segunda-feira, 4 de março de 2013

Sucessores de Pedro, o galileu




Nascido na aldeia de Betsaida, na costa ocidental do mar da Galileia, Simão, era filho de Jonas, irmão de André e tinha por profissão a pesca. Um desses homens de conversa regada a risos e pausas para gestos, um pescador popular e tão impetuoso como o mar "bravo". Sócio de Tiago e João, filhos de Zebedeu, Simão podia ser visto facilmente dando ordens e estendendo as redes pelas areias do mar da Galileia. Um líder rústico, pele queimada pelo sol, mãos calejadas e cabelos quase sempre despenteados pelo vento. Simão era um nome forte entre os pescadores, se faltasse um dia que fosse de trabalho, todos sentiam falta. Um barulho a menos. Os negócios pesqueiros de Simão, porém, não iam tão bem, o trabalho da pesca poderia ser resumido em uma palavra: frustração.

Jesus sabia que o coração do galileu Simão estava reflexivo, ansioso por mudanças. Não por acaso Ele foi ao encontro dos pescadores, um eco de fé e orações tinha se originado dali. Há dias a pesca estava fraca, os peixes pareciam fugir da rede dos cooperados de Simão que tinha uma família para sustentar, contas a pagar, enfim algo precisava ser feito, mas não se tinha muito o que fazer, até que Jesus aparece. Lavando as redes, é assim que Jesus os encontra. Uma noite inteira de tentativas e nenhum peixe e Simão e André voltando para casa tristes e sem uma moeda. Mas onde Jesus está é impossível não haver mudanças. O Nazareno entra no barco de Pedro e ordena que lance novamente as redes, ele obedece e dessa vez os peixes aparecem, tantos que o barco quase vai a pique:

E disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. Lucas 5:10.

Simão não hesita em aceitar o convite de seguir a Jesus, imediatamente larga as redes, os negócios, rotina, antigos planos, frustrações, e segue por uma vida diferente. Pescar homens? Que proposta mais incompreensível essa, mas deveria ser algo bom, afinal aquela rede repleta de peixes indicava contas quitadas, comida na mesa e algo sobrenatural que instigava sua curiosidade e fé. Em que Simão se parece conosco? Um homem que deposita no trabalho expectativas de uma vida melhor, que sofre perdas e busca por mudanças? Quem diria que Jesus iria começar a reunir seus discípulos e apóstolos a partir de homens como Simão, considerado fracassado pelo contexto em que estava? Mas o nome Simão quer dizer “ O que ouve” e ouvir Jesus foi o que de mais importante poderia lhe acontecer. Ouvir Jesus é o que de mais excepcional pode acontecer na vida de qualquer um.

A nova vida de pescador de homens exigiria uma mudança no caráter e comportamento de Simão e para que isso aconteça, Jesus começa por mudar seu nome. De Simão para Pedro “petro” ou fragmento de pedra. A mudança é feita em momento oportuno, diante de uma declaração de Simão: “E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque tu não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus.Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus . Mateus 16:19.

Enquanto os demais viam a Jesus como reencarnação de João, Elias, Jeremias e outros e os presentes naquela audiência não tornaram públicos seus pensamentos, Simão através de sua declaração, manifesta a ação do Espírito Santo, a revelação de Deus Pai. A igreja seria então, edificada sobre a Pedra da revelação Divina cujo maior mistério é Jesus Cristo Filho de Deus: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha. A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. I Coríntios 3:11-13 .

Vejam, a fundamentação da Igreja não estaria em declarações humanas, em doutrinas de reencarnação (dizem que sou Elias, Jeremias, João ) mas em reconhecer Jesus Cristo como Filho de Deus e segui-Lo como tal. Quanto a ter as chaves do Reino, ligar e desligar na terra e no céu, essa promessa é dada a todo o que crê em Jesus e ela está posta em outro momento na Bíblia não apenas como exclusiva a Pedro: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles. Mateus 18:18-20. Ligar e desligar na terra e no céu são ações frutos da fé e da oração, possível a todo o que sucede a Pedro no discipulado. É uma promessa antiga, atual e universal.

“Vocês nunca leram esta passagem das Escrituras? A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular? “ Marcos 12:10
“ Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular. Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos." Atos 4: 11-12

As redes que outrora Simão lançava ao mar, voltavam vazias. Assim é a vida dos que desprezam a Pedra angular da vida, chamada Jesus Cristo. Não, Ele não veio para dizer que a vida na terra é vã e que todos os homens que O rejeitam são infelizes. Pelo contrário, Ele veio para salvar os perdidos e agraciar a todos com o dom da vida. É Ele quem nos presenteia com o amor, riso,; amizade, família. Jesus é a graça da vida, mesmo para aqueles que não reconhecem esse mérito. Pássaros cantam pela manhã, golfinhos saltam e mergulham nos mares, desfrutamos da boa companhia, conversa, beijos e abraços, do dormir e acordar, porque Deus é a vida. E você pergunta: e as doenças, cadeias, desastres e a crueldade? Não haveria bem se não houvesse mal e Deus também trabalha “nos desertos”, Ele nos transforma e capacita em meio às dificuldades próprias e alheias.

Sucessores de Pedro são uma geração de discípulos que vencendo suas fraquezas, levantam-se dos “tombos” apoiados na fé de que são falíveis, mas ainda assim Deus os ama pela Essência de Cristo que neles habita. São os que se deixam moldar na entrega de uma vida de renúncia, que abrem e fecham cadeias pela oração sincera e caridade abnegada. Pedros são falhos, são repreensíveis, são de carne e osso, mas dependentes do Espírito Santo. Ser Pedro é abandonar as velhas redes para abraçar as linhas que formam cobertores a abrigar desabrigados. Ser sucessor de Pedro é nunca jamais, perder a alegria própria de um discípulo de Cristo mesmo sob a condenação do mundo, aliás ser discípulo é andar na contramão desse mundo que afaga o pecado como algo natural e aceitável.

Perguntou-lhes Jesus: E vós quem dizes que eu sou?

Autor: Wilma Rejane
http://www.atendanarocha.com.br 

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