“E por não haver umidade, secou” (Jesus)
"Humildade" está associada à ideia de não elevar a si mesmo acima dos outros, assim como a terra está no mesmo nível para todos. Humildade designa o ser de atitude proativa, ensinável, acolhedora, receptiva, bem-humorada, umedecida pela boa vontade; sendo assim, portanto, um ser ensinável; ou seja: humilde. Humildade também se conecta à mesma raiz de húmus, humor e úmido.
Segundo a sabedoria de Jesus na parábola do Semeador, as sementes que não vingaram foram as que caíram em terra seca, ou superficial, ou pedrada, ou mesmo saturadas de espinhos — que nascem em geral em lugares secos.
"Umidade" refere-se à presença de água ou líquido, que é essencial para a vida humana e, portanto, está relacionada à nossa condição terrestre. Umidade vem da mesma raiz de húmus, que designa o estado de adensamento de matéria orgânica carregada de fertilizantes naturais produzidos por minhocas e micro-organismos, deixando o chão fértil.
"Humor" tem seu vínculo com a mesma raiz filológica. Afinal, o que é humor senão uma atitude fértil, rica, cheia de húmus e de umidade e, portanto, aberta à vida — como o bom humor produz. Pode se referir ao estado emocional ou à disposição de uma pessoa, que também está relacionado à nossa natureza terrestre e emocional.
"Humanidade" se refere ao conjunto de todos os seres humanos e à qualidade do que é humano, conectando-se à nossa condição de seres terrestres.
"Homo" é uma palavra latina que significa "homem" ou "ser humano".
"Humano" está relacionado diretamente com nossa espécie e nossa condição terrestre.
Essa rede de palavras e conceitos mostra como a linguagem pode ser rica em conexões e como as palavras muitas vezes carregam significados que refletem nossa compreensão do mundo e de nós mesmos. A raiz latina "húmus" realmente desempenha um papel fundamental na formação dessas palavras e na maneira como entendemos nossa humanidade e nossa relação com a terra.
A palavra designa aquilo que está afetado pela presença da água, especialmente em estado gasoso ou vaporizado.
Jesus disse na parábola do Semeador, em Marcos, que a semente que produziu foi aquela que caiu em terra com umidade; humorada por húmus e humildade.
Para que alguém aproveite o Evangelho, é necessário que nele haja umidade interior, o que denota a presença de húmus/humor, húmus/humildade — ou seja: tem-se que ter a atitude interior de uma terra rica, aberta, acolhedora, umedecida, bem-humorada para com a bondade de Deus. Sim, terra/coração humilde, e, portanto, ensinável e pronto para ficar prenho do sêmen do Evangelho.
Quem assim se oferece a Deus, ao Evangelho, à Palavra Semente da Vida, esse é boa terra; e em tal estado se manterá se não perder o húmus, o humor, a umidade, a humildade.
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Sim, quem assim é e assim se mantém, dará fruto de crescimento no amor a 30%, a 60% e a 100%.
A palavra homem vem do latim húmus, referindo-se àquela camada orgânica do solo que a enriquece. De alguma forma, o homem é esse ser em potencial que nutre a vida de cores, de imaginação, símbolos e possibilidades.
Quando o homem deixa de ser húmus ele dá um golpe em sua própria condição fundamental. Ele procura galgar os degraus do poder e assediar os outros moralmente. Ele se torna assim, um ser truculento e amorfo. Não respira, não chora, não come, não ri e não se distrai. Ele vira uma outra espécie e torna-se o homo cúmulos.
Cúmulos vem do latim e significa aquele ponto alto, o clímax. Posição que muitos ambicionam. Ambição que resultou na mutação, o homo húmus deixou sua condição primeva e tornou-se uma subespécie. Perdeu a arte de ser modesto e sua familiaridade com o barro e o pó.
Certamente a modéstia é uma arte. Principalmente em um mundo onde todos querem se sobressair e “evoluir”. Afinal, quem correria o risco de ser excluído da cadeia alimentar?
Esse homo cúmulus é uma espécie estranha. Estranho a si mesmo e àquilo que é humano. Um ser desprovido de criatividade, de ideias e sonhos. Ele vive em um mundo sem arte, cor e sensibilidade. Ele está tão elevado em relação àqueles que o cercam, que vive só, uma espécie solitária. Ele se parece com aquele filho cujos pais não o permitem brincar na terra, pois temem que ele se suje ou contraia alguma moléstia.
O homo cúmulus é este bicho com hábitos pitorescos. Ele vive na esterilidade de uma redoma com ar-condicionado, um universo sobre-humano (ou seria desumano?) donde não quer sair. Ele perdeu o amor pela terra, perdeu o amor pelo verde e pela aventura, na verdade ele se perdeu. Criou sua selva e seu mundo, e não sabe mais de onde veio. Ele deixou de acreditar que além do azul do céu há alguma coisa ou alguém.
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