Depois de um ano no deserto, o povo de Israel estava caminhando para a terra prometida por Deus aos seus antepassados. As dificuldades da viagem pareciam maiores do que as recompensas. O povo começou a ceder aos sentimentos e desejos. Reclamaram sobre o presente, perderam confiança no futuro, e interpretaram o passado sofrido como se fosse algo bom e desejável (Números 10 e 11). Vamos considerar a história deste povo e algumas lições importantes para nossas vidas hoje.
A Escravidão no Egito
Os descendentes de Jacó (Israel) desceram para o Egito em paz, achando assim alívio num período de grande fome. Mas, nas gerações posteriores a atitude dos governantes do Egito mudou, e os israelitas passaram a ser escravizados e maltratados (Êxodo 1-2). A vida deles foi amarga, dura e sofrida sob a mão pesada dos egípcios. Os israelitas clamaram ao Senhor, pedindo livramento desta opressão (Êxodo 3:9).
Deus Mostrou seu Amor na Salvação do Povo
O Senhor ouviu as petições dos descendentes de Jacó e se compadeceu deles. Ele mandou Moisés como libertador do povo. A missão de Moisés foi simples, mas não foi fácil. Deus lhe disse: “Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Êxodo 3:10). Deus olhou com amor para Israel, chamando a nação de “meu primogênito” (Êxodo 4:22). Ele, por amor ao povo e por ser fiel nas suas promessas a Abraão, exaltou Israel acima das outras nações e a tratou como seu primogênito. A nação escolhida não tinha nenhum motivo para duvidar do amor ou da fidelidade de Deus.
Deus Mostrou seu Poder ao Povo de Israel
Nos meses antecedentes às reclamações citadas acima, os israelitas testemunharam alguns dos sinais mais impressionantes de toda a história. Deus mandou dez pragas para humilhar o faraó e seu povo. Partiu o Mar Vermelho para abrir o caminho para a saída do povo. Fechou o mesmo mar para esmagar o exército egípcio. Providenciou as necessidades da multidão no deserto, e se manifestou no monte Sinai com tanto poder que as pessoas não queriam ficar perto do monte. Israel não tinha nenhum motivo para duvidar do poder de Deus.
Deus Prometeu uma Terra Especial
Mais de 400 anos antes, Deus havia prometido uma terra para os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Quando o povo estava prestes a sair do Egito, Deus falou da terra prometida (Êxodo 12:25). Quando Deus revelou sua lei no monte Sinai, ele disse: “Eis que eu envio um Anjo adiante de ti, para que guarde pelo caminho e te leve ao lugar que tenho preparado” (Êxodo 23:20). Este Anjo guiava o povo numa coluna de nuvem (de dia) e de fogo (de noite). O povo, então, tinha deixado a escravidão para trás e olhava para a promessa de descanso, segurança e bênçãos de Deus pela frente. Agora, era só resistir os desafios e as tentações do deserto para chegar à terra prometida. E para facilitar a viagem, tinham provas constantes do poder de Deus, que cuidava do seu primogênito.
Pepinos e Peixes
A multidão dos israelitas partiu do Sinai, indo na direção da terra prometida. Logo começou a reclamar contra o Senhor. Deus começou a castigar o povo com um fogo consumidor. O relato diz: “E o populacho que estava no meio deles [possivelmente as pessoas que subiram do Egito com eles – Êxodo 12:38] veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este maná” (Números 11:4-6).
Não é incrível como eles compararam o passado na escravidão com o presente na liberdade? É difícil imaginar que aqueles escravos tivessem comido peixes, pepinos e melões todos os dias. Talvez uma vez ou outra, mas nunca de graça. Eram escravos maltratados. Mas agora, um pouco mais de um ano depois de sairem do Egito, eles já se esqueceram da realidade cruel e até lembram de alguns momentos bons. Por outro lado, não consideravam a bondade de Deus que estava os levando para a terra de descanso. Só pensaram nas dificuldades no caminho.
Perdidos no Deserto
A consequência desta falta de fé foi grave. Primeiro, eles perderam tempo na viagem do monte Sinai para Cades. Uma viagem que poderiam ter feito em 11 dias levou, pelo menos, 48 dias. Demoraram porque pecaram. Mas, uma vez que chegaram a Cades, a situação piorou. Se não ficaram contentes com Deus em relação ao alimento que lhes dava de graça, certamente não confiaram nele para entregar a terra prometida. O povo ouviu a voz dos espiões covardes e foi sentenciado a completar 40 anos peregrinando no deserto. Uma geração de mais de 600.000 homens morreu no deserto, e nunca viu a terra prometida.
A Comparação com a Nossa Vida
Paulo usa a história dos israelitas no deserto para ensinar sobre a importância da perseverança na vida cristã (1 Coríntios 10:1-13). Considere este trecho:
Israel
Nós
Batizados no Mar Vermelho para sair da escravidão no Egito (10:1-2)
Batizados nas águas para sair da escravidão no pecado (Atos 2:38; 22:16)
Alimentados por Cristo (10:3-4)
Alimentados por Cristo
Pecaram e morreram no deserto (10:5-6)
Tentados no “deserto” da vida cristã – não devemos e não precisamos cair (10:6-13)
Não chegaram ao descanso da terra prometida (Hebreus 3:16-19)
Devemos nos esforçar para chegar ao descanso no céu (9:25; Hebreus 4:11)
Aceitando os Desafios no Caminho para o Céu
Os pepinos e peixes podem atrapalhar a nossa vida no serviço a Cristo. Às vezes, depois de ser convertido, lembramos de alguns prazeres do passado, quando vivíamos como escravos no pecado. Em contraste, podemos enfatizar demais as dificuldades, tribulações, tentações ou perseguições da vida em Cristo. Facilmente, caímos no mesmo erro de reclamar contra Deus e até de desejar voltar para as coisas do mundo.
Mas éramos escravos! “Naquele tempo, estáveis sem Cristo.... não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo” (Efésios 2:12-13). Ao invés de cair na atração fatal do pecado e seus prazeres ilusórios, devemos agir como Moisés: “Preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão” (Hebreus 11:25-26). Quando realmente pensamos na grandeza da recompensa eterna, os sofrimentos do presente se tornam pequenos e suportáveis, e os pepinos e peixes do passado perdem seu gosto.
Desta forma, faremos muito melhor do que os israelitas que caíram no deserto. Vamos esquecer os prazeres do pecado e aprender desejar as coisas de Deus: “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra.... Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória. Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena” (Colossenses 3:1-5).
Conclusão
Vamos caminhar para o céu com a convicção que nenhum peixe, pepino ou outro prazer desta vida se compare à recompensa que nos aguarda no céu. Vamos atravessar o deserto de tentações e dificuldades e chegar ao descanso eterno que Deus preparou para nós.
Dennis Allan
Nenhum comentário:
Postar um comentário