"Nesse tempo o Senhor separou a tribo de Levi para levar a arca da aliança do Senhor, para o servir, e para abençoar em seu nome"(Dt. 10,8).
Levitas eram os membros da tribo de Levi, terceiro filho do patriarca Jacó. Formavam uma tribo separada, sem território, sem herança terrena porque gozavam do alto privilégio de ter o Senhor como seu quinhão, sua posse (Dt. 10.9). Era a tribo dos sacerdotes, descendentes de Arão, por sua vez descendente de Levi (Ex. 29.44; Nm. 3.10). Isso quer dizer que todo sacerdote era levita), mas nem todo levita era sacerdote (Nm. 3.6s).
Os levitas tinham, entre outros privilégios:
Servir no santuário (Nm. 3.6; 1Cr. 15.2) ajudando nos sacrifícios (Jr. 33.18,22), na recepção de oráculos (Nm. 3.38; 2Rs. 12.9ss; transportar a arca da aliança; a responsabilidade do ensino da lei (Dt 31.9; 22.10); autoridade para abençoar. Grande privilégio pela associação como o Nome de Deus (Nm. 6.27).
Gozavam os levitas de alto prestígio, de elevada estima aos olhos do Senhor a ponto de lhes ser dito pelo Senhor, "... os levitas serão meus" (Nm. 8.14b). Por esse motivo, no deserto, quando da apostasia do povo de Deus, os levitas puniram os apóstatas (Ex. 32.25-29). Dt.10,8 resume o ministério levítico, e nos aponta de modo sugestivo um plano de trabalho para nós mesmos, levitas da Nova Aliança: levar a arca da aliança, estar diante do Senhor e abençoar em Seu Nome.
Levar a arca da Aliança. O relato do Antigo Testamento dá uma descrição da arca (Ex. 25.10ss). Era uma caixa de madeira de acácia medindo 1,40m x 0,84 cm x 0,84 cm, coberta de ouro e com uma tampa de ouro e com um tampo de ouro chamado de "propiciatório" (Ex. 25.17, 21; 26.34).
Na arca, três objetos que eram testemunhos da relação de Deus com Seu povo: As duas tábuas de pedra onde se achava "escrita a aliança de Deus com o povo" (Ex. 24.12; 25.16, 21; 40.20; Dt. 10.1-5). Era lembrança do pacto de Deus com os filhos de Jacó, símbolo de direção permanente da parte divina;
O pote de maná que recordava ao povo o cuidado e o sustento que vinham da parte de Deus no deserto (Ex. 16.14ss; Hb. 9.4, 5). Era uma metáfora concreta do alimento permanente vindo de Deus; o bastão (vara) de Arão (Nm. 17.10) que floresceu como prova da sua divina indicação para ser Sumo-sacerdote (cf. v.8). É sinal de apoio permanente pelo Senhor.
A arca era um ponto catalizador dos doze tribos de Israel; o lugar de encontro no Santo dos Santos, onde o Senhor revelava Sua vontade aos Seus servos. Sinal visível e símbolo da presença de Deus entre o povo (1Sm. 4-6; 2Sm. 6; 1Rs 8; cf. 1Sm. 4.7,22; Nm. 10 35; 1Rs. 8.11). Era o próprio trono de Deus.
Reputada como a "glória de Israel" (1Sm. 4.21,22), santificava o lugar onde repousava (2Cr. 8.11). Por esse motivo, quando a notícia de que havia sido tomada pelos filisteus chegou ao povo de Deus, a nora de Eli, o sacerdote, exclamou: "De Israel se foi a glória!" (1Sm. 4.21).
Pois uma das funções levíticas era transportar a arca, o que foi desempenhado até Ter sido levada definitivamente para Jerusalém (1Cr. 16.1), ocasião quando dita função foi transformada em ministério de serviço e de louvor (1Cr. 23.25-32).
Que lição tiramos para nós, os levitas de hoje? A de que para levar a arca é preciso ser escolhido. Outra importante lição é que se temos de levar a arca, temos que desempenhar esta obrigação de modo incansável, sacrificial, corajoso até. Afinal, a arca da aliança é um tipo de Jesus Cristo, segundo Ap. 11.19.
Estar diante do Senhor. Uma explicação mais detalhada está em Nm. 3.6-8, onde se percebe que "estar diante de..." é o mesmo que "dar assistência, servir".
"Estar diante do Senhor" tem a ver com consagração. O Novo Testamento ensina que os filhos de Deus somos constrangidos pelo amor a viver para o Senhor que morreu e ressuscitou por nós (2Cor. 5.14). A base dessa consagração é o amor, e não pode haver consagração se não se sentir o amor do Senhor, e se não se amor o Senhor.
O povo de Israel fora escolhido, mas só a tribo de Levi foi separada para ser a tribo de sacerdotes. Consagração na Antiga Aliança era algo exclusivo. Hoje, na dispensação da raça, todos somos sacerdotes, levitas, portanto (Ap. 1.5, 6).
A consagração visa a servir a Deus, como o faziam os levitas que tinham a função de "estar diante do Senhor". Quando nos tornamos crentes em Cristo, assumimos o compromisso o compromisso de servir a Deus por toda a vida. Um médico que é salvo pelo sangue de Jesus coloca a medicina em segundo lugar, pois para o primeiro lugar vai Jesus, seu Salvador. O mesmo com o comerciante, o soldado ou o bancário. Assim aconteceu com os primeiros discípulos: Mateus era fiscal de rendas; Pedro, André, Tiago e João eram pescadores que para "estar diante do Senhor" deixaram suas vocações para segundo plano.
Para "estar diante do Senhor" é preciso ser (2Cr.29.11). "Não sejais negligentes" diz este texto.
E continua lembrando que há dois empecilhos práticos à santidade: consagração imperfeita e fé imperfeita.
Realmente a nada leva a consagração pela metade, a consagração parcial, a consagração às vezes, talvez, pode ser, domingo-sim-domingo-não, semana-sim-semana-não. A nada leva a fé mais-ou-menos, a fé desde-que, até-certo-ponto, limitada, nem-sempre, com ressalvas.
Para abençoar em Seu Nome. A história da bênção é antiga. Já a encontramos nos primeiros momentos da Criação (Gn.1.27,28;2.3). Abraão foi abençoado por Deus para ser uma bênção para o mundo (Gn. 12.1-3).
O texto de Deuteronômio fala da função levítica de abençoar em nome de Deus. Ora, aprendemos com a Escritura que abençoar em nome de alguém é falar em seu nome. Por essa razão há de haver cuidado com a bênção dada levianamente e sem discernimento (Ex. 20.7). Excelente exemplo de abençoar em Nome do Senhor está em 2Samuel 6.18, quando a arca da aliança foi trazida da casa de Abinadabe em Quiriate-Jearim e a levaram para Jerusalém conquistada por Davi.
Há bênçãos belíssimas:
De Isaque Para Jacó - Referência Gn. 27.27-29
De Jacó Para filhos - Referência Gn. 49.1-28
De Moisés Para povo de Israel - Referência Dt. 33
De Sacerdotes Para Povo de Israel - Referência Nm. 6.24-27
De Jacó Para José (em seus filhos) - Referência Gn. 48.15,16
O Salmo 128
De Jesus Para crianças - Referência Mc. 10.14, 16
Na imensa maioria, destaca-se a marca do Nome do Senhor, ou seja, Seu caráter, Sua personalidade e Seu poder. A vontade de Deus é colocada sobre aquele por quem se orar, pois que o Nome do Senhor protege e abençoa (Nm. 6.27). Não é uma simples palavra, pois "Eu-Sou-O-Que-Sou", ou seja, "Eu-Não-Mudo" (cf. Pv. 18.10).
Há que tomar em consideração um importante fato: para abençoar é preciso ser uma bênção.
Em Nm. 16.9, a grande pergunta do Senhor é: "Acaso é pouco vós que o Deus de Israel vos tenha separado... para vos fazer chegar a si...?" Os levitas da Nova Aliança vivemos na disposição de continuar levando a arca, pois para tanto formos escolhidos; de lembrar ao povo a direção permanente de Deus; de recordar ao povo o pão dos céus, Jesus Cristo, o maná vivo; de ressaltar o apoio permanente no cajado de Arão agora brotando em Cristo Jesus. Vivemos, os levitas, na santa disposição de estar diante do Senhor, ou seja, de consagração contínua, efetiva, real, verdadeira baseada no amor, na disposição de ser. Vivemos na sagrada determinação de abençoar em Seu Nome, e para isso temos que ser uma bênção.
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