“Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e à medida que usarem, também será usada para medir vocês. Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão. (Mateus 7:1-5)
A minha experiência como irmão, com pastor, como conselheiro é que, na igreja os crentes que não estão na Palavra de Deus diariamente, que não tem as suas vidas governadas por princípios que poderiam ter colhido da Palavra, fazem e praticam o que não devem, e deixam de fazer e praticar o que devem.
Tudo que Cristo pregou nestes três capítulos de Mateus (5, 6 e 7) é de suma importância para sua vida. Jesus nestes três capítulos declarou o que tem que ser o caráter dos súditos do Reino de Deus. Se você planeja ir para o Céu, tem que acatar, compreender, valorizar, e praticar tudo que foi ensinado nestes capítulos.
Há poucos versículos citados mais freqüentemente do que versículo 1 de Mateus 7, e poucos menos compreendidos por aqueles prontos para citá-lo e aplicá-lo às pessoas que ignorantemente ou até maliciosamente acham que estão transgredindo este mandamento.
Esta proibição de Cristo "Não julgue" não pode ser compreendido absolutamente, ou seja, sem qualificação.
Temos que andar na luz de toda a Palavra e não somente este versículo para que façamos o que devemos e deixemos de fazer o que não devemos. Para que julguemos como convém e não como não convém.
A palavra traduzida aqui "julgar" (krino) é uma palavra que é usada freqüentemente no Novo Testamento (98 vezes), e é usada numa grande variedade de sentidos: determinar, condenar, processar, questionar, estimar, selecionar, aprovar, considerar, avaliar.
Nossa tarefa como um povo que examina a palavra de Deus, é discernir quais sentidos desta palavra Cristo proibiu. É muito importante manter em mente o objetivo principal do Senhor, que era para mostrar que Ele exige no caráter e na conduta dos seus discípulos algo radicalmente diferente e muito superior a religião dos Judeus, a forma considerada mais alta sendo aquela possuída pelos escribas e Fariseus. O X da questão foi tocado quando Cristo contou aos seus ouvintes, "Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus." (Mt.5,20). Aquilo que Cristo falou antes desta declaração e tudo que falou depois até ao fim do seu discurso deve ser interpretado na luz dessa declaração.
Uma das características dos Fariseus era sua elevada auto-estima para com eles mesmos e o desprezo que praticavam contra todos que não pertenciam a sua seita. Isto é evidente nas palavras de Cristo em Lucas 18:9, onde diz "Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos por se considerarem justos, e desprezavam os outros: naquilo que imediatamente se segue temos um contraste entre o Fariseu e o publicano. Os Fariseus acostumavam passar julgamento injusto nos outros, enquanto permaneciam cegos aos seus próprios defeitos.
O discípulo de Cristo deve comportar-se numa maneira exatamente contrária: incansavelmente julgando a si mesmo e recusando invadir a responsabilidade de Deus para avaliar ou julgar os outros.
A capacidade de julgar, de formar uma opinião, e uma das nossas faculdades mais valiosos e o uso correto dela é um dos nossos deveres mais importantes. A não ser que formemos opiniões e cheguemos a uma conclusão do que é bom ou mal naqueles com que nos encontramos, podemos facilmente rejeitar o justo e desculpar o ímpio.
Jesus disse "Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores." (Mateus 7:15) Como podemos cumprir esta ordem a não ser que nós medimos cuidadosamente cada pregador que ouvimos pela Palavra de Deus?
Depois ele disse em João 7:24 “Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos”.
"Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz.” [Efésios 5:11] Para obedecer a isto somos obrigados a julgar quais são as "obras das trevas".
"Irmãos, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo nós lhes ordenamos que se afastem de todo irmão que vive ociosamente e não conforme a tradição que vocês receberam de nós.” [2 Tessalonicenses 3:6]: isto nos obriga decidir quem vive ociosamente.
“Recomendo-lhes, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles." [Romanos 16:17]: isto requer que determinemos quem é culpado de tais coisas. Portanto é abundantemente claro que a proibição do Senhor em Mateus 7:1 de modo nenhum, deve ser compreendida absolutamente.
Há três tipos de julgamento que são lícitos e exigidos pela Palavra: dois de caráter público e um de caráter pessoal.
Primeiro: Julgamento eclesiástico. Este tipo pertence à liderança da Igreja. É a responsabilidade de vigiar e proteger os padrões morais dos membros da Igreja.
Segundo: Julgamento civil. Isso pertence aos juízes nos tribunais, encarregados de julgar os acusados de ofensas criminais de acordo com as leis da terra, absolvendo os inocentes e condenando os culpados.
O julgamento pessoal legítimo é:
Quando alguém repreende outra pessoa por causa de pecado, que é exigido pelo Senhor. "Não odiarás a teu irmão no teu coração, mas repreenderás a teu próximo" (Levítico 19:17). "Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe." (Lucas 17:3)
O julgamento que é aqui proibido é julgamento ilícito do nosso próximo.
Vamos ver alguns exemplos: Como não julgar
Primeiro - Não julgue oficialmente, o que está fora do alcance do indivíduo: Tudo que não for da sua conta, deixe prá lá: "Esforcem-se para ter uma vida tranqüila, cuidar dos seus próprios negócios e trabalhar com as próprias mãos, como nós os instruímos;..." (1Tess. 4:11).
"Se algum de vocês sofre, que não seja como assassino, ladrão, criminoso, ou como quem se intromete em negócios alheios." (1Pedro 4:15). Ou seja: "não se meta em assuntos alheios." Segundo - Não julgue presunçosamente, o que acontece quando trata meras suspeitas ou rumores não confirmados como se fossem fatos autenticados, e quando atribuí ações a fontes que estão fora do alcance do seu conhecimento. Julgar motivos dos outros, que são vistos por ninguém salvo a Deus é altamente repreensível, pois é uma intrusão na prerrogativa Divina, uma invasão do próprio ofício de Deus. Romanos 14:4 diz "Quem é você para julgar o servo alheio? É para o seu senhor que ele está em pé ou cai."
Terceiro - Não julgue hipocritamente, condenando os outros por aquilo que você permite em sua própria vida. Romanos 2:1 diz "Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, pois te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro, porque tu que julgas, fazes o mesmo."
Quarto - Não julgue precipitadamente ou imprudentemente. Antes de pensar o pior de qualquer pessoa deve investigar completamente e obter provas claras que suas suspeitas têm fundamento na realidade ou que o relatório que recebeu é de confiança. A Bíblia diz que não devemos "julgar pelas aparências" (João 7:24), pois as aparências são enganosas. Sempre vá ao
transgressor e dê-o uma chance de se explicar: Provérbios 18:13 diz "Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha."
Quinto - Não julgue indevidamente - ou seja, além dos confins que Deus estabeleceu na sua Palavra. Na Palavra de Deus certas coisas são recomendadas e certas coisas são condenadas, mas há outra classe de coisas sobre as quais as Escrituras não proferem nenhum veredicto. São assuntos "amorais" ou de "convicção particular". O Apóstolo Paulo repreendeu os Cristãos Romanos sobre julgando assuntos de "comida e bebida" e a Igreja em Colossos por eles se submeter à doutrina dos homens (Col. 2:20-23) O Espírito Santo esclarece que em tais casos, julgar um irmão é "falar mal da lei" (Tiago 4:11), que significa que aquele que condena um irmão por qualquer coisa que Deus não tem condenado, considera a Lei faltosa porque não proibiu tais coisas.
Depois que Jesus ordenou que não julgássemos uns aos outros ele incluiu a razão de não fazer isso, para nos conscientizar das conseqüências de formar e expressar julgamentos ilícitos.
Exatamente o que Jesus teve em mente ao dizer "Não julguem, para que não sejam julgados"? Se você julgue a seu próximo em qualquer uma das maneiras que acabamos de explicar, e você terá sua vez perante o trono de Deus. Você não preferia comparecer perante o trono da graça?
Se você fosse a prostituta pega em flagrante que os fariseus levaram para Cristo quem você preferia que fosse seu juiz. . . Jesus que disse "eu não te condeno, vai e não peque mais" ou os fariseus que disseram que a lei manda apedrejar tal ofensor? Cristo não estava afirmando que se você nunca julga ninguém, Deus será indulgente no julgamento a você... Não, independente da maneira que julga aos outros, o juízo de Deus será "segundo a verdade" e sem "acepção de pessoas" [Romanos 2:2,11] Porém de fato afirmou que deve tomar cuidado de não julgar aos seus irmãos erradamente, pois todos seus juízos serão analisados na luz penetrante do trono de Deus, e pelos seus juízos você mesmo será julgado. Não será o único fator, mas vai pesar como um dos fatores.
Então que tomemos cuidado conscientes que iremos prestar conta a Deus e que seu tratamento de nós será regulado pela maneira que tratamos nosso próximo. Mateus 7:3,4 “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu?”
Basicamente o que Jesus está falando aqui é o seguinte: Ninguém é qualificado ou capaz de censurar aos outros quando ele mesmo é um ofensor maior. Isto era o caso dos fariseus. Tem pelo menos duas coisas que podemos aprender deste exemplo que Cristo deu.
A primeira é que o pecado exerce uma influência ofuscante. Geralmente as pessoas não enxergam os seus próprios erros e motivos enquanto são muito rápidas em perceber as falhas,
fracassos e maus motivos dos outros. Na mesma proporção que falham em julgar rigorosamente a si próprio têm uma facilidade de censurar os outros.
A segunda coisa é que existem graus de pecado, representados pelo "cisco" e a "trave", como no caso em que Jesus censurou aos escribas e fariseus de "coar um mosquito e engolir um camelo." [Mateus 23:24]
Não que existe pecadinhos nos olhos de Deus, pecado é pecado. O contraste que Jesus estava fazendo aqui é entre alguém que permite que um pecado prevaleça sobre ele e ainda se atreve criticar alguém por outro mal ou ofensa de menor conseqüência.
Cristo estava repreendendo os Fariseus e escribas que eram culpados de julgar da forma errada e no espírito errado. Eles falhavam em julgar a si próprio primeiro. Não tinham condições de corrigir a ninguém porque estavam cheios dos pecados de hipocrisia, orgulho espiritual e outras traves de pecado.
Qual é a mensagem para nós aqui? Qual a lição prática que podemos levar conosco agora? Nós somos uma família. Temos que ajudar uns aos outros. Mas para que tenhamos condições de ajudar os nossos irmãos temos que nos livrar da trave de pecado em nossas vidas. Temos que ser rigorosos em julgar a nós mesmos. Nós devemos desenvolver a atitude de ser mais exigente conosco mesmo, de julgar a nós mesmos com mais vigor do que todos os outros. Vamos ser duros conosco mesmo e delicados com os outros. Um conduz ao outro. A dureza com a qual julgamos a nós mesmos conduz a um tratamento delicado e manso para com os outros. Já imaginou aquele que reconhece sua pobreza espiritual, aquele que lamenta o pecado na sua própria vida, aquele que tem fome e sede para a justiça, o misericordioso implacavelmente julgando os outros? Tire as traves de pecado na sua vida. Você deve isso aos seus irmãos, porque precisam da sua ajuda para tirar os ciscos nos olhos deles.
Não é sua responsabilidade julgar, pois não é juiz. Mas é sua responsabilidade edificar, pois é membro de corpo.
“E estaremos prontos para punir todo ato de desobediência, uma vez estando completa a obediência de vocês. Vocês observam apenas a aparência das coisas. Se alguém está convencido de que pertence a Cristo, deveria considerar novamente consigo mesmo que, assim como ele, nós também pertencemos a Cristo. Pois mesmo que eu tenha me orgulhado um pouco mais da autoridade que o Senhor nos deu, não me envergonho disso, pois essa autoridade é para edificá-los, e não para destruí-los.” 2 Coríntios 10:6-8 . “Nenhuma palavra torpe saia da boca de vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem. Efésios 4:29
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