quarta-feira, 7 de julho de 2010

O Joio e o Trigo 1ª parte

1. Enquanto o cristão habitar nesta terra o joio sempre existirá; não há Igreja composta só de trigo. Ninguém nunca encontrará uma Igreja (Instituição) perfeita, pois sempre existirá dentro das mesmas intenções e disposições diversificadas e isso, por incrível que pareça, não é de hoje; desde a época de Cristo tem sido desta forma.
Existiam três classes de pessoas que seguiam a Cristo: a multidão, discípulos e apóstolos. A multidão era a que mais tinha sentimentos contrastantes, alguns seguiam a Jesus pelos milagres, outros seguiam a Jesus pela comida, existiam outros que o seguiam porque achavam que Jesus iria entrar em choque com o sistema de liderança romana da época, outros o seguiam por admiração por acharem que Ele era um filósofo ou poeta, mas poucos compreendiam a realidade de suas palavras. Os discípulos ao invés de estarem felizes com a possibilidade de salvação pregada por Jesus se satisfaziam em Ter autoridade espiritual contra os demônios, se satisfaziam mais em fazer do que em realmente ser, pois muitos fazem e na realidade estão longe de ser iguais, ou pelo menos parecidos, com a posição que assumem perante a Igreja e a sociedade. E os apóstolos? Só pelo grupo percebesse logo o conflito, um formado em medicina, alguns cultos e outros ignorantes, tinha um que era um poço de amor e afeto, mas já o outro tinha uma personalidade conflitante, agia de formas contraditórias, na maioria das vezes falava uma coisa e fazia outra; espiritualmente falando cada um tinha um tipo de disposição dois brigavam para ocupar um lugarzinho no trono junto de seu mestre, o pescador queria o céu, mas se preocupava, pois havia deixado muito para trás e queria uma parte da recompensa nesta vida, outro, porém estava tão preocupado com a salvação que quando Jesus disse que iria para o céu ele pediu logo para que Ele indicasse-lhes o caminho.
Essa não é a nossa realidade? As diferenças são as mesmas só mudaram de endereço, ou melhor, de época. Logo, não adianta querermos mudanças radicais e com isso causar mais desavenças que soluções, devemos sim buscar a Deus com mais e mais intensidade para que a minha e a sua comunhão não murche.
2. Não devemos classificar o "joio" como pessoas e sim como intenções, inclinações, desejos:
a) nossa guerra não é contra carne ou sangue, não fomos salvos e congregados como ovelhas para lutar um contra o outro, sua guerra não é contra o seu irmão em Cristo, Ele morreu para que houvesse comunhão, pois o Senhor é o mesmo, o objetivo é o mesmo, estamos trabalhando pela mesma causa e esforçando-se para ir para o mesmo Céu. A comunhão sempre foi a marca identificadora da Igreja do Senhor tanto na era apostólica quanto na atual, o relacionamento cristão é que atrai o mundo. Qual indivíduo por mais perdido que esteja vai querer estar numa Igreja onde ninguém se suporta, onde irmãos se detestam (e fazem questão que isso traspasse as portas da Igreja) ou onde o relacionamento familiar é pior que o dele? Pior ainda, como a sua Igreja irá crescer se você obreiro tem inveja de outro obreiro? Como crescer se não houver respeito, consideração e obediência no Ministério Cristão? Verifique o tipo de relacionamento cristão que você vem tendo e se não é gratificante ao seu Deus use a arma do perdão e reconciliação destruindo esta artimanha de satanás.
b) existe uma colocação interessante neste texto sobre o modo como o joio surge. Na parábola quando os trabalhadores vão questionar o seu senhor sobre o que fazer do joio, se deveria ou não arrancá-lo, eles deixam claro a sua parcela de culpa ao confessarem que o joio só estava crescendo em meio ao trigo porque haviam pegado no sono e o inimigo aproveitando-se disso plantou joio no meio do trigo. Isso significa que não se podem apontar culpados, indicar ou acusar, temos nossa parcela de culpa: "enquanto dormíamos" (v. 25). Quando um não quer dois não brigam, em um problema entre dois indivíduos cada um possui 50% de culpa, se está errado é porque no momento de vigiar você estava dormindo, quando era para você Ter tido uma reação centrada houve precipitação, eu ou você tem a capacidade ou oportunidade de impedir uma possível desavença e, se fomos pegos em fogo cruzado, não sabemos ao certo o que está havendo e não temos culpa no cartório, se estivermos acordados podemos amenizar isolar ou simplesmente desfazer o problema. Logo, não julgue a culpa também é sua. Se você não foi o causador direto, contudo é culpado por permitir a expansão, o crescimento e o conhecimento do problema.
3. Qual a diferença visível do trigo para o joio? Será que podemos identificar dentro da Igreja quem seria o trigo ou o joio? Quem é quem?
a) nenhuma diferença visível existe entre os dois, ambos são aparentemente iguais, as sementes são praticamente idênticas - todo ser humano é falho. Se errar classifica alguém como joio, não existe na Congregação sequer um grão de trigo; eu não minto, mas invejo, eu não invejo a ninguém, mas sou um grande mentiroso, não julgo, mas difamo, não difamo, mas agrido, não agrido, mas também não perdou, logo como posso classificar alguém por aquilo que também sou.
b) nem tudo que parece é, o joio é parecido com o trigo, durante o desenvolvimento dá para confundir um com o outro, enquanto alguém com uma atitude pode ser classificada de joio sem o ser, outro pode ser classificado de trigo mesmo sendo totalmente joio. Como acontecia com os fariseus são verdadeiros sepulcros caiados, por fora são lindos, mas por dentro só há podridão, são aparentemente piedosos, mas o coração só maquina mal, está cheio de ira e de inveja. Cuidado, pois você pode estar pensando que está cheio de santidade e não estar, afinal que santidade é essa que maquina para ocupar a posição alheia? Que santidade leva um indivíduo a perseguir outro por inveja ou preconceito religioso? Que tipo de santidade tem o (pseudo) santo como prioridade e não Aquele que o santifica? Você nunca parou para refletir que ao invés de estar sendo perseguido, caluniado ou difamado pode estar acontecendo justamente o contrário?
c) a diferença será vista na colheita, a Vinda de Cristo mostrará quem é quem, o Arrebatamento demonstrará a real intenção e disposição do coração do crente, ele fará se cumprir na íntegra o texto de Malaquias que diz: "então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus e o que não serve" (Ml. 3:18). Você não precisa dar uma de promotor e juiz, nada foge ao controle de nosso Deus, no Grande Dia da Volta de Cristo ele separará o joio do trigo, os bodes das ovelhas, o próprio Deus confirma essa verdade quando diz: "os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que habitem comigo".
4. Qual o tipo de ação que deve ser tomada em relação ao joio? Será que devemos tomar atitudes enérgicas quando alguém não satisfaz a nossa expectativa? Pergunto por que, infelizmente, existem pessoas que podemos classificar como intolerantes, que acham que os outros devem ser ou agir da maneira como elas acham corretas.
a) de acordo com o texto, o joio não pode ser tirado do meio do trigo, e isto se deve por pelo menos dois motivos:
 afetaria o trigo, prejudicaria quem não tem nada a ver com a história. Desprezar, afastar, desconsiderar, menosprezar, ridicularizar, etc., além de ser uma atitude oposta à magnificência do amor e do perdão, criaria uma ruptura na comunhão cristã de modo geral. "Fulano tem de sair, beltrano está errado, se sicrano não sair eu mesmo saio", além de serem expressões de quem não entende, na maioria das vezes, a atuação divina, ainda gera mais e mais confusão, pois os partidários começam a participar causando uma guerra generalizada que só afeta a imagem da Igreja e o Evangelho de Cristo.
 Isto é função única e exclusiva de Deus, ele conhece os corações e intenções, Deus não se precipita com um erro, mas contempla o coração do homem e sabe o que motivou o erro, Ele perscruta o coração do homem, enquanto nós, na maioria das vezes somos enganados por nossos olhos ou ouvidos.
b) Existem duas maneiras de se combater o joio:
 crescimento, desenvolvimento: "deixai-os crescer juntos" (v. 30 a), esta é a solução do problema, não podemos arrancar o joio e muito menos exterminá-lo então vamos ignorá-lo, vamos crescer florescer e nos desenvolver, pois quando chegar à época da colheita o Senhor da Ceara identificará quem é quem. Cresça em comunhão com Deus, desenvolva a sua vida espiritual, aperfeiçoe seus dons e talentos e procure agradar a Deus, pois é isso que realmente vale à pena.
 frutificando cada vez mais (Jo. 15:2). A árvore é identificada pelo seu fruto, se o fruto é bom toda a árvore é boa, temos problemas quando lidamos com o joio, mas para identificar trigo não há dificuldade alguma, pois o mesmo é identificado por aquilo que é e faz; frutifique, dê frutos dignos de arrependimento, comprove quem você diz ser através de suas atitudes e comportamento - "para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao pai que esta nos céus".
5. Vale a pena ser trigo, frutificar na presença de Deus, fazer sua vontade, desenvolver-se cada vez mais:
a) O fruto impulsiona, gera desejo de servir e glorificar a Deus, através de nosso fruto conseguimos gerar fé nas pessoas que nos cercam (Jo 15:8; Mt 5:16).
 O fruto faz com que outros tenham o desejo de servir a Deus mais e melhor, pois gera em outros o desejo de também mudar, o exemplo se torna, na maioria das vezes, muito mais eficaz que uma pregação. Uma pessoa convertida vai ser um exemplo vivo do que Jesus pode fazer na vida do ser humano; irá comprovar que Jesus realmente liberta, transforma, regenera, levanta e que a obra de Cristo na cruz não é um delírio de religiosos fanáticos, mas uma realidade comprovada através da transformação e mudança de alguém que muitos não acreditavam que pudesse ser transformado.
O fruto comprova nossa posição de discípulos do Senhor, Jesus deixou bem claro, no versículo acima citado, "assim sereis meus discípulos". Quando se fala em cristão toma-se uma posição de imitador, seguidor, posição de uma pessoa que segue, aprende e continua a obra de outrem, vivendo de forma semelhante ao seu mestre. Não podemos ser incoerentes em nossos atos, dizendo-nos seguidores de Cristo, mas nos comportando em oposição aos seus ensinos. O fruto comprova nosso discipulado, pois mostra que estamos seguindo, aprendendo e vivendo consoante os ensinos de Cristo, quando alguém olha para nós e pesa nossas atitudes na balança da Palavra de Deus, vê que Jesus reside em nossos corações e se mostra através de nossas vidas.
b) O resultado da colheita (v. 30), isso é que faz valer o esforço, quando temos ciência da posição que agora ocupamos como “nação eleita, sacerdócio santo, povo escolhido e propriedade exclusiva de Deus” e de onde realmente somos, pois “a nossa pátria está nos céus”. O resultado é glorioso:
 Vale a pena ser trigo, pois frutificando estamos agradando ao nosso Senhor. É dele que vem o reconhecimento pelo serviço prestado, é ele quem sonda o coração e percebe o porquê de nossas atitudes e ações, é a Ele que procuramos honrar e glorificar através de nossas vidas e, com certeza, quando agimos como trigo, ou seja, quando temos atitudes de temor e obediência ao Senhor, nosso testemunho sobe “como incenso suave às narinas de Deus”.
 Vale a pena ser trigo, pois é o trigo que vai ser recolhido aos celeiros divinos. “O reino dos céus é conquistado à força”, o trigo vai ser recolhido o joio vai ser queimado, se eu e você estamos na casa de Deus com o intuito de ir para o céu devemos pesar nossas atitudes, pois só que tem atitudes de trigo é que vai conseguir chegar lá. Se você tem se esforçado para ter uma vida santa, de temor e honra ao seu Deus continue nesta mesma perseverança e propósito, não se preocupe com nada e ninguém, lembre-se apenas que é para o céu que você esta caminhando e aquele que milita para Deus “não se embaraça com as coisas desta vida”.
CONCLUSÃO
Talvez, na perspectiva dos relacionamentos, não possamos identificá-los, apontá-los ou afirmar com certeza quem é quem! Mas uma coisa você pode fazer: Esforçar-se para ser trigo, lutar para ter uma vida de santidade e reverência a Deus, viver de forma a revelar a pessoa de Cristo em você, fazer o que for preciso para fechar as brechas existentes nos relacionamentos, as rupturas causadas pela incompreensão e intolerância, derrubar a barreira do desentendimento com a força do perdão.
Lembre-se que você agora é “uma nova criatura, as coisas velhas já passaram e tudo se fez novo”, lembre-se que agora você é um seguidor e imitador de Cristo, que já não pensa e age por conta própria, mas possui a mente de Cristo, você já não mais um homem público “a sua vida está oculta com Cristo em Deus”, você agora é “coluna e baluarte da verdade” e precisa ter uma vida condizente com essas verdades; como aconselhou o apóstolo Paulo “procura apresentar-se a Deus aprovado…” e, aconteça o que acontecer, “persevera nestas coisas, pois fazendo assim salvarás a ti mesmo como aos que te ouvem”.
O importante não é saber identificar quem é trigo ou quem é joio, o que realmente importa é que quando o Senhor da Ceara ordenar a Colheita, Ele possa nos identificar como trigo e nos recolher em seus celeiros.

 Pb. J R Freitas



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