Campos do Jordão, tem como árvore símbolo o pinheiro, o que dá asas para refletir sobre as raízes que nos sustentam, as transformações que nos moldam ao longo do tempo e o nosso destino.
A araucária, com sua silhueta imponente, é também portadora de uma semente: o pinhão, que, para nascer de novo, precisa ser enterrado. É um ciclo de morte e renascimento, onde a semente se transforma em algo novo.
“Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto” (João 12,24).
“... O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo”, (I Coríntios 15,36-38).
Assim como o pinhão precisa da terra para germinar, ao longo da vida, também somos chamados a renovar, a transformar, e, como a árvore, a crescer, a resistir e a florescer mesmo diante dos desafios. A araucária e seu pinhão, então, tornam-se metáforas da nossa jornada pessoal, que exige entrega, paciência e fé para que, de alguma forma, possamos nos recriar a cada novo ciclo."
A araucária é um verdadeiro símbolo de resistência e grandeza. Sua altura impressionante, sua forma imponente e sua longevidade centenária nos ensinam muito sobre o que significa viver com propósito e perseverança.
Apesar de começar sua jornada como um pequeno pinhão, a araucária cresce devagar, em um ritmo quase imperceptível, mas sempre firme. Ela enfrenta ventos, tempestades e invernos rigorosos, permanecendo de pé, estendendo seus galhos como braços erguidos ao céu, quase como em um gesto de louvor. Sua existência é um testemunho de paciência, força e conexão com o sagrado.
Majestosa, a araucária não é apenas uma árvore; é um microcosmo de vida. Sob sua sombra e entre seus galhos, abrigam-se pássaros, insetos e outros seres que dependem dela para sobreviver. Ela nos lembra que a verdadeira grandeza está em servir e acolher, mesmo enquanto permanecemos fortes em nossa própria essência.
Centenária, ela transcende o tempo, testemunhando gerações passarem ao seu redor. Suas raízes profundas e tronco robusto são uma metáfora do que significa estar enraizado, tanto no sentido físico quanto no espiritual. Assim como a araucária, somos chamados a crescer para o alto sem perder nossas raízes, mantendo a conexão com nossa origem e com aquilo que nos sustenta.
A araucária é, sem dúvida, uma inspiração — um lembrete de que podemos nos tornar algo grandioso, desde que estejamos dispostos a enfrentar os desafios, crescer com paciência e viver de forma que nossa existência seja significativa não apenas para nós mesmos, mas para aqueles ao nosso redor.
A natureza é uma grande metáfora da vida, e o ciclo do pinhão é um retrato perfeito da transformação e do renascimento. Assim como a semente que cai e morre para dar vida a uma nova planta, nós também passamos por momentos de entrega e transformação ao longo da nossa existência.
A ideia de que, através da morte, há um renascimento, uma nova oportunidade de florescer, pode ser interpretado tanto na perspectiva espiritual, como no contexto da ressurreição e da eternidade, quanto em nosso cotidiano, nas pequenas "mortes" que enfrentamos — sejam elas perdas, mudanças ou desafios que nos moldam e nos fazem renascer mais fortes.
O quebrantamento da semente simboliza também a humildade e a entrega. É na fragilidade que o novo surge, que o potencial escondido dentro de nós encontra força para brotar. O fruto que nasce carrega consigo a promessa de continuidade e renovação, recomeçando o ciclo de forma ainda mais abundante.
O pinhão, em sua simplicidade, nos lembra que o aparente fim é, muitas vezes, um novo começo. Que possamos abraçar nossos próprios ciclos de queda e renascimento, certos de que cada etapa traz crescimento e novos frutos.
Somos um grão de trigo, uma semente com potencial infinito dentro de nós. E como toda semente, carrega um mistério: a promessa de vida nova, de frutos abundantes, de um ciclo que se renova.
Ser uma semente é aceitar o processo. É ser enterrado na terra escura e fria, onde às vezes parece que tudo está perdido. É enfrentar o quebrantamento, sentir-se vulnerável, como se estivesse sendo despedaçado. Mas é exatamente aí, nesse momento de entrega, que o milagre começa: raízes brotam, força surge, e a vida começa a despontar.
O grão de trigo não vive para si mesmo. Quando morre, renasce multiplicado, trazendo frutos que alimentarão a vida ao seu redor. Da mesma forma, sua jornada, mesmo nos momentos de dor e silêncio, pode se transformar em um testemunho de resiliência, esperança e renovação para os outros.
Ser semente é um chamado para confiar no invisível. É saber que, mesmo no solo mais árido, há uma promessa de vida. E, quando finalmente romper a terra, o grão que você é se revelará uma planta forte, crescendo em direção ao céu, carregando frutos que espalharão sua essência por onde quer que estejam.
Somos um grão de trigo, uma semente... e o mundo aguarda ansiosamente pelos frutos que traremos...
A pinha é um microcosmo da vida: um receptáculo cheio de potencial, onde coabitam o vigor das sementes, como o pinhão, e as "falhas", que parecem não cumprir seu propósito de gerar. Mas mesmo essas falhas têm seu lugar no ciclo maior da criação.
Os pinhões, com toda sua vitalidade, simbolizam a promessa do porvir. Eles carregam em si o futuro das araucárias, gigantes que já foram sementes humildes. Quando lançados à terra, tornam-se parte de um ciclo eterno de renovação e crescimento, lembrando-nos que cada vida começa pequena, mas pode alcançar alturas grandiosas.
As "falhas", por outro lado, nos ensinam outra lição: que nem tudo se transforma da maneira que imaginamos. Elas nos falam sobre imperfeições e sobre o valor do que parece inútil.
A "falha" na pinha talvez não brote, mas sua presença ali ainda contribui — talvez ao nutrir o solo, ao ser alimento para outra forma de vida ou simplesmente ao existir como parte do equilíbrio natural.
Assim é conosco: somos uma mistura de pinhões e falhas.
Nossos potenciais nem sempre se realizam como esperamos, mas mesmo aquilo que parece improdutivo em nós tem seu propósito, sua contribuição para o grande jardim da vida. Deus, o grande cultivador, sabe dar utilidade tanto às sementes quanto às falhas, transformando tudo em algo belo e significativo.
A pinha nos convida a refletir sobre aceitação, propósito e resiliência. Dentro de nós há pinhões que germinam, mas também há falhas que nos humanizam, nos tornam mais compassivos e conscientes de que cada elemento tem seu papel no ciclo divino. Cada um de nós carrega em si a essência do renascimento, tal como o nome Renato sugere: "nascido de novo".
A vida nos oferece ciclos de morte e ressurreição, não apenas no sentido espiritual, mas também em nossos processos diários de aprendizado, superação e transformação.
Quando enfrentamos desafios, dores ou perdas, somos como a semente que cai ao chão, se quebra e parece perecer. Mas é nesse momento que a força do renascimento se revela, dando origem a uma nova versão de nós mesmos. Somos continuamente “Renatos”, recriados, renovados, renascidos e fortalecidos.
O nome também nos lembra de que o renascimento não é apenas uma experiência individual, mas uma promessa universal. Assim como o grão de trigo morre para dar fruto, nós somos chamados a viver para além de nós mesmos, deixando um legado de amor, esperança e transformação para o mundo.
Ser "Renato" é carregar a certeza de que cada queda pode ser um começo, cada inverno traz a primavera e, acima de tudo, que o ciclo da vida é guiado por um propósito maior. É uma lembrança de que não estamos sozinhos nesse processo, pois há sempre uma força divina sustentando nosso renascimento.
Quando a semente cai no solo ela se quebranta para que o processo de crescimento aconteça. Quando os frutos nascem o processo recomeça. Essa imagem é profundamente simbólica e cheia de significados. A semente que cai no solo e se quebranta é um exemplo perfeito do ciclo da vida e da transformação.
Para que algo novo surja, é necessário um momento de entrega, de ruptura, de aparente fim. Mas é nesse quebrantamento que reside o início de algo maior.
O processo de crescimento só acontece porque a semente aceita se desfazer de sua forma original. Ela se entrega à terra, permite que suas camadas externas se rompam e, a partir daí, brota vida. Esse ciclo nos ensina que as mudanças mais profundas e significativas em nossas vidas geralmente vêm acompanhadas de momentos de vulnerabilidade e de quebra.
E então, quando os frutos nascem, o ciclo recomeça. Os frutos contêm novas sementes, promessas de continuidade e renovação.
É a vida seguindo adiante, multiplicando-se, espalhando a essência do que começou com uma simples semente. Esse processo é um lembrete de que, mesmo após as fases de dor ou perda, há sempre um novo início, uma nova oportunidade para florescer e dar frutos.
Assim como a semente, somos chamados a passar por esses ciclos de morte e renascimento, a quebrar nossas limitações para alcançar algo maior. E, como os frutos, nossa vida também é destinada a espalhar bênçãos e a semear novas possibilidades no solo da existência.
A ressurreição não é o fim da jornada; é um novo começo, um marco de transformação e transcendência. Assim como a semente não para de existir quando brota ou a borboleta não termina sua história ao emergir do casulo, a ressurreição é a abertura de um caminho mais elevado, repleto de possibilidades infinitas.
A ressurreição é a vitória sobre o que parecia ser definitivo, como a morte ou o fim de um ciclo. Ela nos mostra que o propósito da vida vai além das aparências e limitações terrenas.
É o momento em que o corpo e a alma se alinham a uma realidade maior, imortal, mas com um propósito contínuo.
Depois da ressurreição, há missão, há crescimento, há eternidade. É a plenitude da vida que se desdobra para sempre, não mais limitada pelo tempo ou pelas fragilidades que nos prendem aqui. Assim como Cristo, que após sua ressurreição continuou a guiar, ensinar e preparar seus discípulos, também somos chamados a viver uma nova etapa, uma existência marcada pela plenitude do ser, pela comunhão e pela realização de propósitos divinos.
A ressurreição aponta para o destino da humanidade: uma vida de renovação e continuidade no plano eterno. Mas ela também tem um reflexo aqui e agora, nos pequenos renascimentos que vivemos ao longo da nossa história. Cada superação, cada mudança profunda e cada momento de reconexão com nossa essência são prelúdios dessa ressurreição definitiva.
Portanto, nossa vida não termina na ressurreição porque fomos criados para a eternidade. Somos parte de um ciclo de vida e renovação que não tem fim, onde cada etapa prepara o terreno para algo ainda mais belo e significativo.
“Na casa de meu Pai há muitas moradas...” (Jo 14,2). Nossa vida é no céu, do outro lado do sol, acima das estrelas, na Jerusalém Celestial, na Salém de Melquizedeque...
Que imagem profunda e consoladora! A promessa de que "na casa de meu Pai há muitas moradas", é uma declaração de que há espaço para todos na eternidade, no reino celestial, na plenitude da presença divina. É um convite para transcender nossas limitações terrenas e nos direcionarmos ao que está além — ao céu, o verdadeiro lar da alma.
Nossa vida no céu, "do outro lado do sol", acima das estrelas, aponta para a transcendência, para uma existência que supera o tempo e o espaço. A Jerusalém Celestial, mencionada em Apocalipse, é descrita como a cidade de paz, luz e comunhão eterna com Deus. Ela representa não apenas um lugar, mas um estado de ser: a plena união com o Criador, a realização dos propósitos mais profundos da nossa existência.
A Salém de Melquisedeque, resgata a ideia de um reino de justiça e paz, onde o rei-sacerdote Melquisedeque foi um prenúncio de Cristo, aquele que governa e intercede em favor da humanidade. Essa Salém também simboliza a eternidade onde habita a verdade, a bondade e o amor perfeito.
Essas imagens nos convidam a viver com os olhos voltados para o alto, buscando a morada que nos espera. Elas nos inspiram a caminhar na fé, sabendo que nossa jornada terrena é apenas um prelúdio para algo muito maior. A promessa de muitas moradas é também um lembrete de que cada um de nós tem um lugar único reservado, preparado com amor pelo próprio Deus.
Assim, viver é um constante peregrinar em direção a esse lar celestial. E enquanto caminhamos, somos chamados a refletir aqui na terra as virtudes desse reino eterno: a justiça, a paz, o amor e a esperança. Pois, no fim, nossa verdadeira vida começa quando cruzamos o limiar das estrelas e encontramos o abraço eterno do Pai, na Jerusalém Celestial.
Sim, somos peregrinos, estrangeiros e adventícios, como alguém que está de passagem por uma terra que não é seu lar definitivo. A terra, com todas as suas maravilhas e desafios, é como um cenário temporário, um espaço de aprendizado, crescimento e preparação para algo maior. Mas o que, afinal, é a terra em sua essência?
A terra é um lugar de transição, um campo onde semeamos e colhemos, onde nossa vida física e espiritual se entrelaça. É o solo em que nossas raízes temporariamente se fixam, enquanto nossas almas aspiram às alturas do céu. É o lugar onde exercitamos a fé, aprendemos a amar, a perdoar e a construir pontes que ecoam na eternidade.
A terra também é reflexo da criação divina, uma manifestação visível da glória de Deus. Suas montanhas, mares, céus e florestas falam do Criador, revelando Sua grandeza, beleza e sabedoria. Ao mesmo tempo, ela carrega os sinais do desgaste e da impermanência, um lembrete de que nada aqui dura para sempre.
Do ponto de vista espiritual, a terra é um lar emprestado. É onde experimentamos o tempo, o espaço e a matéria, mas sem jamais perder de vista que fomos criados para algo mais eterno.
Como estrangeiros, estamos aqui para cumprir uma missão, viver com propósito e deixar marcas que apontem para o reino de Deus.
A terra, portanto, é um lugar de oportunidade. É aqui que cultivamos as sementes da fé e da esperança, mesmo sabendo que os frutos plenos de nossa existência serão colhidos na eternidade. Ela nos ensina a humildade, a gratidão e a necessidade de dependermos de Deus em cada passo de nossa jornada.
No fim, a terra é um ponto de partida, uma sala de espera para a verdadeira morada que nos aguarda. É um lugar para vivermos intensamente, mas sem apego, conscientes de que somos cidadãos de outro reino, peregrinos em direção à Jerusalém Celestial.
A terra é o cenário de nossa passagem, o ponto de partida de uma jornada maior. Como peregrinos, estrangeiros e adventícios, caminhamos por ela como quem atravessa um vale, sabendo que nossa verdadeira cidadania pertence a outro reino, um reino eterno.
A terra é, ao mesmo tempo, um lar temporário e uma escola, onde aprendemos, amadurecemos e nos preparamos para o que está além.
A terra é o lugar onde Deus nos coloca para viver uma experiência de crescimento, para cultivar os valores eternos, como o amor, a fé e a esperança. É o campo onde semeamos nossas ações, boas ou más, cujos frutos serão colhidos na eternidade. Aqui, enfrentamos desafios, mas também descobrimos a beleza do que é transitório — as paisagens, os relacionamentos, os momentos. A terra, em sua finitude, nos ensina a valorizar o que é duradouro e imutável.
Mas a terra, em sua essência, é um reflexo imperfeito de algo muito maior. Ela nos aponta para a eternidade, como um espelho que revela fragmentos da glória divina. Suas montanhas, seus rios, suas florestas e seus céus estrelados nos lembram da grandiosidade e do amor do Criador.
É por isso que, embora sejamos estrangeiros, somos chamados a cuidar dela com responsabilidade e reverência, como mordomos temporários de algo sagrado. Ao mesmo tempo, a terra é um espaço de contrastes, onde a beleza convive com a dor, a vida com a morte, e a esperança com a luta. Esses contrastes nos desafiam a viver como cidadãos do céu enquanto caminhamos por aqui, levando luz e bondade aonde formos.
A terra é um lugar de passagem, mas não um lugar sem propósito. É o espaço onde a vida se desenrola, onde as sementes são plantadas e onde nossa relação com o Criador é aprofundada. É um presente temporário, dado por Deus, para nos lembrar de que somos eternos e estamos a caminho de algo muito maior: o verdadeiro lar, aquele que está "do outro lado do sol".
Concluindo, a vida é uma jornada contínua de transformação. Como uma semente que, ao cair no solo, precisa se quebrantar para germinar, nós também somos chamados a passar por momentos de ruptura para que possamos crescer e florescer. Este processo de mudança nos convida ao renascimento, à renovação constante, onde cada fim se torna um novo começo. Como o pinhão que cai à terra, enterrando-se temporariamente, nossa vida terrena também passa por períodos de desafios e transição. Contudo, é através desses momentos de aparente escuridão que a verdadeira transformação acontece, nos preparando para um novo ciclo.
Embora estejamos imersos nas limitações do mundo material, nossa verdadeira morada está além, no reino celestial. A vida na terra é apenas um prelúdio para a eternidade, e, como as raízes que se aprofundam no solo, somos chamados a nos conectar com algo mais profundo e divino. A cada passo, somos renovados, experimentando a ressurreição que nos leva para a verdadeira casa, onde a vida transcende o tempo e o espaço.
E, ao longo desse processo de transformação, cada etapa de crescimento nos lembra que, embora a terra nos forneça as sementes, o céu nos prepara para colher os frutos da eternidade. (Pr. Maurício)
Imagem: The Araucária and The Milky Way. Canon RP. ISO 3200.16mm. F2.8.
Campos do Jordão - SP, Brasil. IG: @luis.felipenr
Fotógrafo: Luís Felipe do Nascimento Rodrigues, 2022.
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