A África vive a pior epidemia do vírus Ebola da história, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Até o dia 27 de julho, 729 pessoas já haviam morrido da doença, que até o momento atingiu quatro países: Guiné (onde o surto teve início, em março), Serra Leoa, Libéria e Nigéria (o primeiro caso lá foi confirmado na última semana). A Libéria anunciou, no dia 28, o fechamento de suas fronteiras para tentar conter a propagação da doença. Fizemos uma lista sobre os principais fatos sobre a doença. Conheça:
1. Máquina mortífera
O Ebola é o micróbio mais letal que se conhece: de 50 a 90% dos infectados acabam morrendo, uma marca impressionante. Isso acontece porque o vírus multiplica-se nas células do fígado, baço, pulmão e tecido linfático, ao mesmo tempo em que destrói as células endoteliais dos vasos sanguíneos, causando hemorragias.
Os sintomas iniciais são comuns a várias doenças: febre alta, dor de cabeça, falta de apetite e conjuntivite. Depois, começam as diarreias, náuseas e vômito, que são seguidas de insuficiência hepática e renal. No estágio final, hemorragias internas extensas acabam causando a morte. O período de incubação do vírus varia de 2 a 21 dias.
2. A cara do vírus
O formato e a aparência do Ebola não mudaram muito desde 1976. Ele tem cerca de 80 milionésimos de milímetro de largura e 970 milionésimos de milímetro de comprimento. E uma aparência de fio enrolado. Seu perfil genético também mudou muito pouco nos 38 anos desde a descoberta do vírus: apenas 1,5%. Comparado com um vírus como o HIV, que se altera tanto que impossibilita a criação de uma vacina, existem condições reais para o desenvolvimento de um tratamento eficaz para a doença. Porém, como o Ebola está restrito a populações africanas pobres e, em questão de quantidade, mata muito menos pessoas do que outras doenças, não há prioridade na criação desse tratamento.
Existem 5 subtipos do vírus Ebola, nomeados a partir dos locais em que foram descobertos. O Ebola–Zaire é o mais letal, com 83% de taxa de mortalidade. O Ebola Sudão tem 54%. Existem também os tipos Bundibugyo, Costa do Marfim e Reston (já falamos mais sobre ele no tópico abaixo).
3. Ebola pelo ar?
Em 1989, cinco macacos importados das Filipinas morreram num laboratório da cidade de Reston, nos Estados Unidos. Os animais morreram de hemorragia, vomitando e defecando sangue. O alarme soou com suspeita de contaminação por Ebola. Nos bosques próximos à cidade, uma operação militar sacrificou 512 macacos. Para piorar a situação, surgiu a descoberta de que o vírus do Ebola encontrado em Reston, ao contrário das versões do Zaire e do Sudão, era transmissível pelas partículas de água existentes na atmosfera – não só os macacos do laboratório morreram, do outro lado da cidade, outros sete animais tiveram o mesmo fim. Esse subtipo da doença, nomeado Ebola Reston, até hoje nunca contaminou humanos. Esperamos que continue assim!
4. Transmissão
O vírus Ebola é transmitido por contato direto com sangue, fluídos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. Para se ter uma noção, cabem cerca de 10.000 Ebola numa única gota de sangue. Na primeira epidemia, em 1976, no Zaire, foram 431 mortes. Nos outros principais surtos da doença, a média de mortos foi de 220 pessoas. Para a OMS, o crescimento da epidemia atual tem relação com a chegada do vírus nas áreas urbanas, onde há maior densidade demográfica.
Também há uma questão séria de falta de informação da população: uma das únicas formas de conter a doença é identificar rapidamente as pessoas infectadas e colocá-las em quarentena. Mas essa identificação não é tão fácil: a transmissão por meio de sêmen, por exemplo, pode ocorrer até sete semanas após a recuperação clínica do paciente. Além disso, quando a pessoa morre é o momento em que o vírus está mais contagioso. O problema é que existem famílias que escondem os doentes ou mantêm o cadáver por vários dias em casa. Para dificultar ainda mais, a cultura muçulmana tem a tradição de lavar os corpos dos mortos antes do enterro.
5. É possível uma epidemia global?
Para a Organização Mundial de Saúde, o risco de contágio para turistas que viajam para as áreas endêmicas é baixo, já que a forma de transmissão do vírus necessita de um contato mais direto com os doentes. Assim, eles acreditam que não há risco de disseminação global. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos também confirma que o risco do surto de Ebola se espalhar é remoto.
6. O mapa da epidemia
O nome do vírus vem do Rio Ebola, que fica na República Democrática do Congo, onde antigamente era o Zaire. Os pesquisadores decidiram não dar o nome de uma cidade para o vírus, para evitar estigmas. Até hoje, nunca houve nenhum caso humano de infecção com o vírus fora da África.
A descoberta do vírus foi feita por uma equipe de médicos belgas em 1976. Os países que já sofreram com o Ebola são: República Democrática do Congo, Gabão, Uganda, Sudão, Serra Leoa, Guiné e Guiné Equatorial. Os primeiros surtos ocorreram na África Central, e somente agora em 2014 que a doença apareceu na África Ocidental.
7. Diagnóstico
Como a gente já explicou, os sintomas iniciais da infecção do Ebola são comuns a várias doenças e uma das formas de garantir a sobrevivência do paciente é o diagnóstico rápido. São necessários cinco testes laboratoriais para confirmar a presença do vírus. O problema é que os testes são de grande risco biológico, já que o menor contato com o sangue pode transmitir o Ebola. Os agentes de saúde são muito suscetíveis a contraírem o vírus durante a identificação e tratamento dos pacientes. Houve um aumento no número de transmissões devido à falta de vestimentas de proteção, por exemplo.
Os Médicos Sem Fronteiras têm um grande trabalho de treinar equipes de saúde para tentar reduzir o risco de contaminação dos médicos e enfermeiras durante o tratamento, além de evitar a exposição ao vírus por meio de material contaminado ou lixo médico.
Fonte: Redação Super 1 de agosto de 2014
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