sexta-feira, 25 de junho de 2010

Lamentações em Jerusalém

Deus é sempre misericordioso para com os que O buscam, põem nEle a sua esperança e nEle aguardam. Nós não somos consumidos porque a compaixão (termo que sugere uma profunda emoção) do Senhor não se esgota. No auge de sua dor, Jeremias inesperadamente transforma a rejeição em confiança, com base no conhecimento do caráter de Deus e em suas misericórdias passadas, e agora, aquelas lembranças que antes desencorajavam, passam a encorajá-lo. O livro de Lamentações conserva a angústia sentida pelos judeus do cativeiro babilônico, enquanto recordavam seu passado irrecuperável. Jerusalém fora destruída. Essa destruição foi tão intensa que nenhum traço do Templo original de Salomão, ou das poderosas muralhas da cidade real, têm sido encontrados por arqueólogos modernos. Lendo o livro, experimentamos uma sensação esmagadora de desespero que pode envolver pessoas e até mesmo comunidades inteiras. “O sofrimento extenuante do povo de Jerusalém, durante o estado de sítio, levou algumas das ‘mulheres outrora compassivas’ a devorarem seus próprios filhos em práticas canibalescas! Como a capacidade medonha de cada ser humano para pecar foi revelada nos últimos momentos dessa cidade!”.“É de fato terrível se cedermos nossa natureza ao pecado. Pode acontecer de olharmos para trás, para as oportunidades perdidas, e compreendermos que a aflição que suportamos agora é conseqüência de nosso próprio anseio crônico pelo pecado. Como se não bastasse, a leitura do livro de Lamentações nos faz lembrar que os prazeres do pecado são o que há de mais vantajoso momentaneamente, porém, suas conseqüências dolorosas são permanentes e profundas”
 Apenas um amontoado improdutivo marcava o local que fora a última visão daqueles arrastados em cadeias para uma terra estranha… Os cinco acrósticos das elegias revelam profundo sentimento de remorso. O povo entende que perdera sua terra natal em decorrência do pecado de Judá. A angústia é acompanhada do fato de que até agora os cativos têm sido incapazes de recobrar a visão perdida de um futuro brilhante para sua raça. Deus tem um compromisso com uma moralidade que não pode ser abandonada pelo seu povo. Lamentações desvenda as profundezas da desgraça humana, não sob o ponto de vista pessoal, mas, na perspectiva de uma nação que caiu e chorou de remorso. Temos nessa pequena jóia uma grande lição para nós hoje: o melhor caminho para sobreviver à dor e aflição é colocá-las aos cuidados do Senhor. O Calvário e a ressurreição nos redimiu, não estamos sujeitos à punição retributiva por pecados cometidos: Cristo nos resgatou sofrendo em nosso lugar. Mas Deus freqüentemente permite que passemos por momentos difíceis para nos disciplinar (Hb 12.3-17). Através do sofrimento aprendemos a obediência e nos tornamos mais fortes em nossa fé. Viver por fé é a chamada para nós. A fé escolhe crer na Palavra de Deus acima da evidencia dos sentidos, sabendo que as circunstancias naturais devem ser mantidas sujeitas à Palavra de Deus. A fé não está negando as circunstancias; pelo contrário, está crendo no testemunho de Deus e vivendo em concordância com o mesmo. Dependemos inteiramente do Senhor para caminharmos bem a carreira nos foi proposta. Carecemos de experiência com Deus, que nos dê força e coragem para suportarmos as dificuldades da caminhada, mas precisamos acima de tudo, aprendermos a depender unicamente da graça e poder divinos.
O homem é um ser que pensa cuja principal característica é a racionalidade. É o uso da razão – ou a possibilidade – que nos distingue dos demais seres viventes – ou que deveria distinguir. Essa possibilidade que nos coloca diante da realidade do mundo, enfrentando-o, transformando-o, vivendo-o, enquanto que os demais seres estão apenas imersos nesse mesmo mundo, sem, no entanto, interagir com ele. O uso da razão nos leva a refletir, a pensar – por na balança para avaliar o peso de alguma coisa – a avaliar para descobrir o peso dos fatos, da realidade. No uso dessa característica, muitos pensadores chegaram a conclusões impressionantes acerca das maiores indagações da humanidade. Pesando os fatos, a realidade das coisas, os pré-socráticos chegaram à brilhante conclusão de que a ‘arché’ (princípio) de todas as coisas é o Logos. A existência do homem é radicalmente diferente da dos animais. Os animais são levados pela vida, pelo instinto, e não lhes é problema viver, já que nascem plenamente constituídos, isto é, eles não podem ser melhores do que já são – evolucionistas me perdoem. O homem não nasce assim, pronto, pleno. É dada a oportunidade da evolução, do aperfeiçoamento de suas potencialidades. O homem é um ser que nasce projeto! Projeto pessoal, intransferível, de aperfeiçoamento das capacidades e potencialidades, num processo de construção da própria vida, que deve ser assumido, alimentado, repensado, desenvolvido até o nível de varão perfeito, à medida da estatura do Logos. Se isto não ocorrer, o homem deixa de viver e passa a estar imerso no mundo, vegetando, como aqueles seres coadjuvantes. No dizer de Paulo, ‘conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude – pleroma: número completo, complemento total, medida completa, abundancia, plenitude, o que foi completado - de Deus’ (Ef 3.19). Conhecer o amor de Deus é a essência da maior plenitude e a chave para o crescimento maduro, estável e íntegro.
N’Ele, para que a prova da nossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo (1Pe 1.7),

Francisco A Barbosa


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