A cruz do calvário faz parte da história do mundo, e desde muito cedo em nossa cultura ouvimos falar dela, independentemente de ser ou não evangélico. A cruz, era na antiguidade símbolo de morte, era equipamento usado para penalizar bandidos horrendos, aqueles que cometiam crimes hodiondos. Era, portanto, a cruz, penalidade máxima para os fora da lei. Nesse tempo contemporâneo, para a grande maioria das pessoas, a cruz continua sendo sinal de morte. Basta que andemos pelas estradas de nosso país e encontraremos centenas delas indicando que alguém morreu naquele local. Algumas famílias fazem uma capelinha com um cruz no topo. Passando pelos cemitérios, a cruz é símbolo obrigatório sobre as sepulturas, indicando morte.
Pensando biblicamente na cruz, a encontramos no Calvário, ou monte da Caveira, ironicamente local reservado para executar malfeitores. Nesse local estava o ponto culminante dos sofrimentos vicários do Salvador, é, outrossim, digna de toda consideração, porque trata da doutrina importante da expiação de nossos pecados. Da cruz de Cristo, fluem jatos luminosos e incandescentes sobre as horríveis trevas do pecado.
Que a cruz é um sinal de morte para a maioria das pessoas é verdade, mas mostraremos que a cruz é muito mais do que isso. É muito mais do que dois pedaços de pau. É sinal do sofrimento de Cristo, mas é também sinal de vida para aqueles que depositam sua fé no crucificado.
I- Para o crente a cruz é um sinal do poder de Deus.
O missionário aos gentios fala sobre a cruz: “Sei perfeitamente como parece tolice (loucura) àqueles que estão perdidos, quando ouvem que Jesus morreu para salvá-los. Nós, porem, que somos salvos, reconhecemos esta mensagem como o próprio poder de Deus. Deus diz: Eu destruirei todos os planos humanos de salvação, não importa quão sábios eles pareçam, e ignorei as melhores idéias dos homens, até as mais brilhantes. E continua o apóstolo: Então, o que acontece com esses sábios, esses eruditos, esses grandes comentaristas das grandes questões mundiais? Deus fez com que todos eles parecessem ridículos, e mostrou que a sua sabedoria é uma tolice inútil. Deus, em sua sabedoria, providenciou para que o mundo nunca encontrasse a Deus através da inteligência humana. E então Ele se manifestou e salvou todos quantos creram em sua mensagem – essa mesma que o mundo considera absurda e ridícula. Parece absurda para os Judeus, porque eles desejam um sinal do céu como prova de que o que está sendo pregado é verdadeiro; e é ridícula para os gentios, porque eles crêem somente naquilo que concorde com a sua filosofia e lhes pareça sábio. Por isso, quando pregamos que Cristo morreu para salvá-los, os Judeus se ofendem e os gentios afirmam que tudo isso é loucura. Deus porém. Abriu os olhos dos que foram chamados apara a salvação, tanto Judeus como gentios, para verem que Cristo é o grandioso poder de Deus para salvá-los; o próprio Cristo é o centro do sábio plano de Deus para a salvação deles. Esse plano de Deus chamado de absurdo (loucura) é bem mais sábio do que o plano mais sábio do homem mais sábio, e Deus na sua fraqueza – Cristo morrendo na cruz – é muito mais forte do que qualquer homem” I Cor. 1:18 -25.
E por que os Judeus consideravam um escândalo a pregação da cruz? Pela simples razão de que eles não podiam conceber que o Messias tivesse de ser crucificado para salvar. E mais: Criam num Messias diferente – poderoso, dominador, que havia de vir reinar temporariamente no trono de Davi. A concepção de um Messias sofredor, escarnecido, era blasfêmia para os Judeus.
Por sua vez, os gregos consideravam a pregação da cruz uma loucura, porque eles também não podiam conceber que um homem morrendo numa cruz pudesse salvar alguém.
E de fato, parece uma loucura, mas é verdade que Cristo salva. Daí a afirmativa de Paulo: “Aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação”.
Não quiseram os sábios do mundo conhecer a Deus, embora com tantas provas incontestáveis. “Pois a verdade sobre Deus é revelada entre eles instintivamente; Deus pôs esse conhecimento em seus corações” Rm 1:19. Por isso deixou Deus de lado a sabedoria humana e serviu-se da vergonha da cruz para salvar a humanidade.
E assim, a CRUZ é um sinal do amor e da misericórdia de Deus, na oferta do supremo sacrifício, em substituição a nós miseráveis pecadores.
E assim, a CRUZ é um sinal do amor e da misericórdia de Deus, na oferta do supremo sacrifício, em substituição a nós miseráveis pecadores.
II- Para o crente a cruz é um sinal da sabedoria de Deus.
Afirmando a justiça de Deus. A cruz e o sofrimento, que parecem loucura aos descrentes, são suprema sabedoria aos olhos de Deus. E quem não vê no sofrimento vicário de Cristo um plano magnífico da providencia de Deus, a despertar a consciência dos condenados, em face a monstruosidade de seus pecados? Por outro lado, quem não percebe através deste tão grande sofrimento, o coração de deus sangrando, vertendo lágrimas de profundo amor pela sorte dos perdidos? Só aquele, cuja mente esteja entenebrecida, aquele cujo entendimento esteja cego pelo príncipe das trevas. “Satanás, o deus deste mundo pecaminoso, o fez cego, incapaz de ver a glória do evangelho que está brilhando sobre ele, ou de compreender a mensagem maravilhosa que pregamos a cerca da gloria de Cristo, que é Deus” II Cor. 4:4.
Na cruz se evidencia, ainda, a sabedoria do alto, porque ela apregoa a paz, promovendo a reconciliação do pecador com Deus pois “Agora nós nos alegramos nesta nossa maravilhosa relação para com Deus – tudo por causa do que o nosso Senhor Jesus Cristo fez ao morrer pelos nossos pecados – reconciliando-nos com Deus” Rm 5:11. “Todas essas coisas novas vem de Deus, que nos trouxe de volta a SI mesmo por meio daquilo que Cristo fez. E Deus nos deu o privilégio de insistir com todos para que se tornem aceitáveis diante dEle e se reconciliem com ELE. Pois Deus estava em Cristo recuperando o mundo para SI, não levando mais em conta o pecado dos homens contra Ele, e sim apagando-os. Esta é a mensagem maravilhosa que ele nos deu para transmitir aos outros” II Cor. 5:18,19. Esta paz é perene, é eterna, baseada na perfeita justiça de Cristo.
III- Para o descrente a cruz é uma pedra de tropeço.
O incrédulo considera o poder da força física. Poderoso, valoroso e digno de admiração – só aqueles que vencem batalhas, conquistam posições, dominam impérios..
Cristo, porém, que só vence pelo espírito, porque fisicamente sofre e morre! Onde a vitória, dizem os materialistas? Isso não é herói! Não nos empolga, tão pouco o que destila dos lábios de tão fraca criatura!
O incrédulo ignora completamente as leis do reino espiritual, do “Reino que não é deste mundo”, cujas doutrinas são de amor, de misericórdia e de perdão; onde o mais digno e o mais heróico é o mais humilde e o mais sofredor.
O poder dos servos de Deus evidencia-se na fraqueza, em ser o menor, em servir, a exemplo do próprio Cristo. Isso é uma pedra de tropeço para muita gente.
Deus nos ensina que o seu poder se manifestas a partir das coisas pequenas e insignificantes aos olhos humanos.
Isso nos faz pensar na experiência do Profeta Elias no monte Horebe e abrigou-se numa caverna, precisava ouvir a voz de Deus, pois estava angustiado com a situação de desavença com o rei Acabe. Havia andado 40 dias e 40 noites até aquele local. Deus falou ao seu coração e perguntou: “O que fazes aqui, Elias? Ele respondeu: Tenho trabalhado muito para o Senhor Deus o Universo; porém o povo de Israel não cumpriu o seu trato com o Senhor, derrubou os seus altares e matou os seus profetas e só eu fiquei, agora tentam me matar também. Saia daí e ponha-se diante de mim na montanha, disse o Senhor. Então o Senhor lhe ensinou que o poder não estava na tempestade, nem no terremoto e nem no fogo, e sim na voz mansa e delicada” I Reis 19:8-13.
Enquanto os incrédulos reconheciam o poder nas legiões Romanas e se escandalizavam diante da figura sofredora da cruz, Deus faz o oposto e mostra que seu poder está na voz mansa e suave. Porque Deus fala ao coração de forma incontentável, isso é pedra de tropeço para os ditos sábios desse mundo. Qual o sábio que poderia levantar-se e dizer que Deus não falou? Diz-nos ainda a Bíblia: “Os Judeus, porém, que tão arduamente procuraram estar bem com Deus guardando as suas leis, nunca tiveram resultado. E por que não? Porque estavam procurando ser salvos guardando a lei e serem corretos em vez de contarem com a fé. Assim, tropeçaram na grande pedra de tropeço. Deus os advertiu disso nas escrituras, quando disse: Eu pus uma rocha no caminho dos Judeus, e muitos tropeçarão nela – Jesus. Todos quantos crerem nele nunca ficarão decepcionados” Rom. 9:31-33.
IV- Para o descrente a cruz é uma loucura.
O ideal grego era obter a felicidade pela cultura e pela licenciosidade. Daí, a filosofia epicurista: “comamos e bebamos que amanhã morreremos”. Essa filosofia é notada na forma de ser de muita gente. Ser um cristão é simplesmente uma loucura. Como ser um cristão se há tanta coisa que posso me envolver neste mundo? Sexo, drogas, vida promiscua, engano, desonestidade, etc.
O ideal cristão, porém, é obter a felicidade através de uma vida pura, pacifica e santa. Daí, a morte de Cristo, por causa do pecado dos homens, ser uma loucura para os gregos. E Paulo disse enfaticamente: “Aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação”.
As palavras de Paulo são enérgicas: Não importa o que vocês estejam pensando, não importa o que estejam crendo. “Nós pregamos a Cristo Crucificado”, o poder e a sabedoria de Deus; porque sobre a cruz, a misericórdia e a verdade se uniram, a justiça e a paz se entrelaçaram.
Enquanto Cristo crucificado é visto pelo descrente como símbolo de fraqueza e loucura, a visão da fé transforma-O no poder iluminador e regenerador de Deus!
Pr.Cirino Refosco
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