“Vem depressa, amado meu, faze-te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela, que saltam sobre os montes aromáticos” (Ct. 8.14).
Montes na Bíblia nos falam de poder e autoridade, mas também nos fazem lembrar de experiências e situações tanto negativas quanto positivas. Todos nós temos passado pelos vales e pelos montes da vida, assim como pelos desertos e jardins. Todas as experiências que passamos tem um propósito só – fazer-nos crescer e levar-nos à imagem do Filho de Deus.
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. (Romanos 8.28,29)
Muitas vezes lembramos mais facilmente dos montes de provações do que dos de bênçãos. Sentimos como Davi quando fugia de Saul e encontrou-se cercado por montes. Não havia outra saída senão aquela por onde ele e seus homens entraram. E, agora, Saul e seu exercito estava entrando atrás deles. Havia uma rocha no meio por onde eles podiam correr e se esconder, mas faltava pouco para serem presos por Saul. Neste instante Davi pôde dizer: “Levantarei meus olhos para os montes (que me cercam), de onde me virá o socorro?” Ainda bem que ele pôde levantar os olhos mais para o alto e ver Alguém maior que as montanhas da vida e, então, disse, “o meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra!” (Salmo 121.1,2). Quantas vezes nos deparamos com montes de provas, problemas e crises!
Por outro lado há também os montes abençoados e aromáticos que deixam uma doce lembrança de momentos de livramento, suprimento, avivamento e crescimento espiritual. Às vezes descobrimos estes montes logo após um longo vale difícil! Ou, às vezes quando cercado pelas ameaças do inimigo, surge à nossa frente o monte de salvação, e podemos dizer como o profeta Miquéias:
“Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião procederá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre muitos povos e corrigirá nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra. Mas assentar-se-á cada um debaixo da sua videira e debaixo da sua figueira, e não haverá quem os espante, porque a boca do Senhor dos Exércitos o disse”. (Miquéias 4.1-4)
A Palavra de Deus nos mostra que a Igreja do Senhor deve ser como um monte alto, como Jesus disse:
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. (Mateus 5.14-16).
MONTES NA BÍBLIA
Da mesma forma a verdadeira unidade e comunhão dos irmãos trazem a bênção da montanha alta sobre as congregações:
“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre”. (Salmo 133.1-3).
Quando dizemos que “todas as coisas cooperam para o bem…”, devemos lembrar que Deus pode transformar os montes mais íngremes e árduos em montes de bênçãos! Um vivido exemplo disso encontramos na vida de Calebe. Ele era um dos doze homens que Moises enviou para espiar a terra de Canaã. E agora depois que toda uma geração tombara no deserto devido à sua incredulidade, Calebe se apresentou a Josué, o General, e disse,
“… Tu sabes o que o Senhor falou a Moisés, homem de Deus, em Cades-Barnéia, a respeito de mim e de ti. Tinha eu quarenta anos quando Moisés, servo do Senhor, me enviou de Cades-Barnéia para espiar a terra; e eu lhe relatei como sentia no coração. Mas meus irmãos que subiram comigo desesperaram o povo; eu, porém, perseverei em seguir o Senhor, meu Deus. Então, Moisés, naquele dia, jurou, dizendo: Certamente, a terra em que puseste o pé será tua e de teus filhos, em herança perpetuamente, pois perseveraste em seguir o Senhor, meu Deus. Eis, agora, o Senhor me conservou em vida, como prometeu; quarenta e cinco anos há desde que o Senhor falou esta palavra a Moisés, andando Israel ainda no deserto; e, já agora, sou de oitenta e cinco anos. Estou forte ainda hoje como no dia em que Moisés me enviou; qual era a minha força naquele dia, tal ainda agora para o combate, tanto para sair a ele como para voltar. Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia, pois, naquele dia, ouviste que lá estavam os anaquins e grandes e fortes cidades; o Senhor, porventura, será comigo, para os desapossar, como prometeu”. (Josué 14.6-12)
O monte que Calebe queria se chamava Quiriate Arba, e quer dizer “Cidade do Gigante” ou “Herói de Baal”, porque nele moravam os gigantes descendentes de Arba. Mas, quando Calebe os confrontou e os venceu, ele tomou posse do monte e mudou o nome para Hebrom que significa “União”. Deus lhe deu forças e graça para vencer e mudar o monte de dificuldade em bênção!
Outro monte que complicava a vida do povo de Deus era Jebus. Quando todos os povos antigos de Canaã haviam sido derrotados por Israel, quedava-se um reduto do inimigo bem no coração da nova nação. Era um povo obstinado que não puderam desalojar. Estes eram os jebuseus que moravam em Jebus, um monte que até hoje está na grande Jerusalém. Contudo quando Davi foi coroado rei sobre todo Israel, a primeira coisa que ele empreendeu era remover os jebuseus e conquistar o Monte de Jebus, mudando seu nome para Sião, cidade de Davi! Para conquistá-la seus homens tiveram que subir pela entrada das águas. É só assim que se vence estes redutos em nosso coração – pelo rio de Deus – o poder do Seu Espírito Santo!
Outro monte que desafiava a fé era o Monte Moriá – que significa, “Escolhido por Deus”. Deus falou com Abraão que levasse seu filho, seu único filho, Isaque e o sacrificasse sobre o Monte Moriá. Levaram três dias de jornada para chegar até lá. E, quando chegaram Abraão disse aos servos, “ficai aqui, até que eu e o menino adoremos e voltemos!” E conhecemos a história como, ao chegar no topo, Isaque disse a seu pai, “Pai, aqui está a lenha e o fogo, mas onde está o sacrifício?” Abraão respondeu, “O Senhor proverá!” E quando prestes a imolar o filho, Abraão ouviu um brado angelical do céu, dizendo que Deus havia visto a sua fé e obediência e que havia provido um substituto. Olhando para o lado viu um carneiro preso numa moita e o ofereceu no lugar de seu filho. Abrão mudou Moriá em Jeová Jiré, “No monte do Senhor se proverá!” É nos montes que parecem mais difíceis que descobrimos o suprimento do Senhor!
Outro exemplo isso temos no Monte Sinai (ou Horebe) que para o povo de Israel parecia o mais assustador e tenebroso. Enquanto acampavam ao pé do monte, ouviam trovões, viam relâmpagos e sentiram o chão a estremecer. No entanto, do meio da fumaça que cobria o monte, Deus chamou Moises e um grupo representativo dos anciãos de Israel para subir ao monte. Lá no monte, eles sentaram, comeram e viram a glória do Senhor! Os nossos montes de medo podem se transformar em doce comunhão!
Outros montes bíblicos incluiriam o Abarim, que, na verdade, era uma região montanhosa no caminho de Canaã. Era do alto de um destes picos, o Monte Pisga, que Moises vislumbrou a terra prometida. Abarim significa “passagem”, e devemos lembrar que através dos montes não apenas avistaremos a terra prometida, mas também chegaremos lá!
O Monte Ebal era o monte das maldições, mas, logo ao lado estava o monte Gerizim, o monte das bênçãos. Deus quer que vejamos toda a topografia e não apenas o lado negativo das coisas. Em grande parte do norte de Israel se podia ver num dia claro o Monte Hermom, majestoso, sempre coberto de neve. E, em qualquer lugar da nossa peregrinação terrestre por mais árida que seja a nossa experiência, podemos divisar com nosso majestoso Rei que nos traz refrigério. Assim como era visível de longe o monte Tabor, provavelmente o chamado Monte da Transfiguração. Vamos nos encher de alento. Vamos subir ao Monte do Senhor. Vamos contemplar a glória do nosso Rei!
MONTES NAS NOSSAS VIDAS
A topografia de nossas circunstancias pode prover toda uma variedade de montes até cordilheiras, tão negativos como “doenças”, “decepções”, “perdas”, “medo”, “quebra de relacionamentos”, etc. Mas, também pode haver muitos montes de bênção tais como, “cura”, “salvação”, “batismo no Espírito Santo”, “chamado de Deus”, “restauração da família”, etc. Assim como, Jesus pode andar sobre as águas agitadas, Ele também pode vir saltando sobre todos estes montes da nossa vida, os ruins e os bons. E, assim como Pedro disse, “Se és tu, chama-me para que eu vá contigo andando sobre as águas”, nós podemos dizer, “chama-me Senhor para que contigo eu salte sobre todos estes montes da minha vida”! Assim como Jesus disse a Pedro, “Vem!”, Ele nos convida, “Vem, e saltem comigo sobre os montes!”
“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações.Portanto, não temeremos ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem e na sua fúria os montes se estremeçam. Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; jamais será abalada; Deus a ajudará desde antemanhã”. (Salmo 46.1-5)
Além de terremotos e maremotos, há ainda outra força maior que pode sacudir os montes – a fé! Jesus disse que, se tivermos fé, podemos dizer a este monte, “Ergue-te e lança-te no mar (onde cabe), tal sucederá…!” (Mc 11.23) Em Zacarias 4.7, diz que o monte será removido pelo Espírito do Senhor e por aclamações de “graça, graça”!
Temos muitas promessas que Deus nos capacitará a pisarmos os montes da vida: “Todo monte será nivelado…”, (Is 40.4);
“Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo, e nada vos fará dano algum”(Lc 10.19);
“O Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém!” (Rm 16.20).
Até os montes hereditários não resistem, “… as coisas velhas passaram…!” (2 Co 5.17).
Os montes virão – “… No mundo tereis aflições (montes), mas tende bom ânimo, eu venci o mundo!” (João 16.33b). Sim, eles virão, mas sempre serão menor que o nosso Deus! Lembro-me de um acontecimento de muitos anos atrás. Eu estava pela primeira vez num avião, tendo a minha primeira experiência de voar. Lembro-me bem, porque foi depois que Deus me curou de uma terrível hepatite! Lá em cima com meu amigo, o piloto, rumávamos em direção a uma cidade no deserto no sul da Califórnia. Passamos por cima do Mojave e à nossa frente se levantava uma serra chamada “Chocolate Mountains” (“Montanhas de Chocolate”). Eram muito mais altas que nosso vôo, mas meu amigo simplesmente puxou uma alavanca (o avião era um “Tailorcraft” muito antigo). Logo só via apenas o céu e, depois de alguns minutos, ele voltou o avião ao horizontal e me disse, “Aqui você tem que alterar o Salmo 121 e dizer, ‘abaixarei os meus olhos para os montes…’”! Quando olhei, as montanhas já estavam abaixo de nós!
Foi sobre um monte que Jesus foi crucificado. E quando estamos unidos com Ele na sua morte e ressurreição é que surge a verdadeira fé. Deus também nos deu a cada um de nós uma alavanca. Ela se chama a fé, e é só com ela que sempre “saltamos sobre os montes!”
Autor: Thomas Wilkins
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