não levou em consideração que Deus o usou de forma poderosa para provar a Israel que eles foram desviados pelos falsos profetas. Ele foi dominado totalmente pelo pavor e o bom senso o abandonou. O "vale do desespero" o tornou cego com algo que parecia ser uma situação sem solução. O orgulho pecaminoso o convenceu de que ele era o único profeta de Deus que restava e ele apenas queria acabar com tudo!

O que você acha que o levou a pensar daquela forma? A narrativa não nos diz, mas, para mim, isso definitivamente exala cheiro de enxofre!

Portanto, se esse notável profeta de Deus chegou a esse estado de ânimo lastimável, não é razoável concluir que nós também estamos suscetíveis?

Para trazer alento ao Seu angustiado servo depois que ele acordou do sono, Deus enviou um anjo para atender à sua necessidade física imediata de comida e água. Então, após se alimentar, Elias voltou a deitar-se. O mesmo homem que estava tão preparado fisicamente, sendo capaz de correr à frente do carro de Acabe, "chegou ao limite" e estava completamente extenuado pela experiência.

Porém, Deus tinha ainda mais um desafio físico para ele:
"E o anjo do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho. Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus." [1 Reis 19:7-8].

De Berseba (v. 3) até o monte Horebe (Sinai) o percurso é de cerca de 240 quilômetros. Podemos apenas supor a razão por que Deus o enviou em uma viagem tão árdua assim no deserto, mas, ao chegar, Elias se abrigou em uma caverna. Teria sido essa a mesma "fenda na rocha" (Êxodo 33:22) em que Moisés se protegeu da força total da glória de Deus? Alguns comentaristas acreditam que sim e que, em ambos os casos, Deus tinha algo a dizer aos Seus servos.

Assim, quando o Senhor veio para falar com Elias, a primeira coisa que Ele disse foi "Que fazes aqui, Elias?" (1 Reis 19:9) e a resposta do profeta é bastante reveladora:

"E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem." [1 Reis 19:10].

A resposta do Senhor a essa lamuriosa explicação foi:
"E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto; E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias?" [1 Reis 19:11-13].

Observe que após uma cataclísmica demonstração de Seu divino poder, Deus repetiu a pergunta "Que fazes aqui, Elias?". E o teimoso profeta repetiu a desculpa inicial quase que palavra por palavra no versículo 14! Porém, em lugar de criticar Elias, precisamos entender que temos mais referências nas Escrituras para compreender melhor a pergunta de Deus. Por exemplo, o apóstolo Paulo disse em Romanos 8:31(b) "…se Deus é por nós, quem será contra nós?" Em outras palavras Deus estava dizendo algo no sentido de "Por que você está se escondendo aqui no deserto quando Eu sou infinitamente capaz de protegê-lo?". Mas, quando a mesma desculpa plangente foi apresentada pela segunda vez, Deus restabeleceu a tão necessária confiança ao Seu servo emocionalmente abalado:

"E o SENHOR lhe disse: Vai, volta pelo teu caminho para o deserto de Damasco; e, chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. Também a Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei de Israel; e também a Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar. E há de ser que o que escapar da espada de Hazael, matá-lo-á Jeú; e o que escapar da espada de Jeú, matá-lo-á Eliseu." [1 Reis 19:15-17].

Então, para corrigir Elias pela conclusão um tanto egoísta de que ele era o único profeta que restara (o que negligenciava totalmente o fato que o Senhor poderia levantar mais um milhão de profetas como ele, se assim desejasse) — juntamente com uma manifesta impressão de que a apostasia de Israel significava que ninguém mais temia a Deus, esta espantosa declaração foi feita:

"Também deixei ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que não o beijou." [1 Reis 19:18].

O julgamento divino estava prestes a cair sobre Israel, e os dois reis (Hazael da Síria e Jeú de Israel) seriam os instrumentos pelos quais ele seria aplicado. Depois de tudo consumado, ainda haveria 7000 remanescentes fiéis a Deus dentre toda a população. Para garantir que o povo continuaria a ser lembrado de sua relação de aliança com Jeová, Elias foi instruído a ungir Eliseu — aquele que no devido tempo assumiria seu lugar como profeta.

Assim, o detalhe que precisamos lembrar é que o nosso Deus soberano constantemente cuida de nós e nunca estamos sozinhos! Mesmo que a igreja de Laodicéia (Apocalipse 3:14-18) continue abarrotada de joio e o trigo se torne cada vez mais escasso, tenha a certeza no coração de que — seja qual for a situação — o Senhor sempre preservará um remanescente daqueles que permanecem fiéis a Ele.


Autor: Pr. Ron Riffe

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