"Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus" (Romanos 2:29)
1. A melancólica observação de um homem excelente, é que ele, que agora prega os deveres mais essenciais do Cristianismo, corre o risco de ser considerado, por uma grande parte dos que o ouvem, "o anunciador da nova doutrina". A maioria dos homens viveu tão despreocupada, da essência daquela religião; o exercício da qual ainda retém, que, tão logo, algumas dessas verdades foram propostas, mostrando a diferença do Espírito de Cristo, do espírito do mundo, ela clamou alto: "Tu trouxestes coisas estranhas aos nossos ouvidos; nós não sabemos o que essas coisas significam": Mesmo que ele estivesse apenas pregando "Jesus e a ressurreição", com a conseqüência necessária disso; ou seja, assim como Cristo ressuscitou, eles deveriam, então, morrer para o mundo, e viver, completamente, para Deus!
2. É uma declaração dura para o homem natural, que está vivo para o mundo, e morto para Deus; alguém que não será, prontamente, persuadido a receber isto, como uma verdade de Deus, a menos que ele seja assim qualificado, na interpretação, a respeito da qual, nem o uso, nem o discernimento restaram. Ele "não recebeu" a palavra "do Espírito de Deus", tomada em seu significado claro e óbvio: "ela é insensatez", para ele: nem ele pode conhecê-la, porque "ela é diferenciada espiritualmente". Ela é distinguida, apenas por aquele senso espiritual, que ainda não foi acordado nele; assim, ele rejeita como fantasias inúteis de homens, aquilo que é a sabedoria e o poder de Deus.
3. Essa "circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra", -- que é a marca distinta do verdadeiro seguidor de Cristo, de alguém que esteja, num estado de aceitação com Deus; não é circuncisão externa, nem batismo, nem qualquer outra forma exterior, mas o estado certo da alma, a mente e o espírito renovados, em busca da imagem Dele, que o criou. É uma dessas importantes verdades que pode apenas ser, espiritualmente, discernida. E isso o próprio Apóstolo intima nas palavras seguintes, – "Cujo louvor não é dos homens, mas de Deus". Como se ele tivesse dito: "Não espere, quem quer que tu sejas, que assim seguiu teu grande Mestre, que o mundo, que não o seguiu, possa dizer: 'Muito bem, servo bom e fiel!' Saiba que a circuncisão do coração, o lacre de teu chamado, é insensatez para o mundo. Estejas contente por esperar por teu aplauso, até o dia da chegada de teu Senhor. Nesse dia, tu terás o louvor de Deus, na grande assembléia de homens e anjos".
Eu desejo:
I. Primeiro, particularmente, inquirir, no que essa circuncisão do coração consiste; e,
II. Segundo, mencionar algumas reflexões que, naturalmente, se levantam de tal questionamento.
I.
1. Eu quero, Primeiro, inquirir, no que consiste esta circuncisão que irá receber o louvor de Deus? Em geral, nós podemos observar, que é a disposição natural da alma, que, nos escritos sagrados, é denominada santidade; e que diretamente implica em se estar limpo do pecado, "de toda a imundície da carne e espírito"; e, em conseqüência, ser investido com aquelas virtudes, as quais estavam também em Jesus Cristo; sendo tão "renovado no espírito de nossa mente", quanto para ser "perfeito, como nosso Pai, nos céus, é perfeito".
2. Para ser mais específico: Circuncisão do coração implica humildade, fé, esperança, e misericórdia. Humildade: um reto julgamento de nós mesmos, limpando nossa mente daqueles conceitos elevados da nossa própria perfeição; da opinião inadequada de nossas próprias habilidades e talentos, os quais são frutos genuínos da natureza corrompida. Ela extirpa, completamente, todo pensamento vão: "Eu sou rico e sábio, e não tenho necessidade de coisa alguma"; e nos convence que, na melhor das hipóteses, nós somos, todo pecado e vaidade; que a confusão, ignorância e erro reinam, sobre nosso entendimento; que as paixões desarrazoadas, terrenas, sensuais e diabólicas usurpam autoridade sobre nossa vontade; em uma palavra: não há parte alguma inteira, em nossa alma, em que todos esses alicerces da nossa natureza estejam naturalmente fora.
3. Ao mesmo tempo, nós somos convencidos de que não somos auto-suficientes, para ajudarmos a nós mesmos; que, sem o Espírito de Deus, nós não podemos fazer coisa alguma, a não ser acrescentar pecado ao pecado; que é Ele sozinho quem opera em nós, pelo seu onipotente poder, tanto a vontade e o fazer o que é bom; sendo impossível a nós, até mesmo, ter bons pensamentos, sem a assistência sobrenatural de seu Espírito, tanto para nos criar, como para renovar toda nossa alma, na santidade justa e verdadeira.
4. O efeito certo, de nós termos formado esse julgamento correto da pecaminosidade e impotência de nossa natureza, é a desconsideração daquela "reputação que vem do homem", que é, usualmente, em retribuição a algumas excelências supostas em nós. Ele que conhece a si mesmo, não deseja, nem valoriza o aplauso que ele sabe que não merece. É, entretanto, "uma pequena coisa para ele, ser avaliado pelo julgamento do homem". Ele tem toda a razão para pensar, comparando o que é dito, a favor ou contra ele, com o que ele sente, em seu próprio peito, que o mundo e o deus desse mundo foram "mentirosos, do princípio". Até como para aqueles que não são do mundo. Ainda que ele escolhesse, se isso fosse da vontade de Deus, que eles o tivessem em conta de alguém desejoso de ser encontrado, como um servo fiel dos bens de seu Senhor. Se, por acaso, esse pudesse ser um meio de capacitá-lo a ser mais útil para seus camaradas, contudo como essa é a única finalidade de suas vontades, para a aprovação deles, então, ele, afinal, não se motiva: Já que ele está convicto de que, o que quer que Deus deseje, Ele nunca pode querer meios para executar; já que Ele é capaz, mesmos dessas pedras, erguer servos para seu prazer.
5. Essa é aquela humildade da mente, a qual eles têm aprendido de Cristo, aqueles que seguem o exemplo dele, e trilham os seus passos. E esse conhecimento de suas enfermidades, por meio do qual, eles são mais e mais limpos de uma parte delas, orgulho e vaidade, os inclina a seguir, com uma mente propensa, a segunda coisa implícita na circuncisão do coração, aquela fé que, sozinha, é capaz de fazê-los completos, e que é o único medicamento dado, debaixo do céu, para curar suas enfermidades.
6. O melhor guia de cego, a mais correta luz, daqueles que estão na escuridão, o instrutor mais perfeito do insensato, é a fé. Mas deve ser tal fé como é a "força de Deus para demolir fortalezas", para derrubar todos os preconceitos da razão corrupta; todos os axiomas falsos acatados, entre os homens; todos os costumes e hábitos diabólicos; toda aquela "sabedoria do mundo, que é insensatez para Deus", como "por abaixo imaginação", raciocínio, "e toda coisa extrema que enalteça a si mesma, contra o conhecimento de Deus, e traga, para o cativeiro, todo o pensamento para a obediência de Cristo". (continua)
John Wesley
Nenhum comentário:
Postar um comentário